Orgulho e egoísmo, sem dúvida, são sentimentos
inferiores matrizes de todos os desequilíbrios e erros que alimentamos e
cometemos, hoje, e dos já cometidos em inúmeras existências passadas, inclusive, durante nossas
estadias no plano espiritual.
Decorrente desta constatação, analisando o que ainda valorizamos atualmente, arriscamos afirmar que estamos estagnados há séculos, com mínimos
avanços, e constantes escolhas e atitudes recalcitrantes, o que justifica ainda estagiarmos neste planeta de provas e expiações.
Se algo avançamos, isto ocorre quase de
forma imperceptível, tal ainda a importância que damos as coisas mesquinhas, fúteis, superficiais, ao
mundanismo da sociedade humana, em detrimento ao esforço e a disciplina que o estudo
e o trabalho diretamente ligados a nossa renovação espiritual exigem.
Ainda quando já nos esforçamos no
caminho do bem, procurando ser uma pessoa íntegra, honesta, valorizando o bem, e
nada fazendo de sã consciência para prejudicar e lesar ao próximo, difícil que
nos libertemos de forma definitiva do egoísmo, de supervalorizarmos aquilo que
a nós está mais intimamente ligado, como nosso lar, nossa família, nossas
conquistas materiais, nosso patrimônio, nossa posição social, nos concentrando
em proteger e aumentar nossas posses, sem atinar com as
necessidades que a nossa sociedade como um todo carece, assim como as do que mais
próximos de nós convivem, nos isolando em uma redoma, onde passamos a ser o
centro do mundo, estando bem, desde que nossos desejos e nossas necessidades
estejam satisfeitas.
Da mesma forma, o egoísmo acaba por
prevalecer quando estamos passando por problemas ou enfermidades, ou estejam eles ocorrendo com algum dos nossos entes queridos, quando passamos a desejar
imediata melhora, até mesmo a exigir, seja por parte de pessoas ou profissionais que
possam ajudar, ou até mesmo de Deus, das correntes religiosas ao qual somos
filiados, sem atinar que não somos especiais, ou se o somos, seremos tanto
quanto qualquer outro irmão do caminho, seja ele quem for.
Todos nós estamos sujeitos a quaisquer
das situações que a vida no plano físico apresenta, desta forma, se o nosso
filho tem uma doença grave, ao mesmo tempo, no mundo, outros pais estão
enfrentando o mesmo problema que nós, ou até mesmo em condições mais graves,
sendo que não haverá privilégios a se esperar, mesmo que sejamos pessoas de
bem, que pratiquemos atos meritórios, que sejamos caridosos, que venhamos a
frequentar uma religião, ou algo doar do nosso tempo e de nossa energia em prol
da sociedade ou do próximo.
O amor, como é falsamente compreendido em
nosso atual estágio evolutivo, acaba por se tornar exclusivista, egoísta,
seletivo, onde tendemos sempre a direciona-lo a quem nos é afim, a quem nos agrada,
a quem compatibiliza com nossa forma de pensar e de agir, tal o hábito que
temos de eleger vítimas e algozes, mocinhos e vilões, culpados e inocentes, em
total desacordo com as máximas cristãs que nos convidam a compreender o amor em
sua essência, orientando-nos a perdoar não sete, mas setenta vezes sete, a não
atirar pedras caso também tenhamos algum tipo de pecado, a não julgar afim de não
ser julgado, e a nos reconciliar com os nossos adversários enquanto a caminho com ele.
Quando o Mestre colocou como princípio
básico de amar ao próximo como a nós mesmos, foi claro que devemos, acima de
tudo, alimentar ao amor, faze-lo nascer e se expandir dentro de nós, primeiro
valorizando nossa individualidade, encontrando o equilíbrio, lutando contra
nossos instintos e sentimentos inferiores, nos amando e nos conhecendo, com o
firme propósito de expandirmos este puro sentimento ao próximo.
Vale salientar, entretanto, que o
Mestre não especificou quem é o próximo, não impôs condições, parâmetros, exigências,
apenas citou o próximo, a todo e qualquer irmão do caminho, independente das
diferenças que nos caracterizam, seja de credo, de cor, de preferência sexual,
política, de condição social, ou qualquer outro fator que possa vir a formar algum
impeditivo ligado a segregação ou ao preconceito.
Seja rico ou pobre, seja um ente querido
ou um desconhecido, precisamos compreender que todos somos iguais, não só
perante as leis humanas, mas, principalmente as divinas, com os mesmos direitos
e deveres, com as mesmas possibilidades, as mesmas oportunidades, ainda que
estejamos envolvidos em processos evolutivos únicos, motivados por nossas inúmeras
existências pretéritas, que nos unem através de vínculos, de simpatias, de
antipatias, tudo, porém, plenamente possível de realização e vitória, já que o
fardo a suportar nunca será superior as nossas forças.
Evidente que a nossa dor não diminuirá,
ou o nosso problema não será mais simples de resolver, apenas por sabermos que
há outros irmãos do caminho passando por situações iguais ou piores que as
nossas, não sugerimos conformismo, mas sim, equilíbrio, discernimento, paz íntima,
fé, coragem para suportar e superar a adversidade, sem que venhamos a comprometer
ainda mais nosso espírito frente as leis do bem, lutando e agindo para superar
e suportar, mas, sem ferir ou prejudicar a ninguém, e sem nos deixar levar por
sentimentos como o desespero, a revolta, o ódio, a inveja, a vaidade, o ciúme,
ou outro qualquer que venha a nos arrastar a situações e consequências ainda
mais dolorosas e complexas de solução.
Não somos o centro do mundo, não
devemos esperar privilégios, ou exigir atenção e ação indevida, sabendo respeitar ao próximo e a sociedade onde vivemos, estudando e trabalhando para nos tornar pessoas melhores,
de acordo com os conceitos cristãos, abalizados pelos preceitos espíritas, que
nos dão a certeza da continuidade da vida, e das inúmeras oportunidades que ela nos oferece de aprendizado e de quitação de nossas dívidas pretéritas.
Sejamos humildes para reconhecer nossas
limitações, agindo sempre para melhorar, mas dentro daquilo que somos capazes
de realizar, nos preocupando mais em viver em função do que precisamos, do que
em função do que desejamos, principalmente, quando ainda somos incapazes de
discernir entre o que, de fato, irá nos fazer avançar e crescer como
individualidade eterna, e o que nos manterá acorrentados a nossa inferioridade, não visando efêmeras e passageiras vitórias, mas
eternas conquistas no infinito caminho do bem e da paz maior.
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