Muitas ocasiões em nossa jornada evolutiva, a partir
do momento que nos conscientizamos da necessidade de nosso melhoramento
espiritual, de abandonarmos as paixões degradantes, os vícios, de não mais
alimentarmos os sentimentos negativos, de não mais nos entregarmos ao
individualismo egoísta, passamos a nos aproximar, de certa forma, da conduta e
da postura ideal do homem de bem, do espírita, do cristão, ainda mais quando
essa conscientização vem acompanhada do estudo, do trabalho, da determinação e
da tentativa de disciplinar o proceder.
Geralmente, quando desde os nossos primeiros passos
conscientes no plano físico, nosso foco já se forma no sentido desta transformação,
dela já havíamos nos preparado desde o nosso planejamento reencarnatório, ainda
na espiritualidade, quando acompanhados e assessorados por nossos mentores e
benfeitores espirituais, pesquisamos e analisamos nossas maiores necessidades
em relação ao nosso proceder e aos nossos atos em pretéritas existências, na
visão de nossos débitos e erros a serem corrigidos, fatores determinantes para
nossa atual passagem no plano físico.
Nesta preparação prévia, a maioria de nós, hoje espíritas,
recebemos todo o sustento necessário para que no momento certo os conceitos doutrinários
viessem a despertar nossa atenção, fazendo com que nos voltássemos ao estudo, a
busca do conhecimento, e quando resolutos, no engajamento em suas fileiras,
passando de forma efetiva a estudar e trabalhar em prol do nosso aperfeiçoamento
e do auxílio ao próximo e a sociedade onde vivemos, assumindo responsabilidades
nas diversas tarefas que ela, a doutrina, oferece aos seus seguidores, quando bem intencionados.
Por isso, para muitos, ao travar o conhecimento com
os preceitos doutrinários contidos do Espiritismo, estes parecem brotar
naturalmente do seu íntimo, facilitando ao entendimento, como se deles já
tivessem há muito tempo conhecimento, o que é fato, pois, ainda na
espiritualidade os estudaram e em seu desenvolvimento de alguma forma
trabalharam.
Essa transformação espiritual para o bem,
entretanto, não é privilégio para os que somam as fileiras da Doutrina Espírita,
ela é uma necessidade, e deve ser prioridade, inerente a todo ser humano, independente do grau evolutivo em que ele se encontre, já que o destino de
todos nós é a ascensão, é eliminação dos sentimentos negativos que de alguma forma alimentamos, mesmo que em estado latente, mesmo que
atualmente controlados e vigiados, conquistando definitivamente o domínio sobre
nossos pensamentos, sobre nossas ações, e, principalmente, pelo que sentimos em
nosso foro mais íntimo, e que forma nossa existência cármica ao longo dos séculos
de lutas e aprendizados.
É uma batalha individual, ainda que se faça necessária
a nossa vida em sociedade, já que é o homem o instrumento divino neste processo
de transformação e renovação, onde o mais forte tem o dever de amparar e
proteger ao mais fraco, o sábio o de elucidar ao ignorante, o são de tratar ao
enfermo, fazendo com que a solidariedade e a caridade sejam ferramentas imprescindíveis
para a vitória do Amor em nosso planeta, assim como em todo universo divino.
Cada um é responsável por sua própria evolução, por
gerar para si, através das suas escolhas e ações, a positividade ou a
negatividade que o irá acompanhar durante sua jornada, quando a dor e a
alegria, nada mais são que reflexos naturais de cada passo que vier a dar em sua
senda diária, quando o aglomerado de seu histórico determinará as recompensas ou
as punições que deverá receber no futuro, sendo sua consciência seu próprio
juiz, e quando necessário, seu próprio algoz.
Os conceitos cristãos, hoje abalizados e
esclarecidos em minucia pelos preceitos espíritas, é o guia seguro para que
venhamos a encontrar essa transformação espiritual em seu mais amplo
aspecto, sendo, desta forma, mais difícil e complicado às pessoas e aos povos que
a eles ignoram, ou que relutam em aceita-los, porque traçam um rumo para si mesmos
que os afasta cada vez mais do objetivo maior de suas existências, fazendo com
que se afundem e se percam em erros e vícios que obscurecem a visão
sobre a tão necessária mudança para o bem.
Esse conhecimento doutrinário, dos ensinamentos e
exemplos do Cristo, e das premissas espíritas, entretanto, se são ferramentas
essenciais para que venhamos a encontrar o equilíbrio íntimo no bem, pouco
valerão, se não forem sinceras as nossas intenções, ou se nossos atos não se
coadunarem com os conhecimentos que viermos a adquirir, pois se a teoria não
for procedida da prática, de nada adiantará o tempo e a energia dispendidos, pois, ao contrário do que supomos, ainda assim nos manteremos afastados de nosso
ideal maior, principalmente porque mais será cobrado daquele que mais recebeu, e que
mais possuía para ter efetivado sua vitória.
Independente do conhecimento conquistado com o
estudo da Doutrina Espírita, das funções assumidas nos centros que escolhermos
frequentar, independente que sejamos médiuns, doutrinadores, palestrantes,
dirigentes, independente que participemos em ações assistenciais, pouca valia
este nosso esforço terá no contexto geral de nossa jornada evolutiva, se em
nosso íntimo, prosseguirmos alimentando sentimentos como o egoísmo, o orgulho,
a inveja, a vaidade, a maledicência, a preguiça, o ódio, a prepotência, a
cobiça, a usura, ou qualquer outro fator determinante de desequilíbrio, como vícios
ou excessos de quaisquer tipos, como paixões degradantes e pensamentos que não
condigam com a mais pura moral trazida por Nosso Mestre Jesus.
Se nosso desejo é renovar, transformar, que tenhamos
a firmeza e a determinação para nos mantermos no caminho do bem, conscientes da
aspereza da luta a ser travada contra nossos instintos inferiores, sabedores
que, se sinceros, poderemos contar sempre com o arrimo e a orientação de nossos
mentores e benfeitores espirituais, naturalmente com isso nos afastando
daqueles que, por algum motivo, tentem fazer com que venhamos a falir e
recalcitrar.
Juntos, venceremos, ainda mais que conhecedores somos
da máxima cristã que garante a presença do Mestre quando dois ou mais estiverem
agindo em seu nome e de acordo com os seus mais puros conceitos.
Que assim sejamos, que assim seja!
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