Muito
de nós aproveita-se de qualquer situação adversa que surja, não importando o
agente causador, se outrem ou a natureza, para, assumindo uma falsa concepção
de vítima, de lesado, prejudicado, nisso crendo ou não, auferir para si regalias,
privilégios, atenção, recompensas, indenizações, sem tornar como deveria, como
prioridade, sua recuperação, em dar continuidade em sua vida, desculpando, relevando,
ciente de que, se hoje por algum motivo veio a sofrer um agravo, em algum momento
de sua existência, na atual ou na pregressa, inevitavelmente, pelo atual estágio
evolutivo que todos estamos passando em nosso planeta, tenha também feito o mal
a alguém, ao próximo.
A
pior vítima é aquela que além de não perdoar, de não oferecer a outra face,
como recomendou o Cristo, de insistir em guardar mágoa ou ódio no coração, é a
que se faz de oportunista, quando se aproveita do arrependimento de seu
agressor, da fragilidade que o remorso deixa em seu estado íntimo, para lhe infligir
as mais severas penas, os mais absurdos insultos e depreciações, para lhe colocar
em posição de devedor, de subalternidade, aproveitando-se para tirar vantagens
pessoais, para exigir promessas, posturas, através até mesmo de ameaças, exagerando
o agravo sofrido e condicionando de diversas formas a sua desculpa, o seu perdão,
o seu esquecimento, a reconciliação.
O
oportunismo, o ódio, a revolta, o desejo de vingança, são sentimentos que fazem
com que a pretensa vítima, assuma em curto espaço de tempo, em razão do seu desequilíbrio,
a posição de algoz, de agressor, tomando em alguns casos atitudes, na desforra,
que ultrapassam em grau e intensidade, o mal que sofreu, gerando para si,
consequentemente, para o futuro, imediato ou distante, dores e sofrimentos
ainda maiores dos que teve que passar pelo mal que lhe fizeram.
A
falta de caridade, de tolerância, de compreensão, de humildade, pode vir a
cegar aqueles que sofrem algum tipo de dano, muitas vezes quando se deixam
levar pela vaidade, pelo orgulho ferido, que potencializa a agressão sofrida,
fazendo com que até mesmo pequenos desentendimentos ganhem proporções maiores
que deveriam, com consequências mais graves, que acabam por mudar a vida tanto
daqueles que a princípio fizeram o mal, como daqueles que, por não perdoar,
também passaram para a condição de agressor, pela retaliação, pelo revide.
Não
é fácil sofrer um mal, uma agressão, uma injúria, uma traição, e simplesmente
perdoarmos, relevarmos, ainda mais quando este mal não nos é diretamente direcionado,
mas sim as pessoas a quem amamos, como as nossos filhos, ainda mais quando
notoriamente somos vítimas de pessoas que ainda distante estão da civilidade,
da convivência social em comum.
O
que precisamos avaliar é o quanto nossa reação no mesmo grau de intensidade da
agressão recebida irá fazer com que o nosso sofrimento deixe de existir, a nossa
situação seja resolvida, se o mal que sofremos seja revertido.
Será
que encontraremos a paz e o lenitivo causando a dor, reagindo com o mesmo sentimento
que motivou o agressor?
Entendemos
que só se consegue atingir este intento ao esquecer a ofensa, ao deixar que a
lei humana ou quando não, que a vida, ensine a quem nos fez o mal, dando a nós o
direito a liberdade, seguindo em frente, buscando no recomeço, na retomada de
nossa jornada, a cicatrização das feridas, a assimilação das lições recebidas,
para encontrarmos no bem, na paz da consciência, o verdadeiro caminho da
felicidade.
Se
ainda não conseguimos perdoar, procuremos esquecer, não alimentar dentro de nós
sentimentos inferiores como o ódio, a revolta, pois, seremos os maiores sofredores,
só atrairemos mais dor, mais negatividade, além de companhias espirituais que
se afinarão com essa postura, nos prendendo em formas pensamentos que irão obscurecer
ainda mais nossa razão, nos afastando do equilíbrio íntimo, da possibilidade
real de refazimento e recuperação.
Jesus
recomendou perdoar não sete, mas setenta vezes sete, que nos reconciliemos com
nossos inimigos enquanto com ele estivermos no caminho, que ofereçamos a outra
face, tudo para mantermos dentro de nós, em qualquer circunstância, viva a
chama do amor, a que nos levará a perdoar, a compreender as diferenças evolutivas,
reconhecendo que Deus sabe sempre o que é melhor para cada um de nós, que nossa
vida é eterna, e que o que hoje fizermos, amanhã se voltará para nós como reação,
assim como nosso passado, hoje, se reflete em nosso presente.
Aquele
que tiver sem pecado que atire a primeira pedra!
Que
assim seja!
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