Nosso
atual estágio evolutivo, com exceção daqueles que agem deliberadamente no mal, é
de espíritos endividados presos a débitos pretéritos, a erros de um passado culposo,
e ainda frágeis nas resoluções do bem, na renovação da postura íntima, indecisos
na prática de atos corriqueiros ou importantes, nas tomadas de decisão e escolhas,
claudicantes em nossos pensamentos e intenções, arrastados que somos muitas
vezes ainda por nossos instintos inferiores, nossos sentimentos negativos,
ainda que como espíritas, hoje, já estejamos empenhados em estudar e trabalhar
para sermos pessoas melhores.
Acostumados
e aprisionados, devido há séculos de quedas, a prazerosa sensação que
os vícios e os desregramentos proporcionam, mesmo atualmente convictos
de nossa necessidade de renovação espiritual, de cometimento, de uma vida
regrada e pacífica junto aqueles a quem amamos, poucos são os que conseguem se manter,
de forma plena, fiéis aos princípios que intentam esposar, ainda mais em um
mundo como o de hoje, em que as facilidades de interação e de intercâmbio com
um número variados de pessoas, além do que é oferecido pela sociedade a título
de sucesso e prazer, facilmente os leva a considerar “normal” uma variedade
enorme de situações e atos que, na verdade, nada mais são que fatores de
potencialização para os manter afastados dos reais valores éticos e morais que
formam a personalidade de um homem de bem, de um tarefeiro cristão.
Não
há meio termo, Jesus foi claro a expressar que devemos dar a César o que é de César
e a Deus o que é de Deus, cabendo cada um assim determinar para si com quem está
mais comprometido, de acordo com os pertences que acumular para si, se serão os
ligados a matéria e as sensações físicas, quando passará a se reportar diretamente
a César, ou se intelectuais e espirituais voltados ao bem maior, se reportando assim
intimamente a Deus, e as Forças Maiores do Bem que O representam.
Vivemos
no mundo inseridos em suas necessidades e prioridades, isso exatamente porque
temos uma forte ligação com ele, com a sociedade e com as pessoas de nosso
relacionamento, devido aos nossos atos e escolhas pretéritos, quando nosso
equilíbrio íntimo, nossa consciência, nos exige construtivamente que venhamos a
buscar retificar e saldar todos os débitos contraídos e todas as dissenções
geradas quando agimos levados unicamente por nossa natural inferioridade, isso
quando já temos a capacidade e a vontade de nos avaliarmos, de nos questionarmos,
de buscarmos por nossa própria iniciativa e desejo, a uma transformação que vislumbramos
ser possível quando do trato mais íntimo com amigos e benfeitores espirituais
que já superaram esta fase a qual hoje estamos passando, quando atingimos assim
este momento de transição, onde não mais estamos satisfeitos com o que fomos e
somos, passando a considerar e deliberar o que precisamos conquistar para
galgar a mais altos desafios de nossa existência eterna.
Tudo
que nos prende de forma negativa ao nosso passado, seja através de
relacionamentos ou de situações, são fatores inibidores de mais altos voos, não
por imposição Divina, mas sim, por limites impostos por nossa própria consciência,
como se fossemos convidados para uma festa de gala onde estarão as pessoas que
mais amamos e admiramos, onde seremos recebidos com alegria e desvelo, mas que
nos recusamos a comparecer devido a precariedade do nosso traje e de nossas
condições higiênicas, situação que nós mesmos criamos, e isso não porque eles não
nos aceitaram assim, mas porque nós mesmos, em nosso íntimo, assim não queremos
comparecer diante deles.
Aquele
que deseja se libertar de sua inferioridade, de acordo com os conceitos espíritas
cristãos, não tem para isso novas fórmulas ou novas soluções, o Caminho ainda é
o mesmo que o do passado, de quando os avanços tecnológicos ainda não se
impunham como hoje o fazem.
Se
vivemos um período de novas descobertas no plano físico, a solução para a nossa
vitória espiritual ainda é a mesma que há dois mil anos atrás, é viver o amor
em sua plenitude, é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si
mesmo, é perdoar não sete, mais setenta vezes sete, é nos reconciliar com nosso
inimigo enquanto com ele estivermos a caminho, é não julgar para não ser julgado,
e também compreender que fora da Caridade não há salvação.
Devemos
viver de acordo com as leis humanas que regem a nossa sociedade, com o fruto de
nosso trabalho honesto, na busca das conquistas que ela nos oferece, porém, se
não renovarmos a nossa forma de agir, de falar, de pensar, e essencialmente, de
sentir, de nada valerá nossa existência para nossa evolução como individualidade
eterna, prosseguiremos estacionários em nossas mais relevantes necessidades, ou
apenas com frágeis e imperceptíveis vitórias, provavelmente nos trazendo a
mesma costumeira decepção quando do nosso retorno a pátria espiritual, ainda
mais se de lá saímos plenamente conscientes de nossas necessidades e prioridades,
vendo o quanto mais uma vez nos afastamos dos nossos ideais, do que
anteriormente planejamos, daquilo que nos levaria a poder almejar mais altos voos
junto aos nossos benfeitores espirituais, devido a entrega recalcitrante aos instintos
inferiores ainda presentes em nossa personalidade imorredoura.
Nossas
escolhas presentes, de acordo com o que definirmos como prioridade, serão os
fatores determinantes para a mudança que elegemos para nós, para nossa transformação
espiritual, para a vitória sobre nossa negatividade, aceitando a necessidade de
reparação e as dificuldades, como ferramentas para nossa própria elevação, não
nos deixando dominar pela dúvida, pelo medo, pela revolta, pela preguiça, ou
por vícios e paixões estimulantes e que levam a falsa sensação de felicidade e
prazer, levando a sério o conselho cristão de orar e vigiar, nos disciplinando
para que venhamos a compreender em toda a plenitude, consultando nossa consciência,
analisando nossas tendências, qual o caminho que nos levará, na interação com a
sociedade e com aqueles que conosco mais intimamente convivem, a alcançar, o
mais próximo possível da plenitude, aquilo que precisamos para nossa ascensão,
em contrapartida aquilo que desejamos, porque já está mais do que provado que
nossos desejos, pelas dificuldades que hoje enfrentamos, não são as melhores
escolhas para a nossa tão esperada vitória íntima sobre nós mesmos.
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