Os benfeitores espirituais que nos auxiliam e orientam, tem
responsabilidades definidas, obrigações previamente assumidas junto a várias
frentes de trabalho no plano espiritual, não podendo ficar, portanto, a nossa
disposição, como amas-secas, prontos para satisfazer nossos desejos e vontades
ou nos proteger, sempre que, irresponsáveis, coloquemos nossa vida em perigo ou
não cuidemos devidamente de nosso corpo físico. Se eles têm, como uma de suas
tarefas, cumprir um plano de serviço ao nosso lado, devemos estar cientes que sua
energia e seu tempo são valiosos, são por demais importantes, e que, por responsabilidade
com o plano maior, não podem e nem devem desperdiça-los conosco, quando insistimos
em agir e reagir como crianças mal educadas e teimosas, insistindo em não
aproveitar preciosas oportunidades de aprendizado e trabalho que visam nossa
transformação e nosso crescimento espiritual, quando, impensadamente,
escolhemos por renegar as possibilidades que nos são ofertadas.
Não é justo que oneremos ainda mais aqueles que nos amam, que
nos auxiliam e nos orientam sem nada de produtivo apresentar como reação, como
retorno, para que seus esforços em nos ajudar sejam coroados de êxito,
recompensados.
Insistindo em errar, em recalcitrar, em nos entregar
voluntariamente aos vícios, as paixões degradantes, aos sentimentos negativos,
nada podemos ou devemos esperar da espiritualidade superior, apesar de que, sempre
dela lembrarmos e recorrermos, quando as consequências de nossas
inconsequências começam a surgir, a nos afrontar, quando a vida começa a nos
cobrar pelos atos e decisões equivocadas que perpetramos contra nós mesmos,
contra o próximo e contra a sociedade onde vivemos, aquela nos acolheu para
mais uma experiência cármica.
Se não podemos ainda agir inteiramente de acordo com os
preceitos espíritas, com os conceitos cristãos, devemos, no mínimo, ter e
demonstrar respeito, consideração, por aqueles que procuram nos auxiliar na espiritualidade,
como o fazemos, ou pelo menos, deveríamos fazer com nossa família e nossos amigos
no plano físico, nos propondo ao menos tentar, se este é nosso desejo,
minimizar as decisões ainda não absolutamente baseadas no bem, revendo sempre
nossas ações, avaliando o caminho que estamos traçando e nos esforçar para
superar os obstáculos internos e externos que ainda nos mantém em desacordo com
nossas necessidades de crescimento e melhoria espiritual.
Temos que demonstrar o respeito aos nossos amigos e benfeitores
espirituais como o fazemos com nossos amigos e benfeitores encarnados, quando
presentes em nossas atividades no centro, quando em atividades assistenciais,
onde assumimos uma postura de acordo com o que as outras pessoas de nosso
convívio esperam de nós.
Difícil de imaginar que compareceríamos nestas atividades mal
vestidos, sem cuidar da higiene, com gestos relaxados, desrespeitosos,
demonstrando má vontade, preguiça, tédio, ainda mais se essas pessoas merecem
de nossa estima uma especial deferência, por suas qualidades, por sua educação,
por sua superioridade moral.
Muitos podem estar questionando no que isso pode exemplificar
quanto a necessidade de vigiarmos nossa postura, nossas atitudes, objetivando o
respeito devido aos nossos benfeitores espirituais, porém, é fácil compreender,
quando consideramos que nossos amigos nos visitam constantemente e o fato de
não podermos visualiza-los junto de nós, não significa que lá eles não estejam.
Desta forma, se somos espíritas, se buscamos, de fato, nosso melhoramento e
crescimento, nossa transformação, se esperamos o apoio e o auxílio da
espiritualidade superior para alcançarmos êxito em nossas aspirações, temos que
ser espíritas e nos portar como tal, sempre, em qualquer situação, no lar, no
trabalho, na rua, no lazer, porque se não gostaríamos de parecer mal-educados,
agressivos, vaidosos, egoístas, displicentes, preguiçosos, hipócritas,
indolentes, frente aos nossos amigos de doutrina, também, e muito mais, assim
deveríamos desejar e agir, frente aos nossos amigos espirituais, que podem
estar quando e onde quiserem, não apenas nas horas que estamos no centro, nas
atividades doutrinárias, podendo ver, de fato, não quem queremos que pensem que
somos, mas, sim, quem somos na realidade, e quando isso constatam, só não nos
abandonam, indignados, assustados ou decepcionados pelo que veem, porque já
possuem o discernimento, a compreensão, o amor, a caridade, para relevar nossos
erros e esperar, pacientemente que cresçamos e assumamos de vez a postura de
quem deseja ser e viver como espirita, como cristão, como um homem de bem,
ficando a vergonha do fracasso, do erro, da falsa posição, para nós mesmos, quando
mais cedo ou mais tarde compreendermos que, por mais que estejamos enganando as
pessoas de nosso convívio e por vezes a nós mesmos, nunca iremos enganar ou iludir,
aqueles que na espiritualidade superior velam por nós e nos acolhem em seus
braços, em seu arrimo, em seu amor.
Orai e vigiai, é sempre o melhor caminho, a melhor forma de
nos mantermos dentro da disciplina exigida para a conquista espiritual. Sejamos
nossos maiores juízes, nossos maiores censores, buscando na seriedade, no
esforço, na cobrança contínua, alijar de vez os instintos inferiores, os
vícios, as paixões, lutando contra toda negatividade em nossos atos, em nossas
palavras, em nossos pensamentos, em nossos sentimentos, policiando-nos para que
com o tempo consigamos conquistar um novo patamar, onde o bem, o amor, o
respeito o sentimento cristão se tornem algo natural e constante em nossa
existência, para que em nossas novas experiências cármicas possamos não apenas
receber o amparo de nossos benfeitores, mas, principalmente, retribuir e passar
adiante tudo que recebermos deles e de
Nosso Amado Pai, à todos nossos irmãos
do caminho que ainda não conseguem compreender, como hoje ainda, efetivamente, não
compreendemos.
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