sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

"Saúde Espiritual"





Tanto o corpo físico como o espiritual, o perispírito, são utilizados, valorizados, engrandecidos ou menosprezados, fortalecidos ou enfraquecidos, de acordo como cada um de nós os trata, de acordo com a nossa forma de vida, com as nossas prioridades, nossos escolhas, com os parâmetros que definimos para o nosso proceder.


O vaso físico quando bem tratado, com alimentação balanceada, atividades físicas constantes, medidas cautelares e preventivas contra doenças previsíveis e evitáveis, sem o cometimento de excessos de quaisquer tipos, ou seja, com uma existência saudável, de acordo com os princípios estabelecidos e já alcançados pela sociedade terrestre, quando não há o uso exagerado de alcoólicos, não alimentando os vícios nocivos do tabagismo, das drogas, maiores se tornam as chances de longevidade e da saúde física, fazendo com que encontremos o equilíbrio e uma base segura para a aquisição de outras conquistas, importantíssimas para a nossa felicidade, a saúde mental e a paz espiritual, essenciais, inclusive, para a manutenção do equilíbrio orgânico, porque não é a toa que o ditado popular já nos avisa quanto a necessidade da mente sã para o corpo são.


Apesar de interligados e interagentes, o equilíbrio espiritual no bem, a princípio e no imediatismo do mundo, não é fator preponderante para que a individualidade estabeleça um fator favorável que mantenha sua mente e seu corpo em sintonia saudável satisfatória para sua existência.


Quando focados e determinados no que desejamos para nossa vida, e seguindo os parâmetros que estabelecemos no paragrafo inicial, poderemos perfeitamente viver com uma saúde física perfeita, e mantermos um equilíbrio satisfatório em nossa mente, isso, mesmo que estejamos percorrendo caminhos contrários ao bem, mesmo que estamos agindo de forma criminosa, alimentando desejos inferiores, porque determinados, focados em nossos propósitos, não permitimos que fatores íntimos ou externos venham a nos abater emocionalmente.


A dúvida, o medo, o arrependimento, o remorso destrutivo, a depressão, quando inexistentes, nos permitem manter uma fortaleza física e mental, que podem nos permitir uma grande quantidade de anos no corpo físico sem que sejamos visitados por enfermidades sorrateiras, que só se aproveitam quando nos encontramos fragilizados, quando descuidamos, mesmo sem perceber, de nossa alimentação, de nossa higiene, do descanso físico, do nosso equilíbrio íntimo.


Agora, nestas situações, quando nos entregamos voluntariamente ao erro, ao mal, aos instintos e sentimentos inferiores, sejam eles de grandes proporções ou simplesmente nos atos corriqueiros de nossa existência, quando alimentamos o egoísmo, a vaidade, a intolerância, o orgulho, a cobiça, a usura, de forma inapropriada e excessiva, se conseguimos manter saudáveis e equilibrados o nosso corpo e a nossa mente, o mesmo não ocorrerá com o nosso corpo espiritual, o nosso períspirito.


O períspirito, por ser formado de fluídos, de energia captada da atmosfera do nosso planeta, sendo maleável, de composição etérea, acumula toda a energia que nosso espírito gera, todos os sentimentos, os pensamentos, o que de positivo e negativo criamos e atraímos com nossas ações, funcionando como uma espécie de filtro receptor, guardando em si as energias que compõe a nossa existência,  tanto que trazemos ainda dentro de nós acumuladas as que foram geradas em nosso passado cármico, guardadas em forma de lembranças, como um fichário, um arquivo, para que sejam vistas e analisadas quando se fizer necessário de acordo com o caminhar progressivo da nossa jornada evolutiva.


Desta forma, se vivemos uma vida saudável fisicamente e mentalmente, porém, distante do caminho do bem, enquanto cuidamos do nosso corpo e da nossa mente, desarranjamos e deterioramos o nosso períspirito, e assim, mesmo que vivamos na Terra um século isento de doenças e enfermidades, ao desencarnarmos, nosso corpo espiritual poderá estar coberto de chagas, deformado, doente de tal forma que precisaremos um longo e imprevisível período de recuperação, onde a dor e o sofrimento purificador se farão necessários até que consigamos nos recuperar totalmente, inclusive e muito provavelmente, precisando de uma ou mais existências físicas, de acordo com a gravidade de nossas faltas, para recuperarmos a saúde normal de nosso corpo espiritual.



Assim, se nos preocupamos, de fato, com nossa saúde, em prevenirmos doenças, em nos mantermos equilibrados fisicamente, mentalmente, não nos esqueçamos do principal, que é o de prevenir e manter a nossa saúde espiritual, vivendo de acordo com os conceitos cristãos, alimentando em nossos pensamentos, nossas palavras e atitudes, os sentimentos do bem, onde a paz, o entendimento, a paciência, a tolerância, o perdão, e essencialmente, o amor, estejam presentes em todas as nossas decisões, que a nossa postura, a nossa conduta ante os nossos irmãos do caminho e a sociedade onde vivemos se baseiem no bem, nos passos do Cristo, para que estejamos saudáveis de espírito quando retornarmos a nossa pátria espiritual, para que prontamente nos vejamos aptos a prosseguir, a dar continuidade na nossa jornada rumo a novas e mais promissoras tarefas, sempre visando a nossa transformação, a nossa união com aqueles que visam sempre a paz e o amor entre todas as razões das eternas existências.   

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Conto do mar...








Um homem simples, do interior, pouca cultura, poucas oportunidades, quase nada sabia do mundo, já que o seu se resumia ao seu pequeno pedaço de terra e sua casinha singela, rodeado pela natureza e pelos animais silvestres e domésticos. Seu contato com as pessoas limitava-se as suas idas ao vilarejo próximo, para abastecer-se do necessário, e das raras visitas dos vizinhos, que como ele, eram proprietários de pequenos sítios das redondezas.


Sempre que o nosso amigo ia a cidade, gostava de conversar com os frequentadores do empório local, e devido a sua simplicidade e sinceridade no proceder, estes gostavam muito de manter com ele longas palestras, já que estava sempre ávido para conhecer coisas novas, e sendo para ele tudo novidade, tornava-se um ouvinte atencioso e entusiasta, o que cativava e estimulava a todos os seus amigos, que se motivavam a ensina-lo um pouco mais do mundo, dos avanços e progressos da humanidade.


De todos os assuntos que abordavam normalmente, o que mais chamava sua atenção, era quando alguém, chegado de viajem, lhe falava sobre o litoral, sobre o mar, de sua beleza e magnitude, fazendo com que sua imaginação criasse as mais belas e emocionantes imagens.


No início não era assim, quando lhe falaram pela primeira vez do mar, de suas ondas a chegarem à praia, por vezes suaves como um pássaro e em outras, arredias como um potro indomável, ele não acreditou que isso pudesse existir, cético, achava que estavam apenas querendo impressiona-lo, e se o mar realmente existisse, não poderia ser assim tão imenso e tão belo como descreviam.


Mas com o passar do tempo, ao ouvir de outras pessoas relatos similares, começou no seu interior há sentir um desejo irresistível para saber cada vez mais do assunto e a partir dai, qualquer pessoa que encontrasse, ia logo abordando o assunto, perguntando se já conhecia o mar, ansioso para saber cada vez mais detalhes daquilo que já se transformara em um ideal de vida, um sonho a realizar.


Começou a notar, depois de várias conversas, que as opiniões sobre o mar eram diferentes e variadas, alguns achavam que era o que de mais belo existia no mundo, outros o odiavam, por terem tido experiências que lhes causou algum mal, gerando dramas pessoais ou com pessoas queridas; já outros lhe eram indiferentes, achando-o algo banal, e que na vida existiam coisas muito mais interessantes, ligadas diretamente aos seus próprios interesses imediatos. 

Porém, apesar das diferentes versões, o nosso amigo tinha certeza que o mar era algo muito especial, com certeza vindo de Deus, tamanha as paixões que causava nas pessoas e assim, tornou-se cada vez mais ávido em conhecê-lo pessoalmente.


Infelizmente, o tempo foi passando inapelavelmente, e ele, atribulado, com diversas dificuldades para manter o seu sustento e devido aos constantes sacrifícios para sobreviver, sem perspectivas melhores para o futuro, foi deixando aquele sonho de lado, e anos decorreram sem que nada de novo acontecesse, deixando para trás sua juventude, sua alegria, suas esperanças. 

Na verdade, já considerava impossível realizar seu antigo ideal ainda nesta Vida, mas, como tinha fé em Deus, Este quando resolvesse leva-lo para ocupar seu lugar no céu, lhe permitiria dar um pulinho até lá, até o mar, e sentir de perto aquilo com que sonhou durante toda sua vida, nem que fosse por alguns instantes, fugazes instantes.


Mas o homem nunca sabe o destino que o seu Criador lhe reserva, e certo dia, um rico fazendeiro da região, que sempre admirou sua honestidade e tenacidade no trabalho, convidou-o para acompanha-lo em uma viagem a capital da província, e como ela duraria alguns meses, deu-lhe todas as garantias que sua terra seria cuidada e que nada ficaria ao abandono e, por este motivo, não admitia recusa. E assim, desta forma, mesmo receoso, nosso amigo não teve outra opção que não fosse aceitar.

Após todos os preparativos, iniciaram a viagem de trem para a grande metrópole, e desnecessário explicar todo entusiasmo e deslumbramento que tomou conta do seu ser, extasiado com a paisagem, com as pessoas e com as cidades que conhecia a cada parada da máquina. Chegando finalmente ao destino, não cansava de admirar o progresso e a civilização que para ele era totalmente desconhecida; enormes prédios, o vai e vem das pessoas, que com pressa sequer notavam sua presença, as luzes da cidade a noite, tudo que só conhecia por relatos de amigos, os quais nunca imaginou que seriam tudo aquilo a que assistia, admirado e assustado.


Meses se passaram e um dia o seu amigo o comunicou que teria que resolver vários problemas em uma cidade próxima, e que, como era uma bonita cidade, poderiam passar bons momentos entregues a diversão e ao lazer. 

Ele foi confiante e na certeza que conheceria mais uma cidade das muitas que estava visitando, já esperando encontrar a mesma grandiosidade, a mesma movimentação a que já estava se acostumando, e por isso, no fundo, sentia-se desanimado, sem mesmo nenhuma vontade de continuar naquela excursão, e sobre isso nada falava, exatamente para não desapontar ao querido amigo que demonstrara tanto carinho e boa vontade para com ele, fingindo assim, um entusiasmo que no fundo não sentia, contrariando ao que se passava em seu interior, já que tudo aquilo começava a mexer com os seus sentimentos, fazendo nascer uma saudade profunda da simplicidade da sua casa e de seus animais queridos.


Ao chegarem à cidadezinha, o seu amigo alugou um veículo, levando-o no mesmo dia para passear, prometendo que iriam a um lugar lindo, onde a força maior, a natureza, a tudo comandava. 

Ele sorriu timidamente, pensando que o lugar lindo onde ele gostaria de estar agora era em sua terrinha, e foi apenas nisso que pensou durante todo o trajeto, encostando sua cabeça no banco e fechando os olhos, ignorando a bela paisagem que acompanhava a rodovia, preferindo relembrar de sua cidadezinha, de seus amigos, do nascer do sol, que era uma pintura, visto da janela do seu quarto, recordando o suor e a fadiga do arado e como seria bom poder retornar ao seu mundinho simples, tão diferente daquela agitação dos últimos meses, rodeado de pessoas indiferentes a tudo que ele gostava, como se não ligassem para nada e para ninguém, apenas para si mesmas, para seus problemas, ignorando totalmente ao próximo, contrariando o que havia aprendido quando criança, quando conhecera os ensinamentos de seu amado Jesus.


De repente o veículo estancou, e seu amigo, tocando-o levemente no ombro, pede que abra lentamente os olhos. Ele suspira profundamente, por ver desaparecer a bela imagem do seu sítio, abrindo os olhos e, simplesmente, não acreditando no que vê...


Meu Deus, pensou, o que poderia ser aquilo que se descortinava à sua frente? Que maravilha seria aquela que, de tão grandiosa, se perdia de vista em sua própria imensidão?


Mas claro, logo reconheceu, já ouvira falar dele tantas vezes, sonhara com ele sua vida inteira, claro só poderia ser e era: O Mar!


Estava ali bem perto, ao alcance de suas mãos, com toda sua beleza, toda sua energia, e sem que conseguisse impedir, lágrimas começaram a deslizar pelo seu rosto, exprimindo toda sua felicidade, toda emoção represada há tanto tempo em seu coração, fazendo com que saísse do carro, que chegasse mais perto, brotando em seu íntimo, de forma natural, uma oração, um louvor de agradecimento a Deus, por estar recebendo ainda em vida aquela dádiva dos céus, que em sua humildade, julgava não merecer.


Seu amigo, respeitando aquele momento mágico, sussurrou em seu ouvido que logo retornaria para busca-lo, que tinha que resolver problemas urgentes, mas que ele não se preocupasse, não se apressasse, que ali ficasse o tempo que julgasse necessário. 

Ele mal ouviu, balançando afirmativamente a cabeça, sem conseguir desviar os olhos das ondas que suavemente chegavam e se misturavam à areia da praia. Lentamente foi caminhando, estranhando a maciez do solo ao contato dos seus pés, até chegar bem próximo ao mar, sentindo, de repente, uma estranha sensação, de que já havia, em algum período da sua existência, percorrido aquele caminho, que já tinha anteriormente sentido toda aquela emoção e sem saber explicar, um sentimento de culpa e medo o invadiu, como tivesse sido ele a causa de estar a tanto tempo afastado e separado do mar, do seu amado mar.


Devido a isso, mesmo estando a apenas alguns metros de seu sonho, estancou, sem coragem de entrar, nem mesmo molhando os pés, com medo que qualquer coisa que fizesse, que qualquer outro passo que desse, o afastasse de novo daquilo que para ele era todo um ideal de beleza e de vida. Uma luta íntima começou a ser travada em seu coração, já que uma força irresistível o atraia para aquela imensidão, e ao mesmo tempo, algo o impedia e o coagia de prosseguir. 

Neste dilema, deixou transcorrer o tempo, sem noção de quanto, sem saber que atitude tomar, pela primeira vez em sua vida sentiu-se completamente só, sem ninguém para compartilhar aquele momento, recapitulou em segundos todos os amigos que até então conhecera e não conseguiu lembrar de nenhum que pudesse compreender o que sentia naquela hora, alguém que pudesse ajuda-lo a sair daquele impasse.


Quando se sentia cada vez mais solitário e deprimido, algo, como um raio, transpassou sua mente, iluminando todo o seu ser, é claro, como pode ter se esquecido, como pode ter sido tão injusto com Ele ao ponto de ter se sentido só e abandonado, como pode esquecer daquele Amigo que durante todos os anos de sua vida o ajudou e sustentou, que carinhosamente o amparou nos maiores sacrifícios que precisou enfrentar e superar, que sempre acendeu uma luz em seu coração quando este ameaçava escurecer devido ao desânimo injustificável que várias vezes o invadira em sua existência.


Então concentrou todo o seu pensamento Naquele que sempre o guiara no caminho certo, que também tivera uma vida de sacrifícios, imensuravelmente maior que a dele, e então orou, entre lágrimas, comovidamente, intensamente, agradecendo ao seu Amigo, seu eterno exemplo, seu eterno Mestre e companheiro: Jesus!


Quando terminou, estava totalmente tranquilo, em paz, todo aquele aperto no coração havia desaparecido e uma voz se fez ouvir em seu interior, como se fosse trazida pelas ondas, em resposta às suas dúvidas:


“Meu amigo não temas, lembre-se que não cai uma única folha sequer sem o conhecimento do Pai, questionas se deves ou não entregar-se ao sentimento que te atrai para o que sempre idealizastes em vida, eu só posso te dar uma resposta:

Aguarda!

Se encontrastes o que tanto procuravas e tua consciência te alerta, ouça-a, talvez, para que de fato venhas a concretizar teu sonho, algo ainda esteja faltando em teu íntimo para, quando a ele te arrojares com toda sua paixão e toda sua energia, sejas dele e ele seja teu para toda eternidade, espere, sinta, reflita e aja, vá buscar dentro de ti o que falta, não só para molhares os pés, mas para que se banhes, se entregues de corpo e alma a felicidade suprema que só a união com o teu mais caro ideal pode te proporcionar.”


O silêncio voltou a reinar, apenas quebrado pelo murmúrio das vagas, suave brisa o envolve, fazendo sentir e respirar toda a energia dispendida pelo mar, fazendo encontrar a resposta que tanto esperava, dispersando todas as dúvidas, todos os medos. Sabia agora que, se a vida o obrigasse a voltar para o seu mundinho, se algo fora do seu controle o afastasse definitivamente de seu mar, nada mais faria com que ele duvidasse de sua existência, sim, seu mar existia!


Está bem ali, diante de seus olhos, vivo em toda sua imensidão e beleza, e por mais que o arrastem para longe, ele estará gravado para sempre em seu coração, e mesmo que passem séculos até que possa reencontra-lo, sua imagem estará por toda eternidade em sua alma.


Sorriu, algo mudara para sempre em sua vida, um novo brilho se nota em seu olhar, a água do seu mar estava a centímetros dos seus pés, límpida, cristalina, pura, bastava mais um único passo, sim, ele seria seu, ele seria dele, sua escolha, sua decisão, sua vida, ele, apenas ele a decidir...

Avançou...



Fim

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O tempo é hoje...




No atual estágio evolutivo que nos encontramos, ainda no do início de nossa jornada rumo a tão sonhada transformação espiritual para o bem e a consequente vitória sobre o nosso “eu” inferior, temos por hábito procurar voltar no tempo, buscar nos refolhos de nossa memória encarnada situações que marcaram de forma significativa nossas vidas quando mais jovens e compara-las com os nossos dias atuais, por serem elas naturalmente, devido a nossa menor responsabilidade que tínhamos sobre nossos atos, consideradas leves, felizes, suaves, ainda mais quando o nosso presente, quando já na madureza física, é formado de problemas, sofrimentos, frustações por desejos não realizados, insatisfações, que geram uma intranquilidade, um desequilíbrio em nosso íntimo, quando passamos a considerar que poderíamos ter agido melhor ou de uma forma mais correta e produtiva, nos arrependendo de passos que demos ou daqueles que deixamos de dar, tentando descobrir em que momento nos afastamos dos nossos sonhos e dos ideais que na infância e na juventude preencheram nossa mente, aqueles que nos entusiasmavam e faziam-nos acreditar em uma vida feliz.


Desta forma, acabamos por viver entre recordações, achando sempre que o nosso passado foi bom e que o nosso presente é ruim, mesmo que, naquela época, não recordemos plenamente o que nos faltou fazer para que seguíssemos de acordo com o que planejávamos, nos enredando nas lembranças fortuitas, de decisões precipitadas e escolhas indevidas.


Na maioria das vezes nosso passado não foi tão bom como queremos acreditar e nem o nosso presente é tão ruim como queremos nos convencer, na realidade, quando não estamos satisfeitos com o que temos ou o que somos hoje, buscamos no que já passou e no que já fizemos um lenitivo, algo em que se escorar, para não nos decepcionarmos completamente com a nossa capacidade realizadora no presente, sem perceber que assim também agíamos no passado, mesmo que não recordemos, porque temos sempre a tendência de acharmos que ontem a vida era mais fácil que hoje, mas, isso ocorre simplesmente pelo fato de que o que já passou já foi superado, já foi vencido, e o que estamos vivemos hoje, não poderemos deixar de enfrentar, se quisermos vencer e superar.


Esconder-se do presente, rememorando o passado ou sonhando com o futuro, faz com que não consigamos progredir, avançar, buscando sempre justificativas e desculpas para nosso atraso, para nossos erros, para nossos fracassos, para nossas decepções, sempre enumerando culpados, desfiando justificativas, fugindo da realidade a qual determina que todos são responsáveis diretos por seus atos e pelas consequências deles decorrentes.


Se hoje não estamos vivendo de acordo com o que esperávamos, se nossos sonhos não se realizaram, se nossos objetivos não foram alcançados, é porque nossas escolhas, nossas decisões, não foram de acordo com o que precisávamos fazer para conquista-los, quando nossas atitudes equivocadas fizeram com que nos desviássemos do caminho, gerando a atual insatisfação, a decepção, a frustração, isso quando estes sentimentos não são derivados por estarmos traçando um rumo contrário as nossas capacidades naturais, nossos dons, nossas tendências, até mesmo de nossas necessidades cármicas evolutivas.


Muitas vezes nos desviamos de nossos objetivos por nos deixar dominar pelas nossas tendências inferiores originadas em outras existências, pelos mais variados motivos, geralmente fúteis, como no exemplo de, em vez de sermos um responsável pai de família, resolvemos nos envolver nas mais variadas aventuras amorosas, ou em vez de sermos um humilde, mas honesto trabalhador, nos enveredamos por situações escusas a procura do ganho fácil, entre tanto outros desvios de conduta e de postura fadados a nos trazer dissabores, dores, sofrimentos e fracassos.


Geralmente, somos os principais culpados por não alcançarmos a felicidade desejada, mais ainda quando nossos desejos e anseios não são baseados no bem, são direcionados ao desequilíbrio, aos vícios, aos crimes, quando são guiados pelos sentimentos negativos, como a inveja, o ciúme, o egoísmo, nos levando naturalmente a falir, a nos levar ao fracasso, a nos trazer dor, sofrimento, decepção, por suas naturais energias negativas e destrutivas, que nos impõe problemas, dificuldades, consequências dolorosas como retorno inevitável.


A vida, o nosso planeta, os nossos companheiros de jornada, precisam da nossa energia, do nosso esforço, da nossa participação efetiva, hoje, agora, neste exato momento, não justificando que nos agarremos a necessidade de um passado feliz ou um futuro promissor para que possamos agir de forma produtiva e ativa. Não podemos abrir mão do nosso presente, nos escorando no passado, fugindo assim de nossas responsabilidades, do nosso dever, não só para com o próximo e com a sociedade onde vivemos, mas, principalmente para com nossa própria consciência cósmica.


Se não estamos felizes com nossa vida, seja em âmbito familiar, profissional, social, espiritual, temos que aprender a avaliar o que já fizemos, o que estamos fazendo e o que poderemos fazer para reverter esta situação, aprendendo com os erros passados, com a dor do presente, nos renovando para melhorar, estudar, trabalhar, para que transformemos uma experiência ruim, dolorosa, em força atuante para reconquistar o direito de acertar, de realizar, de produzir, encontrando o equilíbrio, a nossa força criativa e realizadora e a consequente paz de espírito e de consciência, que nos levará a tão esperada felicidade.


O arrependimento doentio, o sentimento de culpa, a decepção, a depressão, o medo, a dúvida, a saudade de tempos que já se foram, o inconformismo, em nada adiantará para que consigamos modificar o nosso presente. Só a coragem de aceitar, de reconhecer, de assumir as responsabilidades de nossas escolhas, de nossos atos, nos dará condições de mudar, de transformar, não esquecendo que esta mudança só ocorrerá, de fato, se for baseada e construída, no bem, nos conceitos cristãos, na capacitação e habilitação de pensar e atuar dentro das leis divinas, sempre buscando agrega-las à todos esforços, a todos os planos, a todas atitudes.



Façamos de hoje um presente de estudo, de trabalho, de amor, de disciplina, de compreensão, de respeito, de humildade cristã, para que não só ele se torne um dia um passado capaz de nos fortalecer, mas, principalmente, para nos fazer entrever um futuro de feitos e realizações que nos levarão gradativamente a conquistar a verdadeira vitória, aquela que nos fará aspirar novos desafios, novas tarefas, na amplitude do Universo Divino.