Dentro do egoísmo que ainda exerce
grande influência sobre nós, não conseguimos ainda compreender ou aceitar a
nossa dor, o nosso sofrimento, o nosso fracasso, ainda mais quando nos deixamos
levar pela revolta ou pelo ciúme, ao vermos irmãos do caminho em melhores situações
que a nossa, com mais facilidades, quando, indevidamente, os consideramos privilegiados,
pessoas de “sorte”, sem compreender que também eles deverão ter seus problemas,
suas aflições, talvez até mesmo maiores que as nossas, mas que ao contrário de
nós, as suportam e as superam com humildade, com coragem, com resignação, de
forma equilibrada e coerente.
Aceitar passivamente uma situação, ao
contrário que muita gente pensa, não é necessariamente, conformismo ou
comodismo, e sim, ter a paz de espírito necessária para compreender que as
dificuldades existem, as limitações, os momentos adversos, os fracassos, as perdas,
oriundas de nossas ações ou de circunstâncias da vida, e que para enfrenta-las
e supera-las, mais difícil se tornará se nos deixarmos levar pela revolta, pelo
medo, pela dúvida, pelo desânimo, pelo desespero, ou por qualquer outro sentimento
castrador e limitante, que impeçam de virmos a ter a percepção que todo mal é
passageiro, e que dependerá sempre de nós buscarmos as soluções, as saídas, as realizações
necessárias para revertermos a situação adversa.
Muitas dessas dificuldades são
oriundas mais da nossa teimosia e inabilidade para percebermos o que, de fato, é
melhor para nós, em relação aquilo que tanto ansiamos ou desejamos, como quando,
por vezes, objetivamos de forma equivocada e indevida aquilo que não nos
pertence e nem deveria pertencer, ou na exigência que uma situação se resolva
da forma que achamos ser a ideal, sem entender que a vida não é formada apenas
de nossos desejos, ainda mais porque bem pouco é o nosso conhecimento e percepção
daquilo que é o melhor, não só para nós, mas, também para as pessoas do nosso
convívio e do ambiente onde vivemos.
Paralelamente ao que idealizamos e
aspiramos para nós, está aquilo que o próximo também idealiza e aspira para
ele, além das nossas necessidades cármicas e as deles, em relação as consequências
advindas de nosso passado, situações e prioridades que na maioria das vezes não
se coadunam com aquilo que queremos, fazendo com que venhamos a enfrentar
resistência e dificuldades inúmeras para que venhamos a efetivar e concretizar os
nossos ideais.
Muitas coisas fogem da nossa capacidade
de intervenção, estão além da nossa vontade, o que nos exige assim, tolerância
e o equilíbrio para nos conformarmos com a situação, mesmo que não concordando,
tendo a força íntima não só para aceitar, mas, principalmente, para modificar a
situação logo que assim o for permitido, é claro, sem nunca violentar o direito
do próximo, ou vindo a assumir atitudes que sejam contra a legislação humana ou
divina, dentro dos conceitos do amor e do bem.
Mesmo nas adversidades mais dolorosas,
como, por exemplo, na doença grave de um ente querido, ou até mesmo do seu
desencarne, precisamos nos manter lúcidos e equilibrados para que tomemos atitudes
ou assumamos posturas que venham piorar ainda mais a situação, ou nos impossibilitar
de darmos continuidade de forma produtiva e realizadora em nossa existência, aprendendo
a assimilar a dor sem nos deixar abater, evitando assim que a revolta, o desânimo,
a tristeza, nos impeça de ver que a vida deve prosseguir, por mais que seja difícil
aceitarmos a perda, o sofrimento causado pelo que ocorreu de forma alheia a
nossa vontade.
A fé é uma poderosa aliada para que
venhamos a enfrentar toda e qualquer dificuldade por mais extrema que ela seja,
a fé raciocinada, aquela que nos dá a certeza da existência de Deus, de sua
infinita bondade, de sua justiça, e do sublime amor que tem por todos nós, por
toda sua criação, quando passamos a aceitar que não somos privilegiados, e que
as situações que precisarmos enfrentar nada mais são que experiências a nos
fortalecer e capacitar para superarmos ainda maiores desafios, sempre visando o
nosso melhoramento íntimo, a nossa evolução, como uma forja a nos tornar, a cada
dia, mais resistentes e equilibrados.
Devido a inúmeras existências físicas
e espirituais, muitas são as situações oriundas de nossas ações pretéritas as
quais os reflexos se fazem sentir no presente, assim, maior se faz a
necessidade de focarmos sempre nas soluções e nas formas de superar as
dificuldades, do que nos prendermos as origens ou na procura de culpados, mesmo
que estes existam, porque não sabemos nós também o quanto nossas ações atuais e
passadas tenham também de alguma forma prejudicado ou afetado aos nossos irmãos
do caminho, com ou sem a nossa intenção.
Nos atentar unicamente em punições, vinganças,
desforras, em alimentar o ódio, a inimizade, o desprezo, em nada nos auxiliará
na melhoria da nossa situação, na solução de nosso problema, sendo que este, ao
contrário, só irá não mais existir, quando o encararmos de frente, com equilíbrio,
com serenidade, com a paz espiritual, que não só o dimensiona em sua exata
proporção, como nos permite ver, de forma mais clara e objetiva, soluções que a
inferioridade de sentimentos muitas vezes não nos permite perceber.
Uma coisa é certa, de fato, qualquer
fardo a suportar não será nunca superior as nossas forças, e mesmo nas mais
dolorosas e difíceis situações, sempre, quando determinados a supera-las e
resolve-las, conseguiremos sair vitoriosos, aumentando o nossa cabedal de
experiência, sendo mais felizes ainda quando aprendermos a tirar dessas adversidades
preciosas lições, não só para nós, como também quando começarmos a nos
preocupar em leva-las ao próximo, espalhando a paz e o amor em nossa jornada.
Assim, nos conformemos com nossas
dificuldades, para com segurança e paz vence-las uma a uma, caminhando resoluto
para mais altos e sublimes voos, sempre baseando nossas ações e escolhas nas
mais sublimes lições cristãs de amor, fraternidade e paz.
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