terça-feira, 7 de março de 2017

Ninguém pode assumir nossos compromissos...





O que mais caracteriza aos laços familiares, principalmente os mais íntimos, marido e mulher, pais e filhos, irmãos e irmãs, geralmente, é a dependência cármica, positiva ou negativa, unidos todos pelos mais variados sentimentos, tendo como ápices, o amor ou o ódio, a amizade ou a inimizade, quando almas afins e de alguma forma ligadas e entrelaçadas pelo passado, por situações geradas em outras vidas, vem agora ao plano físico com um objetivo em comum, seja ele qual for, idealizando a correção de erros, o resgate de dívidas, o amparo e orientação unilateral ou mútuo, o fortalecimento de sentimentos do bem, ou a transformação dos sentimentos gerados pela inferioridade humana que ainda os venham a dominar.


Ainda que sendo a ligação que nos une aos entes queridos, forte e determinante, para a nossa atual necessidade evolutiva, não podemos esquecer e desconsiderar que somos individualidades eternas, cada uma com seu cipoal de conhecimento e experiência adquirido, com suas dívidas a resgatar, com suas missões a cumprir, em diferentes estágios, o que nos leva a ter a necessidade de viver de acordo com o que temos a oferecer, e a receptividade que temos a apresentar. 

Ao reconhecermos que somos únicos, como nossas qualidades e nossos defeitos, com o que conquistamos e com o que ainda nos falta conquistar, mais preeminente se faz, podemos dizer, a "obrigação" para com nossa própria consciência, de respeitarmos as diferenças, por mais que estejamos amparados pela melhor das intenções para aqueles que conosco dividam o mesmo teto, ou que façam parte relevante de nossas existências.


Por excesso de zelo, por uma concepção distorcida de amor, por vezes, nos deixamos levar pelo ciúme, pelo sentimento de posse, querendo que nosso ente querido enxergue ao mundo pelos nossos olhos, esquecendo ser ele um ser individual e com sua própria história cármica, tendo desta forma prioridades de aprendizado e trabalho diferentes das nossas, onde sua vitória íntima não estará onde julgamos ou sabemos estar a nossa, quando equivocadamente pretendemos julga-los e posiciona-los para que venham a seguir aos nossos passos, ou agir de acordo como agiríamos nas situações que estejam enfrentando.


Sentimos na própria pele o peso dessa postura quando somos nós o oprimido, o vigiado, o manipulado, quando nossos entes queridos tentam nos impor a sua forma de pensar, de agir, de ver o mundo, quando julgam saber o que é melhor para nós, quando na maioria das vezes não sabem nem mesmo o que é o melhor para si mesmos, o mesmo que ocorre conosco quando tentamos nos arvorar de mestres ou de “donos” de alguém.


Muitas vezes não nos sentimos felizes, em nosso íntimo, nem mesmo com a nossa vida ou pela forma que fomos criados, mas como nos fizeram crer que assim era o correto, sem atinar e sem avaliar, decidimos impor e passar adiante aos que agora são nossos dependentes os mesmos princípios, agindo assim nas mais diversas frentes, querendo que nossos tutelados estudem nas mesma escolas que estudamos, conheçam os mesmos lugares que conhecemos, façam as mesma coisas que fazíamos, e que reajam as situações da mesma maneira que costumávamos reagir, mesmo que em nosso íntimo, no passado, reprovássemos este ou aquele procedimento que nos ensinaram.


Equivocadamente, por vezes, tentamos impor este nosso passado também aos nossos companheiros, nossos cônjuges, querendo que nosso relacionamento seja igual aos dos nossos pais, dos nossos avós, sem atinar que, na verdade, nem mesmo sabemos se eles sejam ou tenham sido felizes, sem perceber que nosso parceiro ou parceira, tem uma visão de vida familiar diferente da nossa, vindo de um mundo diferente, de valores mais ou menos parecidos, e que, se realmente lhes temos amor, nos cabe aos poucos, conhecer e respeitar, caso o nosso interesse seja, de fato, fortalecer e estender ao vínculo que hora nos une.


As diferenças de personalidade, de forma de agir e de pensar, variam ao infinito, decorrentes da experiência pessoal de cada um, dos valores que escolheram para si, e, principalmente, de seu histórico cármico, daquilo que fez e conquistou em outras vidas, e de suas passagens mais ou menos longas pelo plano espiritual, onde, por mais que já tenhamos vínculos pretéritos a nos unir, erros a resgatar, débitos a ressarcir, os conhecimentos a adquirir, e os sentimentos a transformar, são únicos e pertencentes a cada um, por mais que sejamos mais ou menos ligados na intimidade a este ou aquele irmão do caminho.


Ninguém pode assumir nossos compromissos, ninguém pode alcançar as nossas vitórias e conquistas, mas podemos, sim, caminhar juntos, paralelamente, forjando ou relaxando laços, ajudando-nos mutuamente a crescer, ou, infelizmente, a nos perder, como tão comumente ainda acontece em nosso planeta de provas e expiações.


Desta forma, nós, como cristãos, como espíritas, o que nos cabe, é aprender a respeitar e tolerar as diferenças, compreender que cada um vive um momento único em sua existência milenar, não buscando impor regras e conceitos, não querendo criar receitas infalíveis de felicidade, não gerando parâmetros para os outros porque não sabemos quais são suas necessidades, quais são suas prioridades nesta existência física, aprendendo a aceitar cada um como é, mesmo que não venhamos a concordar com sua forma de agir e de pensar, seja ele um ente querido, um amigo, um conhecido, ou até mesmo um momentâneo adversário.


A melhor forma de chegarmos intimamente a este estágio, a conquistar a este equilíbrio íntimo, a este poder de discernimento, será sempre o de basearmos nossa existência nos ensinamentos e nos exemplos do Cristo Jesus, buscando sermos humildes para compreender a necessidade do perdão, do dar e do pedir, do não julgar para não ser julgado, do não atirar a primeira pedra se não estivermos sem pecado, do reconciliar com o inimigo enquanto no caminho estivermos com ele, e, essencialmente, do amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a nós mesmos.


Temos o dever de buscar ajudar a quem conosco vive, principalmente, dentro do nosso próprio lar, mas sem nunca violentar ao seu direito de decidir a sua própria vida, tendo como lembrança que não somos perfeitos, que não temos a resposta para todas as perguntas, que não conhecemos nem mesmo a nossa própria história milenar, quanto mais aos dos nossos irmãos do caminho, e que, em questão de paciência, o Mestre, conosco, assim como nossos benfeitores espirituais mais diretos, a tem ao infinito, já que, apesar de todos os nossos erros, estão eles sempre ao nosso lado, sem nunca desistir, acreditando sempre que um dia, em definitivo, iremos compreender que só o amor em sua plenitude é o caminho para nossa evolução eterna.



Que aprendamos então, que assim seja!  



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