Praticamente todos os cultos e religiões da Terra, desde as
mais remotas até as mais atuais, baseiam-se na reta conduta, no realizar o bem,
evitar o mal, com castigos e punições para aqueles que desviam dos seus
preceitos e normas de conduta e recompensas para os que agem de forma correta e
de acordo com o ideal religioso que defendem e acreditam.
Jesus Cristo veio até nós para traduzir todo esse bem,
dinamizando-o através de seus ensinamentos e exemplos, revertendo antigas
concepções, trazendo toda a pureza e a grandeza do poder inquestionável do amor
absoluto e amplo, ensinando a perdoar aos inimigos e com eles nos reconciliarmos
enquanto no caminho terrestre, aprendendo a reconhecer os próprios erros,
buscando na caridade, no respeito, na humildade, encontrar o verdadeiro caminho
que leva a remissão de todas as faltas e a novas oportunidades de encontrar a
porta que franqueará a evolução espiritual. Não mais o olho por olho e dente
por dente e sim o amor incondicional, a tolerância, a paz, a igualdade, a
fraternidade, a humildade.
Ainda hoje o Mestre não é unanimidade, vários povos e religiões
não admitem sua superioridade, sua representatividade divina perante a
humanidade, preferindo se prender a leis e a dogmas antigos, não acompanhando a
evolução gradativa para o bem, a lógica das necessidades da inteligência,
fazendo com que as descobertas científicas minem aos poucos seus conceitos, afastando
seus discípulos e seguidores, fazendo com que o número de fiéis diminua e os
que permanecem, infelizmente, passam a agir de forma reservada ou fanatizada,
perdendo a oportunidade de melhorar, de progredir, preferindo um combate inconsequente
e irreal, em vez de buscar aliar a moral, a religiosidade, a espiritualidade, à
ciência.
Isso, infelizmente, acontece também como diversas frentes
religiosas que tem o Cristo como parâmetro para seus conceitos, quando preferem
monopolizar seus ensinamentos, traduzindo-os e incorporando-os de acordo com
seus interesses imediatos e geralmente mesquinhos, apequenando o sentido real
da missão do Mestre, deixando de levar aos seus seguidores toda a amplitude conceitual
do amor a Deus a ao próximo como a si mesmo, de não fazer a ninguém o que não
querem que façam para eles e fazer para os outros, tudo aquilo que gostariam
que os outros lhes fizessem.
Difícil hoje em dia para aqueles que se dizem cristãos
seguirem seus ensinamentos, principalmente, os que vão de encontro com seus
interesses individuais ou contra princípios que alimentam baseados no orgulho,
na vaidade, no preconceito social ou racial, tão vivo ainda entre as populações
do mundo moderno.
Difícil alguém não sorrir incrédulo ou destilar criticas e
comentários desairosos quando solicitado que ofereça a outra em face à quem lhe
feriu, que perdoe não sete, mas, setenta vezes sete, que não julgue para não
ser julgado, que não atire a primeira pedra caso também tiver algum erro de que
se envergonhe.
Muitos se intitulam juízes, censores, acusadores, ao mesmo
tempo que buscam numerosas justificativas para isentarem seus erros e suas
quedas, sempre olhando a palha no olho do irmão do caminho e não enxergando uma
trave nos seus, sempre valorizando os títulos, as riquezas, as posições
sociais, o poder, em detrimento a bondade simples do samaritano, a pobre viúva
que contribuiu com o que tinha, a simplicidade, a humildade, a pobreza honesta,
a sinceridade, a ética, o respeito, a moral, menosprezando aos que se
apresentam ante sua pretensa superioridade com os pés descalços e com a sua roupa
surrada, rindo dos que mal sabem ler e escrever, dos que mal sabem falar duas
palavras seguidas de forma correta, ou que nada conheça de seus modernos
aparelhos tecnológicos.
Preferem a força à bondade, a riqueza à honestidade, a
esperteza à sinceridade, quando o bom passa a ser visto como um fraco e aquele
que tem fé e acredita em Deus como um pobre coitado, preso a velhas superstições.
Infelizes, ingratos, inconsequentes, vaidosos e orgulhosos
demais para admitir a justiça e a bondade divina, os ensinamentos, os exemplos,
a renúncia e o sacrifício do Mestre Jesus, e todo seu esforço para que
compreendessem o único caminho, a única verdade, que poderá os levar a real
existência e a jornada evolutiva para qual, todos estão destinados, que tem o
bem como premissa e o amor como unicidade de sentimento.
A bondade do Cristo, sua superioridade inconteste frente a
todos os demais seres que povoaram e povoam atualmente nosso planeta,
encarnados ou desencarnados, vem se afirmar com o advento prometido do
Consolador, através do Espiritismo, da Doutrina trazida a todos pelo esforço e
dedicação de valorosos trabalhadores que em Seu Nome, vieram ao plano físico
para implanta-la e explana-la, entre eles, Allan Kardec, seu Codificador, que
com sua disciplina, sua coragem, seu discernimento, sua humildade, sua
imparcialidade, sua inteligência, sua lógica irrefutável, conseguiu reunir e
organizar todos os preceitos que vieram completar e explicar o que o Mestre
Jesus, quando de sua passagem pela Terra, não pode claramente expressar, devido
a ignorância dos homens do seu tempo.
Agora sabemos e compreendemos que a morte não existe; que os
castigos e as punições variam de acordo com nossa culpa e são impostos por
nossa própria consciência, que somos nós que determinaremos o tempo e a
intensidade com que os sofreremos; sabemos, também, que tanto o sofrimento
quanto o mal, não são eternos, irremediáveis, que durarão exatamente o tempo
que levar para compreendermos que somos artífices do nosso destino e que está em
nossas mãos a oportunidade de remissão, de corrigenda, de transformação, da
correção de nossos erros, do resgate de nossas dívidas, aprendendo a auxiliar aos
que prejudicamos, perdoando aos que nos prejudicaram, aprendendo e trabalhando
para que através do amor, consigamos cobrir uma multidão de pecados e com isso crescermos,
evoluirmos, caminhando para frente, sem mais a desilusão das penas eternas, do
sofrimento infinito, sem demônios, sem infernos, mas com a companhia daqueles
que com quem nos juntamos por afinidade, por cumplicidade, por necessidade, até
encontrarmos de forma definitiva o caminho que nos levara ao bem, ao recomeço, na
certeza que nunca a porta estará fechada, bloqueada para aquele que, com
vontade, com esforço, com coragem, com determinação, reconheça sua inferioridade
e busque, sinceramente, sua superioridade, almejando o máximo, já que é o
máximo que Deus, nosso Pai, possibilita a cada uma de suas criaturas.
Somos e seremos sempre os heróis e os vilões de nossa existência,
nós que determinaremos se vamos sofrer, se vamos conquistar, se vamos destruir,
se vamos realizar, se vamos amar ou odiar, se seremos amados ou odiados, se teremos
amigos ou inimigos, vivendo de acordo com o que criarmos para nós mesmos,
colhendo exatamente sempre o que plantarmos, de acordo com nossas escolhas, com
nossas decisões.