Se
preparar devidamente para realização de uma tarefa é de fundamental importância
para que essa seja realizada com êxito, mas, apenas este fato, por si, não
garante que isso irá ocorrer, dependendo sempre do real desempenho do
trabalhador frente aos desafios que surgirem para que o objetivo seja
alcançado.
Desde
jovem alguém pode aspirar a ser médico, e, com total apoio dos pais, consegue
passar por todas as etapas da educação escolar, engaja-se no estudo, noites de
vigília, renúncia a divertimentos típicos da idade, presta o vestibular e passa
entre os primeiros, e ao iniciar a faculdade, nas primeiras aulas práticas,
deixa-se arrastar pelo medo, pela dúvida, pela indecisão, descobre sua fraqueza
ao conviver com a dor, com o sofrimento físico, com as feridas, com a morte,
desiste e não consegue concluir o curso, entrega-se ao desespero e ao desânimo
pela derrota, desperdiçando todos os esforços, todos os anos de estudo, de
dedicação, de concentração, de renúncias, não só seus, mas, daqueles que o apoiaram
e o patrocinaram, para que seus objetivos, seus ideais, fossem alcançados.
Falta
de fé, falta de determinação, de coragem, de persistência, de seriedade, como
nós, encarnados ou desencarnados, que abandonamos os trabalhos e as tarefas
cristãs que havíamos assumido, os compromissos com o Espiritismo que prometemos
honrar e cumprir.
No
início, o entusiasmo, a ânsia de aprender, de estudar, em nos apresentar para
os mais diversos trabalhos, as mais variadas funções, eufóricos em participar
de forma efetiva em tarefas do centro que escolhemos frequentar, levados pela
curiosidade, pela necessidade, ou por interesse em conhecer algo que nos faça
crescer espiritualmente, imaginando-nos importantes lidadores espíritas, seja
como médiuns, doutrinadores, dirigentes, auxiliando aqueles que precisam,
sofredores, doentes, pobres, carentes, verdadeiros campeões de caridade, de
participação efetiva na Seara do Senhor.
Lemos,
estudamos, ouvimos lições, exemplos de trabalhadores espíritas, instrutores,
benfeitores espirituais em diversas tarefas realizadas, tanto no plano físico,
como no espiritual e que nos estimulam, nos fascinam e nos fazem idealizar
novos caminhos, novos desafios a vencer.
Tudo
que vemos de fora, que vemos o exemplo, que conhecemos a história, é bonito, é
estimulante, é motivacional, assim como o jovem descrito anteriormente que via
nos médicos, seu ideal de vida, salvar um paciente, descobrir doenças, acertar
diagnósticos, ser importante, ser louvado, elogiado e admirado.
Toda
tarefa, por mais estimulante, por mais sublime, vantajosa, importante, também
tem seus momentos de dor, de esforço heroico, de críticas, de fracassos, de
erros, de difícil execução, que geram dúvidas, desânimos, receios, incertezas.
Muitos procuram sempre funções que trazem notoriedade, admiração, tanto que as
profissões que mais admiramos quando encarnados e que muitos sonhamos em
realizar, são as dos artistas, dos desportistas, dos políticos, das
celebridades, dos famosos, onde o brilho, o destaque, fazem com que sintamos
orgulho pelas conquistas, muitas delas efêmeras, mais que causam um sentimento
de falsa superioridade e sucesso.
Também
eles, estas celebridades que admiramos e invejamos, enfrentam momentos de dor,
de sofrimento, de indecisões, de medos, de desânimo. A falta de privacidade, a
falta de liberdade, a cobrança contínua, a crítica feroz, a necessidade de se
manter no topo, em evidência, a dúvida sobre a sinceridade nos sentimentos das
pessoas que se aproximam se dizendo amigas, fazem com que muitos não suportem
ou administrem de forma errônea o sucesso ou o fracasso que resultam e alcançam
em seus trabalhos, entregando-se as drogas, aos vícios, aos desregramentos, aos
desvios sexuais, dando mais argumentos para aqueles que com mesmo prazer que os
colocaram em evidência, os soterram no ostracismo.
Assim
também ocorre nas tarefas cristãs, nas realizações espíritas, muitos se
comprometem, se empenham, levados pelo entusiasmo, em diversas áreas de atuação, querem ser médiuns
e receberem belas mensagens dos benfeitores espirituais, querem ser doutrinadores
respeitados no trato com espíritos que sofrem ou que estão entregues ainda ao
mal, oradores eméritos levando a esperança, a fé, as lições do Mestre e dos
amigos espirituais aqueles que buscam orientação e consolo, médiuns passistas,
curadores, levando o alívio físico e espiritual aqueles que necessitam.
Válido,
louvável, porém, entre o querer e o fazer existe uma considerável distância,
quase tão grande como a que existe entre o fazer e o fazer bem.
O
entusiasmo, a euforia, geralmente cega àquele que por eles se deixa levar,
impedindo-o de enxergar que o resultado para o sucesso do empreendimento, tem que passar por todos os obstáculos encontrados durante
a realização, exigindo para isso o esforço, a dedicação, o suor, o estudo sistemático, o
aprendizado constante, a renúncia de muitos dos prazeres da sociedade, a disponibilidade
do tempo, a assiduidade, o comparecimento, a constância e isso sempre
convivendo com a crítica, com a censura, com os que são mal agradecidos, com
aqueles que esperam milagres e não se contentam com promessas, com a decepção das tentativas
mal sucedidas, com o desprezo de amigos que não aceitam sua religiosidade, com a falta de compreensão de
familiares, com os fracassos, com as derrotas, com os maledicentes, com as injúrias,
por parte daqueles que se julgam enganados porque procuram milagres e não
trabalho, esforço, paciência.
Muitos
após o entusiasmo inicial, abandonam, desistem, fogem das responsabilidades e
por não admitirem o próprio fracasso, a própria fraqueza, ainda saem criticando,
menosprezando, agredindo a Doutrina e seus antigos companheiros de tarefas,
tornando-se um inimigo gratuito daquela que é só amor, só tolerância, só
perdão, só caridade, baseada que é nos conceitos de Nosso Amado Mestre Jesus.
Tudo
exige esforço, dedicação, estudo, método, discernimento, compreensão, lucidez,
tranquilidade. Ninguém é perfeito, nem os que trabalham no centro espírita, nem
os que o procuram para solucionar seus problemas, físicos ou espirituais.
Muito
acertaremos, muito erraremos, teremos vários sucessos, amargaremos diversos
fracassos, receberemos elogios, agradecimentos, críticas, ofensas, o principal,
o remédio, a fórmula para que consigamos superar todos obstáculos e
dificuldades e continuar no trabalho espírita, é saber que o trabalho pertence
a nós, mas, o resultado pertence a Deus.
Temos
que fazer a nossa parte e seguir adiante, dar sempre o melhor de nós, aceitar
críticas, avaliar procedimentos, mudar o que está errado, melhorar o que está
certo, cientes que, mesmo quando já temos algo a ensinar, ainda assim somos meros aprendizes
e o seremos sempre, assim como são nossos benfeitores espirituais e os
espíritos superiores do nosso planeta.
Não
podemos é desistir, é abandonar, é rejeitar a Verdade que nos trouxe o Consolador
Prometido, temos que ter a humildade de não esperarmos nada mais do que Jesus
teve com todo seu heroico esforço de nos trazer o Caminho, a Verdade e a Vida.
Não
conseguiremos agradar a todos, mais conseguiremos ajudar a muitos, impossível
acertar sempre, mais inaceitável errar consciente. Persistentemente, nós temos
o dever de fazer sempre o melhor e cumprir com todas as responsabilidades que
assumimos, porque a mais simples tarefa cristã, sempre está ligada a
realizações de outras pessoas, encarnadas ou desencarnadas.
Não há espaço para
mágoas, melindres, deserções, quem é espírita é trabalhador fiel da Seara de
Jesus, não é e ainda demorará séculos para ser perfeito, mas, em toda
circunstância, todo momento, todo pensamento, toda palavra, se esforçará sempre
para sê-lo, com a Graça de Deus.
O
fracasso não ocorre somente pelo desânimo, mais pelo excesso de entusiasmo, não
só pelo medo, mais pela coragem desajustada, não só pela ignorância, mas, pelo
mau uso da inteligência, não só pela falta de fé, mas, pela má interpretação
daquilo em que se crê.
Como para tudo na vida, espiritual, física, encarnada,
desencarnada, o caminho para vitória, obrigatoriamente, passa por ele, pelo
fator mais importante para todo aquele que almeja sua transformação para o bem:
o Equilíbrio.
E assim vamos tentando entender, assimilar e vivenciar, como se fosse fácil...
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