Reunidos
em uma mesma família, cada um de nós é uma individualidade cósmica, com características
próprias, e nossa forma de agir, mesmo sendo, por vezes, similar com os outros
membros do grupo, devido a educação e a vida em comum, devido a transmissão de
valores durante o crescimento, ratificada pela afinidade espiritual que possa
existir, nos levará a interagir de acordo com nossa postura íntima,
diferenciada e marcada por nossas experiências em vidas passadas, de acordo com
nossas escolhas, nossos ideais, sentimentos que traçam naturalmente uma linha
divisória real entre os componentes da mesma família, o que fará com que cada
um siga seu caminho independente dos demais, o que não significa, necessariamente,
que não se poderá manter a união, já que é exatamente no respeito as diferenças
que se formam os mais firmes laços afetivos.
Diferenças
de gostos, de ideologia política, religiosa, de personalidade, na forma de
encarar os problemas, na manifestação dos sentimentos, inúmeras características
pessoais que diferenciam entre si membros de um mesmo grupo, de qualquer grupo,
e, principalmente, o familiar.
O
mais importante, independente da forma com que cada um escolhe viver, é o
respeito, a amizade, a fraternidade, o carinho, o desejo de ajudar, o amor, a
sincera admiração que deve um sentir pelo outro, porque com estes sentimentos
vivenciados e valorizados, todas as diferenças serão aceitas, mesmo que venham
a ser contra os princípios de um dos demais componentes do grupo, quando todos aprendem
a agir sempre em prol da harmonia em comum, formando um todo coeso, onde todos
se apoiem, se valorizem, se protejam, sem desejar impor fórmulas de felicidade,
formas absolutas de se viver, ainda mais se estas estiverem presas a dogmas e
tradições familiares, quando passa a se pensar mais na aparências, nos costumes
até então vividos, do que no real aproveitamento da potencialidade que cada um
trás dentro de si, e que naturalmente difere, de alguma forma, do todo familiar.
De
todas as diferenças, uma das mais difíceis de administrar e respeitar dentro de
um círculo familiar se refere as diferenças de caráter religioso, sendo uma das
que exige uma dose maior de respeito e de amor, onde muitos se deixam prender
pelo radicalismo de ideias, desprezando aqueles que não pensam como eles,
tentando impor-lhes sua forma de pensar a título de os “salvar” do mal, de sofrimentos
maiores, de um futuro sombrio.
Infelizmente,
ainda existem lares onde difícil se torna a aceitação por parte de seus membros,
das escolhas que diferem daquelas que, o senso comum, resolveu determinar como sendo
as “normais”, as “tradicionais”.
Difícil,
ainda hoje em dia, que pais evangélicos venham a aceitar filhos que queiram se
tornar espíritas, umbandistas, da mesma forma que pais espíritas venham a
aceitar naturalmente que seus filhos venham a querer se tornar evangélicos, ou
judeus, ou ateus e materialistas. Difícil até mesmo entre casais, como quando
um dos membros, o marido ou a mulher, por circunstâncias inúmeras, venha a se
interessar por uma corrente religiosa diferente da do outro, querendo que este
também venha a mudar ou que aceite sua mudança sem objeções, ainda mais quando
da aceitação desta religião, se faça necessária a mudança de hábitos, de
costumes, como no exemplo de não mais querer frequentar festas, bailes, ou
mudar a alimentação, e com isso, consequentemente, queira se esperar uma
transformação radical na postura e na forma de viver, até então considerada
normal pelo casal.
Natural,
que aquilo que em nossa visão achamos ser o correto, também o desejemos para os
nossos entes queridos, o que faz com que venhamos a pressionar para que eles
também mudem, ou pelo menos nos deem ouvidos, ouçam o que temos a dizer, o que
temos a propor, atitude que no fundo é válida, se realmente é nosso desejo sincero
que venham a desfrutar a alegria e o equilíbrio que julgamos ter encontrado em nossa
escolha.
O
que precisamos entender é que não temos o direito de impor nossa opinião, nossa
forma de pensar, porque ninguém é detentor da verdade, porque nem sempre o remédio
que curou a nossa doença será aquele que irá curar a do nosso irmão do caminho,
mesmo que a enfermidade seja a mesma, porque existem inúmeras particularidades
que fazem com que uma pessoa reaja a determinado tratamento de forma diversa
que a outra, isso se tratando de doenças do corpo, o que se dirá então de dificuldades
íntimas da alma.
Temos
o dever de buscar sempre o melhor para nós e para nossa família no que se
refere ao nosso lar, e esse melhor deve estar condicionado ao que cada um
aspira e sonha para a sua própria existência.
Ideias
e sentimentos não se impõem, são frutos íntimos e decorrentes da experiência de
vida, do que cada um trás dentro de si, de suas necessidades, de suas prioridades,
dos sues desejos e sonhos.
Quando
nossos filhos são pequenos, ainda não têm a capacidade e o discernimento de
decidir e escolher por si mesmos seus destinos, temos a obrigação natural de orienta-los
e educa-los, porém, quando eles crescerem, mesmo que tenhamos nossos sonhos
íntimos sobre o que consideramos ser o
“melhor” para eles, em relação a relacionamentos, a profissão, a religião, a
postura, serão unicamente eles mesmos que irão decidir e escolher, de acordo
com suas tendências, suas intenções, seus desejos, aquilo que consideram ser o
melhor, cabendo-nos sim, orienta-los e aconselha-los, mas acima de tudo, respeita-los
a aceita-los, independente do que decidirem para suas vidas, assim como nós
mesmos desejamos constantemente que os outros nos respeitem quanto as nossas
escolhas e decisões.
O
importante dentro de um lar, de uma família, sejam seus membros de uma mesma
frente religiosa ou não, sejam eles espíritas, católicos, judeus, budistas,
materialistas, é que, na essência, todos vivam de acordo com o sentimento
cristão. Que todos alimentem o respeito, a caridade, a sinceridade, a amizade,
que todos vivam, em suas diferentes escolhas e opções, no caminho do bem, da
fraternidade, da igualdade de direitos e deveres, que todos busquem o
entendimento, a paz, e que se unam nos mais fortes laços do Amor.
Quando
uma família é forte e unida, independente de qualquer tipo de diferença, seus
membros também estarão fortalecidos para encarar de frente o mundo e suas dificuldades,
seus desafios, porque aqueles que vivem em um lar onde impere a humildade e o
amor, tratarão a todos, seja em seu trabalho, no seu círculo de amizades, no lazer,
com os mesmos nobres sentimentos que formam seu caráter, levando por onde
passar, nos seus exemplos, nos seus atos, toda positividade que adquiriu na
convivência pacífica e amorosa junto aos seus, sendo-lhe natural respeitar e
aceitar cada um que vier a conhecer e conviver da forma que é, sem julga-lo,
sem rotula-lo, sem tentar impor suas ideias, sem excluí-lo de seu convívio apenas
porque não pensa e não vive de acordo com seus padrões ou seus costumes.
Nossa
jornada é longa, ao olhar para trás vemos aqueles que ainda cometem hoje os mesmos erros que
cometíamos há tempos já vencidos e olhando para a frente, vemos irmãos que já
conquistaram aquilo que ainda duvidamos que um dia iremos conseguir conquistar,
mas com certeza, sem fórmulas e sem métodos infalíveis, o que podemos afirmar é
que, se olharmos a ambos com amor, mais fácil e gratificante se fará o caminho
que nos falta a percorrer, no bem, sempre no bem.
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