quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Dissertando...





Buscamos ao iniciar o estudo da Doutrina Espírita nos aprofundarmos no conhecimento que estão contidos em seu corpo doutrinário, ao percebermos que estes trazem as respostas que sempre buscamos quanto ao nosso passado, ao nosso presente e futuro, no que tange a nossa origem e ao nosso destino, como ser individual e eterno frente ao Universo.

Entretanto, não haverá nenhuma validade se ao estudarmos, ao adquirirmos novos conhecimentos, ao nos aprofundarmos na moral evangélica, nos conceitos e preceitos doutrinários os guardarmos apenas para nós, sem passá-los adiante, não possibilitando que outros irmãos do caminho venham conhecer a Verdade do Consolador Prometido por Jesus, e assim também, se prepararem de forma mais produtiva para a realização de suas tarefas, para a solução de seus problemas, para benefício de seus relacionamentos, de sua postura íntima.

O aprendizado, o conhecimento doutrinário é o primeiro passo para conquistarmos o direito de nos denominarmos espíritas e após esta conquista, temos o dever de compartilhar o máximo possível, com todos, em nosso lar, no trabalho, no centro, com a família, com os amigos, com as pessoas que, de alguma forma, fizerem parte de nossa existência.

Assim já o faz todo trabalhador responsável em suas tarefas profissionais, primeiramente se capacitando para exercê-las corretamente, conquistando com o tempo a experiência, a agilidade na execução, as maneiras e as regras para o bom desempenho, tornando-se com o tempo, um bom instrutor para os novos tarefeiros que ingressarem em sua empresa, em sua função.

Conhecimento e prática, os dois requisitos necessários para o sucesso em qualquer tarefa que nos dispusermos a realizar, inclusive as espíritas, as espirituais. Onde os médiuns, os oradores, os diretores, os doutrinadores, deverão estudar, conhecer, treinar, acompanhar os mais experientes, até que se sintam seguros no desempenho do que se propuserem a realizar, com a humildade, o discernimento, a boa vontade e o amor que devem acompanhar a todos que se dedicam a Seara do Senhor.

Impaciência, intolerância, inveja, ciúme, preguiça, raiva, sensualidade, desequilíbrios emocionais, fanatismo, radicalismo, são sentimentos que não compactuam com aqueles que, como nós, desejam vivenciar a Doutrina Espírita, pois, fazem com que, se afastem dos objetivos morais e reais da tarefa, agindo como o já conhecido discípulo que frequenta seu culto, sua missa, sua reunião apenas para cumprir uma obrigação, um evento social, procurando apenas se sobressair, chamar atenção para si, longe de compreender o verdadeiro sentimento, o verdadeiro objetivo cristão, conturbando e prejudicando o ambiente, influenciando de forma negativa àqueles que ainda não estão completamente seguros, inexperientes e com falta de estrutura e conhecimento, dos conceitos e dos ensinamentos doutrinários.

Jesus já nos alerta que quem se colocar como último, será o primeiro, exemplificando na prática, ao lavar os pés de seus discípulos, a verdadeira humildade que deve revestir o coração daquele que quer se dedicar ao trabalho na seara do Senhor.

Poucos ainda são os trabalhadores que conseguem agir em todas as situações de acordo com a postura espírita cristã, deixando-se levar diversas vezes por seus instintos e sentimentos inferiores ainda não totalmente dominados e vencidos em sua personalidade, afinal, ninguém é perfeito e muito temos ainda que lutar para conquistar o equilíbrio que caracteriza os espíritos superiores em tarefa no nosso planeta.

É uma luta íntima, diária, constante, uma guerra sem trégua contra nosso maior inimigo, o nosso passado, o que acumulamos de negativo em diversas etapas reencarnatórias, dependendo da nossa vontade, do nosso esforço, da nossa dedicação, para a superação e a conquista que nos garantirá o direito de continuarmos a crescer, a buscar novos desafios.

Só vence a batalha quem se dispõe a lutar, quem estuda, quem trabalha, aqueles que reconhecem seus erros, suas falhas, suas dificuldades, que são humildes o suficiente para compreender suas limitações e que lutam para superá-las, cientes da necessidade do auxilio por parte daqueles que lhes são superiores e que os amam, os estimam e confiam que serão capazes de vencer, de melhorar, de alçar a novas fases em suas jornadas evolutivas.

Com mais conhecimento, com mais estudo, com mais experiência, maior é a nossa responsabilidade por nossos pensamentos, nossas palavras, nossos atos, nossas posturas, diminuem as justificativas para os erros e aumentam as probabilidades para os acertos, para as conquistas, as vitórias. Quanto mais se tem, mais será cobrado, é a lei e a justiça Divina que nos protege, nos ampara, nos possibilita tudo conquistar, mas, também, exige e espera que façamos a nossa parte para podermos usufruir  todos os benefícios que o bem e o amor nos destinam. Cabe a cada um de nós escolhermos e decidirmos o que queremos, e assim o será sempre, com a graça de Deus, Nosso Amado Pai.



sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Para pensar...



"...Impossível sermos plenamente felizes, se qualquer irmão do caminho, seja ele próximo a nós ou não, estiver sofrendo, estiver precisando de arrimo, de auxilio, seja ele material ou espiritual, do corpo ou da alma..."







"...a palavra é uma das principais ferramentas que o homem dispõe para realizar seus objetivos quando encarnado, tanto, que o ditado popular já nos alerta, se nada de bom temos a dizer, é melhor permanecermos calados..."






"...Viver para o bem, de acordo com a moral cristã, buscar no estudo dos preceitos espíritas o porquê do sofrimento, da dificuldade e da dor, cientes que Deus nunca dá um fardo superior as nossas forças e que o trabalho honesto, o real desejo de acertar, a verdadeira fé nas possibilidades de transformação e evolução, serão sempre as melhores maneiras de encontrar a paz que tanto almejamos..."






"...na maioria das vezes nosso passado não foi tão bom como queremos acreditar e nem o nosso presente é tão ruim como queremos nos convencer, na realidade, quando não estamos satisfeitos com o que temos ou o que somos hoje, buscamos no que já passou e no que já fizemos um lenitivo, algo em que se escorar, para não nos decepcionarmos completamente com a nossa capacidade realizadora no presente, e assim também agíamos no passado, mesmo que não recordemos, porque temos sempre a tendência de acharmos que ontem a vida era mais fácil que hoje, mas, isso ocorre simplesmente pelo fato de que, o que já passou, já foi superado, já foi vencido, e o que estamos vivemos hoje, não poderemos deixar de enfrentar, se quisermos vencer e superar..."




Um velho ditado popular, de forma bem-humorada, ensina: “Quando um não quer, dois não brigam”.
Sabemos o quanto é difícil desculpar a quem nos ofende, a quem, deliberadamente ou não, nos prejudica, o quanto é complicado relevar maus tratos, injúrias, difamações, humilhações, o quanto ainda lutamos para seguir a máxima do Cristo que ensina-nos para “não julgar afim de não ser julgado”, o quanto ainda estamos distantes de conhecer e vivenciar o sincero e verdadeiro perdão, ainda mais quando somos agredidos fisicamente ou moralmente.
Foi o Mestre Jesus que trouxe à humanidade terrestre a necessidade do Amor, do Perdão, do oferecer a outra face, do desculpar aos inimigos, e, foi Ele, pela inferioridade dominante em sua época, pela dificuldade de compreenderem e de aceitarem seus sublimes conceitos, considerado pelos que dominavam e comandavam, que detinham o poder temporal, político e religioso, um fraco, um louco, um revolucionário, sendo, por isso, consequentemente, punido e castigado, por aqueles que não conseguiam entender sua sublimidade e simplicidade, preferindo abafar na agressividade, no orgulho, na violência, as Verdades Eternas que Ele nos trouxe, como se pudesse as trevas, apagar ou tirar o brilho do Sol, já que, mesmo que posteriormente seus discípulos continuassem a serem perseguidos e manietados em seus ideais, seus conceitos se espalharam pelo mundo e sobrevivem até hoje em toda sua plenitude, ainda mais agora que foi corroborado, ampliado e devidamente explicado pela Doutrina Espírita, pelo Consolador que Ele nos prometeu e enviou, apontado na lei da causa e efeito, da reencarnação, da pluralidade dos mundos, a ideia básica da necessidade de se reconciliar com os inimigos e adversários enquanto na carne, de perdoar não sete mais setenta vezes sete, para conscientizar a todos que todo o mal, toda a dor, todo sofrimento que não é esquecido ou relevado, tende a se arrastar por inúmeras existências, gerando vínculos entre aqueles que por não esquecerem as ofensas, acabam por se enredar em longos processos de perseguições sistemáticas, de obsessões, de relacionamentos baseados no ódio e no desejo de vingança.
Jesus é até hoje o espírito mais perfeito que a humanidade terrestre já teve entre si; toda sua jornada foi de amor, de ensinamentos sublimes, de exemplos inesquecíveis, trazendo-nos na plenitude, todo o Amor com que devemos traçar nosso caminho para que alcancemos o reino dos céus, a espiritualidade superior, e foi Ele também até hoje, o Modelo Maior desta necessidade de perdoarmos as ofensas a fim de também sermos perdoados por quem ofendemos, já que, sendo o mais perfeito, foi também, consequentemente, o mais injustiçado, e tendo o poder conferido por Deus para escapar do martírio que lhe foi imposto, preferiu tudo sofrer, para deixar bem claro qual o único caminho que nos levará a salvação, a evolução, que é, exatamente, o de carregarmos valorosamente a nossa própria cruz, e como Ele, quando formos perseguidos ou agredidos, erguer os olhos aos céus e suplicar a Deus que perdoe a todos, porque como nós, eles não sabem ainda o que fazem.
Infelizmente, por ironia do destino, quis a história, que as ações de seus seguidores, ao longo do tempo, invertessem a posição de perseguidos, para perseguidores, gerando séculos de terror e violência, usando para isso, indevidamente, o nome do Mestre para justificar seus desatinos, em ações belicosas e violentas que se baseavam em uma pretensa defesa aos princípios cristãos, os mesmos conceitos que colocam bem alto em sua bandeira, o amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo.
As cruzadas, as guerras santas, a idade média com suas fogueiras, com sua caça as bruxas, as perseguições aos seguidores de Lutero, o silêncio de cumplicidade junto às atrocidades contra os escravos, os índios; as guerras, situações onde a Verdade Cristã foi posta de lado e o ódio, o preconceito, o poder temporal estiveram sempre em primeiro plano em detrimento aos sublimes ensinamentos do Mestre, entre eles, aquele que mandava atirar a primeira pedra quem estivesse sem pecado, aqueles que, purificando os pecadores aconselhava-os a se reerguerem e não mais errar, que colocava acima de tudo o Amor e o respeito incondicional, independente da raça, da classe social, da cor, da religião, tratando a todos como o bom samaritano em sua inolvidável parábola.
        
O Pai é supremo Amor e até hoje nos aguarda, pacientemente, que nos voltemos para Ele e assumamos de vez o nosso papel nas tarefas do bem, que nos tornemos soldados do seu exército e que aprendamos a dar valor aos verdadeiros parâmetros do bem, priorizando a caridade, a fraternidade, a igualdade de direitos entre todos, que, de fato, nos tratemos e nos relacionemos como irmãos, o mais forte protegendo o mais fraco, o mais inteligente ao ainda ignorante, nos unindo em uma extensa corrente onde nenhuma das ovelhas do Cristo se perderá, chegando todos aos píncaros da perfeição humana, cada um dentro de suas possibilidades, traçando o caminho que escolher para si, levando o tempo que precisar, tendo, porém, a certeza, que dependerá sempre do seu próprio esforço esta conquista, esta efetiva transformação espiritual.
Somos todos irmãos, cúmplices, amigos, companheiros de jornada, não cabendo a ninguém o papel de juiz, de censor, porque se hoje somos vítima, ontem fomos o agressor, ou poderemos vir a ser amanhã; se hoje já compreendemos o que fazer, pelo estudo, pelo discernimento, outros, que nem mesmo sabem ler, já agem, já sentem, já vivenciam aquilo que apenas agora alcançamos em teoria.
Somos iguais na criação e no destino, sendo diferentes na forma e no caminho que cada um levará para percorrer de um extremo ao outro, tendo, porém, na atual fase que o nosso planeta vive, uma única certeza, a que está no Mestre Jesus a resposta para nossas dúvidas e incertezas, pois, será Ele, sempre, o nosso Caminho, a nossa Verdade e a nossa Vida.



quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Uma breve reflexão ou constatação...

Os benfeitores espirituais que nos auxiliam e orientam, tem responsabilidades definidas, obrigações previamente assumidas junto a várias frentes de trabalho no plano espiritual, não podendo ficar, portanto, a nossa disposição, como amas-secas, prontos para satisfazer nossos desejos e vontades ou nos proteger, sempre que, irresponsáveis, coloquemos nossa vida em perigo ou não cuidemos devidamente de nosso corpo físico. Se eles têm, como uma de suas tarefas, cumprir um plano de serviço ao nosso lado, devemos estar cientes que sua energia e seu tempo são valiosos, são por demais importantes, e que, por responsabilidade com o plano maior, não podem e nem devem desperdiça-los conosco, quando insistimos em agir e reagir como crianças mal educadas e teimosas, insistindo em não aproveitar preciosas oportunidades de aprendizado e trabalho que visam nossa transformação e nosso crescimento espiritual, quando, impensadamente, escolhemos por renegar as possibilidades que nos são ofertadas.

Não é justo que oneremos ainda mais aqueles que nos amam, que nos auxiliam e nos orientam sem nada de produtivo apresentar como reação, como retorno, para que seus esforços em nos ajudar sejam coroados de êxito, recompensados.

Insistindo em errar, em recalcitrar, em nos entregar voluntariamente aos vícios, as paixões degradantes, aos sentimentos negativos, nada podemos ou devemos esperar da espiritualidade superior, apesar de que, sempre dela lembrarmos e recorrermos, quando as consequências de nossas inconsequências começam a surgir, a nos afrontar, quando a vida começa a nos cobrar pelos atos e decisões equivocadas que perpetramos contra nós mesmos, contra o próximo e contra a sociedade onde vivemos, aquela nos acolheu para mais uma experiência cármica.

Se não podemos ainda agir inteiramente de acordo com os preceitos espíritas, com os conceitos cristãos, devemos, no mínimo, ter e demonstrar respeito, consideração, por aqueles que procuram nos auxiliar na espiritualidade, como o fazemos, ou pelo menos, deveríamos fazer com nossa família e nossos amigos no plano físico, nos propondo ao menos tentar, se este é nosso desejo, minimizar as decisões ainda não absolutamente baseadas no bem, revendo sempre nossas ações, avaliando o caminho que estamos traçando e nos esforçar para superar os obstáculos internos e externos que ainda nos mantém em desacordo com nossas necessidades de crescimento e melhoria espiritual.

Temos que demonstrar o respeito aos nossos amigos e benfeitores espirituais como o fazemos com nossos amigos e benfeitores encarnados, quando presentes em nossas atividades no centro, quando em atividades assistenciais, onde assumimos uma postura de acordo com o que as outras pessoas de nosso convívio esperam de nós.

Difícil de imaginar que compareceríamos nestas atividades mal vestidos, sem cuidar da higiene, com gestos relaxados, desrespeitosos, demonstrando má vontade, preguiça, tédio, ainda mais se essas pessoas merecem de nossa estima uma especial deferência, por suas qualidades, por sua educação, por sua superioridade moral.

Muitos podem estar questionando no que isso pode exemplificar quanto a necessidade de vigiarmos nossa postura, nossas atitudes, objetivando o respeito devido aos nossos benfeitores espirituais, porém, é fácil compreender, quando consideramos que nossos amigos nos visitam constantemente e o fato de não podermos visualiza-los junto de nós, não significa que lá eles não estejam. Desta forma, se somos espíritas, se buscamos, de fato, nosso melhoramento e crescimento, nossa transformação, se esperamos o apoio e o auxílio da espiritualidade superior para alcançarmos êxito em nossas aspirações, temos que ser espíritas e nos portar como tal, sempre, em qualquer situação, no lar, no trabalho, na rua, no lazer, porque se não gostaríamos de parecer mal-educados, agressivos, vaidosos, egoístas, displicentes, preguiçosos, hipócritas, indolentes, frente aos nossos amigos de doutrina, também, e muito mais, assim deveríamos desejar e agir, frente aos nossos amigos espirituais, que podem estar quando e onde quiserem, não apenas nas horas que estamos no centro, nas atividades doutrinárias, podendo ver, de fato, não quem queremos que pensem que somos, mas, sim, quem somos na realidade, e quando isso constatam, só não nos abandonam, indignados, assustados ou decepcionados pelo que veem, porque já possuem o discernimento, a compreensão, o amor, a caridade, para relevar nossos erros e esperar, pacientemente que cresçamos e assumamos de vez a postura de quem deseja ser e viver como espirita, como cristão, como um homem de bem, ficando a vergonha do fracasso, do erro, da falsa posição, para nós mesmos, quando mais cedo ou mais tarde compreendermos que, por mais que estejamos enganando as pessoas de nosso convívio e por vezes a nós mesmos, nunca iremos enganar ou iludir, aqueles que na espiritualidade superior velam por nós e nos acolhem em seus braços, em seu arrimo, em seu amor.

Orai e vigiai, é sempre o melhor caminho, a melhor forma de nos mantermos dentro da disciplina exigida para a conquista espiritual. Sejamos nossos maiores juízes, nossos maiores censores, buscando na seriedade, no esforço, na cobrança contínua, alijar de vez os instintos inferiores, os vícios, as paixões, lutando contra toda negatividade em nossos atos, em nossas palavras, em nossos pensamentos, em nossos sentimentos, policiando-nos para que com o tempo consigamos conquistar um novo patamar, onde o bem, o amor, o respeito o sentimento cristão se tornem algo natural e constante em nossa existência, para que em nossas novas experiências cármicas possamos não apenas receber o amparo de nossos benfeitores, mas, principalmente, retribuir e passar adiante tudo que recebermos deles e de 
Nosso Amado Pai, à todos nossos irmãos do caminho que ainda não conseguem compreender, como hoje ainda, efetivamente, não compreendemos.


terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Você não é especial...





Meus pais moram em uma vila e logo na entrada, pichada por não sei quem, vem essa frase, e isso já há muito tempo, já lidas centenas de vezes, por centenas de pessoas que entram e saem todos os dias, gente que já mudou, gente que está mudando, gente que não muda nunca, mas que um dia mudará.

A princípio é uma frase meio ofensiva, como um aviso, uma bronca, uma acusação, alguns podem se sentir ofendidos, outros desprezados, mas a maioria com certeza não está nem aí, afinal é só uma pichação, e talvez já tenham passado várias vezes sem mesmo terem se dignado a lê-la. 

Só que eu como sou um "leitormaníaco", é isso mesmo, tenho a mania de ler tudo que vou vendo pelo caminho, placas, faixas, cartazes, é evidente que não paro exclusivamente para ler, mas na passagem, entre um semáforo e outro, vou lendo, e neste caso, relendo, já que passei tantas vezes por ali nestes anos que se torna impossível ter lido uma vez só, mas, o mais engraçado, é que já pensei desta frase várias coisas diferentes, e isso ocorreu porque já a li com estados de espírito também diferentes um do outro, e desta forma, para cada dia, para cada fase, muda a interpretação, e assim, ela , na verdade, não é nenhuma das alternativas citadas acima, e sim uma simples e pura constatação!

Quando nos sentimos vitoriosos, felizes, quando atingimos um sonho, um objetivo, quando tudo está dando certo em nossa vida, temos que saber que isso não nos torna, sob nenhuma circunstância, especiais. Não somos melhores que ninguém porque atingimos o sucesso ou porque estamos em uma situação confortável e privilegiada na vida, seja no âmbito pessoal ou profissional, ou até mesmo em ambos. Se somos, na concepção humana, vencedores, isso não nos torna especiais, e sim, mais ainda responsáveis para saber valorizar tudo que conquistamos, tenha sido por sorte, por ajuda dos nossos pais ou pelo nosso próprio esforço, o fato de estarmos bem e superado situações adversas, enquanto que outros nada conseguem, só faz aumentar a nossa responsabilidade por já estarmos em condições melhor que a do nosso próximo, justificando e exigindo, assim, uma maior dose de humildade, caridade, buscando sempre minorar e melhorar a situação daqueles que convivem conosco em situações mais difíceis e não, explora-los, critica-los, menospreza-los ou maltrata-los.

Se hoje nos encontramos em uma situação confortável, ontem podemos ter passado por situações dolorosas e não estamos livres de passar amanhã, temos que estar conscientes que todos somos iguais e que o que apenas nos difere dos outros é o atual estágio evolutivo que cada um atravessa, onde uns já avançaram em um setor da existência, enquanto que outros avançaram em outro, tornando-nos assim, sempre iguais e com idênticas possibilidades de alcançar a paz e a felicidade de acordo com a prioridade de vida e a necessidade de cada um.

Quando nos sentimos tristes, quando estamos doentes, enfermos, quando perdemos um emprego ou entes queridos, quando nossa situação familiar é difícil, quando não temos a felicidade de nascer em uma família bem constituída, quando não temos sorte nos nossos relacionamentos, ou seja, quando passamos por qualquer situação que nos traga dor, constrangimento, decepção, tristeza, precisamos compreender que também não somos especiais, ou seja, que não podemos querer nos ver livre de tudo que nos faça mal por achar que não merecemos, que só damos azar, que somos injustiçados, isso não quer dizer que tenhamos que ser conformados, mas sim, que precisamos entender que não somos diferentes de ninguém, e que qualquer problema que estejamos enfrentando, em vários lugares do mundo, outras pessoas também o estão enfrentando, e diferentemente de nós, podem estar o fazendo com coragem, com otimismo, com determinação, buscando suportar as adversidades até que consigam supera-las e vence-las.

Não somos piores e melhores que ninguém, e ninguém nos é inferior ou superior, somos todos iguais em condições atuais diferentes, desta forma tentarei tomar para mim a consciência de que, não, eu não sou especial, que todas as pessoas que conheço e não conheço não são especiais, que todas as pessoas que morrem e nascem todos os dias não são especiais, que ninguém é especial, então, desta forma, meu amigo e minha amiga, por favor, se conforme...