sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Se procurarmos sempre encontraremos motivos...



Se eu tivesse nascido rico...


Se eu não tivesse tido tantas facilidades...


Se eu tivesse meus pais...


Se eu tivesse ouvido meus pais...


Se meus pais fossem mais atenciosos...


Se meus pais não fossem tão rigorosos...


Se eu tivesse podido estudar...


Se eu tivesse que trabalhar mais cedo...


Se tudo não fosse tão difícil...


Se tudo não tivesse sido tão fácil...


Se eu tivesse nascido branco...


Se eu tivesse nascido negro...


Se eu fosse homem...


Se eu fosse mulher...


Se eu tivesse tido filhos...


Se eu não tivesse tido tantos filhos...


Se eu não fosse tão fraco...


Se eu tivesse tido mais coragem...


Se eu não fosse tão ousado...


Se eu tivesse sido enfermo...


Se eu fosse saudável...


Se eu tivesse tido mais tempo...


Se eu não tivesse desperdiçado tanto tempo...


Se procurarmos sempre encontraremos motivos, justificativas, desculpas, atenuantes, tornando assim mais simples e mais fácil encontrar culpados e razões, do que assumir nossos próprios erros, nossas próprias limitações, nossos próprios excessos, de aceitar que somos livres, que temos sempre ampla capacidade de discernir, de escolher, e quando, em exceções, isso não for possível, também poderemos, se assim de fato desejarmos, reagir e superar, assumindo sempre o comando de nossas vidas.


Deus nunca nos dá um fardo superior as nossas forças, isso é fato, e se sucumbimos, foi e será sempre por nossa própria culpa, poderemos sim, encontrar atenuantes, corresponsáveis, mas, nunca nos considerarmos plenamente isentos da responsabilidade, da obrigação em assumir as consequências de nossos atos e de nossas escolhas.


Todas as dificuldades, os desafios, estão dentro de nossas possibilidades de absorção e condução, bastando para vencê-los o esforço, a boa vontade, a coragem, a fé. Poderemos sempre suportar e superar tudo aquilo que nos defrontarmos em nossa existência carnal, cientes que, haverá situações e circunstâncias onde nos será exigida uma maior energia, uma maior disposição, enfrentando todas as adversidades, com humildade, com paciência, com tolerância, com amor, com fraternidade, não nos deixando arrastar pelo egoísmo, pelo orgulho, pela inveja, pela insensatez, ainda mais nas situações em que antigos vícios e paixões ameacem ressurgir do nosso íntimo, tentando fazer reviver nosso passado cármico, repleto de imperfeições e desvarios.


Infelizmente, a maioria de nós ainda insiste em buscar inúmeras justificativas para os mínimos erros, preocupados em manter uma postura frente a sociedade, aos amigos, a família, que não condiz com sua verdadeira personalidade, caricaturando e maquiando uma conduta que na verdade não é a sua, enganando aos outros e a si mesmo, iludindo-se com sua posição social, com seu poder temporal, com suas condições financeiras, com sua força, com sua beleza física, com seu talento, julgando poder viver a margem das leis humanas, agindo como se elas não existissem, e o pior, agindo assim também perante as leis divinas, achando-se acima do bem e do mal, visando unicamente seus interesses pessoais, mesmo que em detrimento aos dos seus irmãos do caminho, aqueles com quem convive, pessoal ou profissionalmente.


Vergonha, medo, orgulho, vaidade, a preocupação de não ser pego em erro, em não ser criticado, em não ser julgado, de que seus atos e seus pensamentos mais íntimos venham a ser conhecidos, descobertos, vivendo de falsas aparências, de ilusórias qualidades, preocupado que o elogiem, que o admirem, justificando-se assim no cometimento dos mais graves erros, dos mais nefastos atos contra o próximo e a sociedade, apenas para manter sua posição, sua falsa concepção de sucesso, de felicidade.


Difícil, dentro do nosso orgulho, reconhecermos e assumirmos que somos falíveis, que não somos perfeitos, porque se assim o fizéssemos, mais fácil seria avaliar nossa conduta, nossa postura, e humildemente, buscar a correção, o recomeço, a mudança, a transformação, deixando para trás, reconhecidamente, o que estamos vivenciando de mal, de inferior, aprendendo e trabalhando para melhorar a cada passo, alijando gradativamente as imperfeições, tudo fazendo para não mais repetir os mesmos erros ou vir a cometer novos desvarios.


Quanto mais formos zelosos com o nosso proceder, quanto mais formos juízes e censores de nossas escolhas, de nossas decisões, quanto mais nos esforçarmos para aprender a discernir, entender o certo e o errado, aceitando os desafios que a vida nos impõe, as dificuldades, as enfermidades, as ausências, mais prontamente estaremos aptos a viver de acordo com os conceitos cristãos, suportando e superando qualquer adversidade, por mais grave que ela seja, não mais buscando justificativas para o erro e sim, os motivos e as maneiras que temos para acertar, para não sucumbir, para não nos deixar arrastar pelos instintos inferiores, por antigos vícios, por nossas ainda não plenamente dominadas paixões.


Ainda iremos errar isto é fato, mas quanto mais cedo o reconhecermos, mais cedo nos corrigiremos, mais prontamente resgataremos o débito, nos prontificando ao ressarcimento de nossas dívidas.


Simultaneamente ao desejo e a vigilância para não mais falirmos, devemos nos disciplinar para não julgar e condenar o erro do próximo, aprendendo a relevar, a perdoar, a compreender as diferenças evolutivas, as dificuldades de assimilação da Verdade Divina por parte de todos, assim como, até então, tivemos imensa dificuldade em sua compreensão e aceitação.


O fato de agora estarmos nos esforçando para não mais errar, não nos dá o direito de esperar que todos os demais também assumam esta atitude, porque se ontem estávamos em erro, outros já estavam bem mais adiantados e nos auxiliando a tentar melhorar, se hoje algo já conseguimos compreender, há outros que já entendem e vivem de forma plena o que estamos ainda ensaiando os primeiros passos.



Se nossos benfeitores espirituais e nossos amigos nos esperam pacientemente que continuemos lentamente a evoluir, temos por nossa vez, a obrigação, de humildemente e amorosamente, saber aguardar que nosso irmão menos adiantado também continue paulatinamente seu processo evolutivo, sem pressiona-los, sem julga-los, sem condena-los, deixando sempre à Deus os resultados de nossos esforços, para que, juntando-se a nós, venham a encontrar o caminho do bem.

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