quarta-feira, 30 de julho de 2014

Buscando caminhos...




Ao assumir o desejo de atingir a transformação espírita cristã em sua plenitude, não só estudando e nos aprofundando nos conceitos e preceitos doutrinários, mas, principalmente, assimilando e vivenciando a postura que nos conferirá o direito de ostentarmos este título, temos que nos livrar de forma definitiva do individualismo acerbado que nos domina desde os primórdios dos tempos e que nos dificulta ampliarmos nossa capacidade produtiva no bem, presos que ficamos sob a influência de mesquinhos sentimentos como o egoísmo, o orgulho, a usura, a ambição desmedida, a inveja, o ciúme.


Os espíritos do bem, nossos benfeitores espirituais, estão presentes em todo o Universo Divino, como também em nosso planeta e são responsáveis por inúmeras tarefas, das mais simples, as mais complexas, visando sempre não só seu próprio crescimento, através do estudo e do trabalho, mas, principalmente, no melhoramento do todo, de todos, do coletivo, sem distinção, sem privilégios, sem preconceitos, sem exclusivismo aos antigos laços familiares e de sangue, estando sempre prontos para auxiliar o melhoramento dos que estiverem em seu campo de atuação.


Desta atuação despretensiosa, de suas vitórias, de suas conquistas, em termos de honorários, pagamentos, concessões, benefícios pessoais, recebem, naturalmente, o equilíbrio, a paz de espírito, com o consequente direito à novos desafios, novas tarefas, com maior responsabilidade, maior abrangência, maior possibilidade de crescimento, de amplitude, aumentando sua capacidade intelectual, moral, enobrecendo seus sentimentos, adquirindo uma experiência em sua ação na espiritualidade que ainda estamos longe de atingir e até mesmo de compreender.


Enquanto encarnados, não temos a mínima condição de aquilatar, o que eles podem fazer em termos de locomoção, de moradia, de trabalho, do uso de sua capacidade mental, do utilização das energias cósmicas, da força do pensamento, da influência sobre a matéria que podem exercer, direitos conquistados por todo seu esforço em avançar, em não estagnar, em não ficar satisfeito com o que já tem, sempre desejando aumentar, crescer, pelo único caminho disponível para tal, ensinado pelo Mestre Jesus, através do amor ao próximo e a Deus sobre todas as coisas.


Estes dois passos, levados e compreendidos em toda sua abrangência, em sua magnitude, descortinam um universo de possibilidades para evoluir, muito além do que podemos, por enquanto, dentro de nossa insipiência, imaginar. O homem, no último século, avançou de forma meteórica em termos científicos e tecnológicos, porém, apesar de várias leis e normas de conduta da sociedade moderna ter acabado com inúmeros abusos que existiam no passado, ainda distante ele está do sentimento íntimo que se baseia unicamente na justiça plena e no amor incondicional. Este mesmo progresso, sem as devidas rédeas do bom senso, sem a concepção real do amor e da caridade entre os seres, acabou por desvia-lo ainda mais dos reais valores que formam o caráter de uma pessoa de bem, valores que antes eram mais visíveis e valorizados, como a honra, a ética, a honestidade, a família, o respeito, onde a palavra valia mais que mil atos ou contratos.


O individualismo de hoje, a busca pelo capital, pelo status, pelo poder, fez com que as pessoas se afastassem umas das outras, inclusive no seio da própria família, a desconfiança, o egoísmo, a frieza nos sentimentos, ganharam vulto e em alguns casos, pais, filhos, irmãos, se tornaram inimigos ferrenhos ou simplesmente passaram a se ignorar, ao ponto de não se preocuparem com o futuro e o bem estar daqueles que deveriam ser seu esteio, seu arrimo, sua esperança para o futuro. Se há quem aja assim com a própria família, podemos imaginar a dificuldade que existe de se amar o próximo e de se preocupar com suas necessidades.


Esta é a principal tarefa do espírita, do cristão, fazer reviver em si mesmo, nas pessoas, o sentimento do Cristo, do que é Divino. A sinceridade, a humildade, a fraternidade, a caridade, o amor, o respeito, a amizade, todos os sentimentos nobres, fazendo-os renascer e serem vivenciados sem segundas intenções, sem atitudes especulativas, realmente objetivando seu próprio crescimento como ser humano, levando o auxílio para que todos também encontrem a felicidade nos reais predicados de uma pessoa de bem, respeitando-se a capacidade individual, intelectual, produtiva de cada um, não sonhando com uma igualdade utópica e sim com uma distribuição justa entre as pessoas, onde não faltará o mínimo a ninguém e todos, com trabalho, honestidade e esforço poderão conquistar o máximo a que almejarem.

 Temos o direito, temos o dever, temos as possibilidades, as oportunidades, façamos por merecer.


quinta-feira, 10 de julho de 2014

Reciprocidade e Responsabilidade.







A morte ou o renascimento não operam milagres, ninguém se santifica porque desencarnou, da mesma forma que quando retornamos a vida física ainda não estamos despojados de nossos instintos inferiores, por mais que tenhamos nos preparado durante nosso planejamento reencarnatório.


Somos o que pensamos e o que sentimos, encarnados ou desencarnados, a mudança de plano não nos altera a personalidade, apenas muda o ambiente, as situações, as companhias, assim podendo vir a interferir na nossa disposição de transformação ou na acomodação as circunstâncias, de acordo com o que iremos encontrar daquilo que nós mesmos, em algum determinado momento, geramos com nossas atitudes e escolhas.


Todos nós possuímos defeitos, sentimentos inferiores, isso faz parte de nossa jornada evolutiva, o que nos difere de alguma forma uns dos outros, é a maneira com que encaramos e convivemos com isso, se reconhecemos a nossa necessidade de mudança, de melhoria, e principalmente, se nos predispomos a fazê-la, através da luta diária para superarmos nossos desequilíbrios, fazendo nascer dentro de nós a necessidade de evoluir, ou se ainda insistimos em percorrer o caminho do erro e do negativismo.


As energias negativas geradas e mantidas pelo contingente de espíritos inferiores que pairam na atmosfera do nosso globo, juntamente com as dos que ainda encarnados se afinam e com eles se sintonizam, faz com que esta negatividade, em termos de atuação e de influência, ocupe um relativo espaço nos planos físico e espiritual, interferindo de forma significativa no equilíbrio da interação e da interdependência existente entre ambos, ou seja, da mesma forma que um encarnado sofre com a influência dos espíritos que o cerca, também os espíritos sentem-se abalados, com dificuldade de concentração e equilíbrio, quando recebem uma carga negativa gerada pelos pensamentos do encarnado.


O ambiente físico torna-se pesado quando da presença de espíritos interessados de alguma forma em conturbá-lo, assim como, também em um ambiente espiritual de paz, um espírito ainda em recuperação e adaptação, pode momentaneamente se conturbar com as emissões enfermas enviadas por encarnados, seja com a saudade doentia ou com o ódio da inimizade.


 Os dois mundos se interagem, se influenciam, há obsessores espirituais que perseguem encarnados e há encarnados que infernizam com seus pensamentos a desencarnados; há espíritos benfeitores que auxiliam e orientam amigos encarnados e há encarnados, que através da oração e do exemplo auxiliam na transformação de espíritos em dificuldades.


 Não são dois mundos, são dois planos de um único mundo, unidos, dependentes, agentes transformadores e complementares um do outro.


Os nossos benfeitores espirituais lutam constantemente para nos auxiliar, porém, sempre visando o auxílio de maior abrangência, sempre preocupados que todos os envolvidos na ação, no drama, atores principais ou coadjuvantes sejam atendidos naquilo que for o melhor para sua evolução espiritual, sem privilégios, sem proteção indevida. Algo só é concedido se for o essencial na melhoria de todos, tanto que, muitas vezes, em nossa pequenez, nos julgamos preteridos, quando o nosso desejo não é satisfeito, sem entender que, em algumas ocasiões a adversidade para nossa necessidade evolutiva é o que de melhor que podemos receber no momento.


Por esta razão, os auxílios espirituais que muitos buscam visando conquistas materiais, como arranjar emprego, ganhar no jogo, arranjar um amor, separar um casal, entre tantos outros despropósitos, são sempre realizados por espíritos ainda presos as sensações físicas, ligados ainda a interesses materiais, que não conseguem ter uma visão macro do que é melhor para aqueles a quem pretendem ajudar.


Mesmo que em inúmeras situações não ajam de má-fé, mesmo tendo excelentes intenções, estes espíritos acabam por prejudicar à outros irmãos do caminho com seu auxílio tendencioso, porque, se arrumam uma vaga de trabalho para alguém, não se preocupam que outro tenha ficado desempregado por causa de sua ação; se tentam despertar um interesse amoroso, não sabem se o destino daquela pessoa era outro ou não; não conseguem visualizar as necessidades de todos os envolvidos, apenas as de caráter imediatista e muitas vezes geradas por sentimentos inferiores do solicitante, como a inveja, o egoísmo, a cobiça, onde muito deles não possuem ainda a experiência necessária para aquilatar ou perceber.


Quando passamos por dificuldades, quando buscamos um trabalho, quando nos interessamos por alguém, temos que orar sim, mas, para ter equilíbrio, para termos força de vontade para conquistar como nossas próprias energias o que desejamos e acima de tudo, orarmos para ter discernimento, para conseguir visualizar o que realmente é o melhor para nós e para nossas necessidades evolutivas, respeitando o interesse e a vontade do próximo, que é tão importante e tão sublime quanto a nossa, quando o bem e o amor verdadeiro imperem.



A espiritualidade não está ao nosso lado para nos servir e sim para nos auxiliar a sermos melhores, a sermos dignos, honestos, caridosos, tolerantes, pacientes, gentis, a termos respeito e amor por todos nossos irmãos do caminho, para que aprendamos a perdoar e a relevar a quem nos prejudica com ou sem intenção. 


Independente da situação que estivermos enfrentando, temos que ser cristãos e viver de acordo com os ensinamentos e exemplos do Mestre Jesus. Quem estuda e trabalha na Doutrina Espírita tem ainda maior responsabilidade por compreender que a vida no plano físico é uma extensão de nossa existência na espiritualidade, que somos influenciados e que a influenciamos, o que nos leva a consciência que nesta interdependência estamos aptos a captar a energia do bem que ela nos disponibiliza e também doarmos, por nossa vez, a energia que conseguirmos gerar através de pensamentos, de palavras, de desejos, tudo fazendo para que nosso ambiente, tanto o físico, como o espiritual, seja repleto de bênçãos, de possibilidades de trabalho, de alegria, auxiliando e sendo auxiliado, sempre de forma positiva, construtiva.