O que mais caracteriza aos laços
familiares, principalmente os mais íntimos, marido e mulher, pais e filhos, irmãos
e irmãs, geralmente, é a dependência cármica, positiva ou negativa, unidos todos pelos mais variados sentimentos, tendo como ápices, o amor ou o ódio, a
amizade ou a inimizade, quando almas afins e de alguma forma ligadas e
entrelaçadas pelo passado, por situações geradas em outras vidas, vem agora ao
plano físico com um objetivo em comum, seja ele qual for, idealizando a correção
de erros, o resgate de dívidas, o amparo e orientação unilateral ou mútuo, o
fortalecimento de sentimentos do bem, ou a transformação dos sentimentos gerados pela inferioridade humana que ainda os venham a dominar.
Ainda que sendo a ligação que nos une aos entes queridos, forte e determinante, para a nossa atual necessidade evolutiva, não podemos
esquecer e desconsiderar que somos individualidades eternas, cada uma com seu
cipoal de conhecimento e experiência adquirido, com suas dívidas a resgatar, com suas missões a cumprir, em diferentes estágios, o que nos leva a ter a necessidade de viver de
acordo com o que temos a oferecer, e a receptividade que temos a apresentar.
Ao reconhecermos que somos únicos, como nossas qualidades e nossos defeitos, com o que conquistamos e com o que ainda nos falta conquistar, mais preeminente se faz, podemos dizer, a "obrigação" para com nossa própria consciência, de respeitarmos as diferenças, por mais que estejamos
amparados pela melhor das intenções para aqueles que conosco dividam o mesmo
teto, ou que façam parte relevante de nossas existências.
Por excesso de zelo, por uma concepção
distorcida de amor, por vezes, nos deixamos levar pelo ciúme, pelo sentimento
de posse, querendo que nosso ente querido enxergue ao mundo pelos nossos olhos,
esquecendo ser ele um ser individual e com sua própria história cármica, tendo
desta forma prioridades de aprendizado e trabalho diferentes das nossas, onde sua
vitória íntima não estará onde julgamos ou sabemos estar a nossa, quando equivocadamente
pretendemos julga-los e posiciona-los para que venham a seguir aos nossos
passos, ou agir de acordo como agiríamos nas situações que estejam enfrentando.
Sentimos na própria pele o peso dessa
postura quando somos nós o oprimido, o vigiado, o manipulado, quando nossos
entes queridos tentam nos impor a sua forma de pensar, de agir, de ver o mundo,
quando julgam saber o que é melhor para nós, quando na maioria das vezes não
sabem nem mesmo o que é o melhor para si mesmos, o mesmo que ocorre conosco
quando tentamos nos arvorar de mestres ou de “donos” de alguém.
Muitas vezes não nos sentimos felizes,
em nosso íntimo, nem mesmo com a nossa vida ou pela forma que fomos criados,
mas como nos fizeram crer que assim era o correto, sem atinar e sem avaliar,
decidimos impor e passar adiante aos que agora são nossos dependentes os mesmos princípios, agindo
assim nas mais diversas frentes, querendo que nossos tutelados estudem nas
mesma escolas que estudamos, conheçam os mesmos lugares que conhecemos, façam
as mesma coisas que fazíamos, e que reajam as situações da mesma maneira que costumávamos reagir, mesmo que em nosso íntimo, no passado, reprovássemos este
ou aquele procedimento que nos ensinaram.
Equivocadamente, por vezes, tentamos
impor este nosso passado também aos nossos companheiros, nossos cônjuges, querendo que
nosso relacionamento seja igual aos dos nossos pais, dos nossos avós, sem
atinar que, na verdade, nem mesmo sabemos se eles sejam ou tenham sido felizes, sem perceber que nosso parceiro ou parceira, tem uma visão de
vida familiar diferente da nossa, vindo de um mundo diferente, de valores mais
ou menos parecidos, e que, se realmente lhes temos amor, nos cabe aos poucos,
conhecer e respeitar, caso o nosso interesse seja, de fato, fortalecer e estender
ao vínculo que hora nos une.
As diferenças de personalidade, de
forma de agir e de pensar, variam ao infinito, decorrentes da experiência
pessoal de cada um, dos valores que escolheram para si, e, principalmente, de seu
histórico cármico, daquilo que fez e conquistou em outras vidas, e de suas
passagens mais ou menos longas pelo plano espiritual, onde, por mais que já
tenhamos vínculos pretéritos a nos unir, erros a resgatar, débitos a
ressarcir, os conhecimentos a adquirir, e os sentimentos a transformar, são únicos
e pertencentes a cada um, por mais que sejamos mais ou menos ligados na intimidade
a este ou aquele irmão do caminho.
Ninguém pode assumir nossos compromissos,
ninguém pode alcançar as nossas vitórias e conquistas, mas podemos, sim,
caminhar juntos, paralelamente, forjando ou relaxando laços, ajudando-nos
mutuamente a crescer, ou, infelizmente, a nos perder, como tão comumente ainda
acontece em nosso planeta de provas e expiações.
Desta forma, nós, como cristãos, como
espíritas, o que nos cabe, é aprender a respeitar e tolerar as diferenças,
compreender que cada um vive um momento único em sua existência milenar, não
buscando impor regras e conceitos, não querendo criar receitas infalíveis de
felicidade, não gerando parâmetros para os outros porque não sabemos quais são
suas necessidades, quais são suas prioridades nesta existência física, aprendendo
a aceitar cada um como é, mesmo que não venhamos a concordar com sua forma de
agir e de pensar, seja ele um ente querido, um amigo, um conhecido, ou até
mesmo um momentâneo adversário.
A melhor forma de chegarmos intimamente
a este estágio, a conquistar a este equilíbrio íntimo, a este poder de discernimento,
será sempre o de basearmos nossa existência nos ensinamentos e nos exemplos do
Cristo Jesus, buscando sermos humildes para compreender a necessidade do perdão,
do dar e do pedir, do não julgar para não ser julgado, do não atirar a primeira
pedra se não estivermos sem pecado, do reconciliar com o inimigo enquanto no
caminho estivermos com ele, e, essencialmente, do amar a Deus sobre todas as
coisas, e ao próximo como a nós mesmos.
Temos o dever de buscar ajudar a quem
conosco vive, principalmente, dentro do nosso próprio lar, mas sem nunca
violentar ao seu direito de decidir a sua própria vida, tendo como lembrança
que não somos perfeitos, que não temos a resposta para todas as perguntas, que
não conhecemos nem mesmo a nossa própria história milenar, quanto mais aos dos
nossos irmãos do caminho, e que, em questão de paciência, o Mestre, conosco,
assim como nossos benfeitores espirituais mais diretos, a tem ao infinito, já
que, apesar de todos os nossos erros, estão eles sempre ao nosso lado, sem
nunca desistir, acreditando sempre que um dia, em definitivo, iremos compreender
que só o amor em sua plenitude é o caminho para nossa evolução eterna.
Que aprendamos então, que assim seja!
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