Normal
e aparentemente justificável nossas queixas e reclamações quando inúmeros
dissabores, principalmente, quando fogem ao nosso controle, surgem em nossa existência
gerando repercussões negativas, sejam orgânicas, físicas, mentais ou psicológicas,
além daquelas que de alguma forma mexem com nossa paz, com nosso equilíbrio íntimo.
Doenças
graves, acidentes, perdas de entes queridos, fracasso profissional ou
financeiro, desilusões amorosas, traições, entres tantos outros fatos que nos
levam a dor, ao sofrimento, ao desânimo, a revolta, a indignação, ainda mais
quando estes percalços possam também atingir direta ou indiretamente aos nossos
familiares, aos nossos amigos, aqueles que nos são caros e estimados.
Porém,
quando adquirimos a fé raciocinada, o conhecimento através do estudo da Doutrina
Espírita, que como Consolador Prometido por Jesus veio nos reconduzir aos seus
ensinamentos em sua essência, em sua total pureza, longe dos dogmas humanos que
por muitos séculos os desvirtuaram, e até hoje os desvirtuam, passamos a encarar
essas dificuldades sob outro prisma, com um novo olhar, uma nova postura, fazendo
com que reconheçamos que não há efeitos sem causas, que tudo em um determinado
momento teve sua origem, seu fato gerador, e o fato de que agora não compreendamos
o porquê, não significa que não seja estritamente necessário para o nosso aprendizado,
para nossa evolução humana, fazendo parte para a conquista da necessária experiência
para almejar novos e abrangentes estágios, sejam estes expiações, resgates, provas
ou missões que nos caberá realizar para nossa vitória como individualidade.
Fato
é que não basta reconhecer que tudo tem sua razão, não basta apenas termos fé
na Força Maior que nos comanda, para que sejamos firmes e resolutos, para que mantenhamos
em todos os momentos, o equilíbrio íntimo necessário para não esmorecer, não fraquejar,
não desabar, não desalinharmos da rota que escolhemos seguir para conquistar de
forma definitiva nossa transformação espiritual para o bem.
Foram
muitos séculos entregues de forma voluntária as paixões e aos vícios, inúmeras
existências voltadas aos sentimentos inferiores, ao egoísmo, a inveja, a
cobiça, ao orgulho desmedido, a usura, ao preconceito, ao medo, a dúvida, para
que de uma hora para a outra, mesmo que bem intencionados e sintonizados com nossos
benfeitores espirituais, consigamos nos momentos de dor, de desespero, de
perda, da tentação natural no convívio com situações rotineiras em nossa
sociedade moderna, nos mantermos firmemente pautados nos objetivos maiores da
conduta espírita cristã e, consequentemente, não recalcitrarmos, não repetirmos
erros, não reincidirmos em crimes, ainda mais quando se trata da postura, da reação
que assumimos quando defrontados somos com os mesmos motivos que outrora nos
fizeram falir.
Por
esta razão que se torna extremamente necessário que venhamos a nos policiar, a
nos disciplinar, a, como recomendou o Mestre, orar e vigiar, de forma
constante, de forma contínua, sem nos permitirmos à distração, ao descaso, a
displicência, não subestimando a carga negativa que ainda trazemos dentro de nós,
mesmo que nesta encarnação esta carga permaneça adormecida, apenas com repentes
que nos levam a perceber onde estão as nossas maiores dificuldades em relação a
essência de nossa personalidade eterna, e que por vezes, precisa apenas de uma
faísca, de um único segundo de descuido, para que venha a ruir todos os anos
que dedicamos na busca de nos tornarmos, nesta encarnação, um efetivo tarefeiro
da seara do Nosso Mestre Jesus, um efetivo homem de bem.
Não
é, e não será por um bom período ainda, uma tarefa simples, fácil, teremos inúmeros
percalços a superar e a vencer nesse período de transição do inferior para o
superior.
Teremos
inúmeros adversários a vencer, inimigos, associados, cúmplices, da atual ou de
pretéritas existências, estejam eles encarnados ou desencarnados, que desejarão
que permaneçamos no erro, na estagnação, pelos mais variados motivos.
Precisamos,
assim, nos manter firmes e resolutos em nossos objetivos maiores, tendo como maior
obstáculo a transpor, a nós mesmos, o nosso eu inferior, o nosso passado culposo,
e os resquícios mais ou menos fortes de nossas antigas paixões, deixando claro
o quanto nossa determinação se faz necessária para que não venhamos por mais
uma vez sermos derrotados em nossas mais sinceras esperanças de mudança.
Somos
capazes de vencer, essa precisa ser a nossa certeza, porque como prometido, o
fardo que teremos que carregar nunca será superior as nossas forças, confiando
que, quando no caminho do bem, não nos faltará a presença constante de nossos
amigos espirituais, cabendo a nós, através da oração, dos bons pensamentos, das
atitudes corretas, potencializar suas ações em nosso benefício, os fortalecendo
e nos fortalecendo, principalmente, quando maior se fizer a necessidade de superação.
Resignação
não é conformismo, é aceitar e conviver com a dor enquanto nada pudermos fazer
para debela-la, aprendendo e trabalhando para que a cada dia nos aproximemos mais
de nosso objetivo maior, carregando nossa própria cruz, para, como bem
esclareceu Nosso Mestre, podermos segui-Lo rumo as mais altas paragens Divinas.
Que
assim seja!