quarta-feira, 23 de setembro de 2020

O necessário mal!


 

Tudo é criação divina, e assim, fica difícil de compreendermos que o mal é criação do homem e não de Deus, o que seria um contrassenso com a definição que encontramos do Pai Maior dada pelos espíritos e tão bem compilada por Allan Kardec, no Capítulo 1, do Livro I, do “O Livro dos Espíritos”.

Se insistirmos na simplificação desta afirmativa sobre o mal, seremos levados a crer que o homem, em sua insignificância perante a Força Maior que comanda o universo, pode vir a criar algo por ele mesmo, sem a ciência e a participação do Excelso Criador.

O fato de não termos ainda a capacidade de definirmos Deus em sua essência, algo que Kardec deixou bem claro quando o conceituou de acordo com as limitadas qualidades que nosso conhecimento permite enumerar, ainda que as colocando infinitas em sua grandeza, não nos permite colocar o homem como o criador do mal, como se assim, pudesse vir a surpreender a Deus ou algo fazer sem o seu prévio conhecimento e anuência.

O mal existe, e sua criação é o efeito gerado por aqueles que não escolhem para si o caminho do bem, é fruto do livre arbítrio de cada um, até mesmo quando o poder de discernimento ainda distante está de estar plenamente desenvolvido.

A causa é criação Divina assim como o efeito, assim como o agente causador, assim como tudo que pudermos imaginar, porque Deus é a origem de todas as coisas, assim, tanto positivo como negativo fazem parte das ferramentas que as individualidades cósmicas dispõem para aprender, desenvolver, crescer e evoluir.

Essa é a principal razão, ainda que existam outras, de não mais conceituarmos a divindade como cruel, vingativa, punitiva, ou justiceira, Deus sabe exatamente quem somos, e do que somos capazes de acordo com nosso estágio evolutivo e do uso que fazemos da liberdade e do poder de decisão sobre nossas existências que nos é outorgado.

Não há paraísos floridos e contemplativos para os bonzinhos, da mesma forma que não há o fogo eterno para os maus, pois é inadmissível à razão que Deus seja um Pai mais severo e intransigente que um simples pai terreno, onde muitos destes perdoam e dão inúmeras chances para seus filhos por mais que tenham os desobedecido, os magoado, seguido o caminho do erro e do crime.

Se existem na espiritualidade locais tão ou mais sombrios que o inferno de chamas e sofrimentos eternos, comandados por seres por vezes mais perversos que os diabos e demônios, isso não quer dizer que eles lá estejam à revelia, sem a permissão divina, servindo estes locais não para punir para sempre quem tem o destino de lá estar, mas para sirvam de escola, de aprendizado, de local de trabalho, de hospital, dando a cada um, o que de melhor uma situação adversa pode oferecer, e algo é certo, mesmo nestes ambientes, os que servem de agentes da dor e da temporária punição, lá estão também ocupando o seu papel para o processo evolutivo da humanidade como um todo, são também de alguma forma trabalhadores da Seara do Cristo, Governador Espiritual do nosso Planeta.

Os umbrais mais sombrios, aqueles onde estagiam os seres mais atolados na negatividade de sentimentos, com os corpos espirituais muitas vezes danificados, corrompidos, onde se perdem em infinitos embates vítimas e algozes, aliciadores e aliciados, comandantes e comandados, feitores e escravos, são formados e delimitados pelos seus próprios moradores, por suas criações mentais, por aquilo que consciente ou inconscientemente escolhem e determinam para si com suas ações, com suas escolhas, acreditando que ali merecem permanecer, que ali é o local onde darão continuidade aquilo que construíram e escreveram até então dos seus destinos.

Por mais sombrio e por mais pesado seja o ambiente da espiritualidade inferior, ali a ajuda Divina se faz presente, ali espíritos dedicados ao bem agem, buscando sempre a melhoria e a transformação dos que estagiam no erro, sendo, inclusive, em sua grande maioria, trabalhadores egressos do próprio meio, que, já em recuperação, geralmente, se voluntariam tanto para ajudar aos que como eles erraram, como também, para evitar que outros venham a errar, ou agravar seus erros como eles mesmos procederam em recente passado.

O mal é tão necessário para a evolução humana como o bem, porém, como esclarece o ensinamento evangélico, ai daquele que for e insistir em ser seu instrumento, ainda mais para aquele que já teve inúmeras oportunidades de adquirir o conhecimento do que é certo e do que é errado, do que é superior e do que é inferior, tanto que o Mestre também afirma que muito será cobrado daquele que muito recebeu.

Muitas vezes para os presídios humanos se faz necessário que guardas mais preparados e capazes sejam os responsáveis pela contenção dos presos, conhecedores de suas linguagens, de suas artimanhas, de suas necessidades, para que o período que se fizer necessário suas estadias, venham a ser, de fato, úteis para que reflitam e avaliem seu proceder, abrindo espaço para que foquem naquilo que precisam mudar, não mais tendo a liberdade para agravar ainda mais seus débitos, ou fazer sofrer com as consequências de seus atos a outros irmãos do caminho que por isso não tenham que passar.

Tudo é temporário quando o sofrimento e a dor estiverem presentes, e nada é imerecido ou por acaso, fazendo parte do processo regenerativo, de acordo com o livre arbítrio de cada um, respeitando-se o espaço alheio, e o direito da sociedade como um todo de também evoluir, de também se transformar, inclusive sendo este o objetivo maior de nosso planeta, vindo a alcançar um novo degrau, um novo estágio, um novo patamar, assumindo o papel de um Mundo Regenerador, onde a intenção e a ação no Bem passarão a serem fatores determinantes para todos que aqui permanecerem.

Que assim seja!    

 

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Nova Psicografia


MENSAGEM RECEBIDA VIA PSICOGRAFIA EM NOSSA REUNIÃO DA SOCIEDADE SANTISTA DE ESTUDOS ESPÍRITAS EM 30.07.2018

Que Jesus os ilumine hoje e sempre!

Gostaria de um pouco contribuir com o que aqui foi dito, com um breve relato da minha última existência no Plano Físico, quando me fazia de juiz e de governador, não só com os meus filhos e com minha esposa, mas também com os meus amigos e com quem eu tinha algum tipo de contato, pois, sempre me julguei superior aos demais irmãos do caminho, e assim, nunca deixei de fazer o que achava certo, e o pior, queria que todos fizessem exatamente o que eu desejava que fizessem.

Foi um tempo de sorrisos e brincadeiras, já que sempre fui muito bem humorado. Fui uma pessoa de bem, mas achava que o bem era exatamente da forma que eu pensava que devia ser, pouco consciente que existem diferenças evolutivas, e principalmente, diferenças nas formas de agir e de pensar.

Era uma pessoa muito preconceituosa, não admitia quem usava drogas, quem se tatuava, quem era homossexual, não admitia o divórcio, não respeitava as mulheres divorciadas, para mim mulher não devia trabalhar fora, e nem mesmo se aprofundar nos estudos, não aceitava relacionamentos entre pessoas brancas e negras, e não concebia que pessoas de baixa renda e de classes sociais inferiores viessem se imiscuir na política.

Bandidos deviam ser simplesmente mortos, todos eles, e não concebia que alguém não fosse honesto, ou não tivesse honra, que não cumprisse com a palavra dada, que promessas não fossem cumpridas.

Ricos eram ricos e pobres eram pobres, mesmo que em meu tempo, como hoje, existissem leis que mascaravam essas diferenças sociais, porque mesmo quando não mais existiam títulos a diferenciar classes, muitos ainda se julgavam superiores no sangue, isolados em sua casta.

Assim, foi apenas aqui, no plano espiritual que aprendi, no trabalho, no exemplo dos meus mentores e amigos mais esclarecidos a entender o quanto minha sabedoria era diminuta, por mais que a julgasse grandiosa, afinal, como ser uma pessoa do bem aquele que se coloca em um pedestal inatingível de juiz e de censor, achando que tudo sabe, e que nada tem a aprender, que sabe o que é bom e o que é ruim, o que é certo e o que é errado?

Assim, na companhia de meus amigos, me disciplino todos os dias para não me esquecer, tendo como lema para mim, o que disse o Mestre Jesus no alto da Cruz, mudando apenas a pessoa e o tempo do verbo:

- Pai perdoai, porque eu, ainda hoje, não sei o que faço!

Mas, quero e vou aprender porque agora tenho como lema e estímulo, uma palavra que representa um dos mais importantes sentimentos, que está fixada em uma plaquinha sobre o leito onde descanso, para não esquecer, para aprendê-la e passar a vivê-la:

- Humildade!

Busquem também compreendê-la em sua essência e tenham-na sempre em vossos corações.

Carlos, seu amigo!