segunda-feira, 30 de junho de 2014

"O Consolador" - Arte








Interessante trecho do Livro "O Consolador", do autor espiritual Emanuel, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, onde ele responde algumas perguntas sobre "Arte"


161 – Que é arte?


A  arte  pura  é  a  mais  elevada  contemplação  espiritual  por  parte  das  criaturas. Ela significa a mais profunda exteriorização do ideal, a divina manifestação  desse “mais além” que polariza as esperanças da alma.  O  artista  verdadeiro  é  sempre  o  “médium”  das  belezas  eternas  e  o  seu trabalho,  em  todos  os  tempos,  foi  tanger  as  cordas  mais  vibráteis  do sentimento  humano, alçando-o da Terra para o Infinito e abrindo em todos os caminhos a ânsia  dos corações para Deus, nas suas manifestações supremas de beleza, de sabedoria,  de paz e de amor.


162 – Todo artista pode ser também um missionário de Deus?


Os  artistas,  como  os  chamados  sábios  do  mundo,  podem  enveredar, igualmente,  pelas  cristalizações  do  convencionalismo  terrestre,  quando  nos  seus  corações não palpite a chama dos ideais divinos, mas, na maioria das vezes, têm sido grandes missionários das ideias, sob a égide do Senhor, em todos os departamentos  da atividade que lhes é próprios, como a literatura, a música, a pintura, a plástica. Sempre que a sua arte se desvencilha dos interesses do mundo, transitórios  e  perecíveis,  para  considerar  tão  somente  a  luz  espiritual  que  vem  do  coração  uníssono  como  cérebro,  nas  realizações  da  vida,  então  o  artista  é  um  dos  mais  devotados missionários  de Deus,  porquanto saberá penetrar  os  corações  na  paz  da  meditação e do silêncio, alcançando o mais alto sentido da evolução de si mesmo e  de seus irmãos em humanidade. 



163 – Pode alguém se fazer artista tão só pela educação especializada em  uma existência?



A  perfeição  técnica,  individual  de  um  artista,  bem  como  as suas  mais  notáveis características, não constituem a resultante das atividades de uma vida, mas  de  experiências seculares  na  Terra  e  na  esfera  espiritual,  porquanto  o  gênio,  em  qualquer sentido, nas manifestações artísticas mais diversas, é a síntese profunda de  vidas  numerosas,  em  que  a  perseverança  e  o  esforço  se  casaram  para  as  mais  brilhantes florações da espontaneidade. 



164 – Como devemos compreender o gênio?




 O  gênio  constitui  a  súmula  dos  mais  longos  esforços  em  múltiplas  existências de abnegação e de trabalho, na conquista dos valores espirituais.  Entendendo  a  vida  pelo seu  prisma real, muita  vez  desatende  ao  círculo  estreito da vida terrestre, no que se refere às suas fórmulas convencionais e aos seus  preconceitos,  tornando-­se  um  estranho  ao  seu  próprio  meio,  por  suas  qualidades  superiores e inconfundíveis.  Esse  é  o motivo  por  que  a  ciência  terrestre,  encarcerada  nos  cânones  do  convencionalismo, presume observar no gênio uma psicose condenável, tratando-­o,  quase sempre, como a célula enferma do organismo social, para glorifica-lo, muitas  vezes, depois da morte, tão logo possa aprender a grandeza da sua visão espiritual na  paisagem do futuro. 




165 – Como poderemos  entender o psiquismo dos  artistas, tão diferente  do que caracteriza o homem comum?




O  artista,  de  um modo  geral,  vive  quase sempre mais na  esfera  espiritual  que propriamente no plano terrestre.  Seu  psiquismo  é  sempre  a  resultante  do  seu  mundo  íntimo,  cheio  de 
recordações infinitas das existências passadas, ou das visões sublimes que conseguiu  apreender nos círculos de vida espiritual, antes da sua reencarnação no mundo.  Seus sentimentos  e  percepções  transcendem  aos  do  homem  comum,  pela  sua riqueza de experiências no pretérito, situação essa que, por vezes, dá motivos à falsa apreciação da ciência humana, que lhe classifica os transportes como neurose  ou  anormalidade, nos seus  erros  de interpretação. É  que,  em  vista  da sua  posição  psíquica  especial,  o  artista  nunca  cede  às  exigências  do  convencionalismo  do planeta, mantendo-­se  acima  dos  preconceitos  contemporâneos, salientando que,  muita vez, na demasia de inconsiderações pela disciplina, apesar de suas qualidades  superiores, pode entregar-­se aos excessos nocivos à liberdade, quando mal dirigida  ou falsamente aproveitada.  Eis  por  que,  em  todas  as  situações,  o  ideal  divino  da  fé  será  sempre  o antídoto dos venenos morais, desobstruindo o caminho da alma para as conquistas  elevadas da perfeição. 




166  –  No  caso  dos  artistas  que  triunfaram  sem  qualquer  amparo  do mundo e se fizeram notáveis tão só pelos valores da sua vocação, traduzem suas  obras alguma recordação da vida no Infinito?




As  grandes  obras-­primas  da  arte,  na  maioria  das  vezes,  significam  a  concretização  dessas  lembranças  profundas.  Todavia,  nem sempre  constituem  um traço  das  belezas  entrevistas  no  Além  pela  mentalidade  que  as  concebeu,  e  sim recordações de existências anteriores, entre as lutas e as lágrimas da Terra.  Certos  pintores  notáveis,  que  se  fizeram  admirados  por  obras  levadas  a  efeito sem os modelos humanos, trouxeram à luz nada mais nada menos que as suas  próprias recordações perdidas no tempo, na sombra apagada da paisagem de vidas  que  se  foram.  Relativamente  aos  escritores,  aos  amigos  da  ficção  literária,  nem  sempre as suas concepções obedecem à fantasia, porquanto são filhas de lembranças inatas,  com  as  quais recompõem  o  drama  vivido  pela sua  própria individualidade  nos séculos mortos.  O mundo impressivo dos artistas tem permanentes relações com o passado  espiritual, de onde eles extraem o material necessário à construção espiritual de suas  obras. 



167 – Os grandes músicos, quando compõem peças imortais, podem ser também influenciados por lembranças de uma existência anterior?




Essa  atuação  pode  verificar-­se  no  que se  refere  às  possibilidades  e  às tendências,  mas,  no  capítulo  da  composição,  os  grandes  músicos  da  Terra,  com  méritos  universais,  não  obedecem  a  lembranças  do  pretérito,  e  sim  a  gloriosos impulsos das forças do Infinito, porquanto a música na Terra é, por excelência, a arte  divina.  As  óperas  imortais  não  nasceram  do  lodo  terrestre,  mas  da  profunda  harmonia do Universo, cujos cânticos sublimes foram captados parcialmente pelos  compositores do mundo, em momentos de santificada inspiração.  Apenas  desse  modo  podereis  compreender  a  sagrada  influência  que  a  música  nobre  opera  nas  almas,  arrebatando-­as,  em  quaisquer  ocasiões,  às  ideias indecisas da Terra, para as vibrações do íntimo com o Infinito. 




168  –  Os  Espíritos  desencarnados  cuidam  igualmente  dos  valores  artísticos no plano invisível, para os homens?



Temos  de  convir  que todas  as  expressões  de  arte na Terra representam traços de espiritualidade, muitas vezes estranhos à vida do planeta.  Através  dessa  realidade,  podereis reconhecer  que  a  arte,  em  qualquer  de  suas  formas  puras,  constitui  objeto  da  atenção  carinhosa  dos  invisíveis,  com  possibilidades outras que o artista do mundo está muito longe de imaginar.  No  Além,  é  com  o  seu  concurso  que  se  reformam  os  sentimentos  mais impiedosos,  predispondo  as  entidades  infelizes  às  experiências  expiatórias  e  purificadoras. E é crescendo nos seus domínios de perfeição e de beleza que a alma  evolve para Deus, enriquecendo-­se nas suas sublimes maravilhas. 



169 – A emotividade deve ser disciplinada?



Qualquer  expressão  emotiva  deve ser  disciplinada  pela fé,  porquanto  a  sua  expansão  livre,  na  base  das  incompreensões  do  mundo,  pode  se fazer  acompanhar de graves consequências. 




170  – Com tantas  qualidades superiores  para  o  bem,  pode  o  artista  de  gênio transformar-­se em instrumento do mal?




O  homem  genial  é  como  a  inteligência  que  houvesse  atingido  as mais  perfeitas  condições  de técnica realizadora;  essa  aquisição,  porém, não  o  exime  da  necessidade de progredir moralmente, iluminando a fonte do coração.  Em  vista  de  numerosas  organizações  geniais  não  haverem  alcançado  a  culminância de sentimento é que temos contemplado, muitas vezes, no mundo, os talentos mais nobres encarcerados em tremendas obsessões, ou anulados em desvios  dolorosos,  porquanto,  acima  de  todas  as  conquistas  propriamente  materiais,  a  criatura deve colocar a fé, como o eterno ideal divino. 




171  –  De  modo  geral,  todos  os  homens  terão  de  buscar  os  valores  artísticos para a personalidade?




Sim; através de suas vidas numerosas a alma humana buscará a aquisição  desses patrimônios, porquanto é justo que as criaturas terrenas possam levar da sua  escola  de  provações  e  de  burilamento,  que  é  o  planeta,  todas  as  experiências  e  valores, suscetíveis de serem encontrados nas lutas da esfera material. 




172 – Existem, de fato, uma arte antiga e uma arte moderna?




A arte evolve com os homens e, representando a contemplação espiritual  de  quantos  a  exteriorizam,  será  sempre  a  manifestação  da  beleza  eterna,  condicionada ao tempo e ao meio de seus expositores.  A  arte,  pois, será sempre  uma só,  na sua riqueza  de  motivos,  dentro  da  espiritualidade infinita.  Ponderemos, contudo, que, se existe hoje grande número de talentos com a  preocupação  excessiva  de  originalidade,  dando  curso  às  expressões  mais  extravagantes  de  primitivismo,  esses  são  os  cortejadores  irrequietos  da  glória  mundana que, mais distanciados da arte legítima, nada mais conseguem que refletir  a perturbação dos tempos que passam, apoiando o domínio transitório da futilidade e  da  força.  Eles,  porém,  passarão  como  passam  todas  as  situações  incertas  de  um  cataclismo,  como  zangões  da  sagrada  colmeia  da  beleza  divina,  que,  em  vez  de  espiritualizarem  a  Natureza,  buscam  deprimi-la  com  as  suas  concepções  extravagantes e doentias. 



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