No atual estágio evolutivo que nos encontramos, ainda no do início
de nossa jornada rumo a tão sonhada transformação espiritual para o bem e a
consequente vitória sobre o nosso “eu” inferior, temos por hábito procurar
voltar no tempo, buscar nos refolhos de nossa memória encarnada situações que
marcaram de forma significativa nossas vidas quando mais jovens e compara-las
com os nossos dias atuais, por serem elas naturalmente, devido a nossa menor
responsabilidade que tínhamos sobre nossos atos, consideradas leves, felizes,
suaves, ainda mais quando o nosso presente, quando já na madureza física, é
formado de problemas, sofrimentos, frustações por desejos não realizados,
insatisfações, que geram uma intranquilidade, um desequilíbrio em nosso íntimo,
quando passamos a considerar que poderíamos ter agido melhor ou de uma forma
mais correta e produtiva, nos arrependendo de passos que demos ou daqueles que
deixamos de dar, tentando descobrir em que momento nos afastamos dos nossos
sonhos e dos ideais que na infância e na juventude preencheram nossa mente, aqueles
que nos entusiasmavam e faziam-nos acreditar em uma vida feliz.
Desta forma, acabamos por viver entre recordações, achando
sempre que o nosso passado foi bom e que o nosso presente é ruim, mesmo que,
naquela época, não recordemos plenamente o que nos faltou fazer para que seguíssemos
de acordo com o que planejávamos, nos enredando nas lembranças fortuitas, de
decisões precipitadas e escolhas indevidas.
Na maioria das vezes nosso passado não foi tão bom como queremos
acreditar e nem o nosso presente é tão ruim como queremos nos convencer, na
realidade, quando não estamos satisfeitos com o que temos ou o que somos hoje,
buscamos no que já passou e no que já fizemos um lenitivo, algo em que se
escorar, para não nos decepcionarmos completamente com a nossa capacidade
realizadora no presente, sem perceber que assim também agíamos no passado,
mesmo que não recordemos, porque temos sempre a tendência de acharmos que ontem
a vida era mais fácil que hoje, mas, isso ocorre simplesmente pelo fato de que
o que já passou já foi superado, já foi vencido, e o que estamos vivemos hoje,
não poderemos deixar de enfrentar, se quisermos vencer e superar.
Esconder-se do presente, rememorando o passado ou sonhando
com o futuro, faz com que não consigamos progredir, avançar, buscando sempre
justificativas e desculpas para nosso atraso, para nossos erros, para nossos
fracassos, para nossas decepções, sempre enumerando culpados, desfiando justificativas,
fugindo da realidade a qual determina que todos são responsáveis diretos por seus
atos e pelas consequências deles decorrentes.
Se hoje não estamos vivendo de acordo com o que esperávamos,
se nossos sonhos não se realizaram, se nossos objetivos não foram alcançados, é
porque nossas escolhas, nossas decisões, não foram de acordo com o que precisávamos
fazer para conquista-los, quando nossas atitudes equivocadas fizeram com que
nos desviássemos do caminho, gerando a atual insatisfação, a decepção, a frustração,
isso quando estes sentimentos não são derivados por estarmos traçando um rumo
contrário as nossas capacidades naturais, nossos dons, nossas tendências, até
mesmo de nossas necessidades cármicas evolutivas.
Muitas vezes nos desviamos de nossos objetivos por nos deixar
dominar pelas nossas tendências inferiores originadas em outras existências,
pelos mais variados motivos, geralmente fúteis, como no exemplo de, em vez de
sermos um responsável pai de família, resolvemos nos envolver nas mais variadas
aventuras amorosas, ou em vez de sermos um humilde, mas honesto trabalhador,
nos enveredamos por situações escusas a procura do ganho fácil, entre tanto
outros desvios de conduta e de postura fadados a nos trazer dissabores, dores,
sofrimentos e fracassos.
Geralmente, somos os principais culpados por não alcançarmos
a felicidade desejada, mais ainda quando nossos desejos e anseios não são
baseados no bem, são direcionados ao desequilíbrio, aos vícios, aos crimes, quando
são guiados pelos sentimentos negativos, como a inveja, o ciúme, o egoísmo, nos
levando naturalmente a falir, a nos levar ao fracasso, a nos trazer dor, sofrimento,
decepção, por suas naturais energias negativas e destrutivas, que nos impõe problemas,
dificuldades, consequências dolorosas como retorno inevitável.
A vida, o nosso planeta, os nossos companheiros de jornada,
precisam da nossa energia, do nosso esforço, da nossa participação efetiva,
hoje, agora, neste exato momento, não justificando que nos agarremos a necessidade
de um passado feliz ou um futuro promissor para que possamos agir de forma
produtiva e ativa. Não podemos abrir mão do nosso presente, nos escorando no
passado, fugindo assim de nossas responsabilidades, do nosso dever, não só para
com o próximo e com a sociedade onde vivemos, mas, principalmente para com
nossa própria consciência cósmica.
Se não estamos felizes com nossa vida, seja em âmbito
familiar, profissional, social, espiritual, temos que aprender a avaliar o que já
fizemos, o que estamos fazendo e o que poderemos fazer para reverter esta
situação, aprendendo com os erros passados, com a dor do presente, nos
renovando para melhorar, estudar, trabalhar, para que transformemos uma
experiência ruim, dolorosa, em força atuante para reconquistar o direito de acertar,
de realizar, de produzir, encontrando o equilíbrio, a nossa força criativa e
realizadora e a consequente paz de espírito e de consciência, que nos levará a
tão esperada felicidade.
O arrependimento doentio, o sentimento de culpa, a decepção,
a depressão, o medo, a dúvida, a saudade de tempos que já se foram, o
inconformismo, em nada adiantará para que consigamos modificar o nosso presente.
Só a coragem de aceitar, de reconhecer, de assumir as responsabilidades de
nossas escolhas, de nossos atos, nos dará condições de mudar, de transformar,
não esquecendo que esta mudança só ocorrerá, de fato, se for baseada e
construída, no bem, nos conceitos cristãos, na capacitação e habilitação de pensar
e atuar dentro das leis divinas, sempre buscando agrega-las à todos esforços, a
todos os planos, a todas atitudes.
Façamos de hoje um presente de estudo, de trabalho, de amor, de
disciplina, de compreensão, de respeito, de humildade cristã, para que não só
ele se torne um dia um passado capaz de nos fortalecer, mas, principalmente, para
nos fazer entrever um futuro de feitos e realizações que nos levarão
gradativamente a conquistar a verdadeira vitória, aquela que nos fará aspirar
novos desafios, novas tarefas, na amplitude do Universo Divino.
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