Sem dúvida, um dos maiores escolhos a nos atrapalhar
para que nos dediquemos plenamente ao sentimento cristão, é o nosso
exclusivismo, o nosso egoísmo, o individualismo acerbado, onde estamos sempre em
primeiro lugar em relação aos outros, assim como em segundo e em terceiro, sendo
os mais radicais nesta corrida insana do “eu”, aquele que se considera o único
participante com direitos e méritos, sem ter o mínimo de consideração,
de respeito, de preocupação, com as condições, com as necessidades, com os
anseios, e, principalmente, com os direitos, do próximo.
Justo e lógico que nos esforcemos ao máximo para
atingir aos nossos objetivos, o nosso equilíbrio financeiro, o nosso conforto,
a nossa tranquilidade, quando na luta diária no plano físico, normal nos
dedicarmos ao estudo com novas aspirações e sonhos, em conquistarmos um trabalho
que nos garanta a existência, que busquemos o lazer e os frutos advindos de
nossos esforços, o que não pode ser admissível é quando buscamos a todas estas
conquistas passando por cima do direito e das necessidades do próximo, defendendo
com unhas e dentes o princípio que o fim justifica aos meios, como se tudo e se
todos existissem apenas para satisfazer as nossas vontades e nossos desejos.
O egoísta, ainda não satisfeito em sempre viver só
para si, em tudo querer só para ele, não se contenta com o que tem, quer
doentiamente mais, mesmo que vá muito além das suas necessidades, mesmo que
seja só para amontoar, para, preso pela sovinice, guardar, apenas pelo prazer
de possuir, de ostentar, mesmo que seja só para si, para seu próprio deleite, e
isso não apenas nos referindo a bens materiais, ele também tem esse anseio no
mais alto grau em relação aos seus entes queridos, a sua esposa, seu marido,
seus filhos, seus pais, seus amigos, onde acha que tudo lhe pertence, que suas
vontades têm que estar sempre em primeiro lugar, fazendo de suas necessidades e prioridades a de todos aqueles com quem convive mais intima e diretamente.
O egoísmo corroe, corrompe e aprisiona; naturalmente
nos torna preconceituosos, já que passamos a nos considerar superiores dentro
daquilo que somos e defendemos, fatalmente nos voltando a segregação, nos
fechando em nosso “grupo”, seja ele racial, social, religioso, político,
desportivo, quando achamos que sempre nosso direito e nossa opinião deve
prevalecer, nos afastando daqueles que pensem diferente de nós, considerando-os
sempre uma ameaça a nossa paz, as nossas conquistas, a nossa doentia felicidade egoística.
Não podemos a ninguém transformar, assim como julgar
ou querer impor normas de conduta, pois esta postura vai contra a essência do
sentimento cristão, dos preceitos espíritas, mas podemos e temos o dever, de
policiar, questionar, vigiar, e sempre necessário lutar pela renovação e
mudança, de nós mesmos, do nosso proceder, dos nossos mais íntimos sentimentos,
não nos deixando prender, em nenhuma circunstância, sobre nenhuma justificativa
ou atenuante, a este sentimento mórbido que tanto dificulta a ação do bem em
nosso plano, assim como também, em larga escala, no plano espiritual, o egoísmo!
É nossa dever, quando assim estamos determinados,
nos disciplinar para que não venhamos a nos tornar exclusivistas pelas necessidades
e prioridades apenas nossas e de nossos entes queridos, levantando bem alto a
bandeira da Doutrina Espírita, a Caridade, a antítese do egoísmo, quando
aprendemos a amar ao próximo como a nós mesmos, a nos preocupar com seus
desejos, suas necessidades físicas, psicológicas, materiais e espirituais, independente
de classe social, aprendendo a valorizar sentimentos como a amizade, a
sinceridade no proceder, a humildade, o perdão, a solidariedade, a educação, o espeito pelos direitos e o amor, agindo desta forma, mesmo quando assim não formos vistos ou
tratados, focando em nossa transformação espiritual, não nos preocupando com
resultados e gratificações, mas, sim, em estarmos plenamente identificados com
aquilo que nos levará a superar e vencer nossas próprias dificuldades, nossos
sentimentos negativos, nossos vícios, e tudo aquilo que pode nos arrastar as dolorosas
consequências das atitudes e escolhas voltadas ao erro, ao mal.
Tratemos de valorizar os bons sentimentos, as boas intenções,
para que tenhamos a nossa volta as forças positivas da espiritualidade, nos
precavendo daqueles que ainda assim não pensam, tudo fazendo para contribuir de
forma efetiva para que nossa sociedade e nosso mundo se voltem, definitivamente, para a pureza e a paz que só o amor, à tudo e a todos pode oferecer.
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