Por mais que se mascarem os “prazeres”,
que enfeitem as “boas coisas da vida”, o supérfluo, por mais que, por interesses
escusos, novas “necessidades” sejam criadas a cada dia em nossa sociedade
moderna, por mais que novas exigências se façam presentes, novos rótulos, novos
padrões venham a ser estipulados para que alcancemos o sucesso, a “felicidade”,
ainda hoje, tanto quanto no passado, por ser algo que independe do fator tempo,
do fator progresso, por se tratar não de realidades transitórias, mas da
Verdade única e inconteste, o caminho que nos fará, de fato, evoluir, crescer,
transcender em possibilidades e oportunidades, será o caminho do bem, da reforma
íntima, da renovação e transformação espiritual, da assimilação e da vivência real
dos conceitos cristãos, que vieram provocar a convergência de todas as frentes
que até então normatizavam e disciplinavam a busca do homem pelo equilíbrio
individual, mesmo que muitas frentes religiosas que ostentam este título, ainda
se deixem dominar pelas paixões e pelo imediatismo humano, fazendo com que se
prolongue o tempo da uniformidade de princípios e objetivos coletivos.
A ilusão da felicidade vinculada às
conquistas materiais, a beleza física, ao poder temporal, motivada pelos sentimentos
inferiores que ainda predominam entre nós, como o orgulho, a vaidade, o egoísmo,
a ambição desmedida, prejudica o caminho evolutivo humano desde os primórdios
de nossa civilização, ganhando agora em potencialidade devido a massificação da
informação, da exposição diária dos mais diversos desatinos, quando se premia a
futilidade, a ignorância, a ostentação negativa, os prazeres carnais, a obscenidade,
a violência, a intolerância, a discriminação social, etc.
Independente, porém, da ação negativa
de muitos, do estardalhaço que o mal sempre teve como característica, o bem
prossegue forte e inabalável, garantindo avanços significativos, aonde aos
poucos vamos conquistando leis mais justas, que vem beneficiar aqueles que historicamente
sempre foram preteridos ou ignorados em suas necessidades básicas, como os que vivem
em classes sociais mais baixas, que possuam dificuldades físicas e mentais, os
idosos, as crianças, os direitos da mulher, além de nova legislação que vem proteger
o direito dos animais, do meio ambiente, fazendo com que gradativamente a humanidade
vá ganhando novas bases conceituais de igualdade e justiça.
O mal hoje representa a agua parada do
fundo de um poço, que, ao ser revirada, para se retirada e substituída por uma
nova fonte geradora de vida, ainda libera os últimos miasmas negativos que a compunham,
e estes, se espalhando, tentam ainda de alguma forma subsistir, fato que não
ocorrerá, por sua incapacidade de sobrevivência frente a força transformadora e
salutar das energias do bem, vindo com o tempo, apesar da relutância íntima, a
também buscarem dentro de si, a essência positiva que todos temos desde nossa
criação.
A melhor forma de apressarmos a renovação
coletiva de uma sociedade, de reformarmos seus conceitos, é através da transformação
individual, íntima, é buscar o enriquecimento de nossos sentimentos, de nossas
atitudes, através do estudo, do trabalho, da disciplina, do desejo sincero de
deixar para trás nossas inferioridades, nossos vícios, nossas paixões degradantes,
buscando novas prioridades, novos desafios, valorizando a nobreza de sentimentos,
o renascimento dos valores morais, da ética, sem abrir mão da modernidade, do
progresso, do continuísmo evolucionário da sociedade humana.
Os conceitos cristãos de solidariedade,
de caridade, de perdão, de tolerância com as diferenças, com o respeito pela
forma de cada um agir e pensar, a valorização da amizade, da família, do Amor,
são condições essenciais para que, de fato, nossa sociedade venha a evoluir
como um todo, onde o mais forte será a mão que irá amparar ao mais fraco e não
ainda mais diminuí-lo, impondo-lhe condições arbitrárias à título de conquistas
efêmeras e finitas.
Enquanto a desigualdade de deveres e
direitos permanecer ativa, dificilmente conseguiremos atingir ao nível pleno da
felicidade que nos é permitido em nosso atual estágio evolutivo, continuaremos
a caminhar lentamente e dolorosamente, desviados das possibilidades de
trabalhos e realizações verdadeiramente enriquecedoras, continuando a gerar,
por nossos excessos, por nossos erros e desatinos, novas dívidas cármicas,
fazendo com que percamos mais tempo corrigindo e saldando dívidas, do que, de fato,
em avançando e acumulando novas vitórias, novas posses, dentro da riqueza
espiritual que só o bem proporciona.
Ainda não assimilamos o fato, de que,
muitas vezes precisaremos renunciar as conquistas meramente físicas e materiais,
para podermos vencer e adquirir as riquezas eternas do espírito, as únicas que
irão nos acompanhar por onde formos, por onde formos chamados a viver, seja no
plano espiritual, ou quando no retorno para nova oportunidade no plano físico.
É melhor suportar dignamente e
honestamente uma década de privações e dificuldades, do que desfrutar uma hora
de paixão degradante que poderá nos levar a desvios ainda maiores, com funestas
e dolorosas consequências.
A dor, a perda, o fracasso, por vezes, são
santos remédios para o nosso equilíbrio, nos fazendo refletir, reconsiderar, planejando
novas metas, reajustando prioridades e possibilidades, ainda mais quando
suportados e superados com coragem, com dignidade, com humildade e sabedoria.
Feliz daquele que já compreende a
necessidade de sua reforma íntima, da luta que precisa travar contra si mesmo,
contra sua inércia, contra sua falta de determinação, de iniciativa, que
encontra no bem, nos preceitos cristãos a origem motivacional de seus ideais,
vivendo-os intensamente em todas as oportunidades e situações que a vida lhe
apresentar, preferindo sofrer a fazer sofrer, preferindo abrir mão de seus próprios
desejos quando estes, por algum motivo, possam vir a prejudicar ou lesar algum
irmão do caminho, ao seu próximo.
A luta é árdua e contínua, a cada novo
dia, a cada novo desafio, a cada nova decisão, somos chamados a prova, a aquilatarmos
o quanto verdadeiramente já assimilamos, dentro de nós do sentimento cristão,
lutando contra nossos instintos inferiores, contra o nosso eu “tradicional”,
aquele que alimentamos por séculos, por vidas, que sempre valorizou o
individualismo, o egoísmo, a lei do mais forte, que viveu de forma preconceituosa,
se julgando superior, detentor dos maiores sofrimentos, dos maiores problemas,
dos mais importantes desejos, das mais relevantes prioridades, sempre muito exigindo
para si, mas sempre pouco propenso em algo doar para o próximo e para a
sociedade onde vive.
Cada um trace seu próprio caminho,
defina suas metas, suas prioridades, prepare seu solo, escolha suas sementes e
plante, sabedor que mais cedo ou mais tarde, terá que colher e conviver exatamente
com aquilo que escolheu e gerou para si.
Que seja só paz, entendimento, alegria,
amor!
Que seja!
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