Ninguém está absolutamente sozinho e desamparado do
bem em nenhuma circunstância da vida.
Mesmo aquele que afunda no mal, nos prazeres
nefastos, nos vícios, praticando iniquidades diversas contra seus irmãos do caminho,
os prejudicando, os arrastando ao sofrimento, e, consequentemente, arrastando a
si mesmo ao mesmo sofrimento futuro, levado pelo sentimento que for, a ambição,
a inveja, a vaidade, a cobiça, a luxúria, o ódio, o egoísmo, o orgulho, terá ao
seu lado um coração que pulse por ele, que o ame, que trabalha em seu benefício,
que não desista de fazê-lo despertar para o único caminho que traz a paz, a
felicidade, o equilíbrio, o do bem.
Muitas vezes impedimos, por nosso proceder, por
nossas próprias escolhas, pelos sentimentos que elegemos como prioritários em
nossa vida, que nossos amigos e benfeitores espirituais se aproximem e nos
amparem, nos orientem, dentro daquilo que realmente necessitamos para nossa
evolução, para avançarmos em nossa senda de aprendizado e de construção da
nossa personalidade, não só pelo que geramos e alimentamos em nosso íntimo,
mas, principalmente, pelo que atraímos para nós devido ao nosso proceder
equivocado, permitindo que entidades tão desequilibradas como nós, ou até mesmo
com uma carga negativa ainda maior, ocupem o espaço a nossa volta, em uma simbiose
de energias e desejos que faz com que fiquemos cegos e surdos aos chamados não
só da nossa consciência, mas daqueles que nos amam e se preocupam com o desvio
que estamos tomando em nossa jornada, ainda mais que são sabedores, até mesmo
por experiência própria, que este caminho deverá ser novamente percorrido
quando do surgimento da razão pelo erro cometido, e que geralmente em seu
inverso, mais cansados e feridos, se tornará para nós, naturalmente, mais dolorido,
mais sacrificial, exigindo uma dose maior de esforço, de concentração, de
disciplina, para não mais cairmos, não mais nos afastarmos de nosso destino.
Somos durante nossa existência no plano físico
rodeados por testemunhas que nos acompanham, com menor ou maior continuidade,
pelos mais diversos motivos, se imiscuindo e tentando participar de nossas ações
e de nossos sentimentos, seja para nos auxiliar ou nos prejudicar, com boas
intenções, ou levados apenas pelos seus próprios interesses, como ocorre também
entre nós, os encarnados, quando buscamos a companhia das pessoas que nos
identificamos, ou que algo podem nos oferecer, conosco compartilhar, variando a
forma e a intenção, de acordo com a personalidade, com o caráter, com aquilo
que traz dentro de si cada um de nós.
Somos como uma casa, nosso ser é uma fortaleza, e da
mesma forma que não conseguimos entrar na casa de ninguém sem ser convidado,
ninguém conseguirá transpor o batente da nossa se não o permitirmos, se não o
chamarmos para dentro, isso é claro, desde que mantenhamos a porta bem fechada
e trancada.
Cada um de nós tem uma personalidade, tem aquilo que
elege como prioridade e necessidade para si, e determina quais os valores
morais e éticos que irão nortear suas escolhas e suas decisões, como procederá
frente aos seus irmãos do caminho e a sociedade onde vive, sendo o responsável
por seus atos, e por tudo aquilo que gerar a sua volta.
Desta forma, se o que determinamos para nós está
vinculado ao mal, ao erro, a negatividade de sentimentos e intenções, muito provavelmente
não respeitaremos a privacidade e a liberdade dos que conosco caminham, tentando
de todas as formas invadir à casa alheia, toma-la de assalto, domina-la, mesmo
sem ser convidados, e muito provavelmente o conseguiremos, desde que o alvo de
nossa agressão seja descuidado, não se protegendo contra nosso assedio, até
mesmo muitas vezes dele compactuando, deixando que invadamos e tomemos conta do
que lhe pertence, sem resistência, ou sem força para conter nossa violência.
Assim também, em contrapartida, poderemos, se fracos
e invigilantes, se associados ou acumpliciados com elementos destrutivos e
viciosos, ter nossa casa invadida e dominada por agentes interessados em mantê-la
sobre seu domínio, explorando-a e violentando-a, tirando nossa paz, nosso equilíbrio,
nossa liberdade, nos intimando e nos dominando, para que venhamos a servi-lo e
entretê-lo de acordo com o que tem em mente para desfrutar de forma equivocada
sua existência, nos arrastando para seus desatinos e delírios.
Nossa mente é nossa casa, cabe, assim, a nós, zelar
pela sua segurança, permitindo que nela adentre apenas aqueles que algo tenham
a acrescentar de produtivo, de positivo, convidando-os a permanecer o tempo que
desejarem, porque sabemos que nada nos irão impor, nada exigirão, além de boa
vontade, de bondade, de respeito, de amizade sincera, de caridade, de humildade,
nos tornando uma fortaleza inexpugnável para o mal, para os visitantes indesejáveis,
que mesmo que passem a nos ver como a um inimigo, um adversário a ser vencido,
não terão forças e nem conhecimento para nos dominar, nos invadir.
Nada como possuirmos uma fortaleza de portas
abertas, aquela que não mais teme ser dominada, que faz com que os que com ela
não compactuem se afastem por si mesmos, porque sabem que ali nada encontrarão que
os satisfaça, mas deixando-os com a perspectiva de um dia ali voltar, quando
cansados de suas peripécias no mal venham a procurar por si mesmos um lugar de
descanso, de lenitivo para seus sofrimentos, de paz e harmonia para o conflito íntimo
que geraram para si, vindo a servir de pouso seguro para que aqueles que buscam
uma mudança, uma renovação, um novo lar, uma nova forma de ver a vida, aquela
que só encontrarão quando basearem suas escolhas e decisões no amor puro, nos ensinamentos
e exemplos mais singelos e verdadeiros encontrados nos conceitos do Nosso Amado
Mestre Jesus.
Que escolhamos nossos companheiros de jornada entre àqueles que têm o bem como prioridade, estejam eles ou nós no plano físico ou no plano espiritual, nesta extensa jornada que ainda temos a percorrer rumo a perfeição.