segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O plano espiritual é mera continuidade da vida que tínhamos no plano físico...




Muitas vezes, dirigimos o nosso pensamento, as nossas dúvidas, os nossos anseios, descrevemos as nossas necessidades, àqueles a quem amamos e confiamos intensamente, e que, pela desencarnação, retornaram antes de nós ao plano espiritual.



São eles nossos avós, nossos pais, irmãos, amigos, até mesmo filhos, que já encerraram o seu ciclo no plano físico, e que, sabemos nós, com a fé e a razão que nos move, estão dando continuidade em suas existências na espiritualidade.



Normal, pelo amor que a eles dedicamos e que a nós eles dedicam, que julguemos, que esperemos, onde se encontrem, que mantenham o mesmo sentimento e a mesma preocupação que tinham por nós quando encarnados, a mesma atenção e o mesmo carinho, e, consequentemente, esperamos, também, o mesmo arrimo, que intercedam por nós em nossas dificuldades ou anseios, que dividam conosco o esforço para que venhamos atingir aos nossos objetivos, como muitos o faziam quando ao nosso lado percorriam o caminho no corpo da carne.



Quando já desencarnados eles estão, temos por hábito esquecer seus defeitos, suas limitações, a forma como pensavam e agiam, como priorizavam a vida, quais seus ideais e sonhos, passando a santifica-los, a julga-os em um estágio superior, isso sem intenções inferiores, mas, por desejarmos que eles estejam bem, não enfrentando dificuldades ou sofrendo, passando, então, a supervalorizar suas qualidades, ou aquelas que pensávamos ou que, enxergávamos que eles possuíam.



Essa nessa postura independe de nossa corrente religiosa, mas se potencializa, quando somos espíritas, quando somos sabedores da continuidade e das tarefas depois da vida no plano físico, conscientes que eles podem estar ao nosso lado, e assim o desejamos, esperando que continuem se interessando por nossos sucessos ou fracassos cotidianos, muitas vezes, e indevidamente, os escravizando a nossa personalidade, exigindo, mesmo que carinhosamente, que nos sejam anjos tutelares, protetores, agindo como crianças, transferindo a eles responsabilidades que pertencem unicamente a nós mesmos, nos portando de forma egoísta e insensata, por continuar a querer exigir que se mantenham cúmplices de todas as nossas decisões, dos nossos atos.



Agindo assim, acabamos por acarretar, para ambas as partes, uma dificuldade maior de desligamento, de compreensão de que a situação sofreu uma expressiva mudança, e que não podemos, assim como eles, a continuar a viver como o fazíamos quando juntos desfrutávamos os momentos da existência na matéria.



Desta forma, tanto os que desencanaram como os que permanecem no plano carnal, precisam se libertar e compreender, que vivem agora uma nova situação, para que possam dar continuidade natural as suas existências, mantendo o vínculo e o carinho que os unem, através de gratas recordações, sem manter algemas que tenham por objetivo a obrigatoriedade da ligação, não esperando por uma sequência que não mais pode existir, tal o grau de diferenciação que caracteriza agora seus objetivos e suas necessidade maiores.



Os nossos seres queridos que desencarnaram, possuíam, em seu íntimo, situações e pendências que não temos condições de aquilatar, por desconhecermos detalhes de sua existência, como também de seu passado cármico, desta forma, muitos daqueles que julgamos ser pessoas de bem, pessoas equilibradas, merecedoras das mais altas considerações por parte da espiritualidade superior, podem, na verdade, estar vivendo situações dolorosas, degradantes, oriundas de suas ações quando encarnadas, situações estas que desconhecíamos, ou que preferíamos ignorar, devido ao hábito que temos de sempre supervalorizar ao que somos e temos, em detrimento ao próximo, o que faz com que muitas vezes não consigamos enxergar a verdade dos fatos.



Devemos tirar por base nós mesmos, o quanto somos, de fato, sinceros, o quanto externamos daquilo que sentimos, e o quanto mantemos em segredo, fechado a sete chaves, os nossos sentimentos, os nossos anseios, as nossas atitudes quando estamos sozinhos, isso, em relação ao que demonstramos em nossas ações e nossas escolhas quando em relação com aqueles com quem convivemos, sejam eles íntimos ou não.



Quantas pessoas do nosso relacionamento, podemos afirmar, categoricamente, que nos conhecem exatamente como somos? E da mesma forma, a quanto podemos afirmar, sem margem de erro, que conhecemos das pessoas do nosso convívio?



Isso só vem reforçar o conceito cristão que devemos amar e respeitar a todos como são, sem julgar, sem esperar que venham a pensar e agir como nós, o que facilita que venhamos a aceita-los com seus defeitos, com suas imperfeições e limitações, fazendo com que venhamos a valorizar suas qualidades, e potencializar aquilo que de positivo possam trazer para nós, da mesma forma que assim também deveriam passar a nos ver, facilitando que passemos a agir, todos, de forma mais sincera e transparente, fazendo com que deixemos de gerar falsos ídolos, falsas expectativas, diminuído a possibilidade que venhamos a nos decepcionar, facilitando que venhamos  vencer os nossos objetivos individuais, os que temos como como coletividade, como sociedade.



Assim pensando, passa a ser natural, também, que não venhamos a alimentar falsas expectativas e esperanças, quanto a situação de nossos amigos e entes queridos que vivem hoje no plano espiritual, não tentando a avaliar pelo conceito que tínhamos deles quando estavam entre nós, seja ele positivo ou negativo, não correndo o risco de supor que estejam eles em condições plenas de nos ajudar, de nos orientar, como, também, que estejam sofrendo, precisando urgentemente de nosso auxílio, de nossa intercessão.



O plano espiritual é mera continuidade da vida que tínhamos no plano físico, ninguém melhora ou piora como ser humano, apenas pelo fato de ter desencarnado, apenas passa a viver de forma a potencializar tudo aquilo que alimentou em seu íntimo durante sua existência carnal, passando a estar exatamente no ambiente e nas companhias daqueles que atraiu para si com seus desejos, seus pensamentos, sua forma de viver, evidente que não aquela que aparentava, mas sim, a que realmente sentia e vivenciava em seu íntimo.



De nada adianta esperar que nossos entes queridos que vivem no plano espiritual, passem a ser nossos anjos protetores ou aqueles que vão nos auxiliar em sonhos e dificuldades, porque não sabemos quais as reais situações que enfrentam no plano espiritual, sendo grande a probabilidade que venhamos a prejudica-los de alguma forma com estes inconsequentes chamados através do pensamento e da oração, porque podem estar vivendo um delicado período de adaptação, e podem se sentir ainda mais fragilizados com os nossos chamados que chegam até eles, ainda mais se estiverem, no momento, impossibilitados de responde-los e atende-los.



Se já compreendemos, como espíritas e como cristãos, os deveres maiores da caridade, da compreensão, da tolerância, e do amor, assim devemos agir com os nossos entes queridos que já partiram pela desencarnação para o outro plano, nada deles exigindo ou esperando, como devemos agir quando vivos e ao nosso lado eles estão, endereçando-lhes apenas pensamentos e sentimentos de paz e de esperança, de agradecimento e de amor, lhes desejando equilíbrio, força e coragem para vencer seus desafios, e se algo desejarmos deles, que seja a reciprocidade desses sentimentos, desses pensamentos, para que venhamos também a nos sentir mais fortes e mais capazes para superar nossas adversidades, para realizar nossos objetivos e nossos sonhos, com a certeza de estarmos o fazendo de forma a não voltarmos a nos entregar aos nossos desejos e instintos inferiores, nos auxiliando a nos manter firmes e resolutos no caminho do bem, sem nada pedir, sem nada esperar.




Tudo o mais, deverá acontecer de forma natural e segura, sem vir assim a prejudicar a jornada evolutiva de ninguém, tendo nós a certeza que sempre que possível, e permitido, eles estarão ao nosso lado, com o mesmo amor e o mesmo carinho que sempre nos uniu, tendo agora a mais ampla visão sobre o que desejamos, e o que, de fato, nós, como eles, precisamos para nossa vitória espiritual. 

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Se procurarmos sempre encontraremos motivos...



Se eu tivesse nascido rico...


Se eu não tivesse tido tantas facilidades...


Se eu tivesse meus pais...


Se eu tivesse ouvido meus pais...


Se meus pais fossem mais atenciosos...


Se meus pais não fossem tão rigorosos...


Se eu tivesse podido estudar...


Se eu tivesse que trabalhar mais cedo...


Se tudo não fosse tão difícil...


Se tudo não tivesse sido tão fácil...


Se eu tivesse nascido branco...


Se eu tivesse nascido negro...


Se eu fosse homem...


Se eu fosse mulher...


Se eu tivesse tido filhos...


Se eu não tivesse tido tantos filhos...


Se eu não fosse tão fraco...


Se eu tivesse tido mais coragem...


Se eu não fosse tão ousado...


Se eu tivesse sido enfermo...


Se eu fosse saudável...


Se eu tivesse tido mais tempo...


Se eu não tivesse desperdiçado tanto tempo...


Se procurarmos sempre encontraremos motivos, justificativas, desculpas, atenuantes, tornando assim mais simples e mais fácil encontrar culpados e razões, do que assumir nossos próprios erros, nossas próprias limitações, nossos próprios excessos, de aceitar que somos livres, que temos sempre ampla capacidade de discernir, de escolher, e quando, em exceções, isso não for possível, também poderemos, se assim de fato desejarmos, reagir e superar, assumindo sempre o comando de nossas vidas.


Deus nunca nos dá um fardo superior as nossas forças, isso é fato, e se sucumbimos, foi e será sempre por nossa própria culpa, poderemos sim, encontrar atenuantes, corresponsáveis, mas, nunca nos considerarmos plenamente isentos da responsabilidade, da obrigação em assumir as consequências de nossos atos e de nossas escolhas.


Todas as dificuldades, os desafios, estão dentro de nossas possibilidades de absorção e condução, bastando para vencê-los o esforço, a boa vontade, a coragem, a fé. Poderemos sempre suportar e superar tudo aquilo que nos defrontarmos em nossa existência carnal, cientes que, haverá situações e circunstâncias onde nos será exigida uma maior energia, uma maior disposição, enfrentando todas as adversidades, com humildade, com paciência, com tolerância, com amor, com fraternidade, não nos deixando arrastar pelo egoísmo, pelo orgulho, pela inveja, pela insensatez, ainda mais nas situações em que antigos vícios e paixões ameacem ressurgir do nosso íntimo, tentando fazer reviver nosso passado cármico, repleto de imperfeições e desvarios.


Infelizmente, a maioria de nós ainda insiste em buscar inúmeras justificativas para os mínimos erros, preocupados em manter uma postura frente a sociedade, aos amigos, a família, que não condiz com sua verdadeira personalidade, caricaturando e maquiando uma conduta que na verdade não é a sua, enganando aos outros e a si mesmo, iludindo-se com sua posição social, com seu poder temporal, com suas condições financeiras, com sua força, com sua beleza física, com seu talento, julgando poder viver a margem das leis humanas, agindo como se elas não existissem, e o pior, agindo assim também perante as leis divinas, achando-se acima do bem e do mal, visando unicamente seus interesses pessoais, mesmo que em detrimento aos dos seus irmãos do caminho, aqueles com quem convive, pessoal ou profissionalmente.


Vergonha, medo, orgulho, vaidade, a preocupação de não ser pego em erro, em não ser criticado, em não ser julgado, de que seus atos e seus pensamentos mais íntimos venham a ser conhecidos, descobertos, vivendo de falsas aparências, de ilusórias qualidades, preocupado que o elogiem, que o admirem, justificando-se assim no cometimento dos mais graves erros, dos mais nefastos atos contra o próximo e a sociedade, apenas para manter sua posição, sua falsa concepção de sucesso, de felicidade.


Difícil, dentro do nosso orgulho, reconhecermos e assumirmos que somos falíveis, que não somos perfeitos, porque se assim o fizéssemos, mais fácil seria avaliar nossa conduta, nossa postura, e humildemente, buscar a correção, o recomeço, a mudança, a transformação, deixando para trás, reconhecidamente, o que estamos vivenciando de mal, de inferior, aprendendo e trabalhando para melhorar a cada passo, alijando gradativamente as imperfeições, tudo fazendo para não mais repetir os mesmos erros ou vir a cometer novos desvarios.


Quanto mais formos zelosos com o nosso proceder, quanto mais formos juízes e censores de nossas escolhas, de nossas decisões, quanto mais nos esforçarmos para aprender a discernir, entender o certo e o errado, aceitando os desafios que a vida nos impõe, as dificuldades, as enfermidades, as ausências, mais prontamente estaremos aptos a viver de acordo com os conceitos cristãos, suportando e superando qualquer adversidade, por mais grave que ela seja, não mais buscando justificativas para o erro e sim, os motivos e as maneiras que temos para acertar, para não sucumbir, para não nos deixar arrastar pelos instintos inferiores, por antigos vícios, por nossas ainda não plenamente dominadas paixões.


Ainda iremos errar isto é fato, mas quanto mais cedo o reconhecermos, mais cedo nos corrigiremos, mais prontamente resgataremos o débito, nos prontificando ao ressarcimento de nossas dívidas.


Simultaneamente ao desejo e a vigilância para não mais falirmos, devemos nos disciplinar para não julgar e condenar o erro do próximo, aprendendo a relevar, a perdoar, a compreender as diferenças evolutivas, as dificuldades de assimilação da Verdade Divina por parte de todos, assim como, até então, tivemos imensa dificuldade em sua compreensão e aceitação.


O fato de agora estarmos nos esforçando para não mais errar, não nos dá o direito de esperar que todos os demais também assumam esta atitude, porque se ontem estávamos em erro, outros já estavam bem mais adiantados e nos auxiliando a tentar melhorar, se hoje algo já conseguimos compreender, há outros que já entendem e vivem de forma plena o que estamos ainda ensaiando os primeiros passos.



Se nossos benfeitores espirituais e nossos amigos nos esperam pacientemente que continuemos lentamente a evoluir, temos por nossa vez, a obrigação, de humildemente e amorosamente, saber aguardar que nosso irmão menos adiantado também continue paulatinamente seu processo evolutivo, sem pressiona-los, sem julga-los, sem condena-los, deixando sempre à Deus os resultados de nossos esforços, para que, juntando-se a nós, venham a encontrar o caminho do bem.