O planeta Terra, de acordo com os
ensinamentos da Doutrina Espírita, classifica-se na escala dos mundos, como um
local de resgates e expiações, onde, basicamente, encarnamos para ressarcir
nossos débitos com nossos irmãos do caminho, com a sociedade onde vivemos, através
da dor e do sofrimento, ou, do sacrifício, da renúncia e do amor, para provarmos
a nós mesmos, quando já estamos cientes da nossa necessidade de evolução e transformação,
que já dominamos os nossos instintos e tendências inferiores, nossos
sentimentos negativos, tendo a certeza, porém, que mesmo que venhamos a sair
parcialmente vitoriosos, grande ainda será o cabedal de erros e corrigendas que
ainda se fará necessário reparar, até sanarmos tudo que indevidamente acumulamos
em nossa jornada cármica no decorrer de inúmeras existências já vividas.
Proporcional as nossas necessidades,
das questões específicas programadas quando do nosso retorno ao corpo carnal, serão
as condições que iremos enfrentar no decorrer da nossa existência, quando poderemos
ter maior ou menor liberdade de ação, de acordo com aquilo que melhor precisarmos
para sairmos vitoriosos de nosso intento, tendo amplas oportunidades de execução
dos nossos planos, seja com saúde e condições materiais favoráveis, ou nas mais
variadas inibições de nosso corpo, como doenças, deficiências físicas ou
mentais, além das naturais dificuldades de vida que poderemos vir a ter que
viver para o êxito daquilo que temos planejado para nós.
Por este motivo a Terra é para nós,
encarnados e desencarnados, uma escola, um grande educandário onde
aprenderemos, pelo amor ou pela dor, a burilarmos a nossa individualidade
eterna na forja do bem, vindo a ser também preciosa e bendita oficina de
trabalho para que possamos, pelo nosso esforço e dedicação, adquirirmos experiência,
amadurecendo espiritualmente, podendo vir a colocar em prática tudo aquilo que
viermos a aprender com aqueles que, antes de nós, já conseguiram com seu suor e
determinação, alcançar patamares evolutivos mais elevados.
Pelas inúmeras diferenças que ainda
podemos detectar entre os habitantes de nosso planeta, tanto no que se refere a
intelectualidade como a moralidade, vendo inclusive que muitos ainda muito se
aproximam dos instintos inferiores animalizados, tal o desprezo com o qual tratam
os demais companheiros de jornada, entregues unicamente aos desejos materiais e
carnais, podemos avaliar que muito ainda teremos a percorrer para que o bem, em
sua essência, venha a ser fator preponderante em nosso planeta, o que fará com
que ele venha também a alcançar um maior patamar, vindo a alcançar o status de
regeneração, onde todos já estarão envolvidos diretamente com suas necessidades
de renovação íntima, já não mais valorizando o mal e as suas variantes.
O que se faz importante salientar que,
apesar de termos muitas raças em nosso planeta que beiram o primitivismo, ainda
vivendo suas culturas milenares, isso não faz de seus integrantes espíritos atrasados,
sendo inclusive muitos deles, reencarnações de seres que viveram nas mais
modernas sociedades europeias, como aconteceu e muito, por exemplo, no período
de escravidão no Brasil, onde muitos senhores e feitores, retornaram vestidos
de escravos e índios, para resgatarem seus débitos com estas raças, fora os que
assim também tinham como resgate ou missão, dos seus períodos mais antigos,
como quando os romanos ou egípcios também angariaram seus débitos, pela cruel
escravidão de seus companheiros de jornada menos felizes.
Assim, desde todos os tempos, tivemos
entre os povos “selvagens”, irmãos do caminho com maior grau de bondade e
moralidade que muitos dos ditos “civilizados”, demonstrando que são inúmeras as
possibilidades que temos em nosso planeta de evolução, fazendo-nos crer que ela
pode vir a acontecer independente do nosso estado físico, da localidade onde
vivemos, e precisamos convir que para nós, como encarnados ou desencarnados,
será sempre muito mais fácil virmos a avançar intelectualmente e culturalmente,
que exige basicamente esforço e dedicação no estudo, do que moralmente e espiritualmente,
que exige de nós o desejo sincero de abdicar dos vícios, das paixões, das
alegrias fugazes, baseadas unicamente na carne e na matéria.
Sem dúvida, será muito mais fácil para
uma criança que nascer em uma tribo ser trazida para a civilização e aprender
seus costumes e suas prioridades, do que um espírito ainda preso a inferioridade
de sentimentos nascido em um berço de ouro, vir a aprender a ser leal, sincero,
caridoso, justo, como vemos ser inúmeros “selvagens” nascidos em nações indígenas.
Civilização moderna não implica
certificado de evolução espiritual, temos visto inúmeras nações, principalmente
as dominadas pelo fanatismo religioso que, mesmo tendo o que de mais moderno
possa existir em termos científicos e tecnológicos, ainda alimentam de forma
acerbada e grotesca, o ódio, o preconceito, o separatismo e a segregação.
Assim, para que venhamos a progredir
como coletividade, como planeta, necessária e essencial se faz a elevação
individual, íntima, fazendo com que numericamente o bem também venha a ser
preponderante, já que ele o é e sempre o será em força, em capacidade
realizadora, quando na união das intenções, não mais serão aqueles que praticam
o bem e que são caridosos que precisarão, como hoje acontece, se envergonhar ou
se sentirem menosprezados e ignorados, mas sim, aqueles que ainda persistirem
em valorizar o mal, o erro, as paixões degradantes, os sentimentos inferiores,
como a inveja, o egoísmo, a prepotência, o ódio, o preconceito, o orgulho.
Como guia seguro e maior para tal,
para que venhamos a encetar de forma íntima e definitiva nossa renovação para o
bem, temos Nosso Amado Mestre Jesus, através de seus ensinamentos e exemplos,
nos deixando claro que só através do amor, da caridade, da bondade, da paciência,
da tolerância, do respeito, seremos capazes de vencer a inferioridade que
alimentamos por séculos, vindo a nos fortalecer ainda mais através do estudo da
Doutrina Espírita, que veio nos esclarecer definitivamente quanto ao nosso
destino, quanto a compreensão das diferenças evolutivas que nos caracterizam,
fazendo-nos ver que todos estamos em idênticas condições de lutar e vencer,
cabendo a cada um ter a coragem e a disciplina para enfrentar seus desafios e
avançar.
Se hoje nosso planeta e nós, como
individualidades, enfrentamos um momento difícil, onde imperam a violência e o
mal, vivemos nada mais que as consequências do que plantamos e geramos por séculos
de iniquidades e crimes, onde insistimos em valorizar o erro, a negatividade de
sentimentos e ações, cabendo-nos agora, também de forma individual e coletiva, o
dever de nos agregarmos em busca de um objetivo maior, o da transformação, voltando
a valorizar conceitos como a ética, a lealdade, a sinceridade, agora, definitivamente
baseados e alicerçados no amor mais puro, na essência do bem representada pelos
mais nobres conceitos cristãos.
A luta é incessante e contínua, porém,
cada um de nós precisa fazer a sua parte, influenciando de forma positiva o
meio onde vive, combatendo de forma sistemática o negativismo que paira sobre
nossa sociedade, alimentando a congregação de ideias no bem, vencendo pela paciência
e pelo amor a onda preconceituosa e intolerante que ronda a atmosfera do nosso
planeta, talvez os últimos e desesperados esgares do mal, daqueles que insistem
em alimenta-lo e representa-lo, já que inevitável se faz a sua derrota, quando
a nossa amada Terra ocupará seu lugar de destaque na imensidão universal divina,
já tendo bem alta e altaneira bandeira da paz e do amor a guia-la e representa-la.