sexta-feira, 24 de abril de 2020

Espiritismo e Consumismo





No mundo de hoje, essencialmente capitalista, onde até mesmo os regimes totalitários, ditos comunistas, são basicamente as principais forças atuantes no consumismo desenfreado, tendo como exemplo a China, difícil fazer prevalecer na mente das massas, ações ou prioridades que não volitem entre a conquista de bens materiais, o destaque social, a fama, e o poder temporal.

Dentro deste cenário, natural se faz apontar a grande dificuldade que ideias e ideais baseados meramente na filosofia, na cultura, na moralidade, na religiosidade, na espiritualidade ganhem destaque ou entrem em concorrência ativa no domínio sobre a postura de nossa sociedade atual.


Em décadas ou até mesmo em séculos passados, apesar das riquezas materiais e do poder serem forças dominantes, eram altamente valorizadas, paralelamente, ainda que distantes destes dois quesitos, a arte, a cultura, o belo, o respeito pelos costumes, pela moral, onde por vezes uma palavra empenhada valia mais que contratos assinados e registrados.


Hoje o que conta é o ganho material, o poder temporal, o status social, todos emaranhados e infiltrados nas mais diversas obras e edificações da humanidade terrestre.


Religião, música, teatro, pintura, cinema, atividades desportivas, medicina, saúde pública, lazer, basicamente tudo está voltado meramente para conquistas financeiras, onde tudo é lucro, tudo é redução de custos, em detrimento até mesmo a qualidade, o que importa são os índices de consumo, os dividendos.


Todas as criações na atualidade são geradas pelo retorno financeiro que podem resultar, inclusive não havendo a preocupação de perpetuar, sendo tudo produzido como se fosse com prazo de validade, de duração meteórica, pronta para ser substituída logo por outra novidade, sem compromisso em trazer algo agregue de forma definitiva algo de positivo e duradouro a personalidade humana.


Tudo que é gerado é adequado ao imediatismo do mundo, tendo uma vida útil tão rápida como a velocidade das informações e das mudanças impostas pelos avanços tecnológicos e pelo capitalismo feroz.


Neste atual panorama o Espiritismo também sofreu com a aceleração das mudanças. Na época da Codificação levada a efeito por Allan Kardec, a Doutrina teve uma ascensão vertiginosa, tanto que codificador previa que em pouco tempo ela se estabeleceria de forma plena em todo mundo civilizado.

Porém, seus mais nobres anseios, infelizmente, não se concretizaram, ele não contava com as duas grandes guerras mundiais que mudaram o panorama político e econômico do mundo, assim como a guerra fria que as procederam, separando o mundo entre o capitalismo e o comunismo.


Após este período, e não menos traumático para a sociedade humana, surgiu no campo econômico o fenômeno da globalização, onde praticamente, em relação ao mercado de consumo, todo o planeta se tornou um único público alvo para as indústrias de todos os setores, gerando um crescimento vertiginoso do consumo, potencializado pelos avanços tecnológicos que acabaram de vez com as distâncias entre os povos.


A igreja perdeu o poder de Estado, se fragmentando ainda mais, e consequentemente, passou a lutar para ter uma fatia na nova fonte de poder, o poder econômico, tanto que a frente religiosa que mais cresceu nas últimas décadas, principalmente no Brasil, é aquela que, mesmo se intitulando cristã, passou não mais a prometer para seus seguidores o reino dos céus, mas as riquezas da Terra.


Ainda que com seu crescimento contido, principalmente onde era mais forte, na Europa, o Espiritismo sobreviveu firme em seu papel de Consolador, tendo como país a sustentar bem alto o seu estandarte, o Brasil, a Pátria do Evangelho, trazendo aquilo que Ele, o Mestre, em sua época só o pode trazer por parábolas, buscando fazer renascer  a essência de seus ensinamentos, agregando o conhecimento das vidas sucessivas, da lei da causa e efeito, e da multiplicidade dos mundos habitados.


Inconteste o grau de dificuldade na atualidade de levar ao próximo os ensinamentos do Mestre, de falar sobre a necessidade do perdão das ofensas, da tolerância, do não preconceito, da humildade, do respeito, da caridade, do amor, para uma sociedade que definiu como lema "o cada um por si", onde levar vantagem passou a ser essencial, quando os fins não mais precisam se basear nos meios relativos ao bem, onde o separatismo de classe, de ideais, de ideias, ganharam uma força negativa intensa nos últimos tempos.


Deus, entretanto, está sempre no comando, assim como Nosso Mestre Jesus e todos os espíritos do bem que formam sua plêiade, o que nos leva a ter plena convicção que por mais que o mal de certa forma se infiltre e dificulte os avanços das forças positivas que trabalham em nosso planeta, ele é temporário, transitório, e deverá sempre ser encarado por aqueles que querem combate-lo e suprimi-lo de nossa sociedade como uma ferramenta de estudo e de trabalho, onde a transformação individual e coletiva deva ser ser o foco principal em suas atuações.


No meio de tantas informações e contínuas novidades, normal a dificuldade para que venhamos a compreender, como sociedade, a necessidade de conhecer e vivenciar o Cristo, mas isso não é novidade, essa corrente contrária se formou e persiste até hoje desde sua passagem pela Terra.


Aqueles que hoje preferem ignorar a angelitude de Nosso Mestre Jesus, não considerando sua missão Divina entre nós, ou buscando adequá-la à suas necessidades inferiores, pela lei da reencarnação, são os mesmos atores agora travestidos de outros personagens, que durante séculos, durante vidas, insistem em permanecer pensando e agindo como os fariseus, os romanos, os religiosos da idade média, entre tantos outros renitentes criminosos.


A paciência e o equilíbrio que demonstram sempre nossos benfeitores e mentores espirituais nas atividades de intercâmbio mediúnico levadas a efeito em diversos centros espíritas, quando trazem suas mensagens e orientações, deixam claro que tudo está sob pleno controle da espiritualidade superior.


Por mais que gere alguns dissabores, o mal, o inferior, continua e continuará com impotente contra o bem maior, deixando claro que a evolução de nosso planeta como um todo segue exatamente como planejado pelo seu Governador, Nosso Amado Mestre Jesus Cristo.


O que precisamos fazer como individualidade é estudar, trabalhar, gerar energias positivas, fazer o bem, alimentar bons pensamentos, e nos dedicarmos com todas as nossas forças a nossa transformação espiritual, deixando para traz o homem velho, renovando os princípios que norteiam nossa existência física, e consequentemente, a espiritual, fazendo, assim, a nossa parte.


No devido tempo a sociedade humana se voltará para a única solução cabível para sua subsistência e sustento, vivenciando em sua maioria o sentimento cristão, quando prevalecerá o Amor que Jesus nos trouxe como mola mestra da nossa vitória definitiva sobre o nosso eu inferior.


Que assim seja!
           



quinta-feira, 16 de abril de 2020

Renúncia!










Não podemos, ao nos referirmos ao conceito cristão em sua essência, deixar de falar, além do amor, em outro sentimento que está intimamente ligado a ele, que vem a ser a RENÚNCIA!

Ainda que sejamos os responsáveis únicos por nossa transformação espiritual, por nossa ascensão, fato é que não iremos avançar um único passo se não formos caridosos, se não formos humildes, se não participarmos de forma ativa no melhoramento de nossa sociedade, envolvendo claro o auxílio natural e direto aos nossos irmãos do caminho.


Jesus fez questão de frisar que o mandamento maior capaz de nos levar ao reino dos céus, capaz de nos tornar efetivos tarefeiros de sua Seara, é aquele que diz que precisamos amar a nós mesmos e ao próximo na mesma intensidade e proporção.


Desta forma, de nada adiantará agirmos e pensarmos em nós mesmos se nossas conquistas não forem compartilhadas, não forem distribuídas ao nosso redor, fazendo com que o ambiente a nossa volta seja acolhedor e atraia nossos irmãos para que eles se sintam motivados a também buscarem suas renovações.


Precisamos compreender que precisaremos por inúmeras vezes abrir mão do que desejamos para realizarmos aquilo que precisamos, não só para nossa evolução, mas também na contribuição evolucional do próximo, e consequentemente do todo.


A nossa felicidade, a nossa paz, está atrelada a felicidade e a paz de todos, não só daqueles a quem amamos, mas de todos, sem exceção, porque nossa tarefa maior está em trabalhar em prol do Cristo, em disseminar a essência dos seus ensinamentos e exemplos.


Condicionados a necessidade de amarmos ao próximo como a nós mesmos está o fato de perdoarmos de forma incondicional, assim como de não julgarmos para não sermos julgados, de não acusarmos caso também tenhamos cometidos erros, de amarmos aos nossos inimigos, de oferecermos a outra face nos embates da vida, o que não deixa margens a qualquer tipo de especulação ou ponderação à afirmativa que precisaremos muitas vezes renunciar a nossa satisfação pessoal em prol da paz e do entendimento.


Na parábola do bom samaritano vemos que um homem sem títulos, sem poderes maiores, em uma posição desprezada pela sociedade, foi o único a renunciar do seu tempo, de seus bens materiais, à favor de um desconhecido, saindo do trajeto que seguia, acompanhando e alojando condignamente um irmão do caminho em dificuldades, e garantindo as despesas que viessem a ocorrer até que ele estivesse em condição de se recompor, tudo isso sem nada questionar, sem nada condicionar, sem nada esperar em troca, nem mesmo a gratidão por parte daquele que estava auxiliando.


Fica impossível falar do sentido amplo da renúncia cristã, assim como compreendê-la e assimilá-la, quando ainda temos dentro de nós sentimentos tumultuosos como o egoísmo, o orgulho, a vaidade, o preconceito, o medo ou a preguiça.


Renunciar significa se sacrificar por algo ou alguém  em uma situação que talvez venha até mesmo prejudicar a nossa própria felicidade, ao nosso conforto, a nossa aparente tranquilidade física ou espiritual.


Jesus renunciou o direito a salvar a si mesmo, a combater a quem de forma gratuita o agredia e caluniava, sendo humilhado e ferido, em prol de um objetivo maior, o de nos deixar gravado na alma seus ensinamentos através dos exemplos da sua vida.


O Cristo renunciou para nos mostrar até onde o Amor pode superar a qualquer outro sentimento que a nossa imperfeição ainda insiste em alimentar.


Nós, como cristãos, como espíritas, temos que aprender a renunciar, por exemplo, ao direito de defesa quando nossa reação ameaçar ser proporcional, igual ou maior do que a agressão sofrida, ainda que tenhamos todas as razões, os motivos e as justificativas para tal, pois precisamos definitivamente aprender que não estamos aqui para julgar, para condenar, para justiçar ou apontar erros alheios, estamos aqui para amar, para fazer emergir de dentro de nós o Amor em toda sua pureza, em toda sua essência, ainda que para isso seja preciso sofrer, seja preciso se humilhar, seja preciso renunciar momentaneamente ao direito da própria felicidade.


Temos que aprender a renunciar a prazeres imediatistas quando houver prioridades mais importantes, mesmo que estas não nos tragam nenhuma recompensa, principalmente as prioridades ligadas a caridade para com o próximo, seja através da palavra ou da ação.


Precisamos deixar de alegar que não temos tempo para servir, quando dele dispomos para coisas puramente fúteis e sem sentido, por mais que as valorizemos.
Inúmeras vezes deixamos de atender a uma pessoa necessitada, seja no que for, seja nosso ente querido ou um desconhecido, porque temos que assistir a um capítulo da novela ou ao jogo de futebol.


Somos muito cristãos, somos muito espíritas, somos muito caridosos, somos muito pacientes, quando fazemos as coisas na hora que queremos e do jeito que queremos, abrindo mão do nosso tempo e de nossas energias desde que não atrapalhe ou interfira em nossas “prioridades” sociais.


Se nos consideramos espíritas apenas pela fachada, apenas para sustentar um título ou uma posição, sem nos comprometermos em nada com o que seu conceito representa, façamos um favor a nós mesmos e a Doutrina, “renunciemos” a este direito e continuemos a viver nossa existência de acordo com que nosso atual estágio evolutivo assim exige e determina, até que venhamos a despertar para a efetiva necessidade de transformação íntima!


Muita Paz!

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Atitude sempre!







Nossos erros, nossas atitudes impensadas, ou mal pensadas, que nos arrastam aos sentimentos inferiores, os momentos em nossas tarefas diárias que somos impacientes, intolerantes, precipitados de forma negativa, por vezes, desde que nossa intenção não seja praticar o mal deliberadamente, são mais produtivos para nossa evolução espiritual, do que a inércia, do que deixarmos de agir por medo, por insegurança, por não querer correr riscos ou temer falhas que acarretem consequências não desejadas.

A coragem de buscar novas conquistas, de sair da nossa zona de conforto e enfrentar desafios, é fundamental para nosso crescimento, para o fortalecimento de nossa personalidade eterna.

Tudo na vida é aprendizado, é experiência adquirida que não se perderá, que se bem direcionada nos auxiliará em futuras decisões para que não venhamos a cometer os mesmos erros, trilhando a jornada com menos sofrimentos, menos decepções, e capacidade maior de assimilação para novos conhecimentos e tarefas mais dinâmicas e de maior abrangência.

Será sempre melhor errar pela ação do que não falhar pela inércia, pela inanição.

Poderemos até passar períodos estacionários pelo fato de  repetirmos posturas indevidas, não conseguindo, em nossas escolhas, sair do círculo vicioso que geramos para nós, porém, a ação, a insistência em melhorar, será infinitamente melhor, do que estacionarmos por comodismo, por vezes vivendo até de forma confortável, sem sofrimentos, mas que nos impede o aprendizado, distanciados da ambição sadia de mais altos voos, de novas e maiores responsabilidades, e consequentemente, mais valoras recompensas, que vem a ser sempre, mais nobilitantes tarefas, junto a benfeitores mais esclarecidos.

O operário de uma fábrica de aeronaves poderá estar satisfeito com a possibilidade de produzir os parafusos que serão utilizados, porém, se surgirem oportunidades de aprendizado para que ele venha a produzir motores, turbinas, ou até mesmo, em mais valorosos cursos, o desenho de novos protótipos, e a isso recusar, por temer não ser capaz, ou por saber que isso exigirá muito esforço, muito sacrifício, provavelmente diminuindo seu tempo ocioso, seu período de lazer, não poderá no futuro culpar a ninguém por não poder aspirar maiores conquistas pessoais, por não mais ter ao seu lado antigos companheiros de trabalho que estudaram, se esforçaram e evoluíram.

O erro faz parte do aprendizado humano, do crescimento espiritual, não devendo ser temido, mas, também, não devendo ser vulgarizado, ao ponto de não nos preocuparmos em errar por saber que teremos outras chances para acertar.

O que sempre será levado em conta é o nosso desejo sincero, o nosso esforço pleno em acertar, em seguir o caminho correto, em tomarmos todas as providências e todas as precauções para não errarmos, não fracassarmos, sendo de nossa inteira responsabilidade a ação, deixando os resultados finais sempre para a Força Maior que comanda nossa existência.

Não temos o poder sobre tudo, apenas sobre os nossos pensamentos, os nossos sentimentos, as nossas escolhas, as nossas ações e nossas reações, o que foge de nossa capacidade de decisão pertence ao próximo, ou a Deus.

Desta forma, o que vale é o nosso esforço, a nossa persistência e resistência, a nossa disciplina, e o desejo sincero de alcançarmos o nosso objetivo.

Mesmo que em um artigo espírita cristão se torne natural o desejo que deve nos animar nas escolhas de nossa vida encarnada, sempre é bom repetir que, o que até agora concluímos sobre a necessidade de dispormos de nossa energia em agir em contrapartida da inércia e do comodismo que podem nos dominar, estamos nos referindo a uma vida cristã, a uma existência no caminho do bem, onde nossas intenções se baseiem na fé em Deus, nos conceitos e exemplos do Mestre, onde a humildade, a caridade, o perdão incondicional e o amor ao próximo sejam a tônica de tudo que desejarmos alcançar em relação ao crescimento e aprendizado presente e futuro.

A riqueza maior que devemos aspirar a conquistar deverá estar atrelada ao conhecimento, a razão, ao sentimento puro do amor, onde o que almejarmos de estudo e trabalho sempre terão como consequência, mais o que aprender e mais o que servir.

No bem, sempre no caminho do Bem.

Que assim seja!