A
dignidade, o carinho, a boa vontade, o auxílio, o amor, podem estar em qualquer
lugar, tendo como instrumento qualquer pessoa, qualquer um que tenha desejo de
ser útil, de servir, e acima de tudo, responsabilidade para cumprir seus
objetivos cármicos, já que o bem é a meta
principal de todos nós, mesmo que muitos ainda a isso não assimilem e
compreendam.
Maior
se torna esta perspectiva, quando nos referimos aos condutores de almas, quando
aqueles que os buscam, independente da frente religiosa que representam, o
fazem na busca da paz, do equilíbrio, do conhecimento, da fé, do refrigério
sobre as dificuldades e dissabores que enfrentam, sejam eles físicos ou espirituais,
que anseiam por um lenitivo aos seus sofrimentos, ou para entes queridos dos
quais são arrimo, onde quem está capacitado para doar, se sincero em suas
intenções, termina sempre por ser o mais beneficiado, recebendo continuamente
maiores possibilidades de trabalho e aprendizado.
Não
há religião que alicerçada na Bondade e Justiça Divina em sua essência, que
baseie seus conceitos na concórdia, no entendimento, no respeito, no amor, na
necessidade de agirmos no bem para colhermos o bem, que não seja um farol a clarear
o caminho para inúmeros seres que buscam ávidos um entendimento maior de sua existência,
uma fé que os sustente nos embates da vida, que lhes deem a certeza que a resistência
ao mal, ao erro, aos desregramentos e vícios, traz em si a perspectiva que maiores
e melhores frutos serão colhidos em um futuro de realizações e conquistas.
Padres,
pastores, rabinos, pais de santo, monges, dirigentes espíritas, médiuns, todos
podem e devem agir sempre com o objetivo de apoiar e incentivar que seus seguidores,
seus discípulos, seus companheiros de doutrina, encontrem um caminho seguro
para o equilíbrio íntimo, para a valorização de sentimentos nobres, para a
civilidade e o respeito no proceder, para a tolerância pelas diferenças, para a
liberdade de expressão, dando a garantia do questionamento, da compreensão dos
princípios que regem sua frente religiosa, da participação efetiva, e não simplesmente objetivando a manipulação, a imposição, o desejo de controlar e administrar a fé alheia,
como se seus seguidores não tivessem a capacidade de entender e aceitar de forma
lógica e racional os princípios e os conceitos básicos que formam sua religião.
Se
não existe essa possibilidade, se o dogmatismo impositivo é a forma pela qual
os condutores de almas desejam incutir em seus seguidores o que vem a ser o
certo e o errado, acende-se o alerta em referência a pureza doutrinária daquilo
que está sendo tratado e passado, pois, na maioria das vezes, infelizmente, os
que comandam, nestas situações, baseiam suas ações em desejos escusos,
sombrios, ligados mais aos seus interesses próprios, mesmo que agindo de boa fé,
levados pelo orgulho, pela vaidade, pela prepotência de serem os detentores únicos
da verdade.
Não
podemos confundir, entretanto, em nenhum momento a Religião com as pessoas que
as conduziram e que hoje conduzem, porque todas as frentes, em sua essência
conceitual, pregam a paz e o amor, ainda que com variantes decorrentes da época
em que foram trazidas, e o que difere ao longo do tempo, são as pessoas que as
conduzem, que as representam, onde os valores temporais e materiais geralmente
se sobrepõem ao bem que todas elas trazem em si, quando se desvirtua o ideal
para atender a interesses meramente carnais.
Assim
ocorreu e ainda hoje ocorre com todas as frentes religiosas, umas mais ou menos
atingidas, variando a época e o local, algo que, infelizmente, a Doutrina Espírita
não escapa, tanto que hoje vemos subdivisões em seu corpo doutrinário, com
diferentes frentes, onde tanto uma parte como outra julga deter a verdade, a
pureza doutrinária, esquecendo que o próprio Codificador asseverou que o
Espiritismo era uma ciência, uma religião ainda nascente, construída, sim, sob bases
sólidas, mas com ainda muito a oferecer em relação ao conhecimento e informação
para que cada vez mais o ser humano se aproxime de sua real
capacidade realizadora como individualidade universal.
Se
há de se defender a pureza doutrinária, que se o faça de acordo com a Codificação
Espírita como um todo, em suas obras básicas, assim como os relatos completos
dos onze anos aos quais à Revista Espírita esteve sob o comando de Allan Kardec,
e não ratificando erros que outras religiões já cometeram de a ela se referir
apenas nos pontos que estejam de acordo com a nossa forma de pensar e de agir,
gerando automaticamente dogmas, quando passamos a querer impor o certo e o
errado, subtraindo o direito inalienável que cada um tem de, por si, estuda-la,
compreende-la, e tirar suas próprias conclusões, isso, claro, desde que a
intenção do estudioso seja de fato sua evolução espiritual e o caminho do bem.
Além
do estudo completo do conceitual já existente da Codificação Espírita e das
obras sérias que à complementam, o aprendiz, o seguidor, o tarefeiro, precisa
também seguir a mesma postura que caracterizou a elaboração do Espiritismo por
parte do Codificador, ou seja, manter a mente aberta para novos conhecimentos,
novas informações, nada aceitando a priori, sem a devida avaliação individual e
conjunta, mas também não rejeitando a tudo que surja por não constar no corpo
de Doutrina, sem a devida atenção, o devido estudo, a compreensão sincera do
que lhe está sendo apresentado, porque assim esperava Kardec que o fizesse os
detratores e críticos do Espiritismo nascente, que o condenavam e zombavam sem
conhecimento de causa, sem ter dedicado seu tempo ao estudo sério, a compreensão
do que estava sendo exposto, como ele mesmo o fez com tudo que surgia como novidade
ou como ciência, tanto que em seus relatos vemos muitas vezes ele, a princípio, se interessar por teorias, as quais, depois, com um mais aprofundado estudo,
reconhecia-se em erro, rejeitando-a, assim como muitas vezes após a negação
inicial, ser convencido da veracidade dos fatos.
O
Codificador valorizou sempre acima de tudo o livre arbítrio, a liberdade de
questionar, de duvidar, de buscar respostas e explicações racionais e lógicas,
e isso fazia até mesmo ao lidar com espíritos reconhecidamente superiores que
participaram da elaboração da Codificação Espírita, para isso basta ler com
atenção O Livro dos Espíritos.
Os
Condutores de Almas, do Espiritismo e de todas as frentes religiosas, aqueles
que tomam para si a responsabilidade de levar o conceito e a pureza de
sentimentos que sua Doutrina possui, são corresponsáveis por tudo que incutirem
de positivo e de negativo na mente e no coração de seus seguidores, sendo suas
intenções, sua sinceridade no proceder, o ideal que o sustenta e o estimula,
fatores principais para que venha a ter êxito naquilo que escolheu para si, da
mesma forma que cada seguidor é responsável também por sua postura, do quanto é
sincero em seus desejos quando se aproxima de uma frente religiosa, quais são,
de fato, suas necessidades e prioridades, que ali está para buscar lenitivo,
conhecimento, paz, equilíbrio, ou apenas para satisfazer seu ego, suas paixões
mesquinhas, seus sentimentos inferiores, escondido atrás da capa de uma religião.
Somos
todos, condutores e seguidores, seres falíveis, ainda em processo franco de
transformação, de renovação, sendo assim de fundamental importância que busquemos,
como prioridade, focar toda nossa intenção e desejo no bem, nos exemplos dos
que representam cada uma das frentes religiosas.
Para
nós espíritas, é o Nosso Amado Mestre Jesus o farol maior a nos mostrar o
caminho a seguir, seus ensinamentos, seus exemplos, e como lema, adotemos o da
Doutrina, que diz que fora da caridade não há salvação, porque a caridade, em
sua essência, é a materialização do amor, sentimento único que um dia unirá a
todos os povos e religiões.
Que
assim seja!
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