Tudo
depende do nosso equilíbrio espiritual para que conquistemos aos objetivos que
nos propomos alcançar.
Enquanto
o mal, o vício, as paixões inferiores e degradantes nos trazem um mórbido e
efêmero prazer, enquanto estamos aparentemente satisfeitos por neles nos chafurdarmos,
conseguimos manter certo equilíbrio, um possível controle sobre nossa conduta,
sobre nossas escolhas, sobre nossa mente, ainda que estejamos sendo influenciados
por forças afins e negativas, tendo plena liberdade de agir e de pensar,
escolhendo nossas prioridades e definindo nossas necessidades.
Assim,
mesmo no mal e no erro, quando decididos, determinados, dificilmente entidades
espirituais que queiram nos prejudicar, se vingar de algo que as fizemos sofrer
ou alguém a quem amam e protegem, conseguirão com facilidade encontrar uma
brecha para que venhamos sofrer de forma incisiva sua agressividade, sua
vingança, nos mantendo alheios aos seus esforços de nos desequilibrar e
prejudicar.
Isso
não significa que em nossas ações não estamos sintonizados e sendo
influenciados por espíritos inferiores, ainda mais se elas estão claramente vinculadas
a sentimentos negativos.
O
que se passa, na realidade, é que unidos estamos a estes espíritos por afinidade,
por sintonia, por mútua atração, desfrutando de suas companhias por vontade própria,
porque assim o desejamos, mesmo que o domínio que eles tenham sobre nós seja
forte, até mesmo, por vezes, assumindo o papel de comando sobre nossas escolhas.
Da
mesma forma, equilibrados no bem, cientes de nossas responsabilidades, firmes e
seguros em nossas resoluções, ainda que longe da perfeição ou do total domínio
sobre nossos sentimentos negativos, temos, na proteção e no arrimo de amigos e
benfeitores espirituais, também plena condição de resistir ao assédio de forças
inferiores que queiram nos prejudicar, mesmo que estas de alguma forma tenham
sido por nós prejudicadas, em um passado recente ou distante, porque a ninguém
está afeito o papel de juiz, de policial, de verdugo, cabendo a justiça sempre
a Deus, e este, não julga, não condena, e dá plena possibilidade e capacidade
do espírito culpado se redimir, e buscar por sua própria forças e vontade, à sua
remissão, a quitação de seus débitos, a correção de seus erros.
Quando
nos desviamos do caminho do bem são várias as razões que poderão nos levar a reconsiderar
as nossas atitudes e buscar nossa renovação, nossa mudança de postura e de
atitude íntima, mas a maioria delas, indiscutivelmente, precisa passar pelo reconhecimento
e pelo arrependimento de nossas próprias faltas, de nossos desvios, para que
depois, analisando nossas necessidades e nossas dívidas, possamos, acompanhados
por nossos benfeitores, planejar uma forma de virmos em posteriores
oportunidades de estudo e trabalho, quita-las e resgata-las da melhor maneira,
para que venhamos a beneficiar a nós mesmos e ao mesmo tempo, àqueles a quem prejudicamos.
Não
é fácil, entretanto, virmos a encontrar esta conscientização de nossa errônea
postura e, prontamente, iniciarmos o nosso processo de renovação.
Por
vezes, o nosso desequilíbrio momentâneo, poderá dar espaço e potencializar a
força sobre nós, assim como a influência, das nossas vítimas, de nossos adversários,
ou até mesmo de cúmplices e associados, que são contrários ou não creem, a que
venhamos a encontrar a possibilidade de retornarmos ao caminho do bem, quando,
então, passam a nos monitorar e buscar nos direcionar aos mesmos desvarios que
em um passado recente nos entregávamos, não admitindo que nos isolemos de seus
convívios, potencializando qualquer sentimento que venha a nos fazer fraquejar,
seja através de tentações, ou outros subterfúgios, até mesmo o remorso destrutivo.
O
importante para eles em um primeiro momento, para não perderem a ascendência sobre
nós, é que venhamos a perder o controle sobre nossas escolhas e ações, manipulando
nossos desejos, ou agravando sentimentos inferiores como o medo ou a dúvida, até
mesmo nos fazendo acreditar que somos devedores, criminosos, que precisamos de
punição, que merecemos ser seviciados, perseguidos, que precisamos sofrer
porque fizemos com que os outros sofressem, lhes dando assim, indevidamente, o
direito, a possibilidade, a autorização, para que dominem nossa vontade, nossa
existência, nos entregando ao seu domínio.
“Quem
estiver sem pecado que atire a primeira pedra”.
Jesus
foi claro ao determinar que só poderia julgar, só teria o poder de condenar e
impingir a pena como verdugo, como carrasco, utilizando-se das próprias mãos
para corrigir uma aparente injustiça, aquele que nunca também tivesse feito mal
a alguém, que nunca tivesse sido o criminoso, que nunca tivesse sido o
agressor.
O
interessante, sobre esta condição imposta pelo Cristo, é que hoje, como em sua época,
aquele que está plenamente quite com sua consciência, é também aquele, que a
ninguém julga, que a ninguém condena, que tem plena capacidade de perdoar, ou
de pedir perdão quando necessário, não alimentando em si sentimentos como o orgulho,
a vaidade, ou o mais grave deles, o egoísmo.
Muitos
podem afirmar categoricamente, e talvez até estejam certos, que nesta
existência, em nenhuma oportunidade, tenha agido com intenção de prejudicar ou
lesar a ninguém, ainda mais aquele que atualmente o prejudica e que o faz
sofrer, porém, como cristão, como espírita, deve estar consciente, que está em um
mundo de provas e expiações, onde os sentimentos inferiores ainda prevalecem e
predominam na grande maioria dos corações da nossa humanidade, o que o levará a
crer, e é fato, que também não está isento, decorrente de outras existências,
de erros, de crimes, de débitos pessoais a serem quitados, a serem ressarcidos,
onde existe até mesmo a possibilidade de seu atual algoz, em sua aparente inocência,
tenha sido, em existência anterior, sua vítima, aquele a quem prejudicou, e
talvez, até mesmo, com maior gravidade.
“Perdoar
não apenas sete, mas setenta vezes sete.”
Esta
é a melhor fórmula para que não venhamos a nos emaranhar em erros ainda maiores
pelo fato de não aceitarmos os sofrimentos que estejam sendo a nós impostos por
irmãos do caminho, e nesta concepção de perdão, se faz necessário que
aprendamos, principalmente, a perdoar a nós mesmos, a reconhecer que somos
falíveis, que podemos errar, reconhecendo assim também o dever de perdoar e
entender os erros do próximo, sem tentar julga-los, condena-los, deixando a isso
a quem de direito, as leis humanas, e quando não, as leis divinas, as quais ninguém
escapa.
Se
nós erramos, se a algo ou alguém prejudicamos, se cometemos crimes e desvarios,
temos plena condição de buscar a renovação, a transformação, quitando débitos,
ressarcindo dívidas, e para isso, se faz, realmente, necessário o
arrependimento sincero, a análise e o reconhecimento dos crimes cometidos, o
planejamento para corrigi-los e ressarci-los.
Está
ação, entretanto, deverá ser feita sempre com equilíbrio, nos protegendo e amparando
na fé, na certeza que o Pai olha por nós, que poderemos contar com a proteção e
o apoio de benfeitores espirituais, que precisaremos, sim, de muito esforço, de
enfrentar dificuldades, talvez sofrimentos, dores, com extrema necessidade de
renúncia, de esforço, de disciplina, mas tudo isso, não a título de punição,
mas, sim, por consequências naturais de nossos atos, de nossas escolhas, por se
tratar de colheita natural daquilo que plantamos, daquilo que geramos para nós
com nossos atos, com nossas escolhas.
Mesmo
que enfermos, mesmo que reconhecidamente culpados, precisamos, desta forma,
manter o mínimo de equilíbrio possível para buscar nossa transformação espiritual,
cientes que ninguém, nem mesmo nossas vítimas, têm ou detém o poder ou a autonomia
de nos punir, de nos perseguir, de nos prejudicar, ainda mais, porque elas
também devem ter suas pendências espirituais, também devem ter aqueles a quem
prejudicaram.
Viver
no bem, estudar, trabalhar, ser paciente, amoroso, tolerante, caridoso,
humilde, pacífico, corajoso, amar ao próximo como a si mesmo e a Deus sobre
todas as coisas, tudo isso já basta para angariarmos proteção, arrimo, amizades
sinceras e eternas, sem correr o risco de nos ver enredados em processos
obsessivos, em perseguições, em associações indébitas.
Tudo é questão de escolha, de firmeza nas intenções, de desejos sinceros, sendo os artífices de nosso destino, e que este destino seja no Cristo, que seja no eterno bem.
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