E
assim, ainda hoje somos, ainda que muitos tentem deixar de ser, enredados
por nossas paixões inferiores, por nossos vícios, quando somos arrastados por
desejos inconfessos, que ressurgem logo que a oportunidade se dá para que
venham a se materializar, não medindo consequências para satisfazer instintos, na entrega a excessos e exageros, norteados estejamos pela cobiça, pela luxúria,
pelo egoísmo, pelo orgulho, pela vaidade, na busca insana do poder temporal, da
admiração de outrem, da aprovação da sociedade, nos afastando, acreditando que de
forma impune, dos reais valores éticos e morais que devem nortear a existência
de uma pessoa de bem, de conduta cristã.
Ainda
hoje, como individualidade e como sociedade, com raras exceções, o que mais se
valoriza, o que mais se busca como receita de felicidade, o que mais se admira
e nos serve de parâmetro para conquistas, é o fútil, o supérfluo, a riqueza
material a qualquer custo, o modelo ideal de beleza, o culto ao corpo, nos
afastando das verdadeiras conquistas, as que se caracterizam pela eternidade,
pela bagagem fixa que levaremos para onde for, independente da circunstância, assim como do plano onde estivermos vivendo, o físico ou o espiritual.
Estamos
em um planeta ainda preso a categoria de provas e expiações, onde a dor e o
sofrimento são fatores comuns na sociedade, tanto na choupana como no palácio, o
que prova que não são as conquistas materiais que garantem a felicidade, mas sim, a paz de espírito, o equilíbrio, a consciência tranquila, independente de onde
estivermos e de nossas condições físicas ou materiais, haja vista que há
pessoas totalmente pacificadas e equilibradas em um leito de hospital, lutando
contra enfermidades atrozes, enquanto que outras, com todas as possibilidades
de serem felizes e realizarem tudo que desejarem se entregam a vícios, a prisões
mentais, sempre insatisfeitos, revoltados, desesperados.
Dentre
estes opostos, estamos nós, desperdiçando inúmeras possibilidades de
crescimento, de evolução, estacionários e indecisos, com alguns acertos e inúmeros
erros, quando já nos encontramos na fase de conscientização de nossa
necessidade de evolução espiritual, de transformação, onde acumulamos muitas
informações, onde nos são franqueados inúmeros conhecimentos quando a eles
resolvemos buscar, mas que ainda relutamos em coloca-los em prática, em
vivencia-los de forma efetiva em nossa existência diária, assumindo o nosso papel
de tarefeiros do bem que almejamos a ser.
O
importante, se esse é o nosso objetivo, o da transformação, é compreendermos
que estando no plano físico, a ele devemos nos dedicar, vivendo de acordo com a
legislação humana, buscando o que ele tem a nos oferecer de melhor, mas sem
abrir mão do nosso dever e também direito, de vivermos de forma cristã, pacífica,
regeneradora, até mesmo contraditória ao que tentam nos impor como conceito de
felicidade e sucesso, aceitando nossas limitações e sendo feliz e equilibrado,
seja qual for a situação momentânea que estejamos enfrentando, mesmo com
problemas, com enfermidades, mesmo que estejamos sendo perseguidos, caluniados,
traídos, prejudicados, porque somos não só os nossos atos, a nossa ação, mas, principalmente,
somos a nossa reação, a forma como nos portamos frente aos embates naturais da
vida.
Simplificando,
em nenhuma circunstância, deveremos ser nós os que perseguem, os que caluniam,
os que traem, os que prejudicam, os que agridem, ainda que soframos o pior,
mantendo-nos em equilíbrio, mesmo nos momentos mais difíceis, pois são nestes momentos que mais se faz necessário que vivenciemos os conceitos cristãos que escolhemos como fator norteador
de nossa existência, quando temos como mapa a seguir o perdoar, o relevar, o
compreender, e, principalmente, o amar, até mesmo aos nossos inimigos, para que
eles mesmo que assim nos vejam como tal, não tenham de nossa parte o mesmo tratamento
e o mesmo sentimento.
O
grau de dificuldade que esta postura representa demonstra bem o porquê nos
mantermos estacionários, ainda mais que, mesmo que com tendências para o bem,
nos é ainda muito difícil não nos colocarmos na posição de juízes ou censores,
mesmo quando a falta ou o crime não se refira necessariamente a nós, quando passamos
a julgar o procedimento do próximo, e quase que mecanicamente, o condenarmos e
proferirmos, a nosso bel prazer, sua sentença, mesmo que não estejamos aptos, como
tão bem considerou Jesus, a atirar a primeira pedra.
Não
mudaremos ou transformaremos a ninguém, neste sentido o compromisso maior é e
será sempre com nós mesmos, na autodisciplina, na batalha íntima pela renovação
e mudança, alicerçada pelo estudo e pela prática constante, cientes que erros
ainda serão cometidos, mas sem nos deixar acomodar, sem preferir achar que
somos assim mesmos, que nascemos assim, pois somos donos do nosso destino e
seremos sempre o que a nossa mente e o nosso coração assim decidirem.
Tudo
é questão de ideal, de objetivo, se desejamos avançar, estaremos alicerçados
pelas forças do bem, pelo auxílio e orientação de nossos benfeitores
espirituais, ainda que lutas acerbas tenham que ser travadas, mas afinal, se
sempre fomos tão persistentes no mal e no erro por séculos, por que não nos utilizarmos
agora desta mesma força e “teimosia” para vencermos ao nosso “eu” inferior e renascer
no bem e na luminosidade do Amor?
Consideremos,
avaliemos, estudemos e trabalhemos, não existe hora melhor de ser feliz do que o
agora, o hoje.
Que
assim seja!
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