A
vida humana, desde que tivemos a oportunidade de começar a enxerga-la sob a
ótica espírita, ou seja, compreendendo a eternidade da alma, sendo que seu
início se perde no tempo, de acordo com a lei da reencarnação, das vidas
sucessivas, onde racionalmente temos a certeza que não há morte, não há fim,
mas, apenas uma continuidade de existências, na busca do aperfeiçoamento, da
melhoria íntima, da corrigenda dos erros, no ressarcimento dos débitos, passou a se basear fundamentalmente no
trabalho, na positividade, na evolução, e não mais apenas, como na maioria das
vezes até então, um campo repleto de dificuldades e limitações geradas pelo nosso passado
culposo ou nosso presente inconsequente,com um fim limitado a um inferno eterno de dores ou um céu meramente contemplativo.
Ainda
que hoje tenhamos que enfrentar a dor, se, de fato, compenetrados estivermos no
desejo de transformação espiritual de acordo com os conceitos cristãos, o
fazemos com equilíbrio, com a resignação necessária, sem deixar de lutar para
vencê-la e superá-la, mas conscientes que o tempo para que isso ver a se tornar
realidade irá variar de acordo com nossas necessidades evolutivas, quando,
então, foge da nossa alçada o seu término imediato.
Porém,
desde que conquistamos a este patamar de percepção e conhecimento, normal se
faz que desejemos levar adiante, principalmente, aos nossos entes queridos mais
próximos estes mesmos princípios que vieram clarear nossa mente e acalentar
nosso coração.
Normal
também se faz, entretanto, que encontremos resistência, que encontremos até
mesmo desprezo e escárnio quanto a nossa mudança de postura, a mudança que a
postura espírita cristã exige, principalmente, quando começamos a lutar contra
questões que fazem parte da “normalidade” de nossa sociedade, como o afã
excessivo da conquista dos bens materiais, assim como do poder, da busca do
corpo perfeito, dos valores distorcidos que temos hoje atrelados aos conceitos
de felicidade e sucesso.
Ainda
mais, quando passamos a querer que nossos entes queridos e nossos amigos também
passem a enxergar as ofensas, as perseguições, as agressões, que venham a
sofrer, principalmente aquelas que não se consideram merecedores, como situações
que mereçam ser encaradas e vivenciadas de forma pacífica, não revanchista,
tentando despertar a caridade e a benevolência através do perdão, do
esquecimento das faltas, do respeito as diferenças, aconselhando-os a não
julgar, ou seja, que ajam, de fato, de acordo com os exemplos do Nosso Mestre
Jesus.
Pouco
há de se esperar que venhamos a conseguir caso nossos entes queridos ainda não
estejam dispostos a mudar, a renovar seus sentimentos, ainda mais quando eles
não se consideram em erro, quando eles pensam que estão certos, quando o olho
por olho e dente por dente ainda é a lei que rege suas reações frente a
qualquer mal sofrido, até mesmo quando ainda preferem se entregar a revolta, ao
desespero, ao medo, quando tenham que enfrentar situações adversas na vida,
sejam quais forem suas origens.
Precisamos
relembrar o quanto tempo demoramos para nós mesmos, chegar a este estágio de,
pelo menos, considerarmos a nossa necessidade de mudança, quanto tempo levamos
para reconhecer nossos próprios erros, e quanto tempo demoramos para ligarmos a solução de nossos problemas íntimos às verdades cristãs, e agora ao
seu complemento, os conceitos espíritas.
Fora
os anos durante esta nossa atual existência, que ainda caminhávamos pelo
caminho do erro, precisamos considerar o tempo que levamos em outras oportunidades,
tanto como encarnados como desencarnados, entregues as paixões degradantes, aos
vícios, aos sentimentos negativos, aos instintos inferiores, fazendo com que também
agíssemos de forma contrária a qualquer tentativa de aproximação de nossos
amigos interessados em nos fazer buscar nossa transformação para o bem.
Como
qualquer mudança de postura íntima, fator primordial para que ela venha a se
concretizar é o desejo daquele que precisa mudar, ele tem que tomar a iniciativa,
ele tem que se programar, se disciplinar, e planejar os passos que deseja dar,
os objetivos que deseja alcançar.
Podemos
aconselhar, como somos aconselhados, podemos ajudar, como somos ajudados,
podemos desejar e torcer, como torcem e desejam por nós, mas a mudança real
depende única e exclusivamente de nós, assim como depende dos nossos irmãos do
caminho a sua mudança.
Então,
louvável, que desejemos levar adiante aquilo que recebemos e entendemos ser o
melhor para a nossa evolução, de acordo com os conceitos espíritas cristãos, independente
da instância onde estivermos, encarnados ou desencarnados, ainda mais quando
passamos pela dor e pelo sofrimento para apender, quando assim tentamos fazer
com que eles também não tenham que passar.
Mais
louvável ainda quando este desejo se estende não só aos nossos amigos e entes
queridos, mas, também a todos os nossos irmãos do caminho, principalmente, aos
nossos antigos adversários e inimigos, porém, que o façamos sempre conscientes
das dificuldades íntimas de cada um, compreendendo que todos nós vivemos um
momento único, com suas próprias dificuldades, seus próprios desafios, suas
próprias prioridades, cabendo, então, de nossa parte todo respeito advindo da
caridade, do amor que deve nortear nossos passos, a cada ação que venhamos a
decidir realizar em prol de alguém.
Nem
todos querem ser ajudados mesmo sabendo que precisam, nem todos têm a mínima
noção que precisam de ajuda, por se considerarem certos na sua forma de agir e
de pensar, e nem todos têm atualmente a capacidade perceptiva de compreender a
ajuda que estamos disponibilizando.
Desta
forma, tenhamos muito cuidado com nossas palavras, com nossas ações, sabendo
agir e reagir sempre baseados unicamente nos conceitos do Mestre Jesus, dentro
da amplitude de possibilidades de tarefas que a Doutrina Espírita veio nos
trazer, principalmente, no que tange a reencarnação e aos laços que nos unem
aos nossos irmãos do caminho neste planeta de provas e expiações.
Todo
cuidado é pouco quando se trata de interferirmos na vida de uma pessoa, seja ela
ligada ou não a nós, porém, não devemos desistir, não devemos nos negar, não devemos
nos recolher, porque será sempre pelo homem que Deus socorrerá e instruirá ao
homem, sejamos, assim, sempre instrumentos do bem.
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