terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Mudança Individual e Planetária


 

    Vivemos em um mundo de provas e expiações, onde o mal predomina, mas, caminhamos de forma contínua para assumirmos o estágio da regeneração, onde o desejo de melhorar e de deixar para trás o erro é fator preponderante, beirando ao absoluto dos que aqui permanecerem.

    Alguns podem estranhar esta colocação final, que nem todos poderão usufruir desta mudança planetária, mas o que precisa ficar claro é que isto não significa premiação para uns e punição para outros, mas, simplesmente, a situação do fator selecionador estar ligado a sintonia, ao padrão vibratório emanado, não só da criatura, mas da atmosfera psíquica do planeta, traçando a linha demarcatória do que se faz necessário conquistar e manter para se ter o direito irrestrito e natural de permanência.

    Ainda que muitos já tenham despertado para a necessidade de abraçar o bem como direcionador das suas existências, utilizando como exemplo os preceitos morais e éticos contidos nas mais sérias frentes religiosas, assim como no sistema social e jurídico de alguns países já mais desenvolvidos, é inegável que, espalhados pelo mundo, inúmeros irmãos do caminho, inúmeras comunidades, inúmeros povos e países, em relação a direitos humanos, a igualdade social e de direito, ainda longe estão do ideal, muitos até mesmo presos à barbáries legais, onde o preconceito de todos os tipos ainda predominam e segregam aqueles que não estão alinhados com seus retrógados códigos de conduta.

    Não falamos aqui de avanços tecnológicos, científicos, de poder temporal, de poder financeiro, mas da restrição do mais puro direito de cada um decidir o que é melhor para si, desde que não prejudique diretamente a ninguém, pois, infelizmente, ainda há países que delimitam direitos as mulheres, aos homossexuais, a quem não pertence a raça predominante, a quem não nasceu na localidade, a quem não tem a classe social alta, entre outros desvarios originários do orgulho, da vaidade, da intolerância, do preconceito, do egoísmo, da prepotência, e infelizmente, do ódio para com aqueles que não seguem suas cartilhas e seus códigos.

    Ainda existem diferenças gritantes entre estágios evolutivos espirituais e morais, e isto independente de classe, de poder aquisitivo, da frente religiosa escolhida, ou entre aqueles que ainda não admitem uma força maior no comando do mundo, diferenças geradas pela ignorância, pelo não desejo de adquirir conhecimentos maiores, em não desejar sair da zona de conforto, em não perder privilégios, ou poder vir a deseja-los e conquista-los custe o que custar, frutos de pretéritas lutas baseadas na vantagem pessoal, na lei do mais forte, no sofisma de se considerar superior ou merecedor, entre tantos outros desvios de conduta, tendo, porém, todos em comum, as pretéritas existências onde já preferiam ignorar o direito do próximo, não respeitar diferenças, não alimentar o mínimo de empatia, se arvorando de juízes e censores das atitudes e escolhas alheias.

    Em relação ao passado, a diferença para a negatividade de intenções e ações da maioria das pessoas de nossa sociedade atual é a de se colocar em uma posição de extrema má vontade e de total desprezo, de forma ostensiva ou disfarçada, em relação aos exemplos e ensinamentos do Mestre Jesus.

    Ao se colocarem em posição de superioridade e empáfia frente aos seus irmãos do caminho que não pensam como eles, ignoram de forma ostensiva a necessidade de não julgar para não serem julgados, de não atirar pedras se também estiverem sob judice de serem apedrejados, de não oferecer a outra face quando agredidos ou injuriados, ainda que de forma injusta, de não perdoar nem sete, nem quantas vezes forem necessárias, e, principalmente, não fazer ao irmão do caminho o que não gostariam que ele os fizesse, e fazendo a ele o que gostariam que lhes fosse feito, amando-os e respeitando-os, como a eles mesmos deveriam se amar e se respeitar.

    No mundo virtual em que vivemos chega a ser surpreendente, se não assustador, o ódio destilado seja qual for o assunto, com que uns tratam aos outros, em uma crescente polarização, onde o desrespeito e os excessos deixam ao final uma única certeza, a que todos estão distante da Verdade, presos as suas realidades, onde o bem geral se perde em decorrência da disputa pela razão e pelo, ainda que não admitido, poder.

    A agressão verbal e física está escancarada, máscaras sociais caem com extrema facilidade para aqueles que extrapolam todos os limites de civilidade e do respeito, escondidos que estão atrás da tela de um computador ou de um celular.

    Tudo, talvez, seja fruto de uma revolução em andamento, quando aqueles que ainda estão resistentes à mudança podem estar reencarnando juntos em um contingente cada vez maior, e como agravante em relação a agitação disso decorrente, em um período onde a informação e a notícia se espalham em uma velocidade estonteante, e onde são raras as ocasiões em que não haja um vídeo sendo gravado com os mais insólitos acontecimentos.

    Não há dúvida que pela imposição equivocada de algumas frentes religiosas na busca pelas aceitações de seus dogmas, aliado ao fato dessa imposição ir contra a liberdade que se anseia em várias frentes da sociedade, cada vez mais esmorece em um número significativo de pessoas o desejo e a necessidade do desenvolvimento da espiritualidade, quando até mesmo o próprio Cristo é visto e tratado como um ser mitológico, não real, desviando-se por causa de estéreis discussões a essência Divina para a efetiva evolução planetária, contida em seus ensinamentos e em seus exemplos.

    Corremos o risco, assim, de seguirmos o exemplo de Capela, planeta que exilou aqueles que mesmo avançados intelectualmente, insistiram de forma irascível na valorização do mal, do vício, do desregramento das paixões, vindo eles servirem de deuses a um planeta ainda infante, preso a selvageria de costumes, chamado Terra.

    Ainda é cedo para afirmarmos que isso ocorrerá de forma inquestionável, mas não há dúvida que chegou a hora do nosso planeta galgar mais um degrau na escala evolutiva dos mundos, e não serão algumas almas resistentes e insistentes na negatividade de sentimentos que irão impedir que isso aconteça no tempo previsto pela espiritualidade superior que comanda nosso orbe.

    Estando condicionada a transformação do nosso planeta à mudança da maioria dos espíritos que aqui estagiam, não há dúvida que se faz estritamente necessária a nossa própria renovação íntima para progredirmos como individualidade, e carimbarmos o nosso passaporte para acompanha-lo em sua ascensão, lutando com todas as nossas forças para eliminarmos a inferioridade que ainda existe em nosso íntimo, reacendendo a chama do amor puro baseado no Cristo Jesus que está vivo em nós desde que fomos criados.

    Que saibamos valorizar a oportunidade que hora recebemos de estudar, conhecer, e quiçá, vivenciar os conceitos que formam o corpo doutrinário do Espiritismo Codificado por Allan Kardec, aquele que nos reconduziu a pureza dos ensinamentos cristãos, longe de regras e dogmas, de paraísos beatíficos e infernos de chamas eternas.

    Façamos nossa parte, que seja no bem, que assim seja!