quinta-feira, 16 de abril de 2020

Renúncia!










Não podemos, ao nos referirmos ao conceito cristão em sua essência, deixar de falar, além do amor, em outro sentimento que está intimamente ligado a ele, que vem a ser a RENÚNCIA!

Ainda que sejamos os responsáveis únicos por nossa transformação espiritual, por nossa ascensão, fato é que não iremos avançar um único passo se não formos caridosos, se não formos humildes, se não participarmos de forma ativa no melhoramento de nossa sociedade, envolvendo claro o auxílio natural e direto aos nossos irmãos do caminho.


Jesus fez questão de frisar que o mandamento maior capaz de nos levar ao reino dos céus, capaz de nos tornar efetivos tarefeiros de sua Seara, é aquele que diz que precisamos amar a nós mesmos e ao próximo na mesma intensidade e proporção.


Desta forma, de nada adiantará agirmos e pensarmos em nós mesmos se nossas conquistas não forem compartilhadas, não forem distribuídas ao nosso redor, fazendo com que o ambiente a nossa volta seja acolhedor e atraia nossos irmãos para que eles se sintam motivados a também buscarem suas renovações.


Precisamos compreender que precisaremos por inúmeras vezes abrir mão do que desejamos para realizarmos aquilo que precisamos, não só para nossa evolução, mas também na contribuição evolucional do próximo, e consequentemente do todo.


A nossa felicidade, a nossa paz, está atrelada a felicidade e a paz de todos, não só daqueles a quem amamos, mas de todos, sem exceção, porque nossa tarefa maior está em trabalhar em prol do Cristo, em disseminar a essência dos seus ensinamentos e exemplos.


Condicionados a necessidade de amarmos ao próximo como a nós mesmos está o fato de perdoarmos de forma incondicional, assim como de não julgarmos para não sermos julgados, de não acusarmos caso também tenhamos cometidos erros, de amarmos aos nossos inimigos, de oferecermos a outra face nos embates da vida, o que não deixa margens a qualquer tipo de especulação ou ponderação à afirmativa que precisaremos muitas vezes renunciar a nossa satisfação pessoal em prol da paz e do entendimento.


Na parábola do bom samaritano vemos que um homem sem títulos, sem poderes maiores, em uma posição desprezada pela sociedade, foi o único a renunciar do seu tempo, de seus bens materiais, à favor de um desconhecido, saindo do trajeto que seguia, acompanhando e alojando condignamente um irmão do caminho em dificuldades, e garantindo as despesas que viessem a ocorrer até que ele estivesse em condição de se recompor, tudo isso sem nada questionar, sem nada condicionar, sem nada esperar em troca, nem mesmo a gratidão por parte daquele que estava auxiliando.


Fica impossível falar do sentido amplo da renúncia cristã, assim como compreendê-la e assimilá-la, quando ainda temos dentro de nós sentimentos tumultuosos como o egoísmo, o orgulho, a vaidade, o preconceito, o medo ou a preguiça.


Renunciar significa se sacrificar por algo ou alguém  em uma situação que talvez venha até mesmo prejudicar a nossa própria felicidade, ao nosso conforto, a nossa aparente tranquilidade física ou espiritual.


Jesus renunciou o direito a salvar a si mesmo, a combater a quem de forma gratuita o agredia e caluniava, sendo humilhado e ferido, em prol de um objetivo maior, o de nos deixar gravado na alma seus ensinamentos através dos exemplos da sua vida.


O Cristo renunciou para nos mostrar até onde o Amor pode superar a qualquer outro sentimento que a nossa imperfeição ainda insiste em alimentar.


Nós, como cristãos, como espíritas, temos que aprender a renunciar, por exemplo, ao direito de defesa quando nossa reação ameaçar ser proporcional, igual ou maior do que a agressão sofrida, ainda que tenhamos todas as razões, os motivos e as justificativas para tal, pois precisamos definitivamente aprender que não estamos aqui para julgar, para condenar, para justiçar ou apontar erros alheios, estamos aqui para amar, para fazer emergir de dentro de nós o Amor em toda sua pureza, em toda sua essência, ainda que para isso seja preciso sofrer, seja preciso se humilhar, seja preciso renunciar momentaneamente ao direito da própria felicidade.


Temos que aprender a renunciar a prazeres imediatistas quando houver prioridades mais importantes, mesmo que estas não nos tragam nenhuma recompensa, principalmente as prioridades ligadas a caridade para com o próximo, seja através da palavra ou da ação.


Precisamos deixar de alegar que não temos tempo para servir, quando dele dispomos para coisas puramente fúteis e sem sentido, por mais que as valorizemos.
Inúmeras vezes deixamos de atender a uma pessoa necessitada, seja no que for, seja nosso ente querido ou um desconhecido, porque temos que assistir a um capítulo da novela ou ao jogo de futebol.


Somos muito cristãos, somos muito espíritas, somos muito caridosos, somos muito pacientes, quando fazemos as coisas na hora que queremos e do jeito que queremos, abrindo mão do nosso tempo e de nossas energias desde que não atrapalhe ou interfira em nossas “prioridades” sociais.


Se nos consideramos espíritas apenas pela fachada, apenas para sustentar um título ou uma posição, sem nos comprometermos em nada com o que seu conceito representa, façamos um favor a nós mesmos e a Doutrina, “renunciemos” a este direito e continuemos a viver nossa existência de acordo com que nosso atual estágio evolutivo assim exige e determina, até que venhamos a despertar para a efetiva necessidade de transformação íntima!


Muita Paz!

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