quarta-feira, 1 de junho de 2016

Na ausência das lembranças...




Na ausência das lembranças de nossas existências e experiências pretéritas, de outras existências, no imediatismo do mundo, na ânsia de conquistas efêmeras, quase sempre voltadas para as riquezas e o poder temporal, desejando sorver de um só gole ao cálice das paixões e dos vícios, na busca incessante da efêmera felicidade, no orgulho doentio e na vaidade corrosiva, deixamos de compreender, de perceber, por não nos aprofundarmos no estudo dos conceitos hoje trazidos de forma racional e lógica pela Doutrina Espírita, quantas e quantas oportunidades já tivemos, por quantas vidas físicas já alimentamos a mesma inferioridade no proceder, facilmente provada pelos sentimentos inferiores que até hoje nos dominam e nos mantém afastados da necessária renovação íntima, da transformação espiritual para o bem.



Ainda analisando nossa personalidade atual, as nossas tendências, as nossas prioridades e desejos, nos cientificamos que vivemos e revivemos os mesmos erros, mesmo que em situações e graus diferentes, certamente com alguns avanços, porém, deveras imperceptíveis, tal o conforto que ainda sentimos ao alimentar as satisfações pueris que os desafios puramente materiais e carnais trazem em si.



Ainda nos deixamos dominar facilmente pelo egoísmo, por desejar unicamente o nosso bem estar ou o de nossa prole, teimando em ignorar a necessidade do próximo, o seu anseio, como se fosse possível conquistarmos a verdadeira felicidade em meio de revoltas, de impropérios, de gemidos e sofrimentos, de dor e de ódio, situação na qual ainda vivem inúmeros irmãos do caminho, companheiros de jornada terrena, e que preferimos manter afastados da nossa porta, como se não fosse a felicidade coletiva um dos fatores principais para conquistarmos também a felicidade e o bem estar individual.



Ainda nos entregamos à mágoas injustificáveis, ao desprezo pelo sentimento alheio, pela sua forma de agir e de pensar, nos envolvemos em julgamentos sumários, condenando posturas e ações sem nos atentarmos que também nós assim estaremos sujeitos a sermos julgados, tal a nossa inferioridade ainda latente, o que nos leva fatalmente a reincidência em erros, em desvios de conduta, deixando de valorizar o ensinamento cristão que nos diz para atirar a primeira pedra aquele que estiver sem pecado.



E são exatamente estes exemplos e ensinamentos, que insistimos, ainda hoje, em ignorar e menosprezar, os do Cristo, agindo muitos de nós como os religiosos de todos os tempos, egípcios, romanos, judeus, católicos, islâmicos, evangélicos, nos prendendo a letra, a fachada, a títulos, a rituais, nos esquecendo de vivenciar, de fato, a sublimidade dos conceitos da justiça, da paz e do amor, que norteiam basicamente todas as frentes religiosas de nosso planeta, tendo sua sublimidade no cristianismo, quando o perdão, a igualdade de direitos, a humildade, a caridade, o respeito e o amor, trouxeram-nos uma nova forma de encarar o mundo e as pessoas, inclusive aos nossos adversários e inimigos.



Vivemos hoje ainda as prioridades da carne, de acordo com os dogmas criados pela sociedade em nosso dia a dia, em uma velocidade cada vez maior, dada a modernidade dos meios de comunicação e interação social oferecido pela internet, futilizando cada vez mais nossa existência, ocupando nossa mente com informações e situações de pouco proveito para nosso desenvolvimento íntimo como individualidade eterna, empobrecendo as artes, a cultura, os relacionamentos humanos, generalizando banalidades em uma velocidade tal que poucos conseguem manter o foco em um objetivo mais sério, em um fator real e duradouro que norteie sua existência, que o faça ser participativo e ativo não só para sua evolução, como para a da coletividade na qual está inserido.



Nossa responsabilidade vai muito além dos poucos anos que estamos desfrutando no plano físico, uma das principais razões do advento do Espiritismo foi exatamente fundamentar a Lei da Reencarnação, da multiplicidade de existências, alicerçada pela lei da causa e efeito, da colheita constante e inevitável de tudo aquilo que plantarmos, sejam ações positivas ou negativas, o que nos faz, hoje, compreender a forma imperativa pela qual precisamos nos ater às conquistas espirituais, no enriquecimento de nossa personalidade, na transformação benéfica de nossos sentimentos, de nossa forma de pensar e agir frente as situações diárias, vivendo no mundo físico de acordo com suas necessidade e possibilidades de realização, mas, sem nos deixar contaminar pelo materialismo, pelo egocentrismo, pelo egoísmo, pela ignorância das leis maiores que comandam nossa existência, nos mantendo equilibrados e seguros no caminho que nos leve a combater e vencer as nossas tendência inferiores, conquistando novos valores, e consequentemente, novas e maiores possibilidades de estudo, de trabalho e de realização.



A maior dificuldade está em nos conhecermos, em reconhecermos nossas limitações, aquilo que está nos impedindo de avançar, que nós mesmos estamos alimentando de forma negativa e que está refreando nossa capacidade criativa e realizadora, deixando-nos arrastar por influências negativas, vinda do ambiente que criamos, de forças espirituais interessadas em que não avancemos, assim como também por influências de nosso próprio passado culposo, tentando nos arrastar a reincidência e a prostração, alimentando o nosso receio em deixar para trás a nossa zona de conforto, aquela que nos impele a estacionar, a estagnar.




Estamos aqui hoje para mudar, cada nova experiência física é oportunidade de correção, de renovação, de transformação, façamos por merecê-la, valorizando-a, nos concentrando em nossos objetivos e ideais, e que estejam eles sempre voltados e alicerçados no bem, de acordo com tudo aquilo que o Mestre Jesus nos deixou como exemplo e guia, sendo Ele, na essência do seu Amor, nosso caminho, nossa verdade e nossa vida.

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