Muitos dos que se consideram espíritas, infelizmente, só
assumem essa postura quando em plena e efetiva atividade doutrinária, já que,
nas atitudes diárias, nos pensamentos cotidianos, longe estão de se viver de
acordo com os ensinamentos e exemplos de Jesus, conforme o padrão de conduta
daquele que deseja deter este título, se deixando levar pelo orgulho, pelo
egoísmo, pela vaidade, por paixões inferiores, desprezando em suas tarefas
normais todos os parâmetros de vida no bem que recebe através da leitura
edificante, das palestras no centro que frequenta, nas mensagens mediúnicas que
o grupo ao qual faz parte recebe dos espíritos benfeitores.
O que acaba ocorrendo a este “espírita”, por sua teimosia, sua
insistência em levar essa vida dupla, tendo uma fora e outra dentro do centro,
das lides doutrinárias, quando suas atitudes rompem a barreira do bom senso, tornando-os
surdos aos apelos de seus benfeitores espirituais, é que estes acabam por
temporariamente se afastar, respeitando o livre arbítrio das suas escolhas e
decisões, deixando-o por conta própria ou na companhia daqueles que mais se
ajustam aos seus desequilíbrios, até que, por sua vontade, por seu desejo,
retome sua conduta cristã, não apenas quando nas tarefas doutrinárias, mas, em
todos os momentos de sua existência ou pelo menos, que se esforce para tal.
Por mais que sejam amorosos e pacientes ao relevar nossos
erros, pelos sentimentos que possuem voltados ao bem e ao respeito para com o
estágio evolutivo de cada um, os espíritos benfeitores têm responsabilidades
maiores, dando relevante importância ao fator TEMPO, não se permitindo desperdiçá-lo
com os que não se dispõe a ajudar a si mesmos, aos seus próprios avanços
espirituais.
Quando demoramos a compreender nossas necessidades
evolutivas, nossas necessidades de transformação, mesmo quando, demonstramos certo
interesse pelas tarefas cristãs, pelos ensinamentos espíritas, hesitando em
assumir com seriedade e determinação a postura que se espera do verdadeiro
trabalhador do bem, de forma inconstante, usamos do nosso tempo uma ínfima
parcela para as realizações espirituais, e nesses poucos momentos, levados por
sentimentos negativos como a vaidade, o orgulho, assumimos uma falsa postura,
como se fossemos pessoas comedidas, ponderadas, solicitas, enganando a nós
mesmos quanto aos verdadeiros sentimentos que alimentamos em nosso íntimo,
sentimentos estes que afloram logo que não mais estejamos no ambiente que
escolhemos para nos dedicarmos as tarefas espirituais, no centro, nas obras
assistenciais, voltando a agir, quando assim o somos, com a mesma prepotência,
com o egoísmo, com a impaciência e com tantos outros sentimentos negativos que
alimentamos há séculos, quando no trato diário com nossos familiares, nossos
amigos, nossos vizinhos, na rua, no trânsito, nos comércios, nas repartições
publicas, voltando a vestir a roupa de homens comuns, mais preocupados em
conquistas efêmeras, valorizando bens materiais e poderes temporais, tão
enaltecidos por nossa sociedade moderna.
Este tipo de postura sofre um agravamento em relação a esta
dualidade de atitudes, quando decidimos assumir posições mais efetivas nas lides
doutrinárias, quando nos candidatamos a sermos doutrinadores, oradores, médiuns,
dirigentes, quando passamos à ser parâmetros para aqueles que procuram um
centro espírita, na busca de arrimo, de orientação, de um abrandamento para
seus males, e confiando na nossa ajuda, se prestam a receber nossos conselhos,
passes salutares, orientações.
O problema pode se tornar ainda mais sério quando estes
mesmos que auxiliamos, casualmente, nos encontram na rua, em nosso trabalho, em
nosso lazer, se deparando não com aquele homem, paciente, tolerante,
equilibrado, solícito e sim, com o impaciente, intolerante, que aos gritos, aos
berros, com um cigarro no canto da boca, ofende o velhinho que distraidamente
faz com que tenha que frear bruscamente seu carro de luxo.
Essa disparidade de sentimentos e de postura nas tarefas
espíritas por parte dos encarnados, também é notada e analisada, pelos espíritos
que frequentam o centro e caso não sejam amorosos e tolerantes como nossos
benfeitores diretos, que pacientemente compreendem nossos defeito e limitações,
quando lá comparecem para receberem conselhos, orientações, doutrinações, se
surpreendem ao perceber que somos totalmente diferentes, intimamente, no nosso
dia a dia, do que tentamos demonstrar quando no centro, e enquanto uns apenas
se divertem com isso, outros se irritam e passam a nos perseguir, interferindo
em nosso equilíbrio, por se considerarem enganados e traídos na boa intenção de
recuperação que demonstravam.
Ninguém é perfeito e nossos benfeitores espirituais não
esperam perfeição em nossas atitudes e decisões, mas, esperam sim,
principalmente quando decidimos nos dedicar aos trabalhos junto a Doutrina
Espírita, junto ao Consolador Prometido enviado por Nosso Mestre Jesus, que nos
dediquemos de corpo e alma para superar nossos instintos e sentimentos
inferiores, lutando bravamente para vencer todas as dificuldades, normais em
nosso atual estágio evolutivo, e que venhamos a assumir uma conduta cristã em
todos os momentos de nossa existência, orando e vigiando os nossos pensamentos,
as nossas palavras, os nossos atos, em todas as circunstâncias do dia-a-dia e
não só quando estivermos efetivamente participando das tarefas doutrinárias,
combatendo nossos desejos inconfessos, não alimentando vícios, educando nossa postura,
tentando, lutando, insistindo, para não mais voltarmos a falir nos excessos de
todos os tipos que fizeram parte de nossa milenar jornada evolutiva.
Vamos tentar?
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