A morte ou o renascimento não operam milagres,
ninguém se santifica porque desencarnou, da mesma forma que quando retornamos a
vida física ainda não estamos despojados de nossos instintos inferiores, por
mais que tenhamos nos preparado durante nosso planejamento reencarnatório.
Somos
o que pensamos e o que sentimos, encarnados ou desencarnados, a mudança de
plano não nos altera a personalidade, apenas muda o ambiente, as situações, as
companhias, assim podendo vir a interferir na nossa disposição de transformação
ou na acomodação as circunstâncias, de acordo com o que iremos encontrar
daquilo que nós mesmos, em algum determinado momento, geramos com nossas
atitudes e escolhas.
Todos nós possuímos defeitos, sentimentos
inferiores, isso faz parte de nossa jornada evolutiva, o que nos difere de
alguma forma uns dos outros, é a maneira com que encaramos e convivemos com
isso, se reconhecemos a nossa necessidade de mudança, de melhoria, e
principalmente, se nos predispomos a fazê-la, através da luta diária para
superarmos nossos desequilíbrios, fazendo nascer dentro de nós a necessidade de
evoluir, ou se ainda insistimos em percorrer o caminho do erro e do
negativismo.
As energias negativas geradas e mantidas pelo
contingente de espíritos inferiores que pairam na atmosfera do nosso globo,
juntamente com as dos que ainda encarnados se afinam e com eles se sintonizam, faz
com que esta negatividade, em termos de atuação e de influência, ocupe um relativo espaço nos planos físico e espiritual, interferindo de forma
significativa no equilíbrio da interação e da interdependência existente entre
ambos, ou seja, da mesma forma que um encarnado sofre com a influência dos
espíritos que o cerca, também os espíritos sentem-se abalados, com dificuldade
de concentração e equilíbrio, quando recebem uma carga negativa gerada pelos
pensamentos do encarnado.
O ambiente físico torna-se pesado quando da
presença de espíritos interessados de alguma forma em conturbá-lo, assim como,
também em um ambiente espiritual de paz, um espírito ainda em recuperação e
adaptação, pode momentaneamente se conturbar com as emissões enfermas enviadas
por encarnados, seja com a saudade doentia ou com o ódio da inimizade.
Os dois
mundos se interagem, se influenciam, há obsessores espirituais que perseguem
encarnados e há encarnados que infernizam com seus pensamentos a desencarnados;
há espíritos benfeitores que auxiliam e orientam amigos encarnados e há encarnados,
que através da oração e do exemplo auxiliam na transformação de espíritos em
dificuldades.
Não são dois mundos, são dois planos de um único mundo, unidos,
dependentes, agentes transformadores e complementares um do outro.
Os nossos benfeitores espirituais lutam
constantemente para nos auxiliar, porém, sempre visando o auxílio de maior
abrangência, sempre preocupados que todos os envolvidos na ação, no drama, atores
principais ou coadjuvantes sejam atendidos naquilo que for o melhor
para sua evolução espiritual, sem privilégios, sem proteção indevida. Algo só é
concedido se for o essencial na melhoria de todos, tanto que, muitas vezes, em
nossa pequenez, nos julgamos preteridos, quando o nosso desejo não é satisfeito,
sem entender que, em algumas ocasiões a adversidade para nossa necessidade evolutiva é o que de melhor que podemos
receber no momento.
Por esta razão, os auxílios espirituais que muitos
buscam visando conquistas materiais, como arranjar emprego, ganhar no jogo,
arranjar um amor, separar um casal, entre tantos outros despropósitos, são
sempre realizados por espíritos ainda presos as sensações físicas, ligados ainda a interesses materiais, que não conseguem ter uma visão macro
do que é melhor para aqueles a quem pretendem ajudar.
Mesmo que em inúmeras situações
não ajam de má-fé, mesmo tendo excelentes intenções, estes espíritos acabam por prejudicar à
outros irmãos do caminho com seu auxílio tendencioso, porque, se arrumam uma
vaga de trabalho para alguém, não se preocupam que outro tenha ficado desempregado
por causa de sua ação; se tentam despertar um interesse amoroso, não sabem
se o destino daquela pessoa era outro ou não; não conseguem visualizar as necessidades
de todos os envolvidos, apenas as de caráter imediatista e muitas vezes geradas
por sentimentos inferiores do solicitante, como a inveja, o egoísmo, a cobiça, onde
muito deles não possuem ainda a experiência necessária para aquilatar ou perceber.
Quando passamos por dificuldades, quando buscamos
um trabalho, quando nos interessamos por alguém, temos que orar sim, mas, para
ter equilíbrio, para termos força de vontade para conquistar como nossas
próprias energias o que desejamos e acima de tudo, orarmos para ter
discernimento, para conseguir visualizar o que realmente é o melhor para nós
e para nossas necessidades evolutivas, respeitando o interesse e a vontade do
próximo, que é tão importante e tão sublime quanto a nossa, quando o bem e o
amor verdadeiro imperem.
A espiritualidade não está ao nosso lado para nos
servir e sim para nos auxiliar a sermos melhores, a sermos dignos, honestos,
caridosos, tolerantes, pacientes, gentis, a termos respeito e amor por todos
nossos irmãos do caminho, para que aprendamos a perdoar e a relevar a quem nos
prejudica com ou sem intenção.
Independente da situação que estivermos
enfrentando, temos que ser cristãos e viver de acordo com os ensinamentos e exemplos
do Mestre Jesus. Quem estuda e trabalha na Doutrina Espírita tem ainda maior responsabilidade
por compreender que a vida no plano físico é uma extensão de nossa existência
na espiritualidade, que somos influenciados e que a influenciamos, o que nos
leva a consciência que nesta interdependência estamos aptos a captar a energia
do bem que ela nos disponibiliza e também doarmos, por nossa vez, a energia que
conseguirmos gerar através de pensamentos, de palavras, de desejos, tudo
fazendo para que nosso ambiente, tanto o físico, como o espiritual, seja
repleto de bênçãos, de possibilidades de trabalho, de alegria, auxiliando e
sendo auxiliado, sempre de forma positiva, construtiva.
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