terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Mudança Individual e Planetária


 

    Vivemos em um mundo de provas e expiações, onde o mal predomina, mas, caminhamos de forma contínua para assumirmos o estágio da regeneração, onde o desejo de melhorar e de deixar para trás o erro é fator preponderante, beirando ao absoluto dos que aqui permanecerem.

    Alguns podem estranhar esta colocação final, que nem todos poderão usufruir desta mudança planetária, mas o que precisa ficar claro é que isto não significa premiação para uns e punição para outros, mas, simplesmente, a situação do fator selecionador estar ligado a sintonia, ao padrão vibratório emanado, não só da criatura, mas da atmosfera psíquica do planeta, traçando a linha demarcatória do que se faz necessário conquistar e manter para se ter o direito irrestrito e natural de permanência.

    Ainda que muitos já tenham despertado para a necessidade de abraçar o bem como direcionador das suas existências, utilizando como exemplo os preceitos morais e éticos contidos nas mais sérias frentes religiosas, assim como no sistema social e jurídico de alguns países já mais desenvolvidos, é inegável que, espalhados pelo mundo, inúmeros irmãos do caminho, inúmeras comunidades, inúmeros povos e países, em relação a direitos humanos, a igualdade social e de direito, ainda longe estão do ideal, muitos até mesmo presos à barbáries legais, onde o preconceito de todos os tipos ainda predominam e segregam aqueles que não estão alinhados com seus retrógados códigos de conduta.

    Não falamos aqui de avanços tecnológicos, científicos, de poder temporal, de poder financeiro, mas da restrição do mais puro direito de cada um decidir o que é melhor para si, desde que não prejudique diretamente a ninguém, pois, infelizmente, ainda há países que delimitam direitos as mulheres, aos homossexuais, a quem não pertence a raça predominante, a quem não nasceu na localidade, a quem não tem a classe social alta, entre outros desvarios originários do orgulho, da vaidade, da intolerância, do preconceito, do egoísmo, da prepotência, e infelizmente, do ódio para com aqueles que não seguem suas cartilhas e seus códigos.

    Ainda existem diferenças gritantes entre estágios evolutivos espirituais e morais, e isto independente de classe, de poder aquisitivo, da frente religiosa escolhida, ou entre aqueles que ainda não admitem uma força maior no comando do mundo, diferenças geradas pela ignorância, pelo não desejo de adquirir conhecimentos maiores, em não desejar sair da zona de conforto, em não perder privilégios, ou poder vir a deseja-los e conquista-los custe o que custar, frutos de pretéritas lutas baseadas na vantagem pessoal, na lei do mais forte, no sofisma de se considerar superior ou merecedor, entre tantos outros desvios de conduta, tendo, porém, todos em comum, as pretéritas existências onde já preferiam ignorar o direito do próximo, não respeitar diferenças, não alimentar o mínimo de empatia, se arvorando de juízes e censores das atitudes e escolhas alheias.

    Em relação ao passado, a diferença para a negatividade de intenções e ações da maioria das pessoas de nossa sociedade atual é a de se colocar em uma posição de extrema má vontade e de total desprezo, de forma ostensiva ou disfarçada, em relação aos exemplos e ensinamentos do Mestre Jesus.

    Ao se colocarem em posição de superioridade e empáfia frente aos seus irmãos do caminho que não pensam como eles, ignoram de forma ostensiva a necessidade de não julgar para não serem julgados, de não atirar pedras se também estiverem sob judice de serem apedrejados, de não oferecer a outra face quando agredidos ou injuriados, ainda que de forma injusta, de não perdoar nem sete, nem quantas vezes forem necessárias, e, principalmente, não fazer ao irmão do caminho o que não gostariam que ele os fizesse, e fazendo a ele o que gostariam que lhes fosse feito, amando-os e respeitando-os, como a eles mesmos deveriam se amar e se respeitar.

    No mundo virtual em que vivemos chega a ser surpreendente, se não assustador, o ódio destilado seja qual for o assunto, com que uns tratam aos outros, em uma crescente polarização, onde o desrespeito e os excessos deixam ao final uma única certeza, a que todos estão distante da Verdade, presos as suas realidades, onde o bem geral se perde em decorrência da disputa pela razão e pelo, ainda que não admitido, poder.

    A agressão verbal e física está escancarada, máscaras sociais caem com extrema facilidade para aqueles que extrapolam todos os limites de civilidade e do respeito, escondidos que estão atrás da tela de um computador ou de um celular.

    Tudo, talvez, seja fruto de uma revolução em andamento, quando aqueles que ainda estão resistentes à mudança podem estar reencarnando juntos em um contingente cada vez maior, e como agravante em relação a agitação disso decorrente, em um período onde a informação e a notícia se espalham em uma velocidade estonteante, e onde são raras as ocasiões em que não haja um vídeo sendo gravado com os mais insólitos acontecimentos.

    Não há dúvida que pela imposição equivocada de algumas frentes religiosas na busca pelas aceitações de seus dogmas, aliado ao fato dessa imposição ir contra a liberdade que se anseia em várias frentes da sociedade, cada vez mais esmorece em um número significativo de pessoas o desejo e a necessidade do desenvolvimento da espiritualidade, quando até mesmo o próprio Cristo é visto e tratado como um ser mitológico, não real, desviando-se por causa de estéreis discussões a essência Divina para a efetiva evolução planetária, contida em seus ensinamentos e em seus exemplos.

    Corremos o risco, assim, de seguirmos o exemplo de Capela, planeta que exilou aqueles que mesmo avançados intelectualmente, insistiram de forma irascível na valorização do mal, do vício, do desregramento das paixões, vindo eles servirem de deuses a um planeta ainda infante, preso a selvageria de costumes, chamado Terra.

    Ainda é cedo para afirmarmos que isso ocorrerá de forma inquestionável, mas não há dúvida que chegou a hora do nosso planeta galgar mais um degrau na escala evolutiva dos mundos, e não serão algumas almas resistentes e insistentes na negatividade de sentimentos que irão impedir que isso aconteça no tempo previsto pela espiritualidade superior que comanda nosso orbe.

    Estando condicionada a transformação do nosso planeta à mudança da maioria dos espíritos que aqui estagiam, não há dúvida que se faz estritamente necessária a nossa própria renovação íntima para progredirmos como individualidade, e carimbarmos o nosso passaporte para acompanha-lo em sua ascensão, lutando com todas as nossas forças para eliminarmos a inferioridade que ainda existe em nosso íntimo, reacendendo a chama do amor puro baseado no Cristo Jesus que está vivo em nós desde que fomos criados.

    Que saibamos valorizar a oportunidade que hora recebemos de estudar, conhecer, e quiçá, vivenciar os conceitos que formam o corpo doutrinário do Espiritismo Codificado por Allan Kardec, aquele que nos reconduziu a pureza dos ensinamentos cristãos, longe de regras e dogmas, de paraísos beatíficos e infernos de chamas eternas.

    Façamos nossa parte, que seja no bem, que assim seja!

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

A Porta Estreita


 

Inúmeros são aqueles que vivem sob o critério da postergação, ou seja, adiando aquilo que no momento não quer realizar, ou para tal não está preparado, ou prefere julgar que não está, principalmente, quando aquilo do que abre mão de fazer exige, por suas características, tempo e energia, esforço próprio e disciplina, o que em um primeiro momento é visto mais como uma obrigação do que uma tarefa prazerosa e que trará recompensas ou resultados imediatos.

Muitos, por exemplo, apesar de se sentirem atraídos para a profissão de médicos, quando vislumbram as dificuldades que terão que enfrentar, a capitalização de recursos, quando estes não estão facilmente disponíveis, o tempo da preparação para ser aceito na instituição de ensino, a disciplina que terá que se impor, geralmente, deixando para trás diversões e compromissos sociais, se distanciando naturalmente dos amigos de folguedos, preferem desistir, ou adiar, ou buscar outra profissão que lhe tragam um retorno imediato e que lhe exijam menos teóricos “sacrifícios” para que venha a ser concluída, mesmo que em um primeiro momento se afastem de seus ideais.

Quando isso acontece, corre-se o risco de se estar enganando a si mesmo, convencendo-se de que é tudo “igual”, que mais tarde poderá realizar sua meta, buscando justificativas que corroborem com sua decisão, com sua escolha, ainda que no fundo, sua consciência grite contrária a sua atitude, ou, aos motivos que levaram a toma-la.

Como espíritos eternos, todos nós, por estarmos ainda enfrentando inúmeras dificuldades dos mais variados tipos enquanto encarnados, e no momento estagiando em um mundo de provas e expiações, com certeza nos encaixamos neste grupo, ressaltando, inclusive, que só por este fato, já representa para nós uma significativa vitória, afinal, poderíamos ainda estar na fase de não desejarmos nenhum tipo de mudança para o bem, sendo que hoje, por estarmos aqui juntos, escrevendo ou lendo, pelo menos, já a aspiramos, porém, confessemos, não com a convicção necessária, já que ainda nos escondemos atrás de desculpas e justificativas para o adiamento das atitudes necessárias para nossa efetiva transformação espiritual.

Precisamos estar atentos, entretanto, para não cairmos no erro de nos iludir, de acharmos que teremos tempo para começar, que são válidas nossas razões, nos acomodando na postura inerte de nada fazer para melhorar, ainda que nada estejamos fazendo para piorar.

Existe um ideal a ser alcançado em relação a renovação para o bem, dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Cristo através de seus ensinamentos e exemplos, e precisamos ter consciência que a cada atitude errônea, assim como a cada adiamento, mais nos desviamos do caminho que nos levará a esta conquista.

Somos livres para tal, é fato, ninguém irá nos obrigar a avançar constantemente, porém, não nos será permitido também avançarmos quando e da forma que desejarmos caso não estejamos nos portando de acordo com aquilo que se faz necessário, dentro dos critérios estabelecidos pela Verdade Cristã.

Jesus deixou claro que precisaremos carregar a nossa cruz, e se nossa vontade no momento é estagnarmos, ainda que não estejamos prejudicando a ninguém, não poderemos esperar que a mesma distância seja mantida de nossos irmãos maiores devido ao tempo que desperdiçarmos com a nossa indevida ação.

A vida prossegue de forma contínua, aqueles que hora estão ao nosso lado e que optam por avançar vão construindo novas obras, conseguindo novas conquistas, e para no futuro os alcançarmos, teremos que percorrer os mesmos caminhos que eles percorreram, só chegando até eles quando estivermos no mesmo estágio, o que se tornará cada vez mais difícil, porque o caminhar deles é interrupto, e assim, quanto mais tempo ficarmos parados, mais tempo e esforço teremos que dispor, já que não é justo que eles parem para nos esperar, já que foi nossa opção estacionar e desperdiçar nosso tempo.

Muitos se iludem pelo fato de que, já que são eternos, e que as oportunidades sempre lhes serão dadas, que poderão tomar a decisão de mudar após ter tomado até a última gota do cálice da inferioridade espiritual, sem pressa, sem pressão.

Para isso, gostaríamos de lembrar que a porta do erro é larga e florida, e a do acerto, é estreita e exigirá sempre muito esforço para ser transposta.

Em uma melhor comparação, o desvio que tomarmos do caminho do bem será uma descida que percorreremos em menos tempo e mais facilmente, nos dando prazer e uma enganosa leveza, porém, com o tempo, ela se tornará escorregadia, o que nos levará a tomar diversos tombos e sofrer inúmeras quedas, consequentemente, nos trazendo dor e adversidades.

Poderemos até parar, estacionar, refletir, nos cansar dos erros cometidos, do desvio tomado, porém, para voltarmos ao caminho do bem ninguém poderá nos carregar, não haverá um veículo nos esperando para confortavelmente regressarmos, teremos que ter disposição, vontade, disciplina, porque os primeiros passos ainda serão em um terreno escorregadio, sem esquecer que agora teremos que subir, teremos que percorrer todo o caminho de volta em ascensão, o que exigirá muito mais trabalho e muito mais tempo. É a porta estreita!

Só que Deus é bondade, é Amor, e como diz a Lei, Ele não quer a morte do pecador, mas a sua redenção, por isso também o apóstolo anunciou que o Amor cobre uma multidão de pecados, e desta forma, para retornarmos por este desvio até o verdadeiro caminho da redenção e da evolução, não precisaremos necessariamente sofrer, mas sim trabalhar, nos esforçar, nos sacrificar em prol do próximo, em prol da coletividade onde vivermos, perdoando e sendo perdoando, nos redimindo através do esforço no bem, nos redimindo com nossa própria consciência com suor e as lágrimas do trabalho realizado.

Não há favorecimento ilícito ou privilégio de qualquer tipo na Justiça Divina, e, sempre, sem justificativas ou desculpas que a isso modifique, será dado a cada um exatamente de acordo com suas obras.

Que assim seja!

  

        

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

A dor como ferramenta para o bem!

 




Por vezes somos nós, que capazes de optar, estejamos encarnados ou desencarnados, escolhemos dificuldades, sacrifícios, renúncias, situações complexas e mais difíceis de ser superadas, para que, com determinação e equilíbrio,  venhamos a vencer limitações íntimas, ganhando condições para mais altos voos, maiores possibilidades de aprendizado, e melhoria de nossa situação atual, seja qual for o momento que vivemos e o objetivo que desejamos alcançar.

Para ingressar em uma faculdade muitas vezes o estudante precisa abrir mão do lazer; para vencer uma prova no atletismo, o atleta precisa horas de treino, uma alimentação regrada e uma férrea disciplina contra abusos de vários matizes; para superar uma doença grave, há situações em que o enfermo precisa se entregar a um tratamento longo e doloroso, para que venha a se recuperar e prosseguir sua existência.

Esses são alguns exemplos, no plano físico, de algumas situações, entre tantas outras, que escolhemos por livre vontade a dificuldade, o esforço, a dor, a renúncia, para alcançarmos e vivenciarmos objetivos maiores, visando crescer, sacrificando de alguma forma o presente para usufruir de benefícios futuros.

Assim também é no plano espiritual quando aspiramos ou nos é recomendado o retorno a matéria, quando participamos do nosso planejamento reencarnatório, sugerindo ou acatando sugestões de nossos mentores, para que venhamos a enfrentar, quando voltarmos, dificuldades, sofrimentos, fracassos, perdas, limitações, sempre visando a nossa evolução, sejam nossas necessidades íntimas ligadas a expiações, resgates, provas ou missões.

Muitas vezes, porém, poderemos estar de tal forma enredados em nossos erros e em nossa inferioridade, que mesmo desejando a mudança, a renovação, estaremos por demais frágeis, desorientados, distantes da realidade, não possuindo a capacidade de discernir e escolher por nós mesmos o nosso destino cármico na nova oportunidade física, sendo então auxiliados por nossos mentores maiores quanto a elaboração de nosso plano, quando então eles nos comunicam sobre aquilo que iremos enfrentar, ou, por não ser o melhor para nossa vitória, até mesmo vindo a nos ocultar, a título de nos auxiliar e favorecer quanto a execução, as dificuldades previstas para nossa estadia na carne.

Por vezes esta dor curadora, esta dificuldade, esta expiação das faltas cometidas, além do ressarcimento das dívidas contraídas, são planejadas e impostas pela espiritualidade superior até mesmo contra a vontade do espírito culpado, não tendo a noção nem mesmo que está sendo preparado seu retorno, tal o grau de obscurantismo que domina seu espírito, tal a entrega ao mal, ao inferior, sendo para ele a reencarnação basicamente um ato prisional, em caráter de urgente necessidade, tal o desequilíbrio que gerou para si seus desregramentos e crimes, muitas vezes, até mesmo, sendo esta medida tomada visando proteger e defender suas vítimas e seus  subalternos.

Algo é certo, a dor em geral, seja qual for o caráter que ela assuma em nossa existência física ou espiritual, tem a premissa de ser favorável a nossa individualidade eterna, visando nosso crescimento, nosso refazimento, nosso fortalecimento, nossa renovação, sendo salutar, entretanto, para aquele que sabe sofrer, que sabe suportar de forma heroica e equilibrada, valorizando e vivenciando a postura cristã, sendo humilde, sendo tolerante, sendo pacífico, sendo resignado, não se deixando levar pela revolta, pelo medo, pela dúvida, pelo desânimo, não apontando culpados, mesmo se houver, aprendendo a perdoar, a relevar, a suportar e superar a adversidade, seja ela qual for, lembrando os dois ensinamentos do Mestre que justificam sobremaneira a resignação e a paciência:

 

- Não há fardo superior as nossas forças;

 

- Quem quiser ver o Reino dos Céus que carregue sua própria cruz e O siga.

 

Vivemos em um planeta de provas e expiações o que, por si, já deixa claro a necessidade da dor, do sofrimento, da dificuldade para nele subsistir e evoluir, onde o mal ainda tem uma influência significativa, não só em nosso ambiente externo, em nossas relações, como também em nosso íntimo, oriundo de nossas experiências de outras vidas, fato que nos faz merecer aqui estagiar, quando no passado nos deixamos levar pelos sentimentos inferiores e negativos, fatos geradores de quaisquer dificuldades que no presente precisamos enfrentar e superar.

Não há porque sermos privilegiados, não há porque a dor não nos visitar em diversos momentos de nossa existência sob os mais variados aspectos, seja nos atingindo diretamente ou a nossos entes queridos, porque essa é a finalidade atual de nosso planeta e também a nossa, que atualmente aqui estagiamos, cabendo a cada um a coragem e a força para suportar e superar o que lhe cabe, não esquecendo o lema que ilumina os passos daqueles que buscam no Espiritismo as luzes do Consolador Prometido pelo Cristo, que vem a ser:

 

- Fora da caridade não há salvação!

 

Desta forma, nós espíritas, precisamos ter a consciência que, além de superar as nossas dificuldades, precisaremos ter a capacidade de vivenciar a empatia no mais alto grau, nos colocando no lugar de nossos irmãos do caminho, não julgando, não atirando pedras, e não condicionando de nenhuma forma à materialização das oportunidades que surgirem para que venhamos a auxilia-los em suas dificuldades.

Aprender com a dor e crescer, sempre tendo como objetivo maior a transformação íntima para o bem, vencendo assim de forma definitiva ao nosso passado culposo.

Que assim seja!   

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

O necessário mal!


 

Tudo é criação divina, e assim, fica difícil de compreendermos que o mal é criação do homem e não de Deus, o que seria um contrassenso com a definição que encontramos do Pai Maior dada pelos espíritos e tão bem compilada por Allan Kardec, no Capítulo 1, do Livro I, do “O Livro dos Espíritos”.

Se insistirmos na simplificação desta afirmativa sobre o mal, seremos levados a crer que o homem, em sua insignificância perante a Força Maior que comanda o universo, pode vir a criar algo por ele mesmo, sem a ciência e a participação do Excelso Criador.

O fato de não termos ainda a capacidade de definirmos Deus em sua essência, algo que Kardec deixou bem claro quando o conceituou de acordo com as limitadas qualidades que nosso conhecimento permite enumerar, ainda que as colocando infinitas em sua grandeza, não nos permite colocar o homem como o criador do mal, como se assim, pudesse vir a surpreender a Deus ou algo fazer sem o seu prévio conhecimento e anuência.

O mal existe, e sua criação é o efeito gerado por aqueles que não escolhem para si o caminho do bem, é fruto do livre arbítrio de cada um, até mesmo quando o poder de discernimento ainda distante está de estar plenamente desenvolvido.

A causa é criação Divina assim como o efeito, assim como o agente causador, assim como tudo que pudermos imaginar, porque Deus é a origem de todas as coisas, assim, tanto positivo como negativo fazem parte das ferramentas que as individualidades cósmicas dispõem para aprender, desenvolver, crescer e evoluir.

Essa é a principal razão, ainda que existam outras, de não mais conceituarmos a divindade como cruel, vingativa, punitiva, ou justiceira, Deus sabe exatamente quem somos, e do que somos capazes de acordo com nosso estágio evolutivo e do uso que fazemos da liberdade e do poder de decisão sobre nossas existências que nos é outorgado.

Não há paraísos floridos e contemplativos para os bonzinhos, da mesma forma que não há o fogo eterno para os maus, pois é inadmissível à razão que Deus seja um Pai mais severo e intransigente que um simples pai terreno, onde muitos destes perdoam e dão inúmeras chances para seus filhos por mais que tenham os desobedecido, os magoado, seguido o caminho do erro e do crime.

Se existem na espiritualidade locais tão ou mais sombrios que o inferno de chamas e sofrimentos eternos, comandados por seres por vezes mais perversos que os diabos e demônios, isso não quer dizer que eles lá estejam à revelia, sem a permissão divina, servindo estes locais não para punir para sempre quem tem o destino de lá estar, mas para sirvam de escola, de aprendizado, de local de trabalho, de hospital, dando a cada um, o que de melhor uma situação adversa pode oferecer, e algo é certo, mesmo nestes ambientes, os que servem de agentes da dor e da temporária punição, lá estão também ocupando o seu papel para o processo evolutivo da humanidade como um todo, são também de alguma forma trabalhadores da Seara do Cristo, Governador Espiritual do nosso Planeta.

Os umbrais mais sombrios, aqueles onde estagiam os seres mais atolados na negatividade de sentimentos, com os corpos espirituais muitas vezes danificados, corrompidos, onde se perdem em infinitos embates vítimas e algozes, aliciadores e aliciados, comandantes e comandados, feitores e escravos, são formados e delimitados pelos seus próprios moradores, por suas criações mentais, por aquilo que consciente ou inconscientemente escolhem e determinam para si com suas ações, com suas escolhas, acreditando que ali merecem permanecer, que ali é o local onde darão continuidade aquilo que construíram e escreveram até então dos seus destinos.

Por mais sombrio e por mais pesado seja o ambiente da espiritualidade inferior, ali a ajuda Divina se faz presente, ali espíritos dedicados ao bem agem, buscando sempre a melhoria e a transformação dos que estagiam no erro, sendo, inclusive, em sua grande maioria, trabalhadores egressos do próprio meio, que, já em recuperação, geralmente, se voluntariam tanto para ajudar aos que como eles erraram, como também, para evitar que outros venham a errar, ou agravar seus erros como eles mesmos procederam em recente passado.

O mal é tão necessário para a evolução humana como o bem, porém, como esclarece o ensinamento evangélico, ai daquele que for e insistir em ser seu instrumento, ainda mais para aquele que já teve inúmeras oportunidades de adquirir o conhecimento do que é certo e do que é errado, do que é superior e do que é inferior, tanto que o Mestre também afirma que muito será cobrado daquele que muito recebeu.

Muitas vezes para os presídios humanos se faz necessário que guardas mais preparados e capazes sejam os responsáveis pela contenção dos presos, conhecedores de suas linguagens, de suas artimanhas, de suas necessidades, para que o período que se fizer necessário suas estadias, venham a ser, de fato, úteis para que reflitam e avaliem seu proceder, abrindo espaço para que foquem naquilo que precisam mudar, não mais tendo a liberdade para agravar ainda mais seus débitos, ou fazer sofrer com as consequências de seus atos a outros irmãos do caminho que por isso não tenham que passar.

Tudo é temporário quando o sofrimento e a dor estiverem presentes, e nada é imerecido ou por acaso, fazendo parte do processo regenerativo, de acordo com o livre arbítrio de cada um, respeitando-se o espaço alheio, e o direito da sociedade como um todo de também evoluir, de também se transformar, inclusive sendo este o objetivo maior de nosso planeta, vindo a alcançar um novo degrau, um novo estágio, um novo patamar, assumindo o papel de um Mundo Regenerador, onde a intenção e a ação no Bem passarão a serem fatores determinantes para todos que aqui permanecerem.

Que assim seja!    

 

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Nova Psicografia


MENSAGEM RECEBIDA VIA PSICOGRAFIA EM NOSSA REUNIÃO DA SOCIEDADE SANTISTA DE ESTUDOS ESPÍRITAS EM 30.07.2018

Que Jesus os ilumine hoje e sempre!

Gostaria de um pouco contribuir com o que aqui foi dito, com um breve relato da minha última existência no Plano Físico, quando me fazia de juiz e de governador, não só com os meus filhos e com minha esposa, mas também com os meus amigos e com quem eu tinha algum tipo de contato, pois, sempre me julguei superior aos demais irmãos do caminho, e assim, nunca deixei de fazer o que achava certo, e o pior, queria que todos fizessem exatamente o que eu desejava que fizessem.

Foi um tempo de sorrisos e brincadeiras, já que sempre fui muito bem humorado. Fui uma pessoa de bem, mas achava que o bem era exatamente da forma que eu pensava que devia ser, pouco consciente que existem diferenças evolutivas, e principalmente, diferenças nas formas de agir e de pensar.

Era uma pessoa muito preconceituosa, não admitia quem usava drogas, quem se tatuava, quem era homossexual, não admitia o divórcio, não respeitava as mulheres divorciadas, para mim mulher não devia trabalhar fora, e nem mesmo se aprofundar nos estudos, não aceitava relacionamentos entre pessoas brancas e negras, e não concebia que pessoas de baixa renda e de classes sociais inferiores viessem se imiscuir na política.

Bandidos deviam ser simplesmente mortos, todos eles, e não concebia que alguém não fosse honesto, ou não tivesse honra, que não cumprisse com a palavra dada, que promessas não fossem cumpridas.

Ricos eram ricos e pobres eram pobres, mesmo que em meu tempo, como hoje, existissem leis que mascaravam essas diferenças sociais, porque mesmo quando não mais existiam títulos a diferenciar classes, muitos ainda se julgavam superiores no sangue, isolados em sua casta.

Assim, foi apenas aqui, no plano espiritual que aprendi, no trabalho, no exemplo dos meus mentores e amigos mais esclarecidos a entender o quanto minha sabedoria era diminuta, por mais que a julgasse grandiosa, afinal, como ser uma pessoa do bem aquele que se coloca em um pedestal inatingível de juiz e de censor, achando que tudo sabe, e que nada tem a aprender, que sabe o que é bom e o que é ruim, o que é certo e o que é errado?

Assim, na companhia de meus amigos, me disciplino todos os dias para não me esquecer, tendo como lema para mim, o que disse o Mestre Jesus no alto da Cruz, mudando apenas a pessoa e o tempo do verbo:

- Pai perdoai, porque eu, ainda hoje, não sei o que faço!

Mas, quero e vou aprender porque agora tenho como lema e estímulo, uma palavra que representa um dos mais importantes sentimentos, que está fixada em uma plaquinha sobre o leito onde descanso, para não esquecer, para aprendê-la e passar a vivê-la:

- Humildade!

Busquem também compreendê-la em sua essência e tenham-na sempre em vossos corações.

Carlos, seu amigo!

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Uma mensagem psicografada...




Mensagem psicografada recebida em reunião da Sociedade Santista de Estudos Espíritas 

Por vezes, os maiores ensinamentos chegam a nós nos mais simples relatos, como disse o Mestre, que ouçam os que têm ouvidos de ouvir. 

Que Deus os proteja e os ilumine!

Contribuindo um pouco mais com aquilo que foi dito sobre a importância de nos manter limpos enquanto médiuns, venho falar do tempo que passei na Terra, e do quanto me distancie do meu trabalho, pois seria muita pretensão da minha parte chamar de missão, me deixando levar por sentimentos negativos, desejos inferiores, deixando-me seduzir por doces e confeitos, que sempre levávamos em nossas reuniões semanais, me distraindo nas minhas tarefas junto aos nossos irmãos sofredores, e olhem só, não do mal ou obsessores, só sofredores.

Tínhamos por hábito, o nosso grupo, de chegarmos cedo, e cada um levar um doce, um bolo, pães, frios, salgadinhos, algo normal, pois a maioria de nós ia direto do trabalho para as tarefas do centro.

Eu era, e sempre fui, louca por doce, e não via a hora de chegar no centro, saindo apressada do trabalho, e na condução ia imaginando o que a Cláudia iria levar, já que ela era uma doceira de mão cheia, e gostava tanto dos elogios que a cada semana fazia algo diferente, sempre tentando impressionar ainda mais a todos.

Com o passar do tempo, eu me preocupava mais com o que íamos comer do que com os espíritos que iríamos socorrer, algo que se tornara rotina, e que não mais tocava, como no início, ao meu coração, como uma enfermeira ou uma médica, que não mais se impressionava com a dor de seus pacientes, levando a título de obrigação o que na verdade deveria ser visto como um ideal, uma missão.

E foi assim que me perdi, que prejudiquei minha oportunidade reencarnatória como médium, por algo tão “simples”, mas que aos poucos foi me distraindo daquilo que realmente era importante em minha vida, ou pelo menos deveria ser, danificando a minha capacidade receptiva, meu contato mais próximo com meus mentores espirituais, principalmente daquele que me sustentava como intermediária entre os planos.

Podem ter certeza, isso tudo, sem ter tido em nenhum momento sequer sofrido nenhum tipo de influência espiritual inferior, nenhuma perseguição, nenhuma obsessão, nem mesmo a mais simples, eu mesmo fui a minha obsessora, eu mesma fui a influência negativa, eu mesmo sabotei a minha tarefa junto ao espiritismo.

Hoje, aqui, aprendo, ou melhor, reaprendo a servir, a ser útil, e só o fato de poder vir aqui e relatar a minha experiência já é um grande passo no meu processo de reajuste.

Quem me trouxe foi um outro médium que faliu, conhecido de vocês, e que hoje trabalha em uma equipe que auxilia na recuperação de médiuns falidos.

Orem por mim, isso ajuda nos momentos difíceis a nos mantermos vigilantes e focados naquilo que precisamos priorizar para nós.

Fiquem em paz, fiquem com Deus.

Rosalva

 

quarta-feira, 8 de julho de 2020

A Modernidade e a Mediunidade!




Por mais que hoje os avanços tecnológicos favoreçam e ratifiquem a acerbada necessidade da conquista dos bens de consumo, dos bens materiais, das vantagens pessoais e do poder temporal, independente da forma desta conquista, mesmo que para isso se ignore o direito e as prioridades do próximo, este é o momento cármico, este é o milênio, no qual nosso planeta está predestinado a ascender em sua jornada evolutiva, assim como nós, tornando-se um local de regeneração, de mais missões e menos expiações, de mais possibilidades de realizações, do que de corrigendas dolorosas e quitação sacrificiais de débitos contraídos, onde o bem predominará, não só em força, mas principalmente, quantitativamente.

Pelos meios de comunicação dos quais dispomos atualmente, pela velocidade que as informações correm o mundo, unificando-o cada vez mais, decorrente do que se prioriza como notícia, infelizmente ainda se supervaloriza o crime, os acidentes espetaculares, as ações impactantes, as disputas políticas, deixando a impressão que a nossa sociedade está cada vez mais cruel e mais violenta, mais injusta socialmente, com o mal ganhando cada vez mais espaço, vendo expandida sua área de atuação.

O que precisamos, porém, analisar, é o fato de que se compararmos o passado de nossa humanidade com o momento atual, perceberemos que mudanças profundas ocorreram ao longo do tempo, muitas, inclusive, originárias da possibilidade que temos de acompanhar on-line as situações e as decisões que são tomadas pelas pessoas e pelos órgãos que possuem maior condição de influenciar as massas e a coletividade em todo mundo.

Hoje em dia é possível acompanhar aos governos, as frentes religiosas, a ciência, a iniciativa privada, e aos órgãos da imprensa nas mais diversas redes sociais, o que acaba nos permitindo pressionar a marcha progressiva, ainda que lenta, dos valores morais e éticos que devem nortear a toda raça humana em seus níveis de civilidade e respeito, mesmo encontrando resistência por parte daqueles que são contrários a mudanças, os que ainda preferem valorizar unicamente as conquistas materiais e financeiras.

Leis que tem o intuito de proteger as minorias são mais comuns, diminuindo as diferenças e levantando questões que tendem a proteger a liberdade  de expressão, o direito que cada um tem de escolher o melhor para si, desde que dentro dos parâmetros de respeito pela liberdade do próximo e do bem comum da sociedade na qual está inserido.

Liberdade de culto, de preferência sexual, à proteção ao idoso, a igualdade de direitos da mulher, leis voltadas a proteção do meio ambiente, da fauna e da flora, e que sustentam a luta pelo fim da pobreza e a diminuição das diferenças sociais, são fatores de constante preocupação por parte dos países mais civilizados e modernos de todo o mundo, em uma luta constante contra a intransigência política e religiosa que tenta impor suas últimas barreiras ao progresso e a evolução de nosso planeta.

Dentro desta necessidade preeminente e natural que a sociedade hoje tem de evoluir como um todo, decorrente da transformação espiritual íntima de cada um de nós, o Espiritismo, como Consolador Prometido, tem papel fundamental, por fazer reviver, em sua essência, o sentimento cristão, valorizando o bem, a fraternidade, a solidariedade, a tolerância, o respeito e o amor, dando-nos a chave, pela lei da reencarnação, da causa e efeito, da pluralidade de vidas e de mundos, do quanto podemos fazer no combate aos nossos sentimentos inferiores, a negatividade de instintos, contra o materialismo e o positivismo que ameaça ressurgir com a mesma força da época de Kardec.

Sem dúvida, uma das ferramentas mais importantes para que venhamos a ter plena consciência desse legado do Espiritismo, que é o de conhecer de perto quem nós somos; de onde viemos, e para onde iremos, é a mediunidade, que veio abrir a porta para que nossos próprios entes queridos, assim como companheiros de jornada que passam por experiências únicas no plano espiritual, tenham um canal de comunicação com nosso plano, nos informando como vivem, quais as condições que se encontram, e o que precisamos fazer para termos uma vida regrada de vantagens e possibilidades de crescimento para quando para lá retornarmos, dando-nos um guia seguro, através de relatos, orientações e experiências pessoais, dos mais comuns erros e acertos que nos levarão a desfrutar de possibilidades imediatas de crescimento e  evolução após o desencarne.

Assim, de acordo com o estudo da Doutrina Espírita, das obras básicas da Codificação, elaboradas por Allan Kardec, assim como a extensa coleção de títulos que a complementam e enriquecem, temos os parâmetros necessários para utilizar desta possibilidade de intercâmbio entre os dois planos, o físico e o espiritual, de forma produtiva e segura, nos precavendo contra os percalços das influências inferiores, valorizando a seriedade, a disciplina, a retidão do proceder e das intenções no bem, para que não venhamos não só a nos prejudicarmos individualmente pelo menosprezo da oportunidade desta ligação entre planos, como também, nos proteger contra espíritos que queiram nos prejudicar, ou pior, que queiram diminuir o valor real dos ensinamentos e das orientações cabíveis a nossa evolução, agindo através da mentira, da ilusão, desviando o verdadeiro foco que deve nortear as possibilidades de intercâmbio, que é o da renovação moral, da transformação dos sentimentos os para o bem, do estudo e do trabalho sério em prol do gênero humano, na prática efetiva da caridade e do amor ao próximo, preconizado e exemplificado pelo Mestre Jesus.

A mediunidade é, e sempre será, preciosa ferramenta para que venhamos a nos manter firmes e seguros no processo de elevação, abrindo novos horizontes e novas perspectivas a cada passo que venhamos a nos capacitar no entendimento das leis divinas e nas realizações humanas, o que exigirá sempre uma dose maior de vigilância, de respeito, de disciplina, para que em nenhuma circunstância o orgulho venha a superar a humildade, a vaidade se sobrepor a caridade, o egoísmo surpreender o respeito e o amor que devemos emanar aos nossos amigos e benfeitores espirituais, não dando oportunidade para que os oportunistas de todos os tempos venham a dominar as ações de intercâmbio.

Por mais que o mundo avance, será sempre nossa retidão de caráter, o nosso desejo de crescer no bem, e a sinceridade de nossas intenções, que irão determinar as consequências naturais de nossa escolhas, e as situações que no futuro farão parte de nossa existência.

Com amor e boa vontade, reunidos em nome do Cristo, temos a promessa e a certeza que Ele estará sempre ao nosso lado, seja como médiuns, como espíritos comunicantes, como mentores, como aprendizes, como tarefeiros, com socorristas ou socorridos, na certeza que gradativamente, mas de forma real e progressiva, o bem irá vencer e prevalecer, até a renovação definitiva de nosso planeta.

Que assim seja!

terça-feira, 23 de junho de 2020

Espiritismo e Preconceito





Falaremos hoje sobre um tema antigo, milenar, mas muito atual, quando vemos diariamente inúmeros casos na mídia que demonstram o quanto ainda estamos, como individualidade e sociedade, distante de vence-lo e supera-lo: O Preconceito!

Abordaremos o tema sem a pretensão de abrangermos todos os seus aspectos, devido a sua abrangência e complexidade, mas o faremos direcionando-o para o nosso objetivo principal, o estudo da Doutrina Espírita.

Consultando o dicionário, temos o significado literal da palavra:

- Qualquer opinião ou sentimento concebido sem exame crítico;

- Ideia, opinião ou sentimento desfavorável formado sem conhecimento abalizado, sem ponderação ou razão;

- Sentimento hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal, ou imposta pelo meio onde vivemos;

- Intolerância.

Desta forma, qualquer pensamento, palavra, opinião, atitude em relação aos nossos irmãos do caminho que venha a julga-los de forma indevida e negativa devido a sua cor, a sua preferência sexual, a sua religião, a sua classe social, a região ou país onde nasceu, aos seus vícios, a sua aparência física, entre tantas outras formas de segregação, é PRECONCEITO.

No estudo da Doutrina Espírita, vemos várias passagens em todas as obras da Codificação, como as que tratam da sucessão e aperfeiçoamento das raças, da marcha do progresso, da necessidade da vida social, do avanço da legislação humana, das leis da igualdade e da liberdade, esta que trata diretamente da escravidão, lembrando que na época que as obras foram escritas a escravidão ainda se espalhava pelo mundo, vemos que em nenhum momento, essas passagens tratam à evolução humana, física ou espiritual, se referindo a fatores ligados a cor, a religião, a classe social, mas única e exclusivamente ao progresso moral, a fatores ligados a honestidade, a caridade, a bondade, ao respeito, a igualdade social, onde o mais rico tem o dever de auxiliar ao mais pobre e não esmaga-lo, ou o que tiver melhor cultura, maior conhecimento, maiores condições físicas ou materiais, o dever de compartilhar o que possuí, e não tirar partido vindo a explorar ao próximo de alguma forma.

Temos como exemplo, as questões 96 e 97 do “O Livro dos Espíritos”, que tratam da classificação dos espíritos por ordens, de acordo com suas características morais e de personalidade, reunindo-os em três grandes ordens, que depois são subdivididas, que são: Espíritos imperfeitos, Espíritos bons, e Espíritos puros.

Em todas essas divisões e suas respectivas subdivisões, em nenhum momento, o que difere uma classe da outra são os fatores que já relacionamos acima que caracterizam a atitude e o pensamento preconceituoso, e sim, os fatores morais, aqueles que diferenciam o estágio evolutivo da individualidade em relação a sentimentos como o egoísmo, a vaidade, o orgulho, a cobiça, a usura, a maldade, a prepotência, a intolerância, e os sentimentos do bem, como a empatia, a tolerância, a caridade, a humildade, e, principalmente, o amor.

O principal conceito trazido pelo Espiritismo que vai contra o preconceito de qualquer espécie, até mesmo mostrando sua total falta de lógica, é o conceito da Reencarnação.

Como pensarmos em nos colocar em qualquer situação de falsa superioridade em relação aos nossos irmãos do caminho, indo contra a humildade preconizada pelo Cristo, que deixa claro que os últimos serão sempre os primeiros, se poderemos vir em uma próxima existência em uma posição idêntica aqueles que no presente perseguimos, desprezamos e violentamos?

Como poderemos afirmar em qual posição retornaremos em uma próxima vida? Pela lei da causa e efeito, a probabilidade é grande que voltemos na mesma posição daqueles que foram frutos do nosso preconceito, com a mesma raça, a mesma condição social, a mesma preferência sexual, os mesmos vícios, nascidos nas mesmas regiões ou países, entre tantas outras situações.

Algo é certo, podemos considerar, neste sentido, a Lei da Reencarnação, como uma lei que nos traz a  empatia de forma compulsória, como uma obrigação, ainda que vemos muitos irmãos do caminho atualmente deixando claro que seus sentimentos preconceituosos ainda estão arraigados em seu íntimo, mesmo fazendo parte do grupo que sofre com tais ataques, como negros ou homossexuais que afirmam ser exagero ou mentira que atualmente ainda haja discriminação, preferindo dar razão a seus opressores.

Precisamos nos analisar e ponderar o quanto ainda trazemos em nós pensamentos e sentimentos preconceituosos, ainda que não admitamos ou externamos. O quanto ainda julgamos ao avistar uma pessoa como possível agressora apenas pela sua cor, o quanto mudamos o nosso grau de tratamento, de respeito, de deferência de acordo com a profissão, o status social do nosso interlocutor, de que forma nos postamos frente a um médico e a um gari, a alguém que se veste com humildade e a alguém que está de terno e gravata.

Hoje em dia temos uma legislação que visa proteger aqueles que são agredidos por sua preferência sexual, por sua religião, por sua cor, mas como sociedade ainda distantes estamos de aceitar as mudanças que se fazem necessárias para tirarmos de nós essa postura preconceituosa que muitos consideram ser “normal” e que as temos sem nem mesmo perceber.

Não deve mais haver espaço para brincadeiras e piadas sobre a cor, o gênero, as características físicas, a religiosidade, sobre o nível cultural das pessoas mais simples, porque pode ser muito engraçado para a grande maioria, mas será que também assim é para aqueles que estão sendo alvo da piada?

Ouvimos muitos afirmarem que antigamente se fazia piada sobre tudo e que todos viviam de forma "normal", mas como afirmar que todas as crianças que se sentiram excluídas, marginalizadas, pelo que sofreram com as "brincadeiras", não cresceram afetadas psicologicamente e traumaticamente?

O Preconceito existirá enquanto considerarmos “normal” a discriminação sobre qualquer desculpa ou motivo, as mudanças se fazem necessárias, desta forma, a nossa postura no passado, ainda que inocente, era errada, era uma falta de respeito por aqueles que eram alvo de nossas indevidas manifestações.

Se somos cristãos, se desejamos ser pessoas de bem, precisamos caminhar para frente, nos solidarizando com aqueles que ainda são vítimas de atitudes preconceituosas e lutando para que estas sejam definitivamente extintas de nossa sociedade, lembrando que lutar, para o espírita, significa agir com bondade, com caridade, com tolerância, com respeito, para com aqueles que pensem de forma divergente da sua, mas sem nunca compactuar e se acumpliciar com o mal, não reagindo na mesma proporção na agressividade, mas não se omitindo frente a necessidade de termos uma sociedade mais justa e cristã.

A parábola do bom Samaritano é a mais explícita forma de como devemos tratar os nossos irmãos do caminho, nunca deixando de algo fazer no bem devido a julgamentos íntimos, nos relacionando sem preconceitos, sem fatores condicionantes, compreendendo que todos vivemos estágios evolutivos diferenciados, mas que nos cabe sempre respeitar e dar aquilo que de positivo tivermos a nosso alcance.

O principal é cada um fazer a sua parte, seguindo o Nosso Mestre Jesus, que nos recomendou amar ao próximo como a si mesmo, com toda a pureza que esse amor possa representar.

Que assim seja!   

sábado, 6 de junho de 2020

Dar e Receber!




Damos o que temos condições de ofertar e recebemos aquilo que temos condições de assimilar.

Nossas energias, positivas ou negativas, nossos pensamentos, nossas atitudes, nossa forma de vida, é que determinam que espaço ocuparemos na escala evolutiva espiritual, e assim, determinarmos o que estaremos aptos a conquistar, aquilo que nos será lícito agregar a nossa individualidade eterna, em uma sintonia energética e fluídica, vindo a angariar companhias e franquear ambientes de acordo com o que somos, tendo exatamente o que merecemos, e o que o nosso esforço, ou até mesmo o nosso não esforço nos credenciou a vivenciar.

Dentro das forças positivas que estão disponíveis a todo trabalhador de boa vontade, conforme prometido por Jesus, dependerá sempre o esforço próprio, a sinceridade de intenções, dos sentimentos alimentados no íntimo, aliado ao estudo, ao trabalho, a luta contra as imperfeições íntimas, o êxito da empreitada, devendo estar ciente que o maior inimigo, o maior obstáculo a ser vencido será ele mesmo, o quanto ainda se mantém ligado ao seu passado culposo, e aos seres que de alguma forma dele fizeram parte, sejam como cúmplices, associados, inimigos ou adversários, quando ocupou aleatoriamente a posição de vítima ou algoz, distante ainda da personalidade de um homem de bem.

Como tarefeiro espírita assim também deve ser a sua postura, se mantendo ciente que longe está da perfeição e de possuir amplo domínio sobre seus sentimentos.

Comum ainda, mesmo que bem intencionado, devido a forma condicionada que tem de agir e reagir frente às situações, que corra o risco de se deixar levar pelo orgulho, pela vaidade, pelo egoísmo, pelo medo, quando estes sentimentos ainda façam parte de sua personalidade, mesmo que temporariamente estejam em estado latente, tendo assim que aumentar a vigilância sobre si mesmo, principalmente, quando passa a interagir com outros irmãos do caminho.

O nosso esforço, como espíritas e cristãos, deverá ser sempre o da nossa transformação espiritual, concentrados em avaliar os sentimentos inferiores que ainda possuem uma forte influência sobre nós, combatendo-os sem trégua, porque de nada adianta estarmos engajados em tarefas atinentes a Doutrina, sendo até mesmo assíduos e responsáveis, se continuarmos em nosso íntimo, na relação com o próximo e com a sociedade onde estamos inseridos, a agir da mesma forma que agimos em pretéritas experiências, e que nos fez até agora permanecer distante de um equilíbrio e de uma paz que só conquista aquele que renova seu coração de acordo com a mais pura moral cristã, toda ela baseada no amor e na mais ampla essência que ele representa.

Paralelamente a esta luta contínua para evoluirmos espiritualmente vencendo nossas imperfeições, precisamos como espíritas nos dedicar ao estudo dos preceitos doutrinários, aumentando nosso cabedal de conhecimento, nos qualificando para não só avançarmos mais rapidamente e racionalmente, como também, passarmos a auxiliar no crescimento de outros irmãos do caminho que venham a procurar no Espiritismo uma nova fonte de estudo e trabalho.

Quanto mais conhecimento adquirido melhor será o desempenho nas tarefas que de livre vontade nós assumirmos nas lides espíritas,  seja como médiuns, como palestrantes, como orientadores, como dirigentes, como doutrinadores, na equipe de passe, ou, simplesmente, no auxílio das tarefas atinentes a organização e a assistência social.

Não existem tarefas mais ou menos importantes, existem sim aquelas que temos maior ou menor capacidade de realizar, que nos sentimos mais ou menos afinados, mais ou menos a vontade, devendo basear nossas escolhas naquilo que de mais produtivo tenhamos a oferecer, sem nos preocupar com títulos ou elogios, com orgulho ou vaidade, estando cientes que melhor será sermos um bom ajudante do que um irresponsável ou ineficaz dirigente.

Uma coisa é certa, a verdade está sempre nos ensinamentos e nos exemplos que o Mestre Jesus nos deixou, cientes que muito será cobrado daquele que muito recebeu, e desta forma, quanto maior o conhecimento conquistado maiores serão as responsabilidades assumidas, principalmente, as que se referem diretamente a nossa transformação espiritual no bem.

Encontraremos sempre o que buscarmos, nossa vontade será sempre fator determinante para realizar nosso presente e construir o nosso futuro, temos plena liberdade de ação, o que nos deixa infinitas possibilidades realizadoras.

Quando no caminho do bem teremos ao nosso lado amigos, benfeitores e mentores espirituais que nos protegerão e nos orientarão para que venhamos a desempenhar as nossas tarefas a contento, da mesma forma, porém, que temos a ciência que antigos e novos desafetos, insatisfeitos com a nossa atual postura, tudo irão fazer para nos distrair, para tirar o nosso foco sobre as responsabilidades assumidas, tentando nos desviar do caminho, tentando nos seduzir para antigas paixões e antigos vícios, nos desafiando a provar se, de fato, já os superamos e vencemos.

A cada um segundo suas obras, somos assim os construtores do nosso próprio destino, fazedores da nossa história.

Sigamos resolutos na intenção do bem, firmando nosso desejo sincero de renovação, assumindo o compromisso de lutar não só pela nossa instrução e elevação, mas também, na daqueles que de alguma forma pudermos vir a auxiliar e orientar, nos tornando assim mais um elo na corrente de amor que percorre o universo, como efetivos trabalhadores da Seara do Nosso Mestre Jesus.

Que assim seja!

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Espiritismo e Consumismo





No mundo de hoje, essencialmente capitalista, onde até mesmo os regimes totalitários, ditos comunistas, são basicamente as principais forças atuantes no consumismo desenfreado, tendo como exemplo a China, difícil fazer prevalecer na mente das massas, ações ou prioridades que não volitem entre a conquista de bens materiais, o destaque social, a fama, e o poder temporal.

Dentro deste cenário, natural se faz apontar a grande dificuldade que ideias e ideais baseados meramente na filosofia, na cultura, na moralidade, na religiosidade, na espiritualidade ganhem destaque ou entrem em concorrência ativa no domínio sobre a postura de nossa sociedade atual.


Em décadas ou até mesmo em séculos passados, apesar das riquezas materiais e do poder serem forças dominantes, eram altamente valorizadas, paralelamente, ainda que distantes destes dois quesitos, a arte, a cultura, o belo, o respeito pelos costumes, pela moral, onde por vezes uma palavra empenhada valia mais que contratos assinados e registrados.


Hoje o que conta é o ganho material, o poder temporal, o status social, todos emaranhados e infiltrados nas mais diversas obras e edificações da humanidade terrestre.


Religião, música, teatro, pintura, cinema, atividades desportivas, medicina, saúde pública, lazer, basicamente tudo está voltado meramente para conquistas financeiras, onde tudo é lucro, tudo é redução de custos, em detrimento até mesmo a qualidade, o que importa são os índices de consumo, os dividendos.


Todas as criações na atualidade são geradas pelo retorno financeiro que podem resultar, inclusive não havendo a preocupação de perpetuar, sendo tudo produzido como se fosse com prazo de validade, de duração meteórica, pronta para ser substituída logo por outra novidade, sem compromisso em trazer algo agregue de forma definitiva algo de positivo e duradouro a personalidade humana.


Tudo que é gerado é adequado ao imediatismo do mundo, tendo uma vida útil tão rápida como a velocidade das informações e das mudanças impostas pelos avanços tecnológicos e pelo capitalismo feroz.


Neste atual panorama o Espiritismo também sofreu com a aceleração das mudanças. Na época da Codificação levada a efeito por Allan Kardec, a Doutrina teve uma ascensão vertiginosa, tanto que codificador previa que em pouco tempo ela se estabeleceria de forma plena em todo mundo civilizado.

Porém, seus mais nobres anseios, infelizmente, não se concretizaram, ele não contava com as duas grandes guerras mundiais que mudaram o panorama político e econômico do mundo, assim como a guerra fria que as procederam, separando o mundo entre o capitalismo e o comunismo.


Após este período, e não menos traumático para a sociedade humana, surgiu no campo econômico o fenômeno da globalização, onde praticamente, em relação ao mercado de consumo, todo o planeta se tornou um único público alvo para as indústrias de todos os setores, gerando um crescimento vertiginoso do consumo, potencializado pelos avanços tecnológicos que acabaram de vez com as distâncias entre os povos.


A igreja perdeu o poder de Estado, se fragmentando ainda mais, e consequentemente, passou a lutar para ter uma fatia na nova fonte de poder, o poder econômico, tanto que a frente religiosa que mais cresceu nas últimas décadas, principalmente no Brasil, é aquela que, mesmo se intitulando cristã, passou não mais a prometer para seus seguidores o reino dos céus, mas as riquezas da Terra.


Ainda que com seu crescimento contido, principalmente onde era mais forte, na Europa, o Espiritismo sobreviveu firme em seu papel de Consolador, tendo como país a sustentar bem alto o seu estandarte, o Brasil, a Pátria do Evangelho, trazendo aquilo que Ele, o Mestre, em sua época só o pode trazer por parábolas, buscando fazer renascer  a essência de seus ensinamentos, agregando o conhecimento das vidas sucessivas, da lei da causa e efeito, e da multiplicidade dos mundos habitados.


Inconteste o grau de dificuldade na atualidade de levar ao próximo os ensinamentos do Mestre, de falar sobre a necessidade do perdão das ofensas, da tolerância, do não preconceito, da humildade, do respeito, da caridade, do amor, para uma sociedade que definiu como lema "o cada um por si", onde levar vantagem passou a ser essencial, quando os fins não mais precisam se basear nos meios relativos ao bem, onde o separatismo de classe, de ideais, de ideias, ganharam uma força negativa intensa nos últimos tempos.


Deus, entretanto, está sempre no comando, assim como Nosso Mestre Jesus e todos os espíritos do bem que formam sua plêiade, o que nos leva a ter plena convicção que por mais que o mal de certa forma se infiltre e dificulte os avanços das forças positivas que trabalham em nosso planeta, ele é temporário, transitório, e deverá sempre ser encarado por aqueles que querem combate-lo e suprimi-lo de nossa sociedade como uma ferramenta de estudo e de trabalho, onde a transformação individual e coletiva deva ser ser o foco principal em suas atuações.


No meio de tantas informações e contínuas novidades, normal a dificuldade para que venhamos a compreender, como sociedade, a necessidade de conhecer e vivenciar o Cristo, mas isso não é novidade, essa corrente contrária se formou e persiste até hoje desde sua passagem pela Terra.


Aqueles que hoje preferem ignorar a angelitude de Nosso Mestre Jesus, não considerando sua missão Divina entre nós, ou buscando adequá-la à suas necessidades inferiores, pela lei da reencarnação, são os mesmos atores agora travestidos de outros personagens, que durante séculos, durante vidas, insistem em permanecer pensando e agindo como os fariseus, os romanos, os religiosos da idade média, entre tantos outros renitentes criminosos.


A paciência e o equilíbrio que demonstram sempre nossos benfeitores e mentores espirituais nas atividades de intercâmbio mediúnico levadas a efeito em diversos centros espíritas, quando trazem suas mensagens e orientações, deixam claro que tudo está sob pleno controle da espiritualidade superior.


Por mais que gere alguns dissabores, o mal, o inferior, continua e continuará com impotente contra o bem maior, deixando claro que a evolução de nosso planeta como um todo segue exatamente como planejado pelo seu Governador, Nosso Amado Mestre Jesus Cristo.


O que precisamos fazer como individualidade é estudar, trabalhar, gerar energias positivas, fazer o bem, alimentar bons pensamentos, e nos dedicarmos com todas as nossas forças a nossa transformação espiritual, deixando para traz o homem velho, renovando os princípios que norteiam nossa existência física, e consequentemente, a espiritual, fazendo, assim, a nossa parte.


No devido tempo a sociedade humana se voltará para a única solução cabível para sua subsistência e sustento, vivenciando em sua maioria o sentimento cristão, quando prevalecerá o Amor que Jesus nos trouxe como mola mestra da nossa vitória definitiva sobre o nosso eu inferior.


Que assim seja!