Estamos
ainda em um planeta de expiação, de resgates, de provas, onde a dor e o
sofrimento são constantes na linha de aprendizado e reajuste que impomos para nós
quando nos determinamos a renovar nosso proceder, quando desejamos deixar para trás
vícios, paixões degradantes, erros, os inconsequentes atos que foram fatores
determinantes em nossa jornada até então, quando alimentávamos sentimentos
mesquinhos e inferiores.
Na
luta diária normal, principalmente com o que nos defrontamos e da forma pela
qual somos tratados por nossos companheiros de jornada, difícil se faz nos
livrarmos do exclusivismo de ideias, do sentimento de posse, do egoísmo, do
orgulho, da prepotência em nos considerarmos donos da razão, e do desejo que
tudo seja feito de acordo com a nossa vontade, ou, no mínimo, de
acordo com o que irá beneficiar aos nossos entes queridos, já que muitos, por
eles, já conseguem renunciar à felicidade pessoal, ou melhor, quando a sua
felicidade pessoal passa a ser vê-los felizes e atendidos em seus anseios.
A
transformação espiritual para o bem, em seus primeiros passos, exige daquele
que a almeja, essencialmente, boa vontade, determinação, esforço pessoal, e,
principalmente, muita paciência, tolerância, não só com as situações adversas
que surgirem, com os companheiros de jornada que ainda preferem a inferioridade
de sentimentos, mas, essencialmente, consigo mesmo, pois, ainda traz dentro de
si, em estado latente, toda a negatividade acumulada por séculos, por inúmeras
existências, além dos equívocos cometidos na atual romagem, que naturalmente ainda refletem em sua luta diária, lhe apresentando consequências físicas, orgânicas, de
comportamento, mentais ou espirituais.
Se
até então alimentávamos amizades promiscuas ou presas apenas as fugazes
alegrias carnais, na maioria de caráter superficial e leviano, normal que
estas, apegadas a nós, quando desejamos mudar o nosso proceder, se revoltem, ou
se cubram de espanto e indignação, considerando que estejamos doentes ou
desequilibrados, tudo fazendo para que recuperemos a “razão” e o “bom senso”,
insistindo de diversas maneiras para que retornemos a nossa vida anterior,
muitos até mesmo realmente bem intencionados, apesar de declaradamente
equivocados em relação a renovação moral que todos devemos buscar, mas outros,
por se sentirem acusados pela própria consciência, se revoltam e se assustam por nos ver tentando mudar, deixar para trás os erros, nos perseguindo e tentando prejudicar nosso processo de renovação, simplesmente, porque assim se sentirão mais seguros, sabendo que existem outros que como eles, não conseguem mudar, não conseguem crescer e vencer, para que assim não venham a se sentir fracos e humilhados, principalmente, mas sem reconhecer, pela própria covardia em não assumir a luta íntima por sua renovação
de valores.
A
paciência se torna, assim, um dos fatores principais para aquele que busca a transformação, porque, além destas dificuldades, enfrentará também o assédio das forças
espirituais inferiores que nunca ficam satisfeitas quando veem encarnados ou
desencarnados se esforçando por sua melhoria espiritual, principalmente, quando
estes eram seus associados ou suas vítimas, tudo fazendo para que venham
recalcitrar, falir, desistir de seus intentos, gerando inúmeras situações,
muitas delas bem desagradáveis, para que seu antigo companheiro de ações
inferiores volte para o seu convívio e seu domínio, o que muitas vezes,
infelizmente, acontece, tal o grau de superficialidade e fragilidade que
baseamos nosso processo de renovação, ainda mais quando é forte o chamado de
nosso próprio ser para que retornemos aos vícios, as degradações, aos desequilíbrios
aos quais estávamos acostumados, ainda mais quando estes se revestem da falsa e
efêmera sensação de prazer e alegria.
Porém,
caberá a cada um sempre a vitória sobre todos os percalços que insistem
arrasta-lo de volta ao desequilíbrio, todos têm a seu alcance e disposição, inúmeras
ferramentas que permitirão que se fortaleçam e se mantenham firmes e resolutos
no caminho do bem, vencendo e superando a todas as influências negativas que
venham sonda-lo e espreita-lo, até mesmo aquelas oriundas de seu próprio passado
culposo.
Jesus recomenda a todos a necessidade imperativa de orar e vigiar, de
disciplinar nossos atos, nossas palavras, nossos pensamentos, para nos
condicionarmos de forma efetiva e benéfica nos parâmetros do bem, ligados e
afeitos aos conceitos e exemplos que nos trouxe em sua doutrina, valorizando
acima de tudo o amor em qualquer decisão ou escolha que venhamos a tomar em nossa existência,
alicerçados pelo perdão, pela caridade, pela sinceridade, pela lealdade, pela
humildade de reconhecermos nossas limitações, e aceitarmos que ainda estamos
sujeitos ao erro, ao fracasso, mas que somos fortes o suficiente para nos
reerguermos com nossas próprias forças, retomando o caminho do bem, através
da correção e do ressarcimento de nossas dívidas, com o próximo e com o todo no
qual estamos inseridos.
A
Doutrina Espírita nos traz o elo com o nosso passado cármico, com as tendências
positivas e negativas que trazemos em nossa personalidade, nos auxiliando a compreender
as necessidades e prioridades que vão muito além dos nosso dias atuais,
ampliando os vínculos, as possibilidades de realização, a consciência do tempo
que dispomos para realinhar nosso proceder com aquilo que já entendemos ser
como o ideal para o nosso equilíbrio e nossa ascensão como individualidade, traçando
um plano efetivo onde cada passo é uma vitória, e cada escolha se torna
fundamental para não mais nos desviarmos da rota segura que nos levará a novas
e importantes conquistas, no desenvolvimento de nossa intelectualidade, da
nossa capacidade realizadora, e, principalmente, no florescimento do amor
divino que trazemos vivo dentro de nós desde nossa criação.
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