“...honrarás teu pai e tua mãe. A lei
enviada ao mundo não estabelece que devamos analisar a espécie de nossos pais,
mas sim que nos cabe a obrigação de honra-los com o nosso amoroso respeito,
sejam eles quais forem...”
“Honrarás
teu pai e a tua mãe”, este princípio da Lei Divina, da moral cristã, como todos
os outros que compõe o Evangelho de Amor do Nosso Senhor Jesus Cristo, bem como
também, os conceitos da Doutrina Espírita, se aplica a todos os filhos de Deus,
a nós e a todos os nossos irmãos do caminho, a toda humanidade terrestre, ricos
ou pobres, bons ou maus, fortes ou fracos, enfermos ou sãos, cultos ou
ignorantes, estendendo-se, guardadas as devidas proporções, a todos os animais
que compõe nossa natureza, e que nos acompanham na atual jornada evolutiva
planetária.
Não
há privilégios de nenhuma espécie, não há “se nãos”, não há imposições ou
fatores condicionantes, não há preferências, os ensinamentos e as máximas que
formam a conduta de um homem de bem, não permite, em nenhuma hipótese,
prejulgamentos, preconceitos, questionamentos, indecisões, dúvidas, errôneas
escolhas por parte daqueles que se intitulam cristãos, ou espíritas, cientes
que devem ser e estar, que sua parte na tarefa de renovação e transformação,
individual e coletiva para o bem, deverá ser levada a efeito com toda dedicação,
com toda honestidade, toda sinceridade, sempre de acordo com suas possibilidades
e atuais habilidades de produção e realização, cabendo ao final, a Espiritualidade
Superior, a Deus, a avaliação, a cobrança, a recompensa, decorrentes de nossos
esforços.
Inúmeros
são os parâmetros que os ensinamentos e os exemplos cristãos nos presenteiam
para que nossa jornada evolutiva seja percorrida de forma firme e resoluta, cabendo
a nós o amplo entendimento da essência que cada um deles apresenta.
“Amar
ao próximo como a si mesmo”
Em
toda sua estadia no plano físico, em suas ações e explanações, o Mestre não
específica quem é o próximo, englobando neste termo para não deixar dúvidas
sobre a necessidade da amplitude do nosso amor, aos nossos entes queridos,
nossos amigos, assim como também aos nossos desafetos, aos nossos adversários,
aos que nos são indiferentes, fazendo nascer a necessidade da compreensão da equidade
que deve existir em nossos sentimentos mais íntimos. Ele nos pede apenas para
AMAR!
“Perdoar
não sete, mas setenta vezes sete”
Jesus
não determina se este perdão se refere a quem nos feriu ao corpo físico, ou que
nos magoou espiritualmente, o a alguém que nos traiu com ou sem intenção, ou
que nos despreza ou simplesmente não nos aceita como somos. Ele apenas nos pede
para PERDOAR!
“Não
julgueis para não ser julgado”
O
Mestre não qualifica a quem devemos avaliar com o intuito de absolver ou
condenar, não está se referindo ao criminoso do grave delito, ao agressor covarde,
aos membros da nossa família, aos políticos, aos que se dizem religiosos, aos
que fogem de seus desafios, ao que maltrata a criança indefesa. Ele apenas nos
pede para NÃO JULGAR!
“Se
alguém lhe bater na face direita ofereça a outra face”
Aqui
não cabe avaliar se temos ou não razão, se merecemos ou não a agressão sofrida,
a injustiça com que nos trataram, se foi justa ou não a dor que nos impuseram, se
o que nos fizeram nos fez sentir ofendidos ou humilhados.
Ele
apenas nos pede para NÃO REVIDAR, para não reagirmos com o mesmo sentimento e
na mesma proporção que agiram os nossos agressores!
“Quem estiver sem pecados que atire a primeira
pedra”
Jesus
não específicou qual pecado, se um leve erro ou um clamoroso e odioso delito, não
se refere a uma mentira casual ou a uma calúnia insidiosa, se a um despretensioso
empurrão ou um crime de morte. Ele apenas pede para RECONHECER nossas imperfeições,
da mesma forma que precisamos também RECONHECER os limites e o estágio
evolutivo de cada um dos nossos irmãos do caminho, vindo assim a ACEITAR, cada
um como é, conscientes que do erro pelo qual ele é acusado não sabemos se um
dia, em nosso passado culposo já o cometemos, ou totalmente livres estaremos de
o cometer.
Jesus
amparou a mulher da vida, curou aos leprosos e obsidiados, ceou com alegria na
casa do rico considerado pecador, ressuscitou os mortos, glorificou e enalteceu
o pequeno óbulo da viúva em contrapartida ao valioso dízimo do abastado fiel.
O
espírita, o cristão, não pode querer “elitizar” suas tarefas, seus sentimentos,
escolhendo a quem vai ajudar, quem merece ou não sua atenção, impondo regras,
fatores condicionantes, rotulando e classificando irmãos de jornada como
agressores, vítimas, algozes, perseguidos, perseguidores, sinceros, fantasiosos,
se preocupando se este ou aquele precisa realmente de ajuda ou apenas está
querendo se aproveitar da sua boa vontade, de suas boas intenções.
Se
aqueles a quem de alguma forma ele está ajudando ou socorrendo seja através de
atitudes, de palavras, de sentimentos, em ações materiais ou espirituais, está
ou não sendo sincero em suas necessidades, se vai ou não aproveitar ou dar
valor aos esforços que estão sendo dispendidos ao seu favor, isso na verdade não
deve ser fator relevante para o tarefeiro da Seara Cristã, cabendo a ele servir,
agir, e seguir adiante.
Da
mesma forma, já há muito tempo, estão agindo os nossos protetores e benfeitores
espirituais, que nos acompanham em nossa jornada evolutiva desde outras pretéritas
experiências, agindo pacientemente com a nossa relutância em seguir seus
conselhos e orientações, em aceitar, por vezes, o remédio amargo que nos levará
a crescer e a valorizar seus esforços no sentido de nos aperfeiçoarmos como
individualidade, resgatando nossos débitos e corrigindo nossos erros, consequentemente
nos reconciliando com aqueles que de alguma forma viemos a prejudicar ou que
nos prejudicaram.
Quando
Jesus, no alto da cruz, eleva o pensamento vivo de amor a Deus, pedindo para
que perdoe a seus perseguidores porque não sabem o que estão fazendo, não se
referia apenas aos guardas que o açoitaram, ao povo que o escarneceu e
humilhou, aos fariseus que tramaram contra sua vida, a covardia dos detentores
do poder que não o julgaram com imparcialidade e justiça, mas sim, a todos nós,
não só aos homens da sua época, mas a todas as gerações futuras, a todos que
por diversas vezes, como nós, já retornamos ao plano físico desde sua excelsa
passagem pela Terra, e que ainda hoje não o aceita, não o compreende, ainda
relutantes em seguir seus passos, em aceitar e vivenciar em toda plenitude o
Amor que nos exemplificou, preferindo se ater às suas mazelas, aos seus vícios,
as suas paixões degradantes, as facilidades efêmeras revestidas de uma pretensa
felicidade que até hoje a sociedade humana ainda insiste em apresentar como
ideal de sucesso.
Sim,
tomara que Deus realmente nos perdoe por não saber ainda o que fazemos, e que
tenhamos a coragem e o discernimento de nos aprofundarmos no processo de renovação
e transformação espiritual, conscientes, que apenas com o nosso esforço e com a
férrea disciplina do nosso proceder iremos encontrar a verdadeira paz que só o Amor
do Cristo, sentido e vivido em todo seu esplendor, pode oferecer.
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