Muitos são os que deixam de acreditar
em Deus, o que prova que na verdade nunca tiveram a fé raciocinada de Sua existência,
quando se afastam de suas religiões, de suas crenças, por não aceitarem e não
se conformarem com aparentes injustiças que venham a ocorrer consigo mesmo, ou na
sociedade onde vivem, como doenças, desgraças, crimes, como o desencarne
inesperado de pessoas queridas, quando chegam a equivocada e temerária conclusão
que, com tanta dor, com tanto sofrimento, com a constante vitória do mal contra
o bem, do forte sobre o fraco, que Deus não pode existir, e se existisse, seria
um ser atípico, por permitir inúmeros abusos e catástrofes que veem atingir pessoas
“inocentes”, da mesma forma que existe o erro daqueles que Nele creem, e consideram
sua a “vingança”, quando esta mesma dor atinge a quem eles consideram “culpados”,
sejam individualidades ou coletividades.
Essa “desistência” de Deus, da
religiosidade, ocorre, principalmente, porque a maioria das religiões se baseia
na criação da alma juntamente com o corpo, o que sendo verdade, realmente levaria
a concluir, aos que se preocupa em raciocinar e não aceitar nada cegamente do
que tentem lhe impor, como um Deus de bondade e amor, Criador de todas as
coisas, poderia permitir que diariamente acontecessem tantos disparates, tantas
injustiças, ainda mais pelas enormes diferenças que caracterizam o nascimento e
a vida dos seres humanos, onde passa a ser totalmente desproporcional a capacidade
de conquista da felicidade entre pobres e ricos, fortes e fracos, sãos e enfermos,
perfeitos e deficientes, entre aqueles que nasceram no berço de uma família
amorosa, e aqueles que foram abandonados pelas mães em vielas ou sarjetas.
Realmente, os que foram ensinados a
crer que temos apenas uma existência, e que nossa alma foi criada juntamente com
o corpo em nosso nascimento físico, quando não fanatizados por seus dogmas ou
acomodados com sua existência ao ponto de não se preocupar com questionamentos
sobre quem somos, de onde viemos, e para onde iremos, tem todo o direito de
questionar o porquê de tantos aparentes privilégios, de parcialidades, tantas
vantagens para alguns em detrimento a situação precária de outros tantos, isso
quando as situações independem de escolhas ou atitudes próprias.
Difícil se faz, para quem assim pensa e
foi criado, compreender e aceitar que Deus, que um Pai, que um Ser Supremo, não
tenha em suas infinitas qualidades e em toda a potencialidade, a Bondade, a
Justiça, a Sabedoria e o Amor!
Por este motivo, ao estudarmos e
conhecermos o Consolador Prometido por Jesus, o Espiritismo, passamos gradativamente
a dirimir estas naturais dúvidas, pois este veio exatamente aclarar e explicar
o que o Mestre, na época que esteve entre nós, só o pode fazer por parábolas,
por nossa própria incapacidade intelectual e cultural, fato que ainda nos dias
de hoje ocorre, não só com aqueles que não o conhecem ou não aceitam, como também,
por seus seguidores que ainda insistem em desvirtuar seus ensinamentos e exemplos,
de acordo com seus desejos imediatos e suas prioridades inferiores e materiais.
O Espiritismo, trazido até nós pela plêiade
de Espíritos Superiores que secundaram Allan Kardec quando do período da Codificação
da Doutrina, nos fez aliar fé e razão, o sentimento com a lógica, dando a
explicação plena e sensata sobre todas essas aparentes disparidades, ratificando
a infinita bondade e justiça divina, através dos conceitos da pluralidade de
mundos, das existências físicas, da lei da reencarnação, da causa e efeito, na
compreensão que todos fomos criados iguais, em ignorância e habilidades, com as
mesmas oportunidades iniciais, os mesmos objetivos incrustados em nosso íntimo,
em nossa consciência humana, com a capacidade idêntica de discernir, de utilizar
o livre arbítrio para determinar nosso destino, o caminho que desejamos seguir,
sendo ele composto de nossos atos, não de recompensas e punições, mas sim, de
consequências, de reações naturais, de colheita exata de acordo com aqui que
plantamos durante nossa existência eterna.
O cego, o pobre, o doente mental ou físico,
o ignorante, a vítima de traição, do abandono, mesmo que não saibam a razão
imediata de sua desdita, passa a compreender que tudo aquilo que independe de
sua vontade e de sua capacidade de realização, provavelmente está ligado ao seu
passado recente ou remoto, que sua condição atual de vítima não o faz inferior
ou superior a ninguém, sendo apenas mera consequência daquilo que gerou para
si, passando a encarar com naturalidade e coragem os revés da vida, se
fortalecendo para que, no caminho do bem, suporte e supere a toda e qualquer adversidade,
tirando sempre o melhor de sua situação e de tudo que a vida lhe oferece,
vivendo de forma otimista, alegre, mesmo que rodeado de limitações, de dor, de
sofrimento, como vemos o fazer inúmeros irmãos do caminho que são exemplos
vivos e anônimos, de fortaleza moral, da fé em Deus e nas forças superiores que
os acompanham em seus destinos no plano físico ou espiritual.
Ignorar e desprezar a existência
divina, ao poder inconteste Daquele que criou e que governa o mundo, ao universo,
querer questionar sua bondade, sua parcialidade, é típico daquele que prefere
ainda se esconder atrás do seu orgulho, de sua vaidade, de seu egoísmo, de sua
incapacidade de aceitar que existe algo a ele superior e que não tem condição
de explicar em sua plenitude, como os sábios da época que riram e questionaram
a Galileu sobre o fato da Terra girar em torno do sol e de si mesma, e não o
astro rei ser aquele que se movimenta e a circunda, quando em resposta, ele foi
simples e objetivo, podem rir, podem desprezar, podem me agredir, prender ou
violentar, entretanto ela gira, e nada e nem ninguém a impedirá ou mudará a
este fato.
Assim, ateus, cientistas dogmatizados,
falsos religiosos, podem tentar negar, questionar, dominar, modelar, no entanto,
e de forma incontestável e insofismável, Deus existe, e ainda o é, por nossa
pequenez, desconhecido, podendo ser visto apenas pela nossa parca percepção humana
em sua obra, em tudo aquilo que não é criação humana, como o homem, a natureza,
o mundo, o universo, e o que mais que a nossa vã filosofia possa apreender.
Se um simples mortal, um simples átomo
frente ao Universo tem a capacidade de Amar em toda sua plenitude e essência,
como tentar questionar, rotular, imaginar, ao que vem a ser o Criador, tentando
imputar a Ele nossas imperfeições, imaginando um Ser Supremo com todas as míseras
qualidades humanas, fazendo-o um ser vingativo, parcial, rigoroso ao extremo,
favorável a este ou aquele, a uma ou outra religião.
A Religião é criação do homem, o
sentimento religioso, em toda sua pureza, baseado unicamente no Amor, é criação
Divina, cabendo a cada um de nós encontrá-lo, a este sentimento, sabendo de
antemão onde ele se encontra, vivo, exatamente guardado dentro de nós, do nosso
próprio coração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário