Por vezes somos nós, que capazes de optar, estejamos encarnados ou desencarnados, escolhemos dificuldades, sacrifícios, renúncias,
situações complexas e mais difíceis de ser superadas, para que, com determinação
e equilíbrio, venhamos a vencer limitações
íntimas, ganhando condições para mais altos voos, maiores possibilidades de
aprendizado, e melhoria de nossa situação atual, seja qual for o momento que vivemos e o objetivo que desejamos alcançar.
Para ingressar em uma faculdade muitas vezes o
estudante precisa abrir mão do lazer; para vencer uma prova no atletismo, o
atleta precisa horas de treino, uma alimentação regrada e uma férrea disciplina
contra abusos de vários matizes; para superar uma doença grave, há situações em
que o enfermo precisa se entregar a um tratamento longo e doloroso, para que venha
a se recuperar e prosseguir sua existência.
Esses são alguns exemplos, no plano físico, de
algumas situações, entre tantas outras, que escolhemos por livre vontade a
dificuldade, o esforço, a dor, a renúncia, para alcançarmos e vivenciarmos
objetivos maiores, visando crescer, sacrificando de alguma
forma o presente para usufruir de benefícios futuros.
Assim também é no plano espiritual quando aspiramos
ou nos é recomendado o retorno a matéria, quando participamos
do nosso planejamento reencarnatório, sugerindo ou acatando sugestões de nossos
mentores, para que venhamos a enfrentar, quando voltarmos, dificuldades, sofrimentos,
fracassos, perdas, limitações, sempre visando a nossa evolução, sejam nossas
necessidades íntimas ligadas a expiações, resgates, provas ou missões.
Muitas vezes, porém, poderemos estar de tal
forma enredados em nossos erros e em nossa inferioridade, que mesmo desejando a
mudança, a renovação, estaremos por demais frágeis, desorientados, distantes da
realidade, não possuindo a capacidade de discernir e escolher por nós
mesmos o nosso destino cármico na nova oportunidade física, sendo então
auxiliados por nossos mentores maiores quanto a elaboração de nosso plano,
quando então eles nos comunicam sobre aquilo que iremos enfrentar, ou, por não
ser o melhor para nossa vitória, até mesmo vindo a nos ocultar, a título de nos
auxiliar e favorecer quanto a execução, as dificuldades previstas para
nossa estadia na carne.
Por vezes esta dor curadora, esta dificuldade, esta
expiação das faltas cometidas, além do ressarcimento das dívidas contraídas, são
planejadas e impostas pela espiritualidade superior até mesmo contra a vontade
do espírito culpado, não tendo a noção nem mesmo que está sendo preparado
seu retorno, tal o grau de obscurantismo que domina seu espírito, tal a entrega
ao mal, ao inferior, sendo para ele a reencarnação basicamente um ato prisional,
em caráter de urgente necessidade, tal o desequilíbrio que gerou para si seus
desregramentos e crimes, muitas vezes, até mesmo, sendo esta medida tomada
visando proteger e defender suas vítimas e seus
subalternos.
Algo é certo, a dor em geral, seja qual for o caráter
que ela assuma em nossa existência física ou espiritual, tem a premissa de ser
favorável a nossa individualidade eterna, visando nosso crescimento, nosso
refazimento, nosso fortalecimento, nossa renovação, sendo salutar, entretanto,
para aquele que sabe sofrer, que sabe suportar de forma heroica e equilibrada,
valorizando e vivenciando a postura cristã, sendo humilde, sendo tolerante,
sendo pacífico, sendo resignado, não se deixando levar pela revolta, pelo medo,
pela dúvida, pelo desânimo, não apontando culpados, mesmo se houver, aprendendo
a perdoar, a relevar, a suportar e superar a adversidade, seja ela qual for, lembrando
os dois ensinamentos do Mestre que justificam sobremaneira a resignação e a
paciência:
- Não há fardo superior as nossas forças;
- Quem quiser ver o Reino dos Céus que carregue sua
própria cruz e O siga.
Vivemos em um planeta de provas e expiações o que,
por si, já deixa claro a necessidade da dor, do sofrimento, da dificuldade para
nele subsistir e evoluir, onde o mal ainda tem uma influência significativa, não
só em nosso ambiente externo, em nossas relações, como também em nosso íntimo,
oriundo de nossas experiências de outras vidas, fato que nos faz merecer aqui
estagiar, quando no passado nos deixamos levar pelos sentimentos inferiores e negativos,
fatos geradores de quaisquer dificuldades que no presente precisamos enfrentar
e superar.
Não há porque sermos privilegiados, não há porque a
dor não nos visitar em diversos momentos de nossa existência sob os mais
variados aspectos, seja nos atingindo diretamente ou a nossos entes queridos,
porque essa é a finalidade atual de nosso planeta e também a nossa, que atualmente
aqui estagiamos, cabendo a cada um a coragem e a força para suportar e superar
o que lhe cabe, não esquecendo o lema que ilumina os passos daqueles que buscam
no Espiritismo as luzes do Consolador Prometido pelo Cristo, que vem a ser:
- Fora da caridade não há salvação!
Desta forma, nós espíritas, precisamos ter a consciência
que, além de superar as nossas dificuldades, precisaremos ter a capacidade de
vivenciar a empatia no mais alto grau, nos colocando no lugar de nossos irmãos
do caminho, não julgando, não atirando pedras, e não condicionando de nenhuma
forma à materialização das oportunidades que surgirem para que venhamos a auxilia-los
em suas dificuldades.
Aprender com a dor e crescer, sempre tendo como objetivo
maior a transformação íntima para o bem, vencendo assim de forma definitiva ao nosso
passado culposo.
Que assim seja!
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