quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

"Perdão"











Muito de nós aproveita-se de qualquer situação adversa que surja, não importando o agente causador, se outrem ou a natureza, para, assumindo uma falsa concepção de vítima, de lesado, prejudicado, nisso crendo ou não, auferir para si regalias, privilégios, atenção, recompensas, indenizações, sem tornar como deveria, como prioridade, sua recuperação, em dar continuidade em sua vida, desculpando, relevando, ciente de que, se hoje por algum motivo veio a sofrer um agravo, em algum momento de sua existência, na atual ou na pregressa, inevitavelmente, pelo atual estágio evolutivo que todos estamos passando em nosso planeta, tenha também feito o mal a alguém, ao próximo.

A pior vítima é aquela que além de não perdoar, de não oferecer a outra face, como recomendou o Cristo, de insistir em guardar mágoa ou ódio no coração, é a que se faz de oportunista, quando se aproveita do arrependimento de seu agressor, da fragilidade que o remorso deixa em seu estado íntimo, para lhe infligir as mais severas penas, os mais absurdos insultos e depreciações, para lhe colocar em posição de devedor, de subalternidade, aproveitando-se para tirar vantagens pessoais, para exigir promessas, posturas, através até mesmo de ameaças, exagerando o agravo sofrido e condicionando de diversas formas a sua desculpa, o seu perdão, o seu esquecimento, a reconciliação.

O oportunismo, o ódio, a revolta, o desejo de vingança, são sentimentos que fazem com que a pretensa vítima, assuma em curto espaço de tempo, em razão do seu desequilíbrio, a posição de algoz, de agressor, tomando em alguns casos atitudes, na desforra, que ultrapassam em grau e intensidade, o mal que sofreu, gerando para si, consequentemente, para o futuro, imediato ou distante, dores e sofrimentos ainda maiores dos que teve que passar pelo mal que lhe fizeram.

A falta de caridade, de tolerância, de compreensão, de humildade, pode vir a cegar aqueles que sofrem algum tipo de dano, muitas vezes quando se deixam levar pela vaidade, pelo orgulho ferido, que potencializa a agressão sofrida, fazendo com que até mesmo pequenos desentendimentos ganhem proporções maiores que deveriam, com consequências mais graves, que acabam por mudar a vida tanto daqueles que a princípio fizeram o mal, como daqueles que, por não perdoar, também passaram para a condição de agressor, pela retaliação, pelo revide.

Não é fácil sofrer um mal, uma agressão, uma injúria, uma traição, e simplesmente perdoarmos, relevarmos, ainda mais quando este mal não nos é diretamente direcionado, mas sim as pessoas a quem amamos, como as nossos filhos, ainda mais quando notoriamente somos vítimas de pessoas que ainda distante estão da civilidade, da convivência social em comum.

O que precisamos avaliar é o quanto nossa reação no mesmo grau de intensidade da agressão recebida irá fazer com que o nosso sofrimento deixe de existir, a nossa situação seja resolvida, se o mal que sofremos seja revertido.

Será que encontraremos a paz e o lenitivo causando a dor, reagindo com o mesmo sentimento que motivou o agressor?

Entendemos que só se consegue atingir este intento ao esquecer a ofensa, ao deixar que a lei humana ou quando não, que a vida, ensine a quem nos fez o mal, dando a nós o direito a liberdade, seguindo em frente, buscando no recomeço, na retomada de nossa jornada, a cicatrização das feridas, a assimilação das lições recebidas, para encontrarmos no bem, na paz da consciência, o verdadeiro caminho da felicidade.

Se ainda não conseguimos perdoar, procuremos esquecer, não alimentar dentro de nós sentimentos inferiores como o ódio, a revolta, pois, seremos os maiores sofredores, só atrairemos mais dor, mais negatividade, além de companhias espirituais que se afinarão com essa postura, nos prendendo em formas pensamentos que irão obscurecer ainda mais nossa razão, nos afastando do equilíbrio íntimo, da possibilidade real de refazimento e recuperação.

Jesus recomendou perdoar não sete, mas setenta vezes sete, que nos reconciliemos com nossos inimigos enquanto com ele estivermos no caminho, que ofereçamos a outra face, tudo para mantermos dentro de nós, em qualquer circunstância, viva a chama do amor, a que nos levará a perdoar, a compreender as diferenças evolutivas, reconhecendo que Deus sabe sempre o que é melhor para cada um de nós, que nossa vida é eterna, e que o que hoje fizermos, amanhã se voltará para nós como reação, assim como nosso passado, hoje, se reflete em nosso presente.

Aquele que tiver sem pecado que atire a primeira pedra!


Que assim seja!

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