quinta-feira, 14 de junho de 2018

Escrevendo nosso destino...





Enquanto nos chafurdamos no mal, e focados estamos em vivencia-lo, satisfeitos no falso prazer que ele proporciona, através dos vícios, das paixões inferiores, dos sentimentos negativos, como a vaidade, a cobiça, o orgulho, a sensualidade desregrada, dificilmente encontraremos a paz e o equilíbrio para encetarmos de forma firme e contínua o processo íntimo que nos levará a transformação espiritual para o bem.

Mesmo influenciados por entidades também entregues ao erro, por mais que com elas estejamos sintonizados e sofrendo algum tipo de pressão ou domínio, seremos sempre senhores da nossa razão, e quando não, também foi por nossa própria incúria, nossa própria entrega, que chegamos a este estágio, quando temporariamente perdemos o discernimento e o poder de rechaçar a quem visa nos prejudicar e nos manter sobre seu nefasto jugo.

Da mesma forma que damos acesso à negatividade de energias emitidas por nossos associados inferiores e nossos adversários, estamos sendo constantemente convocados por nossos benfeitores e amigos espirituais para o estudo e a realização de nobres tarefas, quando de diversas formas, através de inspirações ou situações criadas para tal, nos motivam e estimulam a despertarmos para nossos deveres e compromissos, não só com a sociedade, física e espiritual, mas, principalmente, com o nosso próprio destino, para que venhamos a avançar e a produzir a positividade que todos possuímos em estado latente.

Quando entregues ao erro, seja de forma prazerosa ou pelo desprezo do nosso valor como individualidade, nos entregando covardemente as consequências negativas de nossos próprios erros pretéritos, do nosso passado culposo, dificilmente conseguimos o equilíbrio e a fortaleza íntima para enxergarmos as infinitas possibilidades que a vida oferece para que venhamos a modificar nosso campo de ação, o ambiente onde estamos vivendo, acreditando que nada mais poderemos fazer de útil, acreditando que a nossa vida não pode mudar, o que faz com que potencializemos nossa inferioridade em mais nefastos crimes, ou, que nos entreguemos as mãos de entidades dominadoras e pusilâmes, que passam a nos escravizar e seviciar, se aproveitando indevidamente das nossas fraquezas e da nossa indolência.

Uma das portas que estas entidades se utilizam para nos dominar, e controlar é o remorso destrutivo, aquele que faz com que, de forma deliberada, nos entreguemos a dor, ao sofrimento, a confusão mental, quando passamos a achar que, de fato, merecemos ser seviciados, que merecemos sofrer, nos autopunindo, julgando e condenando a nós mesmos, vindo a acreditar nas acusações e no poder daqueles que tomaram para si o nosso julgamento, sejam eles nossas pretensas vítimas, ou simplesmente espíritos oportunistas que veem em nossa fraqueza uma oportunidade de nos utilizar como ferramenta de seus nefandos planos.

Essa situação de dependência moral, de indevida entrega ao sofrimento, a dor, ao medo, a dúvida, oriundo do remorso destrutivo, pode nos afetar, estejamos encarnados ou desencarnados, quando passamos a focar exclusivamente o nosso sofrimento e os fatos que o geraram, fechando nossa mente para os chamados e as orientações das entidades do bem que tentam nos despertar para as reais possibilidades que a vida constantemente oferece de reabilitação, baseados no ensinamento cristão que nos diz que o Pai não quer a morte do pecador, e sim sua salvação, ou seja, Deus não quer nosso sofrimento, mas sim que trabalhemos pela nossa própria reabilitação, assumindo nossas culpas, mas tudo fazendo para corrigir nossos erros, para resgatar nossos débitos, reconciliando-nos com aqueles que prejudicamos, e principalmente, com a nossa própria consciência.

Quando erramos, quando prejudicamos a alguém, quando cometemos crimes, quando nos afastamos do caminho do bem através de vícios e desregramentos, pela inferioridade de nossos sentimentos, o fazemos com as nossas próprias forças, através das nossas decisões e escolhas, por mais que estejamos sendo influenciados, sendo desta forma, únicos responsáveis pelas nossas quedas.

Dentro deste princípio, o caminho de volta, a necessidade de assumirmos nossas culpas, de reconhecermos nossos erros, passa a ser também, de nossa inteira responsabilidade, não cabendo a ninguém mais, nem mesmo as nossas vítimas, o direito de nos julgar ou nos impor fatores condicionantes para o nosso reerguimento, sendo assim a nossa força e a nossa determinação, as principais ferramentas para que venhamos a nos erguer e retornar a jornada rumo a nossa elevação espiritual, tendo sim, o compromisso e a necessidade do resgate de nossas dívidas, do ressarcimento, da corrigenda, mas sempre de acordo com as nossas possibilidades e a nossa capacidade realizadora, tanto que Jesus prometeu que o fardo a carregar para nossa salvação nunca será superior as nossas forças, forçando-nos também a compreender que nada poderá ser deixado para trás, já que teremos que pagar até o último ceitil de nossas dívidas.

Nossas vítimas, assim como nós quando estivermos na posição de credores, podem contestar este princípio, se vendo no direito de cobrar pelo mal que sofreram, porém esta cobrança e este julgamento pertencem apenas a Deus, porque, segundo a lógica da máxima cristã, de quem estiver sem pecado que atire a primeira pedra, só poderiam estes, se existissem, se colocar frente a nós na posição de juízes e algozes, se em sua jornada cármica nunca tivessem cometido erros, se também não tivessem vitimado a ninguém, se também não tivessem inúmeros irmãos do caminho os perseguindo com o mesmo pretenso direito de sevicia-los pelo que lhes fizeram sofrer.

Dentro da lei da reencarnação, da sucessão infinita de vidas, quem hoje é a vítima, ontem pode ter sido o algoz, quem hoje se vê prejudicado, onde pode ter a muitos, também prejudicado, e, talvez, em mais grave grau, sem levar em conta o presente e o futuro, quando ainda não estão livres de saber que poderão vir a cometer mais graves ofensas para com seus irmãos do caminho, do que atualmente o faz se colocar na posição de vítima.

O primeiro passo para nossa recuperação, sem duvida, é o reconhecimento de nossas faltas, é o arrependimento sincero de todo mal e todo erro que cometemos, mas este, deve ser administrado, de forma coerente e equilibrada, atraindo com a sinceridade de nossas intenções, o arrimo e a companhia de nossos benfeitores espirituais, nos dando a possibilidade de resgatarmos nossos débitos auxiliando de forma produtiva a quem prejudicamos, ou quando não houver a possibilidade, vindo a trabalhar e a nos sacrificar para repor de forma positiva o desperdício de energia e de tempo que nossos inconsequentes atos geraram, vindo a pagar os nosso débitos, com o suor, com o sacrifício, com o trabalho produtivo, e, essencialmente, com o amor, sentimento este, que o apostolo garantiu que seria ferramenta maior para cobrir uma multidão de pecados.

Viajores em aprendizado nós todos os somos, o que precisamos ter em mente é que, sempre se fará necessário nos manter no comando de nossos destinos, mesmo que por vezes venhamos a nos entregar a negatividade que ainda se mantém viva está em nosso íntimo, não nos permitindo dominar por nada e nem por ninguém, não admitindo que venham a no ditar imposições ou ordens, não nos entregando, da mesma forma, ao domínio de nenhum sentimento, seja ele a dor, o remorso, a dúvida, o medo, assim como não dando espaço para que os vícios e os falsos prazeres nos tirem a razão e a nobreza de intenções, bastando para que possamos a ela vivenciar que nos mantenhamos vinculados espiritualmente as forças do bem, através do estudo, do trabalho, da fé, e do desejo sincero de encontrar a paz que só o bem proporciona.

O modelo a seguir é Nosso Amado Mestre Jesus, seus exemplos, seus ensinamentos, alicerçados e abalizados em seu evangelho, no relato de seus apóstolos, sendo este ratificado e ampliado pelos preceitos da Doutrina Espírita, que nos traz na lei da reencarnação, da causa e efeito, a visão macro de nossas deficiências, de nossos sofrimentos, das aparentes injustiças que sofremos, onde o nosso passado está intimamente ligado com nosso presente, onde a maioria de nossas alegrias e de nossas dificuldades são consequências daquilo que fizemos no pretérito, são os frutos que estamos colhendo do que plantamos, o que nos faz entender a necessidade do equilíbrio, da compreensão com as necessidades alheias, aceitando que vivemos cada qual em um diferente estágio evolutivo, fazendo com que sentimentos como o perdão e a caridade ganhem força em nosso espírito, abrindo novas possiblidades de conquistas íntimas, nos fazendo entrever o momento em que iremos conseguir deixar para trás nosso pretérito de iniquidades e inconsequências, nos sentindo fortes para avançar sem mais o receio de falir, de mente e coração abertos para novos e relevantes desafios.

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