sábado, 9 de novembro de 2013

Um estudo...

Se preparar devidamente para realização de uma tarefa é de fundamental importância para que essa seja realizada com êxito, mas, apenas este fato, por si, não garante que isso irá ocorrer, dependendo sempre do real desempenho do trabalhador frente aos desafios que surgirem para que o objetivo seja alcançado.

Desde jovem alguém pode aspirar a ser médico, e, com total apoio dos pais, consegue passar por todas as etapas da educação escolar, engaja-se no estudo, noites de vigília, renúncia a divertimentos típicos da idade, presta o vestibular e passa entre os primeiros, e ao iniciar a faculdade, nas primeiras aulas práticas, deixa-se arrastar pelo medo, pela dúvida, pela indecisão, descobre sua fraqueza ao conviver com a dor, com o sofrimento físico, com as feridas, com a morte, desiste e não consegue concluir o curso, entrega-se ao desespero e ao desânimo pela derrota, desperdiçando todos os esforços, todos os anos de estudo, de dedicação, de concentração, de renúncias, não só seus, mas, daqueles que o apoiaram e o patrocinaram, para que seus objetivos, seus ideais, fossem alcançados.

Falta de fé, falta de determinação, de coragem, de persistência, de seriedade, como nós, encarnados ou desencarnados, que abandonamos os trabalhos e as tarefas cristãs que havíamos assumido, os compromissos com o Espiritismo que prometemos honrar e cumprir.

No início, o entusiasmo, a ânsia de aprender, de estudar, em nos apresentar para os mais diversos trabalhos, as mais variadas funções, eufóricos em participar de forma efetiva em tarefas do centro que escolhemos frequentar, levados pela curiosidade, pela necessidade, ou por interesse em conhecer algo que nos faça crescer espiritualmente, imaginando-nos importantes lidadores espíritas, seja como médiuns, doutrinadores, dirigentes, auxiliando aqueles que precisam, sofredores, doentes, pobres, carentes, verdadeiros campeões de caridade, de participação efetiva  na Seara do Senhor.

Lemos, estudamos, ouvimos lições, exemplos de trabalhadores espíritas, instrutores, benfeitores espirituais em diversas tarefas realizadas, tanto no plano físico, como no espiritual e que nos estimulam, nos fascinam e nos fazem idealizar novos caminhos, novos desafios a vencer.

Tudo que vemos de fora, que vemos o exemplo, que conhecemos a história, é bonito, é estimulante, é motivacional, assim como o jovem descrito anteriormente que via nos médicos, seu ideal de vida, salvar um paciente, descobrir doenças, acertar diagnósticos, ser importante, ser louvado, elogiado e admirado.

Toda tarefa, por mais estimulante, por mais sublime, vantajosa, importante, também tem seus momentos de dor, de esforço heroico, de críticas, de fracassos, de erros, de difícil execução, que geram dúvidas, desânimos, receios, incertezas.

Muitos procuram sempre funções que trazem notoriedade, admiração, tanto que as profissões que mais admiramos quando encarnados e que muitos sonhamos em realizar, são as dos artistas, dos desportistas, dos políticos, das celebridades, dos famosos, onde o brilho, o destaque, fazem com que sintamos orgulho pelas conquistas, muitas delas efêmeras, mais que causam um sentimento de falsa superioridade e sucesso.

Também eles, estas celebridades que admiramos e invejamos, enfrentam momentos de dor, de sofrimento, de indecisões, de medos, de desânimo. A falta de privacidade, a falta de liberdade, a cobrança contínua, a crítica feroz, a necessidade de se manter no topo, em evidência, a dúvida sobre a sinceridade nos sentimentos das pessoas que se aproximam se dizendo amigas, fazem com que muitos não suportem ou administrem de forma errônea o sucesso ou o fracasso que resultam e alcançam em seus trabalhos, entregando-se as drogas, aos vícios, aos desregramentos, aos desvios sexuais, dando mais argumentos para aqueles que com mesmo prazer que os colocaram em evidência, os soterram no ostracismo.

Assim também ocorre nas tarefas cristãs, nas realizações espíritas, muitos se comprometem, se empenham, levados pelo entusiasmo, em  diversas áreas de atuação, querem ser médiuns e receberem belas mensagens dos benfeitores espirituais, querem ser doutrinadores respeitados no trato com espíritos que sofrem ou que estão entregues ainda ao mal, oradores eméritos levando a esperança, a fé, as lições do Mestre e dos amigos espirituais aqueles que buscam orientação e consolo, médiuns passistas, curadores, levando o alívio físico e espiritual aqueles que necessitam.

Válido, louvável, porém, entre o querer e o fazer existe uma considerável distância, quase tão grande como a que existe entre o fazer e o fazer bem.

O entusiasmo, a euforia, geralmente cega àquele que por eles se deixa levar, impedindo-o de enxergar que o resultado para o sucesso do empreendimento, tem que passar por todos os obstáculos encontrados durante a realização, exigindo para isso o esforço, a dedicação, o suor, o estudo sistemático, o aprendizado constante, a renúncia de muitos dos prazeres da sociedade, a disponibilidade do tempo, a assiduidade, o comparecimento, a constância e isso sempre convivendo com a crítica, com a censura, com os que são mal agradecidos, com aqueles que esperam milagres e não se contentam com promessas, com a decepção das tentativas mal sucedidas, com o desprezo de amigos que não aceitam sua religiosidade, com a falta de compreensão de familiares, com os fracassos, com as derrotas, com os maledicentes, com as injúrias, por parte daqueles que se julgam enganados porque procuram milagres e não trabalho, esforço, paciência.

Muitos após o entusiasmo inicial, abandonam, desistem, fogem das responsabilidades e por não admitirem o próprio fracasso, a própria fraqueza, ainda saem criticando, menosprezando, agredindo a Doutrina e seus antigos companheiros de tarefas, tornando-se um inimigo gratuito daquela que é só amor, só tolerância, só perdão, só caridade, baseada que é nos conceitos de Nosso Amado Mestre Jesus.

Tudo exige esforço, dedicação, estudo, método, discernimento, compreensão, lucidez, tranquilidade. Ninguém é perfeito, nem os que trabalham no centro espírita, nem os que o procuram para solucionar seus problemas, físicos ou espirituais.

Muito acertaremos, muito erraremos, teremos vários sucessos, amargaremos diversos fracassos, receberemos elogios, agradecimentos, críticas, ofensas, o principal, o remédio, a fórmula para que consigamos superar todos obstáculos e dificuldades e continuar no trabalho espírita, é saber que o trabalho pertence a nós, mas, o resultado pertence a Deus.

Temos que fazer a nossa parte e seguir adiante, dar sempre o melhor de nós, aceitar críticas, avaliar procedimentos, mudar o que está errado, melhorar o que está certo, cientes que, mesmo quando já temos algo a ensinar, ainda assim somos meros aprendizes e o seremos sempre, assim como são nossos benfeitores espirituais e os espíritos superiores do nosso planeta.

Não podemos é desistir, é abandonar, é rejeitar a Verdade que nos trouxe o Consolador Prometido, temos que ter a humildade de não esperarmos nada mais do que Jesus teve com todo seu heroico esforço de nos trazer o Caminho, a Verdade e a Vida.

Não conseguiremos agradar a todos, mais conseguiremos ajudar a muitos, impossível acertar sempre, mais inaceitável errar consciente. Persistentemente, nós temos o dever de fazer sempre o melhor e cumprir com todas as responsabilidades que assumimos, porque a mais simples tarefa cristã, sempre está ligada a realizações de outras pessoas, encarnadas ou desencarnadas.

Não há espaço para mágoas, melindres, deserções, quem é espírita é trabalhador fiel da Seara de Jesus, não é e ainda demorará séculos para ser perfeito, mas, em toda circunstância, todo momento, todo pensamento, toda palavra, se esforçará sempre para sê-lo, com a Graça de Deus.


O fracasso não ocorre somente pelo desânimo, mais pelo excesso de entusiasmo, não só pelo medo, mais pela coragem desajustada, não só pela ignorância, mas, pelo mau uso da inteligência, não só pela falta de fé, mas, pela má interpretação daquilo em que se crê. 

Como para tudo na vida, espiritual, física, encarnada, desencarnada, o caminho para vitória, obrigatoriamente, passa por ele, pelo fator mais importante para todo aquele que almeja sua transformação para o bem: o Equilíbrio.

E assim vamos tentando entender, assimilar e vivenciar, como se fosse fácil...

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