São várias as obras espíritas, inclusive de André Luiz, que retratam
locais na espiritualidade, no chamado umbral, onde as condições dos que lá habitam,
os seus sofrimentos, as suas dores, os seus padecimentos, são graves,
alarmantes, até mesmo, assustadores, para quem deles, pela leitura, tomam
conhecimento pela primeira vez.
Muitos até mesmo os consideram fantasiosos, por
nunca terem tido a oportunidade de estudar o Espiritismo, ou por ele ter se
interessado, conhecendo-o apenas superficialmente, sem o estudo aprofundado que
toda Doutrina, toda religião, toda ciência merece antes de ser criticada,
avaliada ou até mesmo, e indevidamente, julgada.
Através de inúmeras reuniões de intercâmbio mediúnico, de
mensagens vivas e reais, estudiosos e tarefeiros do Espiritismo puderam ter
acesso a comunicações do plano espiritual, onde entidades que lá estão, que lá
vivem atualmente seu estágio evolutivo, vem descrever, para aprendizado dos que
acompanham seus relatos, o horror que passam no resgate dos débitos ativos em
suas consciências, e, também aqueles que sofrem, sem mesmo saber, enredados que
ainda estão as suas paixões, aos seus vícios, aos seus erros, preferindo fugir
da verdade, vivendo uma realidade enganosa e temporária, longe ainda do caminho
que os levarão ao progresso ao qual todos estão destinados.
Espíritos presos ao mal, a vingança, aos desejos inferiores, lá
perseguem e seviciam os que consideram culpados por seus infortúnios, sem perceberem
que, pelo horror de seus atos, os papéis geralmente se inverteram, fazendo com
que os antigos devedores passem a ser credores, que aqueles que consideravam
culpados passem a ser suas vítimas e consequentemente, seus credores.
No umbral encontram-se espíritos enfermos, alienados,
desequilibrados, entregues as suas dolorosas vinganças ou remoendo suas culpas,
seus desvarios, seus desatinos, sem perspectiva imediata de melhora e sem mesmo
prever o fim de seus martírios, todos limpando, vagarosamente, seus corpos
espirituais, livrando-se dos miasmas negativos que acarretaram para si, até que por si mesmos encontrem o desejo sincero de recomeçar, de recapitular
experiências, seja já, no plano espiritual o reinício de sua recuperação, ou em
outra oportunidade no plano físico, através da reencarnação.
As energias negativas acumuladas nestas zonas purgatórias
sobrecarregam ainda mais o espírito que lá sofre de suas culpas e seus
desequilíbrios, até que por si consiga a sintonia com os espíritos amigos do
bem, sempre prontos a auxiliá-lo a se reerguer.
Há também aqueles que preferem se revoltar, se entregando as
forças inferiores que comandam o umbral, assumindo o controle de uma legião de desequilibrados, que passam a ser seus seguidores, seus
servos, seus escravos, servindo de instrumento passivo nos mais dolorosos
desatinos e crimes contra encarnados e desencarnados, piorando ainda mais sua
situação como individualidade, com isso, violentando ainda mais sua
consciência, contraindo débitos ainda maiores, gerando para si um futuro mais
incerto, e com certeza, com resgates mais dolorosos, prorrogando
indefinidamente sua recuperação, seu retorno ao caminho do bem.
O umbral e os espíritos que lá vivem estão em constante
relação com o plano físico, onde encarnados e desencarnados ligam-se
mentalmente por afinidade de desejos, por similaridade de prioridades,
alimentando-se reciprocamente de energias negativas, satisfazendo seus baixos
instintos e suas paixões degradantes, como verdadeiros cúmplices, associados,
que compactuam na satisfação da equivocada necessidade do prazer material e
físico.
Os espíritos inferiores procuram sempre satisfazer suas
paixões e seus vícios através de encarnados, intentando sentir as mesmas
sensações degradantes, como se eles próprios estivessem realizando o ato,
encontrando nos desejos inconfessos daqueles que ainda estão presos a carne,
instrumento seguro e produtivo para continuarem a viver como se eles também encarnados
ainda estivessem.
São verdadeiros vampiros, porém, nem sempre agindo com
maldade, ou com ódio, mas, simplesmente porque não conseguem controlar seus
desejos, e nada mais fazem, como muitos de nós ainda presos no plano físico,
que procurar, a todo custo, satisfaze-los, por vezes como um autômato, sem mais
conseguir ter o controle absoluto sobre suas ações e desejos.
Eles não procuram apenas aqueles que já declaradamente se
entregam aos mais desvairados desatinos, buscam também, os que vivem uma vida
aparentemente normal, com sua família, em seu trabalho, com suas
responsabilidades, mas, que em outras eras, outras oportunidades cármicas, já
foram seus cúmplices e seus associados, aqueles que ainda possuem latente
dentro de si íntimas tendências negativas, mesmo que, por mérito, tentem de
todas as maneiras controlar e impedir que se manifestem, objetivo maior de
todos nós que ainda vivemos este momento de transformação, da luta contínua
entre o bem e o mal.
Os espíritos inferiores, desta forma, procuram através do
assédio, da criação de situações e geração de oportunidades, com conselhos
pérfidos, despertar estas paixões adormecidas, ficando até mesmo felizes quando
conseguem, porque, além de usufruírem o que lhes satisfaz a própria inferioridade,
também fazem com que outros sucumbam, se sentindo satisfeitos por saber que não
estão sozinhos na derrota, no fracasso, na queda, na covardia, no desprezo pelo
bem.
Portanto, tanto na espiritualidade como no plano fisco, tal a
interação que existe entre os dois planos, estamos sujeitos a influências, desta
forma, quando nos decidirmos trabalhar para o bem, teremos condições de
influenciarmos por nossa vez aqueles que de nós se aproximarem, através da
oração, do trabalho mediúnico, das palestras, do estudo, no desprendimento pelo
sono físico e, principalmente, através do exemplo nas situações que vivemos no
cotidiano de nossa existência, ao lutar, ao vigiar, no esforço hercúleo que
devemos fazer para não fraquejar e assim, resistir ao mal, ao inferior, mostrando
para aqueles que sofrem e que ainda se encontrar presos aos seus instintos, que
eles também podem, que são capazes de mudar, precisando para isso, não milagres
ou ações espetaculares, mas, simplesmente, o desejo sincero, o esforço, o trabalho,
se entregando as forças do bem, do amor, do Cristo, transformando, assim, o mal
que acumularam para si, gerando o bem que podem espalhar para os outros,
tornando seu umbral pessoal, um paraíso de luz e amor, com a proteção e a
cooperação dos espíritos superiores, sempre prontos a ajudar aqueles que
desejam ser ajudados, requisito fundamental para dar início a jornada
transformativa em busca da evolução.
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