Temos
o hábito de apequenar os que são superiores a nós, alguns para se sentirem mais
importantes, outros para se sentirem mais próximos daqueles que admiram,
veneram, amam.
Muitos
até hoje ainda enxergam a Deus como um velhinho de longas barbas brancas, em
seu trono, com uma corte de querubins à sua volta, alternando, de acordo com a
situação, momentos de amor, de alegria, de ira, de uma justiça implacável, e até
mesmo, de vingança, rebaixando-o aos sentimentos de um ser humano normal, sujeito
a alteração de humor, de vontades, de leis.
Da
mesma forma, imaginam seres alados os nossos anjos da guarda, pairando sempre à
sua volta, à sua disposição, como babás, evitando que venham a sofrer um acidente, os livrando das consequências de suas inconsequências, conseguindo o
trabalho que almejam e o amor que desejam, e até mesmo que consigam a vitória
do seu time querido, seu candidato preferido, estendendo as disputas esportivas e políticas pelos céus afora.
Como
minimizamos nossos objetivos, nossos ideais, aquilo que temos e desejamos
conquistar, valorizando o mundanismo da vida, os objetos materiais, o conforto,
a beleza física, o poder temporal, também deixamos de conceber a devida importância
e magnitude a Deus e as infinitas possibilidades de crescimento que temos ao nosso dispor, desde que nos voltemos ao estudo e a valorização das conquistas
subjetivas, não mensuráveis materialmente, como o enriquecimento de nosso
conhecimento, de nossa cultura, das energias que nos rodeiam, da vida em sua
mais ampla concepção, na interação possível e real que todos temos atualmente
com o plano espiritual, plano este do qual somos originários, e do qual, no
plano físico, longe ainda estamos de usufruir de todos os seus benefícios, de
tudo aquilo que pode nos acrescentar como individualidade e coletividade, tanto
em termos espirituais, como materiais, com novas tecnologias, novas descobertas
cientificas, novas possibilidades evolucionárias, que intuitivamente no decorrer das décadas chegam até nós.
Devemos,
sim, por estarmos encarnados, cumprir os objetivos e exigências que a vida
material nos trás, estudando, trabalhando, buscando uma estabilidade financeira,
a constituição e a valorização do núcleo familiar, nos dando direito a usufruir
ao que a existência carnal nos oferece, mas sem perder o foco principal que deve
nortear as nossas ações e nossas prioridades, que é a transformação espiritual
para o bem, ainda mais quando temos já a possibilidade de conhecer a Doutrina
Espírita, de a estudarmos, de aceitarmos os princípios nela contidos como
fatores norteadores do caminho que nos fará crescer como individualidade.
Desta
forma, todos que passam a buscar o conhecimento, a ampliação de seu raio de ação,
da interpretação dos fatos e acontecimentos da vida, daquilo que é explicável
pela lei de causa e efeito, da ação e reação, da interligação do nosso passado
de outras existências com a atual, através da lei da reencarnação, assume
perante sua própria consciência, um novo compromisso, onde não mais a ignorância
do dever lhe servirá de justificativa e atenuante para os desvios do caminho
que venha a tomar, sendo este o preço a pagar por aquele que ousa desafiar a
ignorância, o mesmismo, as limitações intelectuais, espirituais e morais, nas
quais, por livre iniciativa, tomou a liberdade de enfrentar e se livrar.
É
o mesmo que acontece com aquele que ao entrar em uma empresa nos cargos mais subalternos
e de menor expressão, por ambição, por meta, começa a se esforçar, a tudo
aprender, a realizar cursos, a galgar degraus dentro da hierarquia de seu
trabalho, vindo a assumir a função daqueles que tem o compromisso de direção e
comando, com isso, tendo sim, maiores possibilidades de ganho material, de
melhoria do seu padrão de vida, de mais ampla capacidade intelectual e de
liderança, porém, ciente que deverá assumir as responsabilidades do
cargo e da posição que passou a assumir, tendo a consciência que, ao mesmo tempo que as
realizações de sucesso lhe angariarão maiores frutos, os seus fracassos, os
seus erros, a cobrança, a vigilância sofrida, os empecilhos criados por adversários,
pelos que invejam sua posição, também serão muitos maiores, assim como maior
poderá ser a sua queda se não vivenciar suas obrigações e suas responsabilidades
de forma firme, cordata, produtiva, realizadora, de acordo com as condições íntimas
que passou a possuir para efetiva-las.
Deus,
assim como a espiritualidade superior, em essência, estão muito além de nossa
capacidade de compreensão, de definição, sendo uma força, uma energia, ainda
por nós totalmente desconhecida, as quais temos condições de ter uma pálida
ideia ao estudarmos e avaliarmos a perfeição da natureza que nos rodeia, o movimento
uniforme e constante dos corpos celestes, assim como a imensidão de nosso
Universo, no qual somos uma das mais ínfimas partículas, como planeta, o que
nos dá a noção de tamanho e importância como individualidade.
Orgulho,
vaidade, egoísmo, prepotência, são os sentimentos inferiores que insistem em
nos dominar quando ainda conclamamos o nada como força criadora de tudo, ou em
um criador sujeito aos mais ínfimos vícios e paixões que nos dominam,
barganhando e comercializando sua existência, tentando impor normas de conduta
baseadas em interesses escusos e manipuladores, tentando fazer de Deus um
comandante elitista, que privilegia quem o bajula, quem finge representa-lo, como
se qualquer um de nós pudesse saber o que vem a ser, de fato, o ser que criou
todo o Universo Cósmico.
Como
Allan Kardec, no Livro dos Espíritos, podemos, dentro de nossa limitada
capacidade de compreensão, tentar defini-lo através das mais
puras qualidades que representam os sentimentos humanos, e que damos a seguir:
“...Deus
é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, todo poderoso, soberanamente
justo e bom...”
Se
longe estamos de ter o conhecimento e a noção do quanto ainda temos a evoluir,
aprender, crescer, não podemos negar que já temos, pelo menos, a direção a seguir,
trazida pelo Cristo, com seus ensinamentos, seus exemplos, colocando como
condição primordial para que estejamos aptos a avançar dentro de novos e mais
abrangentes conhecimentos, o equilíbrio íntimo no Amor, sendo a conquista
deste, em sua essência, a força principal que nos levará a não mais nos desviar
de nossos objetivos maiores, aprendendo a valorizar a concórdia, a humildade, a
sinceridade de intenções, a natural capacidade de perdoar, de relevar, de
compreender as diferenças evolutivas, sem mais corrermos o risco de nos deixar
arrastar pelo negativismo, pela postura inferior que nos prendem a limitações e
obstáculos, que nos impedem de uma maior compreensão de nosso ideal maior.
Se ampliarmos nossos sonhos, a nossa visão sobre o futuro que
poderemos vir a alcançar dentro de novas possibilidades de estudo, de trabalho,
de realizações, dentro dos parâmetros e ensinamentos que nossos irmãos
espirituais nos vêm trazer através do intercâmbio mediúnico, nos dando a
certeza da continuidade da vida após a morte física, nos apresentando a validade
de nosso esforço em superar obstáculos e dificuldades de forma segura, honesta,
dentro da concepção do bem, estaremos sim, assumindo maiores responsabilidades
sobre nossos atos, sobre nossas escolhas, afinal é o preço que todo aquele que
quiser se livrar da ignorância precisa pagar, porém, ainda dentro dos exemplos
que nossos benfeitores nos trazem, sabemos ser a recompensa de nossos esforços
infinitamente superior quando, de fato, conseguimos vivenciar na prática,
aquilo que elegemos como prioridade na teoria, nos dando assim, pela convicção
que todo esforço é válido quando o objetivo maior é crescer e avançar, riquezas muito maiores daquelas que são oferecidas pela sociedade humana, aquelas que nos serão doadas coroando o nosso esforço, pela Força Maior que nos comanda, por Deus, que vem a ser maiores e mais valiosas oportunidades de aprendizados e realizações.
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