Existem
médiuns e médiuns espíritas. Médium significa medianeiro, ele é a ponte entre
dois extremos, dois mundos, o físico e o espiritual, entre os encarnados e os
desencarnados. A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, não criou o
intercâmbio, este existe desde os mais remotos tempos, eram os oráculos, os
adivinhos, as vestais, existindo até mesmo entre os selvagens, quando os pajés,
os feiticeiros, mantinham constante comunicação com os mortos.
Umbanda,
candomblé, catolicismo, todas as religiões e seitas possuem em sua história,
antiga e atual, fatos reais de comunicação entre os dois planos, aviso de
santos, visita de anjos, visões, caboclos, preto velhos, uma variedade de
situações e acontecimentos, onde o intermediário, o médium, de forma atuante,
facilita, através da combinação fluídica, a comunicação entre o mundo corpóreo
e o espiritual, agindo e influenciando a vida de todos os envolvidos, isto,
através de todos os tempos.
O
médium espírita é aquele que serve a este intercâmbio como instrumento nas
comunicações realizadas, de acordo com os preceitos da Doutrina Espírita, nela
baseando as comunicações, as formas com que se realizam, os objetivos que se
propõe alcançar, a conduta, a postura, agindo conforme foi orientado pelos
próprios espíritos quando na formulação das Obras Básicas da Doutrina, das
informações reunidas, ordenadas e devidamente estudadas e comprovadas por Allan
Kardec.
No
Livro dos Médiuns encontramos, devidamente, estudados e especificados, os
conceitos, as regras, as dificuldades, os escolhos, que existem no caminho de
todo aquele que tem como objetivo dedicar-se a mediunidade, fazendo com que aqueles que menospreze ou ignore seus conceitos, possa vir a não dispor de todos os parâmetros necessários para desenvolver suas tarefas
mediúnicas, comprometendo a seriedade do que venha a receber,
das comunicações que sejam dadas por seu intermédio, porque lhe faltarão
critérios para analisar o conteúdo e a veracidade doutrinária que os espíritos
que agiram por seu intermédio trouxeram, podendo vir a prejudicar não só a si
mesmo, como aqueles que buscam seu arrimo como interprete da espiritualidade, os que o buscam para que, de alguma forma, os auxilie em suas dificuldades físicas e espirituais.
O
médium espírita é aquele que agrega em si as leis morais, os ensinamentos
cristãos, não que lhe exija a perfeição, mas, que se esforce ao máximo para
pensar, falar e agir conforme os conceitos básicos, os exemplos do cristianismo
e do espiritismo. Não se pode supor um médium espírita que durante o dia se entregue
aos vícios, as paixões inferiores, a sentimentos e atitudes negativas, onde a
impaciência, a cólera, a inveja, o egoísmo, o orgulho imperem, e a noite,
durante as reuniões do centro que frequenta se “santifique”, esperando se
tornar um instrumento fiel e passivo da espiritualidade superior. É uma questão
de lógica, de bom senso, devendo todos estar ciente que o ensinamento do Mestre
Jesus, quando Ele diz que a cada um será dado segundo as suas obras, não é por
acaso ou sem fundamento.
Apesar
de o médium espírita ser apenas o intermediário, o instrumento, sua passividade
está condicionada ao que ele é como ser humano. Como espírito livre tem todo o
direito de agir como melhor lhe aprouver, não sendo obrigado e nem constrangido
a nada fazer que não deseje. Ele, como todos nós, tem o direito, inalienável,
de utilizar como melhor desejar seu livre-arbítrio, entretanto, da mesma forma
que pode agir e viver como desejar, a espiritualidade superior pode se servir
ou não do seu dom mediúnico, pois, se ele tem respeitado seu direito de ação,
também precisa estar consciente que nada deverá esperar no que se refere as
atividades espíritas se não o fizer por merecer, com esforço próprio, com
dedicação e atitudes voltadas ao bem.
Vaidade,
preconceito, egoísmo, ambição, orgulho, prepotência, são sentimentos que não
compactuam com o médium espírita, então, aquele que age desta forma, não pode
esperar nada de bom em suas comunicações com a espiritualidade, porque, como os
semelhantes se atraem, se sintonizam, só terá como companhia imediata, por sua
própria escolha, espíritos que, por similitude, se interessem por seus mesmos
gostos, com seus desejos, com sua postura, com sua forma de agir e pensar.
Para
ser um médium espírita atuante, produtivo, eficaz, eficiente, faz-se necessário
uma reforma interior, uma luta constante contra as conhecidas deficiências
espirituais de sua personalidade cármica, aprendendo a condicionar seu
espírito, sua mente a agirem em todos os instantes de sua vida, em todas as
situações cotidianas, de acordo com os conceitos que norteiam a existência de
um homem de bem, um homem cristão, com a bondade nos pensamentos, nas palavras,
nos atos, sendo tolerante, paciente, humilde, sempre disposto a servir, a
auxiliar, a perdoar as ofensas, a relevar as críticas, e tudo isso só depende
unicamente de si mesmo, e com isso estará bem mais próximo de conquistar o que
de mais importante todo trabalhador espírita pode e deve possuir: o Equilíbrio.
Todo
esforço, todo desejo, toda a determinação que demonstrar para corrigir suas
atitudes, sua postura, não se perderá, não será em vão, não ficará sem a
resposta e o auxílio por parte da espiritualidade superior.
Se
o tarefeiro tudo faz para conquistar seu equilíbrio, os benfeitores espirituais
tudo farão para que os fatores externos não o prejudiquem, não dificultem o seu
êxito.
Tranquilidade
para enfrentar possíveis problemas materiais, financeiros, familiares,
profissionais, tudo será feito para que o esforço do trabalhador fiel seja
recompensado, não que este ficará isento de problemas, mas, sim, que terá
energia e paz para suportá-los e superá-los. Esta certeza, este arrimo, nos
trás também a compreensão que o trabalho espírita, o trabalho cristão, se
assemelha a qualquer outra tarefa, onde a recompensa é sempre proporcional ao
serviço realizado e também que esta vem sempre após o efetivo cumprimento do
dever e não como muito esperam, que é ser recompensados antes, condicionando,
riqueza, saúde, conforto, bens materiais para poder vir a trabalhar em prol do
próximo ou da sociedade onde vive.
Dar
para receber, lutar para poder vencer, do esforço vem a ascensão, do trabalho
virá a evolução, Deus a tudo provê, e de nós Ele espera apenas a ação, a boa vontade,
o esforço, o sacrifício, o suor.
Todos
que trabalham na Doutrina Espírita possuem responsabilidades, oradores,
palestrantes, médiuns, dirigentes, ajudantes, e, seja qual for a atividade,
acima de qualquer coisa, precisam ser, de fato, ESPÌRITAS, pensar, agir, falar, viver,
trabalhar, agir, seja, no centro, no lar, no serviço, no lazer, sempre de
acordo com os ensinamentos e conceitos doutrinários. Vale mais ser um bom
ajudante, que um péssimo médium, um bom dirigente que um confuso palestrante.
Espírita
não é apenas um título, é um modo de vida, porque a responsabilidade maior não
é a com a nossa necessidade e sim com a daqueles que nos buscam atrás de
arrimo, de orientação, de também poderem conhecer as lições e os exemplos do
Nosso Mestre Jesus, de se capacitarem para evoluir através dos preceitos do
Consolador Prometido, do Espiritismo, cabendo a cada um agir sempre com seriedade,
com a humildade e o sincero desejo de servir, com o mais puro amor no coração.
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