terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

"Ambição"







O homem, mesmo que não perceba, é levado irresistivelmente para frente, para cima, para evoluir, para que não estagne, mantendo-se sempre em movimento constante, contínuo, ainda que lento, mesmo que em certos períodos de forma quase imperceptível, ele avança, principalmente no que se refere ao seu progresso intelectual e moral.

Através das mais diversas formas, se sente atraído, motivado, dominado por uma constante insatisfação com o que tem, antevendo intuitivamente ao que pode vir a ter, a conquistar, considerando sempre que pode ter mais, que poderá estar em melhores condições, buscando a princípio ao que lhe agrada ao tato, a praticidade, ao conforto, ao produtivo, ainda que na maioria das vezes, por seu atual estágio evolutivo, algo se perca nos excessos, liderando suas prioridades pela vaidade, pelo orgulho, pela ambição desvirtuada, pela cobiça, pela usura, e ainda assim, mesmo que de forma não ortodoxa, ele anseia por sua melhoria, e a ela busca, questionando a vida, crescendo, subindo, avançando.

Dentro desta lei natural da evolução humana, da evolução do nosso planeta, o objetivo cristão, espírita, não é fazer com que o homem se torne humilde ao ponto de não ambicionar, de não ansiar novos desafios, a melhoras individuais, mas sim, o de direcionar esta ambição, este desejo evolutivo, para a conquista definitiva dos reais valores da existência humana, da existência espiritual, os valores morais, os valores das forças positivas do universo, os valores do bem.

Todos nós podemos e devemos lutar para conquistar, no plano físico, o melhor para nós no que se refere ao conforto, ao equilíbrio financeiro, ao que nossa sociedade oferece de modernidade, de estabilidade, porém, de nada adiantará para nossa real evolução estas conquistas, se não agirmos com moralidade, com ética, com respeito, com sobriedade, com carinho, com bondade, com amor, não vinculando nosso desejo evolutivo apenas nas conquistas materiais, mas sim, moldando-as de acordo com os parâmetros que formam as conquistas espirituais, de acordo com os conceitos cristãos.

Podemos viver bem, materialmente, dentro das normas e padrões da nossa sociedade, mas sem nos deixar dominar por excessos.

Poderemos viver tranquilamente ter um iate ou uma bicicleta, mas temos que ter a consciência que não devemos, para nossa própria evolução, viver, em nenhuma hipótese, sem honestidade.

Poderemos morar em uma cobertura ou um barraco, mas de nada adiantará se em nosso coração não residir a humildade.

Poderemos ambicionar ser o todo poderoso do mundo dos negócios, ou termos um comércio no nosso bairro, mas não podemos nos conformar se para isso nos oferecem um caminho onde só esteja presente a má fé, o dolo, o crime.

Poderemos almejar e conquistar o que de mais alto a vida física pode nos oferecer, mas se não a condicionarmos no bem, não teremos uma base segura, e sem a estrutura básica de sustentação, a tendência de qualquer edifício, por mais belo que seja, é mais cedo ou mais tarde desmoronar, ruir, nos arrastando novamente para baixo.

Nossa ambição precisa, principalmente, estar direcionada para nossa evolução íntima, devemos ambicionar ser justos, bondosos, caridosos, tolerantes, pacientes, devemos ambicionar alcançar a posição daquele que perdoa naturalmente as ofensas, que compreende e aceita as diferenças, que não julga ao próximo, mas não se incomoda se estiver sendo julgado, que releva as dificuldades alheias, porque sabe que também constantemente precisa lutar para vencer e superar as suas, precisamos ambicionar atingir ao estágio daqueles que nos servem de exemplo, de parâmetro, por sua vida de lutas, de sacrifícios, de disciplina, de foco, de conquistas morais e espirituais.

Se o universo é infinito, também é infinita nossa capacidade de evoluir, de crescer, assim como também são infinitas as possibilidades de conhecimento, nos fazendo ver por nossa pequenez, o quanto ainda temos à percorrer, a adquirir, a acumular, das riquezas disponibilizadas pela bondade divina à todo aquele que não se conforma com o que tem, aquele que ambiciona sempre mais, sempre o melhor, o mais difícil, o que mais instiga, o que mais provoca e põe a prova sua capacidade intelectual, produtiva, realizadora.


Este crescimento, entretanto, se é naturalmente individual, dependendo basicamente da vontade e do esforço de cada um, tem por base fundamental o amor, e desta forma, torna-se também, elementarmente natural, que nos unamos para que auxiliemos uns aos outros nesta longa caminhada rumo a evolução, o mais forte amparando ao mais fraco, o mais capaz ao incapaz, o são ao enfermo, interligando a todos no mesmo objetivo, a perfeição, alavancando o todo, o coletivo, para que evoluamos continuamente, próximos, para que sejam mantidos os vínculos, e para que sejam formados outros, imersos neste Amor infinito que é Deus, como deve ser, como será.      

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