Ao assumir o desejo de atingir a transformação
espírita cristã em sua plenitude, não só estudando e nos aprofundando nos
conceitos e preceitos doutrinários, mas, principalmente, assimilando e
vivenciando a postura que nos conferirá o direito de ostentarmos este título,
temos que nos livrar de forma definitiva do individualismo acerbado que nos
domina desde os primórdios dos tempos e que nos dificulta ampliarmos nossa capacidade
produtiva no bem, presos que ficamos sob a influência de mesquinhos sentimentos
como o egoísmo, o orgulho, a usura, a ambição desmedida, a inveja, o ciúme.
Os espíritos do bem, nossos benfeitores
espirituais, estão presentes em todo o Universo Divino, como também em nosso
planeta e são responsáveis por inúmeras tarefas, das mais simples, as mais
complexas, visando sempre não só seu próprio crescimento, através do estudo e
do trabalho, mas, principalmente, no melhoramento do todo, de todos, do coletivo,
sem distinção, sem privilégios, sem preconceitos, sem exclusivismo aos antigos
laços familiares e de sangue, estando sempre prontos para auxiliar o melhoramento
dos que estiverem em seu campo de atuação.
Desta atuação despretensiosa, de suas vitórias, de
suas conquistas, em termos de honorários, pagamentos, concessões, benefícios
pessoais, recebem, naturalmente, o equilíbrio, a paz de espírito, com o consequente direito à novos desafios,
novas tarefas, com maior responsabilidade, maior abrangência, maior
possibilidade de crescimento, de amplitude, aumentando sua capacidade
intelectual, moral, enobrecendo seus sentimentos, adquirindo uma experiência em
sua ação na espiritualidade que ainda estamos longe de atingir e até mesmo de compreender.
Enquanto encarnados, não temos a mínima condição de
aquilatar, o que eles podem fazer em termos de locomoção, de moradia, de
trabalho, do uso de sua capacidade mental, do utilização das energias
cósmicas, da força do pensamento, da influência sobre a matéria que podem exercer, direitos conquistados por todo seu esforço em avançar, em
não estagnar, em não ficar satisfeito com o que já tem, sempre desejando aumentar,
crescer, pelo único caminho disponível para tal, ensinado pelo Mestre Jesus,
através do amor ao próximo e a Deus sobre todas as coisas.
Estes dois passos, levados e compreendidos em toda
sua abrangência, em sua magnitude, descortinam um universo de possibilidades
para evoluir, muito além do que podemos, por enquanto, dentro de nossa
insipiência, imaginar. O homem, no último século, avançou de forma meteórica em
termos científicos e tecnológicos, porém, apesar de várias leis e normas de
conduta da sociedade moderna ter acabado com inúmeros abusos que existiam no
passado, ainda distante ele está do sentimento íntimo que se baseia unicamente
na justiça plena e no amor incondicional. Este mesmo progresso, sem as devidas
rédeas do bom senso, sem a concepção real do amor e da caridade entre os seres,
acabou por desvia-lo ainda mais dos reais valores que formam o caráter de uma
pessoa de bem, valores que antes eram mais visíveis e
valorizados, como a honra, a ética, a honestidade, a família, o respeito, onde
a palavra valia mais que mil atos ou contratos.
O individualismo de hoje, a busca pelo capital,
pelo status, pelo poder, fez com que as pessoas se afastassem umas das outras,
inclusive no seio da própria família, a desconfiança, o egoísmo, a frieza nos
sentimentos, ganharam vulto e em alguns casos, pais, filhos, irmãos, se tornaram
inimigos ferrenhos ou simplesmente passaram a se ignorar, ao ponto de não se
preocuparem com o futuro e o bem estar daqueles que deveriam ser seu esteio,
seu arrimo, sua esperança para o futuro. Se há quem aja assim com a própria
família, podemos imaginar a dificuldade que existe de se amar o próximo e de se
preocupar com suas necessidades.
Esta é a principal tarefa do espírita, do cristão,
fazer reviver em si mesmo, nas pessoas, o sentimento do Cristo, do que é
Divino. A sinceridade, a humildade, a fraternidade, a caridade, o amor, o
respeito, a amizade, todos os sentimentos nobres, fazendo-os renascer e serem
vivenciados sem segundas intenções, sem atitudes especulativas, realmente objetivando
seu próprio crescimento como ser humano, levando o auxílio para que todos
também encontrem a felicidade nos reais predicados de uma pessoa de bem, respeitando-se
a capacidade individual, intelectual, produtiva de cada um, não sonhando com
uma igualdade utópica e sim com uma distribuição justa entre as pessoas, onde
não faltará o mínimo a ninguém e todos, com trabalho, honestidade e esforço poderão
conquistar o máximo a que almejarem.
Temos o direito, temos o dever, temos as
possibilidades, as oportunidades, façamos por merecer.
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