A
revolta, a indignação, o inconformismo, a descrença, o desespero, são
sentimentos negativos e destrutivos, alimentados por aqueles que não conseguem
aceitar e conviver com as situações adversas nas quais estão envolvidos, sejam estas
originárias por condições impostas desde o nascimento, sejam por reveses da
vida sem que nada possam fazer para evitar, ou meras consequências naturais de
suas ações e escolhas.
Quando
desta última hipótese, muitos conseguem, mesmo sem aceita-las, de certa forma
se conformar porque reconhecem que se tivessem agido de forma diversa, não
estariam enfrentando as dificuldades presentes, isso, quando conseguem superar
o orgulho e a vaidade, sentimentos que impedem que venham a admitir seus erros
e crimes.
Mas,
para que isso ocorra, para que aquele que sofre as consequências de seus erros
venha a admitir sua equivocada conduta, este precisa antes de tudo, ter conhecimento
de outras opções, de outras maneiras de se encarar as situações da vida, que
não envolvam a inferioridade de intenções, as paixões, os vícios, fontes
naturais de todos os abusos que, ao final, levam a dor, a decepção, ao fracasso,
independente de que venha a aspirar para si.
Para
que tenha plena capacidade de discernir, de avaliar o erro e o acerto, a
positividade e a negatividade, de intenções e escolhas, precisa conhecer os
parâmetros que indiquem o caminho certo
a seguir, apesar de que, esta instrução, esta necessidade, não isente em
nenhuma circunstância, a parcela e culpa que deve assumir por todos os seus
equívocos e desvios de conduta.
Ainda
que inúmeras situações em suas origens apresentem atenuantes, justificativas e
desculpas, como a educação, a miséria, o ambiente insalubre, o abandono quando
criança, os maus exemplos, os excessos de mimos e regalias, entre tantos
outros, é certo que todos têm plena capacidade de resistir e reagir quanto as más
influências externas ou as más tendências íntimas, se assim desejarem.
Muitos
podem até alegar ignorância quanto a postura correta, mas, sem dúvida, se assim
o desejassem, a elas tomariam ciência, e quando não o fazem, o motivo maior se
origina da falta de esforço e da motivação em procura-las e conhece-las,
preferindo, então, ignora-las.
Muitos,
em seus erros, culpam a Deus, a sociedade, a religião que a qual pertencia e
não satisfez seus anseios, aos mais ou menos aquinhoados, dependendo da adversidade
a qual enfrentam, sempre elegendo culpados, ou apresentando justificativas para
seus erros, seus fracassos, seus medos, suas dúvidas, seja por sua apatia ou
revolta, dependendo do que tem que enfrentar ou da intensidade do sofrimento
que o atinge.
Porém,
quando nos desviamos do caminho do bem por algum motivo, certo, é que somos
sempre os maiores culpados, já que existem, sim, sempre, outras opções, outras
escolhas, ainda que dolorosas, ou contrárias aos nossos anseios imediatos,
muitas exigindo alta dose de sacrifício ou renúncia, mas todas, plenamente
passíveis e possíveis de serem levadas a efeito, se assim, de fato, desejarmos.
Podemos
até alegar ignorância sobre informações externas, por não termos tido acesso a
educação, a cultura, porém, em contrapartida, apesar de insistirmos em ignorar,
todos, sem exceção, teremos sempre os conclames de nossa consciência a nos
alertar, porque gravados estão em nós, no íntimo de nossa personalidade eterna,
os conceitos básicos do bem, e consequentemente, tudo aquilo que lhe é
contrário ou que não esteja de acordo com os seus princípios.
A
Doutrina Espírita, em seus preceitos reencarcionistas básicos, vem deixar claro
que nossos sofrimentos, nossas adversidades, nossos problemas, quando não explicáveis
pelas nossas escolhas atuais, têm suas origens em pretéritas existências,
consequências naturais de escolhas tomadas, de dívidas contraídas, de missões
escolhidas, entre razões outras plenamente explicadas pelo nosso processo
cármico.
Desta
forma, devemos levar em conta que o Espiritismo, por seu objetivo macro, veio
como Consolador Prometido por Jesus, não só para ratificar a ampliar seus ensinamentos,
mas também, acrescentar aquilo que Ele só pode apresentar através de parábolas.
O
estudo dos conceitos cristãos deixa claro a nossa responsabilidade e postura
como individualidade cósmica, quando afirma que para seguir o Mestre, precisamos
carregar a NOSSA própria cruz, contemporizando, porém, ao deixar explícito que
seu jugo é suave, e que o fardo a carregar, por mais difícil e pesado, nunca
será superior as nossas forças.
Desta
forma, para aquele que, de fato, deseja sua renovação e transformação
espiritual, o conhecimento esteve está e sempre estará disponível, bastando
apenas que tenha a coragem e a determinação de persegui-lo e conhece-lo,
recordando que a porta que o levará até ele é estreita, exigindo coragem e
disciplina, força de vontade e determinação.
Aquele
que sofre e que enfrenta problemas, que passa por um período de instabilidade,
seja material, física ou espiritual, deve ter em mente que, como afirmou o
apóstolo, o amor cobre uma multidão de pecados, que uma das formas de reverter
o quadro em que se encontra é através do trabalho em prol do próximo, da
sociedade onde vive, dando menos importância para o que limita suas ações, e
mais relevância para o que pode fazer de útil e construtivo, não
supervalorizando o que lhe aflige, aprendendo a servir e a ocupar sua mente com
o que possa, de fato, algo acrescentar de positivo ao seu estado atual.
É
o preferir calar quando nada de proveitoso tiver a falar, não julgando ao irmão
do caminho, perdoando e pedindo perdão, buscando sempre auxiliar em vez de
depender de auxílio de outrem.
É
ser pacífico, lúcido, humilde, caridoso, amoroso, amigo, fundamentalmente,
cristão.
É
evidente que a dor do próximo, mesmo que mais intensa que a nossa, não fará com
que ela desapareça, mas ao reconhecermos que não há privilégios e nem injustiças,
que nada é por acaso, que tudo pode ser solucionado e resolvido, talvez não
como desejemos, mas, com certeza, como precisamos, a tudo aprenderemos a suportar
de forma equilibrada, nos garantindo na dor, no sofrimento, no fracasso, no
erro, um seguro aprendizado, uma enriquecedora experiência, para não mais nos
deixarmos arrastar pelo desânimo, pela revolta, ou por quaisquer outros
sentimentos ou paixões que retardem o nosso processo de transformação
espiritual para o bem.
Façamos,
então, a nossa parte, no estudo e no trabalho espírita, baseados no conceito
máximo do Cristo, de amar ao próximo como a nós mesmos, e a Deus sobre todas as
coisas.
Que
assim seja! No bem!
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