segunda-feira, 23 de março de 2020

Esperança sempre viva!




Ainda distante estamos de nos considerar espíritos bons, ou seja, já capazes de suportar e recusar aos chamados das paixões, dos vícios, dos instintos inferiores que alimentamos já há inúmeras existências físicas e espirituais.

Ainda hesitantes em nossas resoluções, difícil evitar que em nossas ações diárias, não nos entreguemos aos sentimentos negativos motivados pelo ciúme, pela vaidade, pelo orgulho, pelo egoísmo, que acaba por impedir que venhamos a agir de forma cristã não só em nossos relacionamentos mais íntimos, no nosso lar, no nosso trabalho, nas atividades de nossa vida, mas, principalmente, em relação aos nossos irmãos do caminho, aos quais, além de pouco ajudar, ainda temos por hábito, na maioria das vezes, os ignorar em suas dificuldades, em suas aflições, em seus problemas.

Ainda presos a negatividade no proceder, na postura, mesmo que não venhamos a prejudicar ostensivamente a ninguém, ainda permanecemos presos as nossas limitações emotivas, ignorando as necessidades básicas do próximo, não só materiais ou físicas, mas também na forma de agir, de pensar, onde deixamos de respeitar e aceitar que os outros pensem e ajam de forma diversa da nossa, que tenham outras prioridades, que não valorizem a aceitem como realidade aquelas que norteiam a nossa existência, gerando consequentemente, ações e reações baseadas na discriminação e no preconceito, fonte de origem dos maiores distúrbios que a nossa sociedade hoje enfrenta.

Amar e aceitar ao próximo como ele é, dentro de suas limitações, de seus objetivos, assim como sermos também respeitados na nossa forma de pensar e de viver, será a base da transformação não só nossa, mas da sociedade em que vivemos como um todo, nos aproximando cada vez mais dos princípios básicos cristãos de amor e paz, traçando um novo rumo para nossa existência individual e coletiva, onde os parâmetros do bem serviriam como guia para as decisões e escolhas que fossem tomadas, o que consequentemente motivaria que aqueles que ainda preferem se entregar a inferioridade de sentimentos se vissem pressionados pela maioria, se veriam cada vez mais isolados e incomodados por persistirem em atitudes não mais aceitas e valorizadas no trato recíproco de suas atividades diárias e rotineiras.

Dentro deste processo de renovação íntima, de transformação espiritual, da análise de nossos atos atuais, de nossos ideais, de nossas oportunidades e prioridades, precisamos aprender a desvincular aquilo que nos tentam impor como necessidade daquilo que realmente poderá vir a agregar e acrescentar em nossa personalidade, em nossa individualidade, sendo mais criteriosos, mais críticos, mais incisivos em nos posicionarmos de acordo com a postura que se exige daquele que não mais quer se deixar arrastar pelos mesmos erros que o dominaram até então, e não mais recalcitrar, não mais se acomodar à situações fúteis e inócuas que objetivam apenas uma frágil sensação de felicidade e sucesso, e que na verdade, nada mais fazem que gerar desilusão, estresse, tédio, medos e dúvidas quanto ao porvir.

Atualmente atravessamos uma fase transitória de mudanças, de adequações, onde a luta por direitos individuais e coletivos se confunde com posturas radicais e motivadas pelo ódio, pela cisão, onde em vez de caminharmos juntos em busca de soluções, preferimos nos dividir em partidos, em extremos, agindo como ferrenhos adversários, onde o que mais importa não é solução, e sim a imposição de ideais e de posturas, quando, então, ambos os lados se perdem em longos e agressivos discursos, longe de realmente buscar a concórdia, o equilíbrio, o respeito que todos merecem por viver de acordo com aquilo que almejam para si, desde que no caminho do bem, da paz, do amor.       

Inevitável para que ocorra a transformação espiritual coletiva para o caminho do bem, que se faça antes a transformação individual, íntima, requerendo o esforço disciplinado de cada um de nós, cientes que enfrentaremos como sempre enfrentaram todos aqueles que quiseram ir contra os conceitos inferiores e materialistas da sociedade, que quiseram lutar contra os poderes dos inconsequentes, dos ditadores de todos os tempos, lutas acerbas, onde o desprezo, as injúrias, a zombaria, a agressão, a traição, estarão sempre tentando nos afastar de nossos objetivos maiores, tentando nos desanimar, e nos fazer retroceder, para que voltemos a nos acomodar na mesma inferioridade que nos prende já há vários séculos de lutas improfícuas.

Atualmente, precisamos reconhecer, que falar de Jesus em sua essência, em sua pureza fora dos dogmas humanos, que falar de amor, de perdão, de religiosidade, de humildade, faz com que venhamos a ser ignorados, desprezados, esquecidos, marginalizados, como se fossemos pobres doentes totalmente alienados da realidade humana, quando na verdade, é exatamente o inverso, quem assim o faz, são aqueles que conseguem se manter na vanguarda das ideias, dos objetivos maiores, porque o equilíbrio, por mais que forças ocultas lutem para tentar inverter, está e estará sempre no bem, e este bem está essencialmente nos ensinamentos e exemplos do Cristo, que vieram ser valorizados, ampliados, explicados, através do advento do Consolador, do Espiritismo, que abriu as portas do mundo espiritual para que pudéssemos ter pleno acesso ao nosso passado, para que compreendamos melhor o nosso presente, planejando e construindo de forma segura e objetiva o nosso futuro.

Não mais dúvidas ou questionamentos, mas a certeza inconteste que somos e seremos aquilo que geramos e criamos para nós, tendo hoje a colheita do que plantamos ontem, e assim sucessivamente, sem condenações arbitrárias, sem paraísos prometidos, mas simplesmente em uma continuidade lógica e absoluta de ações e reações, de causas e efeitos, de acordo sempre com aquilo que desejamos para nós, com aquilo que fazemos que amplie ou destrua nossas possibilidades imediatas de crescimento e elevação.

O importante não é subir uma escada em velocidade estonteante no afã de logo chegar ao topo, e sim, ter a certeza que estamos subindo na direção certa, para o local onde poderemos dar continuidade a nossa ascensão, não correndo o risco de nos precipitar em novas e espetaculares quedas, recalcitrantes e teimosamente motivados a nos entregar aos vícios e as paixões que até então nos dominaram, quando insistimos em preferir a “cesar” do que a Deus, ao nosso Amado Pai.

Viver em sociedade não é viver dominado ou dominando, e sim, aprender a desenvolver o raciocínio próprio, o discernimento, para ser um membro ativo e realizador, não manipulável, assim podendo se tornar participativo, influindo dentro de suas possibilidades na transformação coletiva, no progresso espiritual efetivo do todo, onde o bem, a paz, a igualdade de direito e deveres se estabeleça, onde o forte aprenderá a sustentar e fortalecer ao mais fraco, gerando inúmeras oportunidades de aprendizado e trabalho, fazendo com que as forças do bem dominem e transformem a todos trabalhadores de boa vontade.

Tudo terá seu tempo, as mudanças e transformações costumam gerar traumas, cicatrizes, mas a nossa força interior, como individualidades cósmicas, fará com que cresçamos nas adversidades, fazendo com que delas surja o progresso, a paz, o respeito, o verdadeiro amor que um dia unirá a todos sob o manto sagrado do Nosso Amado Mestre Jesus.