sábado, 28 de agosto de 2021

RECONCILIAÇÃO!





RECONCILIAÇÃO! 

 

    Perdoar não sete, mas, setenta vezes sete!

    Quem estiver sem pecado que atire a primeira pedra!

    Oferecer a outra face!

    Reconciliar com o inimigo enquanto estiver no caminho com ele!

    Essas são apenas algumas passagens evangélicas, onde os ensinamentos e exemplos cristãos deixam claro à necessidade de focarmos na paz, no entendimento, no perdão, no não julgar para não ser julgado, pois, se a isso fizermos, daremos abertura para sermos julgados pela mesma medida.

    Sempre que um espírito se deixa levar por seus sentimentos inferiores, suas paixões degradantes, seus vícios, mesmo que tenha boas intenções, suas escolhas e ações tendem a fazer com que, em seus relacionamentos, venha a prejudicar ou, de alguma forma, magoar ao próximo, seja nas suas relações mais íntimas com entes queridos e amigos, seja nas interações mais distantes, no trabalho, no lazer, no cotidiano diário.

    Em inúmeras situações de nossa existência no plano físico, a lei da causa e efeito se faz presente, de forma inexorável, e isso em nada programado ou regrado em termos de recompensas ou punições, mas, unicamente, pela premissa que toda ação, gera sempre uma reação, geralmente acompanhada com as consequências positivas ou negativas de acordo com o que foi criado pela individualidade eterna.

    Se vivemos em um mundo de provas e expiações, natural que o sofrimento, a dificuldade, a violência, a desonestidade, os problemas, a dúvida, o medo, a intolerância, a raiva, a traição, a agressividade, o menosprezo, a cobiça, a usura, a sexualidade desregrada, o sensualismo acerbado, entre tantos outros vícios de conduta que caracteriza o gênero humano se façam presentes, e em significativa intensidade.

     Se há inferioridade, haverá sempre má intenção, e consequentemente, alguém que esteja sendo prejudicado, e alguém que esteja a outrem prejudicando, vítimas e algozes, agressores e agredidos, onde aquele que tenha mais força, mais energia, mais determinação, acaba ao final sempre se prevalecendo sobre os demais, de um jeito ou de outro.

     Inegável que há espíritos, encarnados e desencarnados, que anseiam em ser melhores, e muitos deles são, enquanto, que outros estão em constante batalha para vencerem suas próprias imperfeições, lutando dia a dia para serem pessoas do bem e viverem dentro das leis que regulam a sociedade em que vivem, despertando todos os dias sem a intenção de fazer o mal à ninguém.

  Porém, quem de nós poderá afirmar categoricamente, por mais que estudemos e vivenciemos os ensinamentos espiritas cristãos, que não reagiremos a provocações ou agressões de forma igual e proporcional ao que sofrermos, ainda mais se essas ações tiverem por objetivo prejudicar aqueles a quem amamos e que, frágeis, ainda não sabem ou não conseguem se defender sozinhos?

  Como vimos no início do nosso estudo, os ensinamentos cristão são em boa parte direcionados a compreensão do mal alheio, mesmo que este nos atinja, e isso, sem fatores condicionantes, ou seja, e em resumo, amar ao próximo como a nós mesmos, independente do que ele nos faça, de nossa parte caberá apenas ama-lo.

    Infelizmente, nosso orgulho, nossa vaidade, nossa indignação exacerbada, nossa revolta, nos leva a crer que, por nos considerarmos vítimas, por estarmos com a razão ou a lei humana ao nosso lado, temos direito de nos colocar no papel de juiz, ou melhor, de policial, de promotor, de juiz, e até mesmo de verdugo, independente do que tenhamos sofrido, das circunstâncias que envolveram as situações, dos motivos que levaram nossos agressores a assim agir, e dos fatos geradores.

    E é exatamente esta conduta aparentemente baseada no direito humano, que nos afasta da postura divina, e, consequentemente, nos igualando em posição àquele que de alguma forma nos prejudicou, pois, em nenhuma hipótese o Cristo dá o direito a reações agressivas, de nos colocar no direito de julgar e tomar a justiça pelas próprias mãos.

   Processos obsessivos, perseguições espirituais, que, por vezes, atravessam fronteiras entre o físico e o espiritual, se arrastando por mais de uma existência, são escopo para continuadas recapitulações, entre agressores e vítimas, em uma alternância de posições que acaba por estagnar a evolução dos envolvidos, os prendendo em uma simbiose negativa e depressiva, infelizmente, por muitas vezes, arrastando com eles muitos cúmplices e associados dos seus desatinos.

Os envolvidos, que têm por característica principal a incapacidade de perdoar, de relevar, de esquecer as ofensas e compreender que ninguém é perfeito, não conseguem perceber que são os maiores prejudicados, e os maiores culpados pela própria situação que enfrentam, pois apesar de sofrerem, sem conseguir crescer e se libertar das amarras que os mantém na inferioridade de sentimentos, não são inocentes, pois não há vítimas, não há agressores, há só a resistência em amar, em se entregar a humildade cristã, em aceitar as próprias imperfeições, em baixar a cerviz e não mais gerar a guerra, mas buscar a paz, independente de quem tenha razão, porque na verdade, no mal, no inferior, ninguém a tem.   

Alguém precisa dar o primeiro passo rumo a reconciliação, ao entendimento, a desistência da guerra, a renúncia da desforra, e será vencedor aquele que o fizer, que reconhecer seus erros e buscar à remissão, independente se o outro lado queira ou não também terminar o conflito, porque, afinal, cada um é responsável apenas por si mesmo, por sua própria história, seu próprio destino.

Que sejamos nós, quando em conflitos com nossos irmãos do caminho, os primeiros a perdoar e a pedir perdão, a reconhecer erros e aceitar diferenças, em valorizar a humildade e a caridade de aceitar as ofensas e oferecer a outra face.

Que sejamos nós.

Nenhum comentário:

Postar um comentário