sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Não julgar para não ser julgado...




Estamos, agora que iniciamos a dar os primeiros passos como trabalhadores cristãos, como tarefeiros espíritas, propensos a auxiliar aos nossos irmãos do caminho nas dificuldades que enfrentam, confiantes que algo nós poderemos fazer para melhorar suas situações, suas condições, sejam seus problemas de ordem material, física ou espiritual.
Sinceros somos nós, na vontade e no desejo de servir, ávidos em provar para nós mesmos que conseguimos algo assimilar dos ensinamentos cristãos, dos preceitos que forma a Doutrina Espírita, e que caracterizam a personalidade de um homem de bem.



Infelizmente, porém, ainda não estamos totalmente desvinculados do nosso passado culposo, dos nossos sentimentos negativos, dos vícios de personalidade que até recente era priorizados em nossas escolhas e ações, o que faz com que nos sintamos ainda influenciados, nos detalhes, na rotina diária de nossa nova existência, de nossas novas aspirações, pelos resquícios do orgulho, do egoísmo, da vaidade, do ciúme, da impaciência, que alimentamos por longo tempo de nossa jornada evolutiva, o que ao final pode levar com que equivocadamente venhamos a nos sentir, em nossa nova posição, em nossa ainda recente renovada postura, em condições de julgar ao nosso próximo, nos colocando indevidamente como censores, como juízes, daqueles que ainda não enxergam a necessidade íntima de transformação mudança.



Tanto nas tarefas do nosso dia a dia, como nas pertencentes as lides doutrinárias, até bem pouco tempo, e ainda não totalmente livres de ser, éramos nós os párias, os que só se preocupavam com o próprio bem estar, os que buscavam alimentar seus vícios e suas paixões degradantes, pouco nos importando com as verdades espirituais, em encontrar o equilíbrio nas tarefas do bem, em estudar e trabalhar objetivando não só a nossa satisfação pessoal, mas no melhoramento das condições de nossos irmãos do caminho e da sociedade onde estamos inseridos.



Desta forma, nada justifica que pelo fato de finalmente termos algo despertado para as nossas responsabilidades e compromissos individuais frente ao todo, que passemos de forma equivocada e totalmente baseada no orgulho e na vaidade, a censurar, a julgar, a exigir, que os nossos companheiros de jornada também venham a compactuar com nossas novas ideias, com o nosso renovado ideal, ainda mais porque este, o ideal cristão, se baseia, exatamente, na tolerância, na simplicidade, na humildade, na caridade, na paz, componentes sagrados que unidos nos levam ao Amor vivenciado e exemplificado pelo Cristo, e que nos serve de farol a iluminar o longo caminho que ainda precisamos percorrer para chegar ao seu estágio de conhecimento e perfeição.



Desta forma, quando passamos a compreender a necessidade de aceitar e respeitar o estágio espiritual que cada um dos nossos irmãos se encontra, assim como nossos mentores e benfeitores maiores respeitam em sua totalidade a posição na qual nós mesmos nos encontramos, passaremos a ver todos àqueles com quem viermos a conviver, sejam eles próximos ou não, como companheiros de jornada que merecem o nosso máximo respeito e consideração, tudo fazendo no intuito de auxilia-los, mas sem violentar o direito que ele possuem, assim como nós também, de escolher e decidir os seus próprios destinos, com o livre arbítrio o qual Deus a todos nós concedeu.



Com essa visão alcançada neste nosso processo de renovação espiritual, aprenderemos também, dentro das efetivas tarefas nas lides doutrinárias do Espiritismo, a enxergar nos irmãos enredados em processos obsessivos, não mais vítimas ou algozes, não mais perseguidores ou perseguidos, mas sim, companheiros enfermos que precisam de um auxílio prático e efetivo para que venham a compreender melhor a situação na qual se encontram, e qual o melhor meio para que dela venham a se libertar, tendo o mesmo carinho, o mesmo respeito, o mesmo amor, por todos os envolvidos, principalmente, porque não temos plena percepção de compreensão sobre todos os fatos relacionados as pendências que os prendem e os unem, não cabendo a nós, desta forma, a posição de advogados ou juízes, mas, simplesmente, de cooperadores do que visam a felicidade e o bem estar de todos, sem distinção, sem parcialidades, como Jesus o fez com todos que com Ele conviveram em sua passagem pela Terra.



Assim o espírita, o cristão, não só nas lides efetivas da Doutrina, mas também em todas as situações de sua vida diária, precisa ter sempre como prioridade máxima servir e não julgar, não mais alimentando o hábito arraigado em nós de buscarmos em todas as situações a rotulagem dos envolvidos, tentando estabelecer as vítimas, e, principalmente, os culpados, mas sim, disciplinando a mente para vermos a todos, sem exceção, como enfermos, como irmãos que precisam de auxílio, tal qual é a nossa posição em relação aos nossos mentores maiores, que nunca se colocam frente a nós como censores ou juízes, por mais graves tenham sido nossas faltas e deslizes, mas sim, como amorosos e justos pais e amigos que sabem que dentro de nós viva está a chama do amor que o Pai Maior nos concedeu quando de nossa criação, agindo assim sempre no sentido de nos orientar e nos auxiliar a, pelo nosso próprio esforço, encontrarmos de forma definitiva o caminho que nos levará a elevação.




Não julgar para não ser julgado, amar ao próximo como a si mesmo, fora da caridade não há salvação, são todos roteiros seguros para que não venhamos a nos desviar do mais puro sentimento cristão que deve nortear nossa existência, sabedores que em nenhum momento deveremos compactuar com o mal, com o erro, mas que também não cabe a nós o direito de julgar ou condenar a ninguém, ainda mais pela consciência da lei da reencarnação, que nos coloca a todos em pé de igualdade, porque através das infinitas possibilidades nas quais já tivemos de acertar e de errar, como Jesus tão bem salientou, nenhum de nós está em condições, por mínimas que sejam, e sob nenhuma circunstância, de atirar a primeira pedra.

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