quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Vamos tentar?




Muitos dos que se consideram espíritas, infelizmente, só assumem essa postura quando em plena e efetiva atividade doutrinária, já que, nas atitudes diárias, nos pensamentos cotidianos, longe estão de se viver de acordo com os ensinamentos e exemplos de Jesus, conforme o padrão de conduta daquele que deseja deter este título, se deixando levar pelo orgulho, pelo egoísmo, pela vaidade, por paixões inferiores, desprezando em suas tarefas normais todos os parâmetros de vida no bem que recebe através da leitura edificante, das palestras no centro que frequenta, nas mensagens mediúnicas que o grupo ao qual faz parte recebe dos espíritos benfeitores.



O que acaba ocorrendo a este “espírita”, por sua teimosia, sua insistência em levar essa vida dupla, tendo uma fora e outra dentro do centro, das lides doutrinárias, quando suas atitudes rompem a barreira do bom senso, tornando-os surdos aos apelos de seus benfeitores espirituais, é que estes acabam por temporariamente se afastar, respeitando o livre arbítrio das suas escolhas e decisões, deixando-o por conta própria ou na companhia daqueles que mais se ajustam aos seus desequilíbrios, até que, por sua vontade, por seu desejo, retome sua conduta cristã, não apenas quando nas tarefas doutrinárias, mas, em todos os momentos de sua existência ou pelo menos, que se esforce para tal.



Por mais que sejam amorosos e pacientes ao relevar nossos erros, pelos sentimentos que possuem voltados ao bem e ao respeito para com o estágio evolutivo de cada um, os espíritos benfeitores têm responsabilidades maiores, dando relevante importância ao fator TEMPO, não se permitindo desperdiçá-lo com os que não se dispõe a ajudar a si mesmos, aos seus próprios avanços espirituais.



Quando demoramos a compreender nossas necessidades evolutivas, nossas necessidades de transformação, mesmo quando, demonstramos certo interesse pelas tarefas cristãs, pelos ensinamentos espíritas, hesitando em assumir com seriedade e determinação a postura que se espera do verdadeiro trabalhador do bem, de forma inconstante, usamos do nosso tempo uma ínfima parcela para as realizações espirituais, e nesses poucos momentos, levados por sentimentos negativos como a vaidade, o orgulho, assumimos uma falsa postura, como se fossemos pessoas comedidas, ponderadas, solicitas, enganando a nós mesmos quanto aos verdadeiros sentimentos que alimentamos em nosso íntimo, sentimentos estes que afloram logo que não mais estejamos no ambiente que escolhemos para nos dedicarmos as tarefas espirituais, no centro, nas obras assistenciais, voltando a agir, quando assim o somos, com a mesma prepotência, com o egoísmo, com a impaciência e com tantos outros sentimentos negativos que alimentamos há séculos, quando no trato diário com nossos familiares, nossos amigos, nossos vizinhos, na rua, no trânsito, nos comércios, nas repartições publicas, voltando a vestir a roupa de homens comuns, mais preocupados em conquistas efêmeras, valorizando bens materiais e poderes temporais, tão enaltecidos por nossa sociedade moderna.



Este tipo de postura sofre um agravamento em relação a esta dualidade de atitudes, quando decidimos assumir posições mais efetivas nas lides doutrinárias, quando nos candidatamos a sermos doutrinadores, oradores, médiuns, dirigentes, quando passamos à ser parâmetros para aqueles que procuram um centro espírita, na busca de arrimo, de orientação, de um abrandamento para seus males, e confiando na nossa ajuda, se prestam a receber nossos conselhos, passes salutares, orientações.



O problema pode se tornar ainda mais sério quando estes mesmos que auxiliamos, casualmente, nos encontram na rua, em nosso trabalho, em nosso lazer, se deparando não com aquele homem, paciente, tolerante, equilibrado, solícito e sim, com o impaciente, intolerante, que aos gritos, aos berros, com um cigarro no canto da boca, ofende o velhinho que distraidamente faz com que tenha que frear bruscamente seu carro de luxo.



Essa disparidade de sentimentos e de postura nas tarefas espíritas por parte dos encarnados, também é notada e analisada, pelos espíritos que frequentam o centro e caso não sejam amorosos e tolerantes como nossos benfeitores diretos, que pacientemente compreendem nossos defeito e limitações, quando lá comparecem para receberem conselhos, orientações, doutrinações, se surpreendem ao perceber que somos totalmente diferentes, intimamente, no nosso dia a dia, do que tentamos demonstrar quando no centro, e enquanto uns apenas se divertem com isso, outros se irritam e passam a nos perseguir, interferindo em nosso equilíbrio, por se considerarem enganados e traídos na boa intenção de recuperação que demonstravam.




Ninguém é perfeito e nossos benfeitores espirituais não esperam perfeição em nossas atitudes e decisões, mas, esperam sim, principalmente quando decidimos nos dedicar aos trabalhos junto a Doutrina Espírita, junto ao Consolador Prometido enviado por Nosso Mestre Jesus, que nos dediquemos de corpo e alma para superar nossos instintos e sentimentos inferiores, lutando bravamente para vencer todas as dificuldades, normais em nosso atual estágio evolutivo, e que venhamos a assumir uma conduta cristã em todos os momentos de nossa existência, orando e vigiando os nossos pensamentos, as nossas palavras, os nossos atos, em todas as circunstâncias do dia-a-dia e não só quando estivermos efetivamente participando das tarefas doutrinárias, combatendo nossos desejos inconfessos, não alimentando vícios, educando nossa postura, tentando, lutando, insistindo, para não mais voltarmos a falir nos excessos de todos os tipos que fizeram parte de nossa milenar jornada evolutiva. 

Vamos tentar?

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