Preocupados com a nossa transformação espiritual,
quando encarnados, após já termos adquirido os conhecimentos básicos que a
Doutrina Espírita nos oferece, podemos nós, aspirantes a tarefeiros do Espiritismo, ao
analisarmos, com equilíbrio, com serenidade, com seriedade, com discernimento,
nossa personalidade, nossos anseios íntimos, nossas necessidades, nossas prioridades,
nossos objetivos, nossas dificuldades, às situações que criamos ou que venham
surgir de forma inesperada, vindo a alterar de modo significativo o rumo que vínhamos
dando a nossa existência, quais são, genericamente, nossos compromissos cármicos,
aqueles que trouxemos de outras vidas, aquilo que precisamos aprender,
realizar, promover, alcançar, sofrer, corrigir, resgatar, modificar, vivenciar,
provar, nesta nova oportunidade que no corpo físico, na matéria.
Ter a acuidade de perceber e separar o
que geramos e criamos por impulso, por ações originárias unicamente do nosso
presente, daquilo que já trazemos conosco em nossa bagagem de outras experiências
reencarnatórias, aquilo que precisa ser lapidado, testado, conquistado, providenciado.
Os desejos íntimos, os medos, as tendências
inferiores e de realização positiva, os gostos, as preferências, tudo que possa de certa forma nos esclarecer, senão, totalmente,
pelo menos ao ponto de nos orientar e direcionar quais devam ser, de fato,
nossas necessidades e prioridades, para que assim não venhamos a correr o risco
de novamente, como invariavelmente vem acontecendo, virmos a nos desviar da
rota que nós mesmos podemos ter traçado, ou nossos benfeitores espirituais
quando da nossa incapacidade, antes de reencarnarmos, vindo a desperdiçar
assim, mais uma vez, nosso tempo, nossas energias, o aval de nossos protetores
espirituais, que acreditaram, assim como nós, que desta vez não nos deixaríamos
enredar pelas nossas próprias imperfeições, para que não retornemos a
pátria espiritual, novamente carregados de nossa negatividade, ou ainda mais presos
a ela, devido a possibilidade de nossa inconstância vir a gerar ainda mais
pesados débitos.
Inúmeros são agentes norteadores que trazemos conosco
sobre nossas necessidades cármicas, auxiliando-nos para que possamos detectá-las
e estudá-las, quando aprendemos a ver quais são as nossas maiores dificuldades,
as nossas maiores deficiências, não só físicas, como mentais, sentimentais,
espirituais, onde várias são as vezes onde nos vemos em dificuldades ou para
elas somos arrastados, sem que nada aparentemente tenhamos feitos para tal, situações
onde independe a nossa vontade e a nossa ação, mas que se tornam rotineiras,
nos exigindo uma dose maior de energia, de tempo, de reações imediatas, fazendo
com que venhamos a ser testados, postos a prova, mexendo com nosso íntimo, nos levando a escolhas que passam a ser decisivas
para nosso avanço ou nossa estagnação durante mais esta existência terrestre.
Tentações, sucessos, fracassos, tristezas, alegrias,
ganhos, perdas, provocações, tudo pode vir contra as nossas maiores deficiências,
as nossas maiores dificuldades íntimas relativas a nossa renovação espiritual,
onde muito delas, prazerosas, ilusórias, passam a ser as mais difíceis de ser
suportadas, vivenciadas e superadas, tal o grau de influência que possuem ainda
na nossa personalidade, precisando de pouco, por vezes de uma única interação
para que venhamos a nos enredar novamente em nossos erros e voltar a falir.
Mesmo após anos de estudo e de trabalho na seara espírita,
por exemplo, se temos dificuldade de conviver com nossa impetuosidade, com
nossa impaciência, se nossa personalidade já traz em si estes sentimentos em desequilíbrio,
poderemos em um simples encontro fortuito, onde surja uma rusga, uma provocação,
uma ofensa, como em um desentendimento no trânsito, algo tão comum hoje em dia,
nos descontrolar ao ponto de agredirmos ou virmos a ser agredidos mortalmente
por nosso opositor, dando uma guinada intensa em nossa existência, seja qual
for a nossa posição no conflito, gerando repercussões tais que não afetaremos
apenas a nós mesmos e a nossa jornada evolutiva, mas a de todos entes que de nós são
dependentes, ou que deles dependamos, assim como também os do agressor, gerando
uma modificação significativa na expectativa de sucesso de vários planejamentos
reencarnatórios.
Um simples ato, uma simples escolha, uma simples reação
indevida, um minuto, um segundo de descuido, de invigilância, em um único
exemplo entre vários de situações onde seremos postos a prova sobre nossas tendências
inferiores, nossas dificuldades, com aquilo que trazemos de negativo originários
da formação de nossa personalidade eterna até os dias de hoje.
Analisando com desvelo e seriedade nossa personalidade,
aprendemos a ver e detectar quais são os nossos desvios de personalidade e
sentimentos que mais temos dificuldade de renovar e transformar para o bem,
desde que este seja o nosso objetivo, desde que não sejamos conformados que “somos
assim mesmos”, “que nascemos assim”, “que nosso pai ou nossa mãe era assim”, posturas
cômodas e adequadas quando preferimos nos manter exatamente como somos, tirando
partido ou nos entregando indevidamente as imperfeições que ainda alimentamos
dentro de nós, que de um modo ou de outro acabam por nos fazer desviar ainda
mais de nossos objetivos maiores, quando focados estivermos em nossa ascensão
espiritual.
Como já dissemos impaciência, intolerância, assim
como também a inveja, a cobiça, a sensualidade deseducada, o orgulho, a
vaidade, a preguiça, o medo, a dúvida, a entrega a vícios, o preconceito, são
alguns dos sentimentos e deles decorrentes situações, que nos mostram quais são
as nossas tendências íntimas, aquilo que trazemos enraizado a nossa
personalidade e que serviram de pedra de toque para anteriores fracassos em
outras existências, que nos impossibilitaram de mais altos voos, de almejarmos a
mais importantes e valorosos desafios, preocupados apenas com aquilo que por
vezes muito nos representa, mas que na verdade nada ou quase nada nos
acrescenta como individualidade eterna.
O combate as nossas tendências inferiores, as nossas
paixões degradantes, aos mais simples sentimentos negativos que nos atrapalham
a ascensão, deve ser, se essa é a nossa sincera intenção, de forma gradativa,
mas contínua, exigindo disciplina, estudo, trabalho, detectando quais são nossas
maiores dificuldades e sobre elas agindo para que não mais venham a nos
atrapalhar em nossos objetivos maiores, vigiando nossos atos, nossas palavras,
nossos pensamentos, sempre sobrepondo um sentimento e um desejo positivo quando
ameaçados formos pelo nosso passado, por aquilo que trazemos conosco em nosso íntimo,
não se preocupando em eliminar, mas sim em transformar, modificando toda
energia que trazemos em nós, assim não a desperdiçando ou a tolhendo, mas a
direcionando com toda sua força para a positividade de ações e reações que nos
levarão definitivamente a avançar e a superar este estágio no qual a renovação
se faz presente e necessária.
O erro ainda se fará presente por inúmeras vezes no
decorrer da nossa jornada, pois quem trabalha, que age, quem busca novos
horizontes, quem estuda, estará sempre propenso a falhar, a não conseguir
atingir plenamente aos seus objetivos, porém o que vale, e o que devemos manter
sempre acesa, é a nossa intenção, aquilo que nos motiva a vencer, a realizar,
e essa intenção sempre que baseada no bem, no amor, nos exemplos cristãos, nos
fará avançar, aprendendo com os fracassos a melhor forma de continuar a
atingir aos nossos sucessos.
Quando no bem, teremos à nossa volta, em uma
simbiose constante de energias, os nossos protetores e amigos espirituais, da
mesma forma que a eles se agregarão os amigos daqueles a quem viermos
beneficiar, aumentando a força realizadora, a rede de proteção contra as influências
inferiores, tanto as que trazemos ainda dentro de nós, como aquelas oriundas
dos que ainda tentam nos prejudicar ou aliciar para seus desatinos, muitos inconformados
de nos verem finalmente determinados a não mais falir, a vencer dentro dos
objetivos maiores da evolução humana.
A cada um será dado segundo suas obras, sejamos então
bons e constantes tarefeiros do bem, assim como o fardo a suportar nunca será superior às
nossas forças, tratemos então de não mais buscar desculpas e justificativas, e no amor, finalmente e de forma irrevogável, avançar e crescer.
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