Estamos preparados para morrer?
Por mais que as
circunstâncias que estamos vivendo no plano físico estejam apontando e nos
direcionando para o desencarne, seja pela idade avançada, por doenças
terminais, por riscos que estejamos assumindo, nenhum de nós está, de fato,
preparado para enfrentar equilibradamente e sobriamente a morte.
Daqueles que seguem a Doutrina Espírita, que a estudam, que a
debatem, que trabalham e desenvolvem a mediunidade, que participam de
atividades de intercâmbio espiritual, de assistência ao próximo, orientando ou
sendo orientados sobre a continuidade da vida após a morte, da pluralidade de
existências, de mundos, da lei da causa e efeito, por mais que recebam
mensagens daqueles que já os antecederam ao túmulo, seja parentes próximos ou
desconhecidos, por mais que já tenham uma ideia do que encontrão no plano espiritual,
as possibilidades de estudo, de trabalho, as necessidades de resgate e
expiação, difícil que venham a afirmar, categoricamente e de forma plenamente
segura e honesta, que já estejam preparados para desencarnar e que não temem a
morte física.
Mesmo com este receio, com esta preocupação, o espírita não
pode se deixar levar pela dúvida ou pelo medo, sua fé, alicerçada na razão,
deve prevalecer e o encorajar para enfrentar esta situação logo que ela se
torne inevitável, mantendo-se em constante vigilância, em constante preparo, o
que fará que esteja mais habilitado e capacitado para superar este momento e a
consequente readaptação no plano espiritual.
Importante sempre ressaltar que para estarmos plenamente
equilibrados e cônscios do momento que estaremos enfrentando, não bastará
apenas conhecer os parâmetros, as circunstâncias, faz-se necessário, acima de
tudo, termos vivenciado e solidificado nossas atitudes, palavras e pensamentos,
ainda quando encarnados, de acordo com o verdadeiro sentimento cristão, os
conceitos e preceitos espíritas, baseados no bem, no amor ao próximo e a Deus.
A readaptação ao plano espiritual para aquele que
desencarnar, mesmo que seja ateu, ou totalmente avesso a ideia da continuidade
da vida após a morte, será sempre menos traumática, se viveu no bem, se viveu
com a caridade pura no coração, se domou e dominou seus instintos inferiores,
do que para aquele que, mesmo se intitulando espírita, cristão, apesar de todo
conhecimento e estudo, viveu de forma egoísta, arbitrária, que não colocou na
prática, nas lides diárias, os preceitos que defendeu e que ensinou, fazendo-nos
lembrar, sempre, da parábola do bom samaritano ou a do óbolo da viúva, onde
Jesus deixa bem claro que o maior será sempre aquele que se fizer menor, que
títulos ou nomeações de nada valerão se não tivermos amor no coração, se não
formos caridosos com o próximo, se não perdoarmos as ofensas, se não nos
reconciliarmos com nossos inimigos.
Sem dúvida, entretanto, aquele que teve a oportunidade de
conhecer e vivenciar a Doutrina Espírita quando encarnado, e que a vivenciou em
toda sua pureza, aliando a teoria à prática, terá condições maiores de
compreender sua situação após o desencarne, e, assim, mais prontamente
recuperar seu equilíbrio e o domínio sobre seu livre-arbítrio, sobre a situação
que se encontra, podendo almejar novas condições, voltadas para novas
oportunidades de estudo e de trabalho, não perdendo o tempo que aquele que não
consegue entender a situação leva para aprender, para compreender e aceitar sua
nova condição.
Maior, portanto, se torna a responsabilidade do espírita em
levar a seu irmão do caminho os conceitos e os preceitos da Doutrina, não
esperando simplesmente que a oportunidade de instruir venha até ele, mas, que tome
a iniciativa e vá ao seu encontro, que não desperdice as oportunidades de dividir
o conhecimento adquirido com o próximo, não se esquivando de contribuir, levando
os conceitos cristãos, doutrinários para os que se encontram predispostos a
ouvi-lo, para aqueles que têm a mente aberta e a vontade de melhorar, de
evoluir, ciente que cada um de nos deve fazer a sua parte e que Deus saberá
sempre reconhecer o esforço do sincero trabalhador de sua seara.
Nosso dever é fazer o bem e seguir adiante, e será sempre
egoísta aquele que detém o conhecimento e não o dividir, não importando em qual
justificativa se escore para manter esta postura, porque a cada um, conforme sentenciou
Jesus, será dado segundo suas obras, e também, deveremos considerar que cada um
deixará de receber por aquilo que poderia ter feito e não fez.